Meu namorado mafioso - Capitulo 4 – Final inesperado
Fui direto à casa dos meus pais, eu precisava de colo, eu precisava de um rosto amigo, eu precisava do amor deles. Ao me abraçarem e o choro da minha mãe lhe desafogar toda a apreensão que estava sentindo nas últimas semanas, percebi que tinha sido um filho egoísta. Aquele era meu lugar, ali sempre estive seguro e amparado, ali nunca me faltou nada, inclusive amor.
- Posso dormir aqui? – perguntei, enquanto ajudava minha mãe a enxugar as lágrimas dela e ela as minhas.
- Sempre que quiser, querido! Seu quarto sempre estará te esperando, assim como nós. – respondeu.
Passei horas contando minha saga a eles que, apenas ouviam estarrecidos aquela história que parecia ter sido tirada de um livro de ficção ou de um filme de ação. Eles ficaram abismados de saber que ainda havia mafiosos numa Europa desenvolvida, e que ainda tantas pessoas morriam sob os desmandos deles. Eles logo perceberam que em todas as frases em que mencionava o Matteo eu atenuava as informações, quando não omitia aquilo que poderia fazer com que passassem a fazer mal juízo dele.
- Ficamos mortificados quando o Jens nos disse que você tinha se apaixonado por um mafioso que estava fazendo de um tudo com você, inclusive te sequestrando e te mantendo em cárcere privado num iate. – disse meu pai, sensibilizado pelo exagero do Jens.
- O Jens e o Peter são dois cretinos com os quais ainda tenho contas a acertar! Não fosse a besteira que eles fizeram, eu não teria passado por toda essa encrenca. – afirmei
- Eles são seus amigos de infância, gostam de você, estavam cheios de preocupações e tentaram nos poupar de informações que nos deixariam preocupados. – alegou minha mãe.
- Aqueles dois são dois amigos da onça, isso sim! Com amigos como aqueles não se precisa de inimigos! Aposto que eles não contaram o que colocaram na minha bebida num barzinho em Split, onde toda confusão começou. – à medida que me lembrava daquela noite, crescia minha raiva contra aqueles dois safados.
- Você sabe que eles gostam de te provocar e brincar com você, não devem ter feito por mal! – exclamou meu pai, compreensivo demais para com aqueles crápulas.
- Seja como for, hão de se haver comigo assim que topar com eles! – asseverei.
Nosso encontro, de fato, aconteceu três dias depois quando regressaram das férias na Croácia. Estavam visivelmente aliviados de me ver bem, porém tinham aquelas caras de quem pisou feio na bola e não sabiam bem como se desculpar. Briguei feio com eles, expulsando-os da minha casa e da minha vida, o que sabia nenhum de nós ia cumprir verdadeiramente. Mas, naquele momento, tinha que ser feito. Por dois meses não olhei na cara deles, nem atendi suas inúmeras ligações.
Voltei ao trabalho para me esquecer daquelas férias frustradas. Contudo, não conseguia empurrar para a gaveta do esquecimento, o que continuava sentindo pelo Matteo. Eu acordava no meio da noite tateando a procura do corpo dele e, quando constatava que estava apenas sonhando, sobrevinha-me uma tristeza profunda e o sono se perdia.
Se você estiver disposto a se meter numa encrenca, dê ouvidos aos amigos e colegas sempre bem-intencionados para solucionar seus casos de um amor não correspondido. A máxima de – Nada como um novo amor para esquecer o antigo – me foi repetida até eu acreditar que isso podia ser verdade. Quase meio ano depois de ter saído de Strongoli e ter deixado tudo para trás, eu continuava sem nenhuma ligação sequer do Matteo, e continuava tão solteiríssimo como sempre.
