O preço da vingança (Capítulo XVII)

Um conto erótico de Leandro Gomes
Categoria: Homossexual
Contém 3698 palavras
Data: 25/07/2023 02:37:25

A praça no centro de Paris estava um caos por causa do incêndio na igreja. Muitos indagavam se esse e o incêndio no jornal Le Parisien estavam relacionados, mas até então, não encontraram uma lógica plausível. No mesmo instante, Pièrre se dirigia ao restaurante de Marcel, disposto a confrontá-lo. Anthony o alcançou para impedi-lo.

- Pièrre, pare essa charrete! É loucura o que você quer fazer.

- Me deixe em paz, Anthony! Tenho que dar um jeito naquele maldito!

- Mas não sabemos quantos vampiros estão com ele. Isso é suicídio.

- Eu tenho a adaga. Podemos atacá-lo de surpresa.

Anthony correu para a frente do cavalo e o fez parar bruscamente. Pièrre quase caiu da charrete.

- Está querendo me matar?

- Pelo contrário, estou te salvando.

Anthony subiu na charrete e segurou o rosto do amigo, olhando-o nos olhos.

- Ei, eu sei que quer resolver toda essa confusão, mas precisa se concentrar.

- Me deixe em paz, Anthony!

- Pièrre, você está bravo comigo de novo?

- Você sabe muito bem que me seduziu…

- Isso não é verdade e você sabe disso. Eu não tenho poder sobre você. Você transou comigo porque também quis.

- Eu amo o Jean e o que fizemos foi um erro!!!

- Eu sei que você o ama, mas admita que o que fizemos foi bom.

Pièrre não lhe respondeu.

- Foi o que pensei. E vamos ser sinceros, Jean não insistiu em ficar ao seu lado quando você mais precisava.

- O que você está dizendo? Foi eu que o afastei para protegê-lo.

- Meu amigo, eu jamais te deixaria, ainda que estivesse chateado com você. E na verdade, é possível que Jean…

- “Possível que Jean”... o quê? Diga!

Anthony quis insinuar que Jean já estivesse morto por ter ido sozinho para longe dali, mas para não assustar Pièrre, mudou de assunto.

- Nada, vamos voltar e planejar melhor o que fazer.

- Fale logo, Anthony!

- Só quero dizer que eu gostei de transar com você. Foi melhor do que eu imaginava durante meus banhos demorados ou quando perdia o sono no meio da madrugada. Eu reconheço o seu amor por Jean e espero muito que vocês se reencontrem, mas eu estou aqui agora e gosto muito de você. Pronto, é isso!

- Vamos até a igreja. Quem sabe alguém viu alguma coisa antes. - Pièrre respondeu, desviando o assunto.

….

Perto da igreja, ainda havia muitas pessoas, todas assustadas com outro incêndio dessa proporção na cidade. Dois repórteres de outro jornal tentavam buscar informações. Quando viram Pièrre e Anthony chegar, foram até eles.

- Sr. Montagne! Sr. Montagne! Pode nos responder algumas perguntas?

- Eu não sei de nada senhores.

- Mas você não acha que o incêndio na igreja tenha a ver com o incêndio no seu jornal?

- Como te disse, eu não sei de nada. Acabei de cehgar aqui…

Pièrre parou de falar no instante em que sentiu que havia outro vampiro por perto..

- Um instante, amigo…

- Onde você vai, Pièrre? - Perguntou Anthony.

- Tem outro vampiro por perto além de você.

- Será Marcel?

- Não sei. Me ajude a encontrar.

Seguindo seus sentidos, Pièrre avistou, em um canto fora da multidão, Serge Lecompte a observar uma mulher. Quando viu Pièrre se aproximando, ele começou a fugir, mas Anthony deu a volta pelo outro lado e o cercou.

- Serge, o que faz aqui ?

- Sr. Montagne! Que prazer em revê-lo! Há dias te procuro para dizer que sinto muito pelo jornal.

- Pode parar com essa encenação, eu sei que foi você.

- Por favor, não diga uma coisa dessas, patrão! Eu amava trabalhar ali.