Comecei a sair, aceitava os convites dos colegas da empresa e de amigos para festas, baladas e encontros por pura diversão. A zanga com o Jens e o Peter foi superada, e aí residiu a nova armadilha na qual caí feito um patinho. Não era novidade para nenhum dos nossos amigos que o Peter fazia tempo que sonhava em colocar o pinto na minha bunda. Era sua fantasia desde os tempos de colégio, quando suas frequentes ereções na minha presença nos levavam a discutir. Foi o único dos meus colegas que convidei apenas uma vez para dormir em casa, pois nessa ele de tão ousado e safado quase me tira a virgindade aos catorze anos, quando se enfiou nu e excitado debaixo do meu cobertor e partiu para cima da minha bunda após desnudá-la. Depois do que aprontou comigo em Split, ele virou um verdadeiro gentleman, era todo atenção, todo carinhoso, se oferecia para me fazer favores e, esse novo Peter começou a chamar minha atenção. Não que eu nunca tenha reparado no físico dele, no corpão musculoso, nas coxas grossas e pernas peludas, cobertas por uma abundância de pelos loiros, quase dourados; nos bíceps enormes, no torso sólido de ombros largos, naquela aparência que lembrava um deus nórdico, um Thor destemido. Influenciado pela afirmação que de um amor fracassado só é superado por um novo, eu acabei baixando a guarda e ele se aproveitou dela. Foi apenas um beijo dentro do carro em frente ao meu prédio quando me deu uma carona depois de uma balada. Ele começou despretensioso como outros tantos que ele havia colocado na minha boca, porém, à medida que eu correspondia, ele foi se tornando lascivo, inquietante, acendendo um fogo em nossos corpos que precisava ser aplacado. Subimos ao meu apartamento, a caminho do quarto as roupas ficaram espalhadas sobre o chão, à beira da cama suas mãos deslizavam cobiçosas sobre o meu corpo, tórax e ombros sentiam a urgência e o poder delas, que deixavam a pele por onde deslizavam ardendo de desejo, o que os biquinhos dos meus mamilos não disfarçavam. Enquanto eles eram lambidos e chupados, as mãos dele continuavam vagando sobre minhas coxas e nádegas, apertando-as e afagando-as explicitando suas intenções para com elas.
O que com certeza eu nunca tinha notado no Peter esses anos todos, talvez por desinteresse numa relação que não fosse de amizade, foi o tamanho do pauzão que tinha entre as pernas. Era um conjunto lindo e que fez meu cuzinho piscar na mesma hora; do umbigo para baixo descia uma trilha de pelos grossos e dourados que se adensavam na virilha ao redor do cacetão pesado, com parte de sua glande vermelha exposta e aqueles dois ovos cavalares pendurados dentro do saco escrotal longo. Onde ele guardou esse bagulhão todo, todo esse tempão? Foi o que me perguntei quando não conseguia desviar o olhar daquela maravilha.
- Gostou? – perguntou, cheio de malícia
- Muito! É lindo! – respondi honesto
- É todo seu! – devolveu ele. Não perdi tempo e comecei a afagar aquele mastro que ganhava consistência e rigidez na minha mão.
Retraí o restante do prepúcio que cobria a cabeçorra e a beijei delicadamente, indo aos poucos, contornando meus lábios quentes ao redor dela até tê-la inteira na minha boca. Senti quando ela começou a liberar o pré-gozo que logo se mesclou à minha saliva e o engoli. O Peter soltou um gemido, enrijeceu as pernas e enfiou os dedos nos meus cabelos. Só consegui abocanhar pouco além da cabeçorra, mesmo me esforçando para colocar aquele colosso para dentro, e comecei a chupar a verga que trepidava na minha boca. As pontas dos meus dedos tateavam por entre os pelos da virilha e acariciavam os dois imensos testículos. Os gemidos do Peter se transformaram em grunhidos roucos liberados em êxtase com o olhar dele voltado para cima e a cabeça lançada para trás. Ele afastou mais as pernas e eu enfiei o rosto dentro da abertura para chupar e mordiscar delicadamente o sacão peludo. Ele se entregava às minhas carícias como um gato carente de afagos. O pré-gozo foi se tornando mais espesso e viscoso, minando em profusão enquanto eu o sorvia saboreando seu gosto ligeiramente salgado.
- Porra, Rolf! Por que nunca me chupou antes? Você sabe como mamar uma caceta! Caralho, como isso é gostoso! – grunhia ele, se contorcendo todo.
Eu continuava empenhado no meu afã de chupar todo o sumo que aquele caralhão pudesse produzir e, percebendo isso, ele segurava minha cabeça entre as mãos e socava a pica na minha garganta. Não demorou muito mais para ele encher minha boca de porra, ejaculando desenfreado enquanto urrava fazendo sua voz grave e rouca ecoar pelo quarto. Ele me encarava com um sorriso de satisfação quando eu terminava de lamber todo o esperma delicioso que estava ao redor do cacetão.
Quando me deitei sobre a cama, meio de lado, empinando o rabo, ele veio para cima de mim, sedento, com o olhar brilhando de tesão. Me deu um beijo demorado na boca, enfiando sua língua até minha goela, eu queria continuar saboreando e chupei a língua dele, devasso e provocativo. Ele roçava sua ereção nas minhas nádegas o que me compelia a empinar a bunda fazendo-a encaixar na virilha dele. O Peter se esfregava no meu corpo, sôfrego e atiçado pela minha libertinagem; eu gemia tomado pelo desejo, pelos espasmos que contraíam e enrijeciam toda a minha musculatura. Ele foi mordendo minha nuca, beijando e cravando os dentes nos meus ombros, lambendo com sua língua molhada a minha pele arrepiada, sussurrando sacanagens no meu ouvido descrevendo o que ia fazer comigo quando o pauzão dele estivesse dentro do meu cu. Alucinado, eu formava as imagens do que ele descrevia, e até podia sentir nossas carnes comungando todo aquele prazer. Suas lambidas desceram sobre os ossos da minha coluna até o cóccix provocando espasmos no meu corpo. Um beijo sobre uma das nádegas foi seguido de uma mordida que me obrigou a gemer; o segundo veio tão obstinado quanto o primeiro sobre a outra nádega e também deixou a marca de seus dentes gravada na pele alva e lisa. Quando o senti abrindo meus glúteos, a respiração começou a ficar entrecortada. O grunhido lascivo saiu quando a ponta da língua dele lambeu minha rosquinha anal. Era um ato primitivo, selvagem e instintivo, ter o cuzinho lambido por um macho excitado era a certeza de que ele se saciaria dentro dele. Isso me excitou tanto que eu mal conseguia controlar minha ansiedade e minha respiração que perdera toda a cadência. Ele continuou lambendo o cu, mordendo o rego, enfiando de quando em quando um dedo na rosquinha fazendo-a piscar na mesma alucinação que me consumia. Ele colocou uma das minhas pernas sobre o ombro o que facilitou o acesso ao meu cuzinho; ficou pincelando a caralhão ao longo do rego enquanto eu liberava sons que precisavam sair da minha garganta. Posicionou a cabeçorra sobre a portinha plissada do meu cuzinho e a empurrou para dentro, eu gania enquanto ele deslizava o cacetão para dentro de mim, rasgando minhas pregas e dilacerando os esfíncteres numa dor quase insuportável, não fosse o desejo ardente de ter aquele macho dentro de mim. Eu me abria relaxando a musculatura anal, deixando daquele colosso se profundar na minha carne receptiva e quente, enquanto ele me encarava em deleite sentindo sua verga sendo agasalhada pela maciez da minha mucosa úmida. Suas estocadas firmes eram carinhosas, mas não menos dolorosas, abrindo caminho no meu cuzinho estreito e apertado como se fosse um bate-estacas. Meus ganidos e gemidos longos o excitavam, desencadeavam seus instintos mais primitivos, e o faziam me querer mais do que tudo. Aos poucos, ele foi se reclinando sobre mim, minhas pernas o enlaçavam acima da cintura, encaixado entre elas, ele bombava meu rabinho vulnerável e eu me segurava em suas costas largas e quentes, sentindo minhas entranhas preenchidas pela carne insaciável dele. Aquela combinação de dor e prazer me transportou para um paraíso de luxúria, o corpão pesado e quente sobre mim, a respiração ofegante dele, a maneira como me dominava e me mantinha preso debaixo dele, as imagens das sacanagens que ele havia me sussurrado no ouvido se tornando realidade e o ganido aflorou entre os meus lábios.