- Diga logo, Marcel tem alguma coisa a ver com o incêndio na igreja?

- Marcel? Que Marcel? Eu não sei de nada.

Anthony se transformou na frente dele e o agarrou, gravando as garras em seu pescoço. Serge se transformou no mesmo instante, gritando de dor. Em seguida, foi levado até um beco escuro.

- Me soltem, maditos!

- Ah, resolveu se mostrar! Responda logo: Marcel tem alguma coisa a ver com esse incêndio? - Pièrre perguntou apontando a adaga para o peito de Serge.

- Tudo bem eu conto. - Disse ele meio engasgado. - Sim, Marcel me mandou fazer isso.

- E por quê?

- Não se faça de idiota, senhor Montagne! - Disse ele com deboche, enfatizando o nome de Pièrre. - Você esteve com o padre hoje cedo, não esteve? Marcel tem olhos por toda a cidade, então é melhor tomar cuidado.

- Então, Marcel terá dois olhos a menos!

Pièrre disse isso e cravou a adaga no peito de Serge - um golpe firme e preciso. O vampiro se contorceu de dor e soltou um grunhido alto enquanto seu corpo se tornava como brasas até virar cinzas.

- Pièrre, por que fez isso? A gente podia descobrir mais coisas.

- Agora é um vampiro a menos.

_________

Dizem que instantes antes da morte a pessoa vê um filme de sua vida passando em grande velocidade, e isso foi verdade para Jean Roche. Seu coração batia tão forte que ele achou que fosse explodir dentro do peito. Suas forças se esvaíram e suas vistas escureceram rapidamente, e então ele desabou naquela cama macia - a mais macia que já deitou em sua vida. De repente, uma luz forte apareceu diante dele, como em um túnel, atraindo-o para si. Ele levantou os braços e começou a andar em direção a ela, mas algo o segurou pelos pés, uma força talvez, ele não via nada, e o arrastou para um buraco tão escuro que era impossível de se ver alguma coisa. Uma escuridão total, um silêncio ensurdecedor que o permitia ouvir seu coração batendo devagar. Tum… tum. Tum… tum. Então, ele ouviu um ruído baixinho de um líquido fluir e percebeu que era o sangue em suas veias e artérias. E, sem que ele esperasse, sentiu uma dor excruciante por todo o corpo e um ardor no peito. Seus olhos se abriram e ele se viu novamente na cama e viu sangue nos lençóis brancos. De pé, olhando para ele com um sorriso maligno e encantador ao mesmo tempo, estava Paul Cartier completamente nu, com o pênis semi-ereto e pingando esperma. Na boca dele havia sangue, o seu sangue escorrendo pelos cantos.

- AAAAAAAHH! Me… ajude! Por favor!!! Dói demaaaais!

- Shh. Calma, vai passar logo, Jean. - Paul respondeu tranquilamente com sua voz sedutora.

Após aqueles longos quinze minutos, a dor cessou instantaneamente, e o jovem se sentiu revigorado, mais forte, muito mais forte. Ele enxergava diferente, com mais nitidez, e não apenas isso, mas com uma percepção mais ampla e profunda.

- Bem vindo, Jean Roche, à sua nova vida!

Jean se levantou da cama e se vestiu, sem dizer nada. Ele se sentia com vergonha do que ele e Paul fizeram minutos antes. As imagens dele sendo penetrado de várias formas por Paul ainda permeavam sua mente.

- Venha, você precisa se alimentar logo. Isso é crucial para que se desenvolva rápido.

Paul fez a porta se abrir e chamou pelo mordomo. Raul entrou, usando apenas um roupão de seda. Ao se aproximar de Jean, ele deixou a peça de roupa cair, revelando sua nudez. Jean ficou parado enquanto Raul beijava seu corpo inteiro, fazendo-o ficar excitado rapidamente. Jean notou que sua ereção era mais forte e seu pau parecia um pouco maior. Quando Roche olhou para Paul, viu como uma névoa ou uma energia avermelhada que saía dele e se espalhava pelo quarto, tornando o ambiente altamente luxurioso. Em seguida, Raul enfiou o pau dele na boca e o chupou com muito desejo. Jean começou a gemer alto, pois todo seu corpo estava sensível para o sexo.