- Matteo!
O Peter imediatamente parou de bombar meu cu, me encarou incrédulo, arrancou de uma só vez o caralhão do meu cuzinho machucando meus esfíncteres ao atravessá-los em meio ao meu ganido pungido – Ai! – me soltando e pondo-se de pé junto a cama.
- Eu não acredito que você ainda pensa nesse sujeitinho! Puta merda, Rolf! Eu estou aqui dentro de você, todo empenhado em te fazer sentir todo o prazer desse mundo, enquanto seus pensamentos estão naquele mafioso! Porra, eu nem sei o que faço com você! – exclamava ele, furioso, enquanto se vestia apressadamente, me deixando com aquele buraco enorme e vazio no cu, completamente perdido e sem saber como me desculpar.
- Desculpe, Peter! Eu juro que não sei o que aconteceu! Volte aqui, por favor, não vá embora desse jeito! Eu te quero, te quero muito! Vem cá, por favor! – implorei, tentando puxá-lo de volta para a cama.
- Aconteceu que você não consegue esquecer aquele sujeitinho! Aconteceu que eu pensei que você finalmente estava se entregando para mim depois desses anos todos! Aconteceu que o idiota aqui, achou que você sentia alguma coisa por mim! – esbravejava ele. Me esquece, Rolf! Me esquece! – berrou quando bateu a porta e saiu, me deixando arrasado.
Corri atrás dele por alguns dias, ele não me respondia e não me atendia. Uma amizade de tantos anos jogada no lixo porque fui dar ouvidos a conselhos sem fundamento. O Jens me ajudou a tentar convencê-lo de que eu gostava dele, mas foi inútil. Eu feri os brios de macho dele quando pronunciei o nome de outro quando estava em pleno coito com ele. Ele jamais ia me perdoar, e isso estava doendo em mim. Tudo isso só serviu para me mostrar que eu ainda não estava pronto para um novo relacionamento, que eu ainda nutria sentimentos pelo Matteo, que nem sequer se dignou a me dar um único telefonema depois de tudo que houve entre nós. Chega de tentar esquecer esse homem se envolvendo com outros, concluí. Quem sabe, um dia, ele não seja apenas uma lembrança de umas férias que enveredaram por um caminho totalmente oposto ao planejado, sem revolver sentimentos que deveriam ficar sepultados para sempre?
Há questão de poucos dias o escritório fechara um contrato vultuoso com um novo cliente. Coube a mim assumir a gestão do projeto, uma vez que o cliente, um empresário de quarenta anos tinha se mostrado tão interessado nos meus croquis quanto nas curvas generosas da minha bunda. Ele era um homem másculo, cativante, que não disfarçava seu desejo de explorar meu cuzinho com sua verga sequiosa. Blindei-me contra suas investidas sutis, não queria repetir o que aconteceu com o Peter, chamando-o pelo nome de outro em pleno coito. Pois o risco ainda era grande, mesmo decorrido meio ano do meu regresso a Stuttgart.
- Rolf, há um senhor à sua espera! – veio informar a secretária quando eu estava com a equipe de arquitetos debruçado sobre as folhas do projeto.
- Deve ser o novo cliente, ele está ansioso com o andamento do projeto! – aventei.