Raul parou de chupá-lo por um instante e lhe deu um beijo intenso; seus paus se tocavam como uma luta de espadas. Paul assistia a cena sentado na poltrona masturbando-se lentamente. Depois se levantou e foi para trás de Jean e, sem cerimônia, penetrou-o de uma vez - o orifício ainda estava aberto e foi fácil a penetração. Jean não sentiu dor, apenas prazer. Raul se deitou na cama com as pernas para cima e esperou ser penetrado pelo vampiro neófito. Roche apontou sua vara, cuspiu na glande, e forçou a entrada no cu sem pelos do mordomo. Raul cerrou os dentes, por causa da dor, mas manteve-se firme até receber toda a tora envergada de Jean.

Assim, o sr. Roche desfrutava de sua primeira experiência sexual como vampiro, sem dor, pudor, ou qualquer tipo de receios normais aos seres humanos comuns. Ele experimentou várias posições que antes não eram tão prazerosas, mas agora lhe conferiam um prazer intenso. Ele percebeu que conseguia segurar seu gozo também, mas preferiu seguir o ritmo de Raul e gozou junto com ele, ao mesmo tempo em que Paul também lhe enchia o cu de esperma. A natureza vampírica de Jean despertou tão logo ele sentia o gozo se aproximar, e cravou seus dentes no pescoço do mordomo, já acostumado a servir os vampiros. Nesse instante, a mente do neófito pareceu entrar em transe e foi como se nada ou ninguém existisse além dele e de sua presa. O gosto do sangue tinha um sabor incrivelmente viciante e ele sugou com voracidade.

- Calma, meu jovem. Não queremos matar nosso querido Raul. Pode soltá-lo. - Paul disse calmamente.

Raul caiu na cama quase desmaiando. Seu corpo ficou pálido e frio por um instante. Paul segurou Jean no rosto e o beijou ardentemente e o abraçou, desaparecendo com ele no ar. O mordomo ficou ali até ter forças para se levantar.

___________

Anthony e Pièrre ainda estavam no beco, pensando no que fazer a seguir. Alguns homens que passavam por ali, conversavam sobre o ocorrido na mina naquela manhã.

- Ficou sabendo do que aconteceu na mina hoje de manhã? Dois homens foram encontrados mortos, e há rumores de que algum animal ou algo não-humano sugou-lhes o sangue. E agora esse incêndio na igreja. Definitivamente há algo estranho acontecendo em Paris.

O outro homem concordou com ele e comentou que os trabalhadores da mina saíram do local assim que encontraram o corpo, pois tiveram medo de serem atacados. Também disse que iriam enviar soldados e investigadores para lá no dia seguinte para averiguar o que está acontecendo. Pièrre deu dois passos para sair do beco e ouvir o que mais os homens conversavam, quando sentiu um arrepio forte, indicando que outro vampiro estava por perto. Marcel então, apareceu no fundo do beco:

- Boa noite, sr. Montagne! Finalmente, eu te encontrei.

Pièrre ficou estático e sem reação. Anthony entrou em posição de ataque.

- Sr. Montagne, venha comigo sem resistência.

Pièrre e Anthony se viraram para fugir, mas Frédéric se colocou na frente deles, na entrada do beco.

- Não façam isso, senhores. Há mais vampiros espalhados por aí. Basta uma ordem minha e eles atacarão. Você não quer que mais pessoas morram por sua causa, não é mesmo?

- Me leve no lugar de Pièrre! - Anthony exclamou, colocando-se na frente do amigo.

- Muito nobre da sua parte, mas você é inútil para mim.

Marcel se aproximou de Pièrre para o levar consigo, mas Pièrre puxou a adaga.

- Então, você vai resistir? Eu estou lhe oferecendo uma alternativa menos violenta, meu caro.

- Eu não vou com você, Marcel!