- Creio que não! Esse é bem mais velho! – respondeu ela, enquanto eu seguia para a sala da recepção.
- O que faz aqui? Veio terminar o que não conseguiu em Roccella? – inquiri ríspido, quando identifiquei a figura envelhecida de Don Barzini.
- Boa tarde, Rolf! Vim em missão de paz! Pode me dar um minuto de sua atenção? – a voz não tinha mais aquele tom impositivo do qual me lembrava, nem a mesma energia. O velho sobrevivera ao atentado, mas estava bem mais debilitado.
- Não temos nada a falar, Don Barzini! Tudo que precisava ser dito foi falado naquele dia fatídico, do qual estou tentando me esquecer. Vou pedir educadamente que volte de onde veio, e que não me procure nunca mais! – respondi.
- Você tem todos os motivos para me desprezar! Lamento profunda e sinceramente o que fiz com você! Mas, peço que me escute, por favor!
- Estou muito ocupado, e aqui não é lugar para eu conversar, seja lá o que for, com um mafioso! Adeus, senhor Barzini! – eu estava voltando para a sala de projetos quando reconheci a voz pelas minhas costas.
- E a mim, será que pode me ouvir? – eu nem precisava me virar, era o Matteo que estava atrás de mim.
Relutei comigo mesmo, sem coragem de me virar e encarar aquele homem que provocou as melhores a mais intensas sensações que meu corpo já havia sentido. Apertei as pálpebras para conter a umidade que banhava meus olhos. Um aperto no peito me impedia de respirar direito. Eu precisava me virar, mas não conseguia, estava travado. Quando a mão tocou meu ombro achei que fosse cair, minhas pernas tremiam e estavam moles como gelatina.
- Não! – a muito custo foi tudo que consegui pronunciar com a boca seca.
Ele me contornou e ficou me encarando em silêncio. Os olhos verdes também estavam úmidos, o rosto hirsuto e viril tinha todos os detalhes dos quais nunca me esqueci, os lábios num tom vermelho escuro pareciam ainda guardar o sabor dos meus, o sorriso cauteloso foi se abrindo devagar.
- Rolf, mio amore! – pronunciou a boca cujo sabor nunca esqueci.
Encarei o teto e inspirei fundo, se não o fizesse não sabia se continuaria em pé. Ele parece que adivinhou que, se não me enlaçasse em seus braços, eu sucumbiria. E, ao mesmo tempo em que os envolvia no meu tronco, me puxou para junto do corpão dele. Apoiei-me rapidamente em seus ombros e foi seu beijo voraz que insuflou todo o ar que meus pulmões precisavam.
- Não faça isso comigo, por favor, Matteo! Não de novo! – implorei quando minhas forças voltaram.
- No dia em que salvou minha vida, você me disse que nunca amou ninguém como amou meu filho, por favor, permita que ele se desculpe. É o pedido de um pai arrependido de seus atos, tentando consertar tudo o que fez errado antes de deixar esse mundo. – disse o velho, que nos observava e, pela primeira vez, compreendia a extensão e intensidade daquele amor.
- Eu preciso de um tempo, preciso pensar! Estou no meio de um trabalho e aqui não é o lugar certo para tratarmos desse assunto. – respondi. – Por que você voltou, Matteo? Eu estou tentando te esquecer, estava quase conseguindo, e você resolve reaparecer para tumultuar a minha vida.
- Voltei porque te amo, nunca deixei de te amar! – alegou, tocando meu rosto com suavidade e carinho. – Você acredita que vai conseguir me esquecer algum dia, depois do que tivemos juntos? Foi pouco tempo, eu sei, mas foi intenso a ponto de se enraizar em nossas almas.
- Façamos o seguinte, combinamos um jantar essa noite, onde você preferir, Rolf! Eu fico com vocês por um tempo, pois ainda tenho algumas coisas para te dizer e, depois, deixo vocês dois decidirem o que for melhor para ambos, combinado! – interveio o velho.