Nesse instante, outros vampiros chegaram na entrada do beco. Marcel e os vampiros cercaram os dois. Marcel então, levantou a mão e com poder fez Anthony sentir uma dor interna excruciante. Anthony caiu no chão, se contorcendo e grunhindo. Pièrre, apavorado, se abaixou para ajudá-lo. Marcel, aproveitando-se de sua momentânea distração, arrancou a adaga de sua mão e a lançou contra a parede.

- Por favor, não faça nada com ele.

- Pièrre… socorr…

Marcel soltou Anthony e então pulou sobre Pièrre, desaparecendo com ele no ar. Frédéric tirou um lenço do bolso da calça e com ele pegou a adaga no chão. Nessa hora, Jean chegou junto com Lyana.

- Jean e Lyana! - Frédéric disse surpreso. - Vocês formam um lindo casal. Ah, me desculpe. Jean não gosta de mulher! Hahaha.

- Onde está Pièrre? - Perguntou Jean olhando ao redor.

- Por pouco você não o salvava das mãos de Marcel. Mas que pena, neófito! - Disse Frédéric com ironia.

- Para onde Marcel o levou?

- Acha mesmo que vou contar isso, sua puta maldita?

Mal ele tinha acabado a frase, e Lyana passou por trás de Frédéric e cravou suas unhas no pescoço do vampiro.

- Fale agora, ou eu te mato, seu vampiro sem classe.

Fredéric ficou imobilizado, mas tentou ferir Lyana com a adaga.

- Lyana, cuidado, ele está com a adaga!

Com um movimento arriscado, ele fez um corte no braço de Lyana, mas ela se afastou rapidamente, evitando um golpe fatal. Frédéric apontou a adaga para ela, tentando mantê-la longe.

- Não se aproxime, srta. Richards, eu posso te destruir.

- Acha mesmo que consegue? Nem mesmo com essa adaga você seria capaz.

Lyana lambeu o corte no braço e instantaneamente ele se fechou. Frédéric veio para cima dela, apontando a arma, mas ela deu um salto e girou no ar com uma das pernas esticadas e atingiu a adaga, lançando-a longe. Em seguida, os dois começaram a brigar no ar com socos, chutes e poder. Jean aproveitou-se disso para pegar a adaga e a jogou para Lyana. Ela, com muita destreza, usou seu poder telecinético e posicionou a arma sobre o peito de Frédéric, mas com poder, ele afastava o objeto de si. Ele estava quase sendo vencido quando algumas pessoas se aproximavam do beco e fez com que Lyana se distraísse. Frédéric lançou a adaga para baixo, quase acertando Anthony, e então fugiu em forma de morcego. Lyana voltou para o chão e pegou a arma. Ela ofereceu a mão para Anthony, que estava no chão.

- Anthony, você está bem?

- Sim, estou. Ainda recuperando da dor que Marcel me fez sentir.

- Precisamos achar Pièrre. Marcel conseguiu me impedir de encontrá-lo telepaticamente. Ele certamente aprendeu algumas magias.

- Talvez o tenha levado para sua casa, em cima do restaurante. - Jean comentou.

- Você pode estar certo.

- Então vamos! Agora somos três.

- Não. Eu vou e vocês vão voltar para Paul.

- De jeito nenhum! Eu tenho que resgatar Pièrre. Aliás, nós temos.

- Anthony tem razão, Lyana. Precisamos resgatar Pièrre o quanto antes.

- My dear, vocês ainda não desenvolveram seus poderes, e estarão vulneráveis diante de Marcel. Ele é muito forte para vocês.

- Tudo bem. - Disse Jean, contrariado. - E você tem um plano?

- Bom, Marcel pode estar fora de alcance telepaticamente, mas Pièrre não.

Lyana decidiu ir à mansão de Marcel. Transformou-se em uma coruja e sobrevoou o local, procurando por onde entrar.

Anthony, porém, não era do tipo que abaixa a cabeça e obedece ordens cegamente. Ele precisava agir.

- Jean, você vai ficar aqui sem fazer nada ou quer ir comigo atrás do nosso amigo?

- Mas Lyana tem razão. Nós não podemos fazer nada contra Marcel.

- Por que você se transformou em vampiro então? Deveria ter continuado humano.

- Sua imprudência é fascinante!

- Eu chamo de coragem, meu caro. Algo que agora tenho ainda maior.

- Chame do que quiser. Mas acho que devemos voltar para Paul como Lyana disse.

- Entendi, então você obedece a Paul Cartier agora. Foi ele que te transformou, não é mesmo? - Anthony, qual o seu problema? O que eu fiz para você usar de hostilidade comigo?

- Não fez nada, Jean Roche! É exatamente isso. Não fez nada e agora quer continuar fazendo nada!

- Cuidado com o que você diz!

- Porra! Você é um vampiro agora, e não é qualquer um - foi transformado pelo poderoso Paul Cartier. E ouso dizer que sua transformação não foi uma simples mordida no pescoço. Teve algo mais profundo. Mas pelo visto você não sabe o que significa ser fodido e mordido pelo vampiro ruivo.

Jean ficou envergonhado pelo que Anthony falou.

- Jean, eu não estou te julgando. Só quero saber se vai comigo ou se vai deixar que tudo isso seja em vão.

Lyana observou do alto que não havia ninguém do lado de fora da casa de Marcel, e resolveu descer em uma sacada. Ela voltou à sua forma de mulher e tentou olhar pela janela. Como havia uma cortina escura, não conseguia ver do lado de dentro e então se teletransportou para dentro. Lyana percebeu que estava no salão onde Marcel realizava as orgias com humanos para sugar-lhes a força vital, e começou a procurar por alguma pista.

______________

Minutos antes…

Marcel tinha levado Pièrre para sua casa, e o trancou no mesmo lugar que anteriormente Jean e Nathalie estiveram. Para evitar que fugisse, Macel o fez desmaiar, aplicando nele um sonífero forte. Pouco tempo depois, Frédéric chega com a notícia de que Lyana Richards e Jean Roche estavam na cidade.

- Frédéric, não podemos vacilar agora que temos Pièrre Montagne.

- Certamente, senhor.

- E o Maldito Paul Cartier virá a qualquer momento. Por isso, precisamos ter cautela. Avise a todos que fiquem alerta. Eu levarei Pièrre para o alto da colina para desfazer quaquer ligação que ele tenha com Paul.

- Mas como fará isso? Descobriu a magia?

- Sim. Eu recuperei um dos livros de Kieza, que era do pai dela, e nele existe o feitiço para invocar os espíritos.

- Mas, Senhor, os espíritos vão te ajudar?

- Não aqueles, mas outros espíritos.

Marcel preparou tudo o que era necessário para o ritual. Todos os vampiros estavam alerta e ficaram em seus postos ao longo da colina. Pièrre, ainda desmaiado, foi colocado seminu e amarrado em um altar de pedra, no qual havia um pentagrama invertido desenhado.

Para o início do ritual, Marcel se prostrou no chão, de frente para o altar, e começou a recitar o feitiço em alta voz. Um vento forte soprou e o lugar ficou com um clima muito pesado. Corvos se agitavam entre as árvores fazendo barulho, e o céu se cobriu de nuvens densas. Raios começaram a cortar os céus sobre a colina e com o som dos trovões, Pièrre despertava, mas estava bastante confuso e grogue. Do meio da mata, uma serpente negra surgiu e foi até o altar, lentamente subindo as pedras e se arrastando desde os pés de Pièrre, passando pelas pernas e chegando até seu peito, onde ficou parada, abrindo a boca e sibilando.

Pièrre abriu os olhos e com a vista bastante embaçada, não conseguia ver nada além de borrões, e ouvia ao longe barulho do trovão e a voz de Marcel, mas não sabia identificar o que era. Sentiu algo frio sobre seu corpo e notou que estava amarrado pelos pés e pelas mãos e tentou gritar, mas não conseguia falar, apenas gemia. De repente, sentiu um líquido sobre seu corpo e ouviu gritos, correria e barulho de luta. Ele não conseguia processar o que era. Então, ouviu alguém lhe dizer “Fique calmo, vou tirar você daqui!”.