Meu sossego terminou assim que eles se foram, com a cabeça fervilhando, não consegui me concentrar em mais nada. Tudo que eu via era o rosto arrependido do Matteo, e eu sabia que se fosse àquele encontro, meu coração falaria por mim, não minha razão. Deixei o trabalho mais cedo e fui procurar meu pai, ele sempre soube me aconselhar no caminho certo apesar de nunca ter dito o que eu deveria fazer.
- Você acha que ele mudou? – perguntou-me meu pai quando nos sentamos no jardim à sombra de duas macieiras em flor. – E qual é o papel do pai nesse retorno inesperado? Segundo o que você nos descreveu, trata-se de uma pessoa irascível e ditadora. Ele te intimidou?
- Não sei dizer se o Matteo mudou, essa é a questão. Conheço-o tão pouco de sua personalidade que fica difícil chegar a uma conclusão. Ele me pareceu sincero e arrependido. Disse que não se comunicou comigo esses meses todos porque estava empenhado na mudança de negócios da família. Quanto ao velho, esse sim, está diferente. Até a impostação da voz perdeu a arrogância, está mais frágil fisicamente, e foi respeitoso comigo ao contrário das vezes anteriores. Porém, o que vai em sua mente é algo que ele ainda consegue disfarçar muito bem, é um homem astuto. – esclareci
- E o que diz seu coração? Nem sempre as respostas que procuramos estão no racional, no preto no branco, naquilo que está estabelecido nas regras. – argumentou
- É justamente aí que reside o grande problema, meu coração palpita e se aquece só de ele se aproximar de mim; quando me toca, então, aí é que tudo se embaralha e se forma a certeza de que o amo mais do que tudo nessa vida. Afora você e mamãe, que eu amo de uma forma diferente, é óbvio, o Matteo foi a primeira e única pessoa que eu amei com tanto fervor. Esse amor se materializou tão rapidamente e com tamanha intensidade num curto espaço de tempo que parece quase impossível de ser. – revelei
- Vá a esse jantar! Veja bem, não estou dizendo para que o perdoe, se atire em seus braços e reate o relacionamento. Não, não é isso que estou sugerindo! Apenas ouça-o, avalie as palavras dele, a postura, a expressão do olhar, a verdade estará embutida neles e você saberá distingui-la. Se então, você concluir que o que sente por ele ainda é aquele amor que os uniu, e não um saudosismo do que tiveram, abra seu coração para ele. – levantei-me da cadeira onde estava e fui abraçar meu pai, aquele homem sempre foi meu esteio; soube esperar, mesmo já sabendo quem eu era, o dia em que me senti preparado para revelar que era gay. Nesse dia, tudo o que ele fez foi me abraçar, me dar um beijo na testa e me felicitar por eu ter descoberto minha sexualidade.
Quando cheguei ao restaurante Panorama, que fazia jus ao nome por possibilitar uma vista panorâmica da cidade, eles já se encontravam numa mesa junto às janelas, com o horizonte tomado pelas luzes e pelo céu noturno em tons acobreados entre as nuvens quase negras. Ambos sorriram assim que me avistaram. Ao caminhar até eles escoltado pelo maître, senti minhas mãos desagradavelmente suadas e a garganta seca. Havia muita coisa em jogo naquele encontro, talvez a felicidade de minha vida toda. Don Barzini me estendeu a mão num esforço para se levantar, enquanto o Matteo veio ao meu encontro, me apertou contra seu tórax e colou disfarçadamente um beijo no canto da minha boca. Quem começou a falar, antes mesmo dos pedidos chegarem à mesa, foi Don Barzini, ele parecia ter pressa em me deixar a sós com o filho. Revelou que tinha se retirado daquela vida de negócios escusos, cedido seus territórios de domínio aos demais chefões da região, abdicando de qualquer negociata que eles faziam. Sua atitude foi interpretada por eles como um sinal de fraqueza, e valeram-se disso para controlar os territórios que lhe pertenciam. Disse, expressamente, que tinha feito isso por mim em primeiro lugar, seguindo a sugestão que eu havia lhe dado durante a explosão de raiva que me acometeu naquele galpão onde quase todos teríamos perdido a vida, não fosse eu ter agido com presteza e habilidade ao alvejar aquele sujeito que estava prestes a atirar em nós. Só de ouvir aquelas palavras senti um calafrio percorrendo minha espinha, eu ainda tinha viva em minha memória a imagem daquele sujeito desabando sobre os joelhos antes de cair no chão e estrebuchar até a morte, naquele dia me tornei um assassino, e isso jamais sairia da minha mente. Percebendo que eu fiquei perturbado relembrando aquele dia, o Matteo colocou sua mão sobre a minha e a acariciou.