Pièrre não conseguiu ver, mas antes que pudesse recuperar totalmente os sentidos, Sébastien, o jovem bruxo, foi ao seu resgate. Quando Marcel se levantou para fazer um corte no peito de Pièrre, Sébastien apareceu portando uma espada. O jovem cortou a cabeça do réptil, que estava prestes a entrar em Pièrre pela boca. Em seguida, Sébastien lutou com os vampiros, mas como eles eram muitos e o cercaram, ele usou magia e fez um círculo de fogo em um raio de uns cinco metros em volta do altar, e assim, pode tirar Pièrre dali.

Enfurecido, Marcel pegou Frédéric pelo pescoço e o ameaçou.

- Será possível que ao meu lado só haja incompetentes?

- Mas Marcel…

- Cale a boca! Eu disse para vigiarem por todos os lados, mas vocês são um bando de idiotas que nem isso sabem fazer! Minha vontade é mandar todos vocês para o inferno!

Marcel e seus vampiros voltaram para a mansão, e lá ele os reuniu para colocar outro plano em ação logo em seguida, antes que amanhecesse. Ele estava disposto a declarar guerra!

____________

Em algum lugar nos arredores de Paris, Sébastien preparava um chá enquanto Pièrre, ainda muito confuso e tonto, estava deitado em uma cama improvisada. O rapaz lhe deu o chá e em poucos minutos, ele ficou sóbrio novamente.

- Quem é você e onde estou?

- Eu sou Sébastien, sucessor de Kieza. E é melhor que você não saiba onde estamos.

Pièrre no entanto, olhou em volta e sabia que estavam em uma caverna nas montanhas ao leste da cidade.

- O que aconteceu?

- Marcel estava prestes a fazer um ritual para quebrar a sua ligação com Paul. Mas na verdade, isso iria te matar, pois ele estava sendo auxiliado por outros espíritos que nada tem a ver com essa magia.

- E você sabe como quebrar a minha ligação com Paul?

- Sim.

- E tem como fazer isso?

- Tem. Hoje mesmo você pode se livrar dela. Basta querer, pois eu já tenho tudo.

- E Marcel? Ele vai fazer um estrago na cidade.

- Isso vai acabar acontecendo. Marcel, ou até mesmo Paul Cartier.

- Paul? Não. Ele não é desse tipo.

- Paul é um vampiro e vampiros são todos iguais, sempre em busca do poder.

Pièrre estava confuso. Ao mesmo tempo que queria fugir de Paul, ele sabia que precisava se entregar a ele, e a atitude de Sébastien o estava deixando ainda mais confuso. “Será que Paul é realmente igual a Marcel? Será que ele está me enganando?” - Essas e outras perguntas começaram a percorrer sua mente.

- Pièrre, enquanto você decide, eu vou aprontar tudo para o ritual, caso você tome a decisão certa.

Sébastien foi para uma parte mais profunda da caverna, e Pièrre ficou andando de um lado para outro tentando tomar uma decisão. De repente, próximo do raiar do dia, ele teve uma visão horrenda: Ele viu muitas pessoas sendo atacadas e mortas no campo por Marcel e seus vampiros. Seus corpos ficaram todos espalhados no meio da plantação e no celeiro. Ninguém ali se salvou. Apavorado, Pièrre desceu até onde o garoto bruxo estava.

- Sébastien! Sébastien! Marcel atacou novamente. Eu preciso fazer alguma coisa.

- Eu já esperava por essa resposta. Pode ir.

- Me desculpe!

- Não tem do que se desculpar.

- Obrigado por ter me salvado.

- O prazer foi todo meu! - O garoto abriu os braços.

Enquanto os dois se abraçavam, Sébastien usou sua magia e fez Pièrre cair em um sono profundo.

- Me desculpe, Sr. Pièrre Montagne, mas essa ligação precisa ser quebrada por bem ou por mal.

Em seguida, Sébastien fechou a entrada da caverna, para a qual somente ele tinha acesso.

Fim do décimo sétimo capítulo.

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