Don Barzini tomou um gole da taça de vinho, dando-me um tempo para me refazer e continuou. Disse que sua empresa de importação e exportação não fazia mais nenhum negócio ilícito, que comerciava mercadorias de países asiáticos com toda lisura fiscal e alfandegária. Afirmou que ainda se sentia ressentido de eu dizer que os vinhos que eram produzidos a partir de seus vinhedos eram péssimos e que, para isso, tinha mandado dois de seus antigos seguranças estudarem enologia para melhorar a produção. Um deles eu conhecia, o Luca, que se recuperou do tiro na perna e se mostrava um promissor enólogo. Os olivais também estavam sendo recuperados e ele, citando outra das minhas sugestões, disse que a pequena produção estava voltada para azeites extra virgens finos saborizados com ervas da região, disponibilizados em frascos pequenos.
- Aliás, eu gostaria que você com sua habilidade para o design desenhasse frascos que refletissem a qualidade e refinamento desses azeites. Posso esperar por uma resposta positiva nesse sentido? – eu ainda estava perplexo, só consegui acenar com a cabeça.
Ele também estava tenso como pude perceber à medida que continuava seu discurso que, ao que tudo indicava, tinha sido ensaiado por alguns dias para não parecer algo leviano dito apenas da boca para fora. Revelou que não mantinha mais seguranças no casarão, que todos os ragazzi haviam sido realocados para seus negócios conforme a escolha individual de cada um. E, por fim, exigiu que o Angelo e o Matteo se abstivessem de qualquer guerra entre as famílias e se concentrassem em tocar os negócios, agora todos lícitos. Ele não queria perder mais nenhum membro de sua família em guerras estúpidas e sem sentido. Queria usufruir os anos que ainda lhe restavam vendo as netas crescerem cercadas de um clima harmonioso e seguro.
- Você Rolf, fez esse velho enxergar uma outra maneira de viver. O pouco tempo em que ficou em nossa casa você espalhou sua doçura por todos os lados, o que eu me lembro apenas minha esposa tinha conseguido. Eu me arrependo de tudo o que falei e fiz contra você, especialmente quase ter acabado com sua vida. Esse é um remorso que vou levar para túmulo. Não espero seu perdão, só lhe peço que não transfira para o Matteo os sentimentos ruins que tem contra mim. Ele te ama, e muito! Faço questão e gosto nesse relacionamento que, espero, se perpetue por muitos anos. Se você aceitar, todos nós gostaríamos que você voltasse a morar em Strongoli e fosse viver conosco. Quando mencionei à Catarina e à Bianca que vinha falar com você, elas me pediram para trazê-lo de volta, o que só prova que fui eu o único a não ter enxergado em você a pessoa maravilhosa que é. – ele estava se emocionando, seus olhos estavam úmidos e ele interrompeu sua fala por alguns minutos desviando o olhar para a paisagem da cidade lá embaixo.
Eu senti um alívio, não era pena daquele velho, nem comoção por vê-lo naquele estado, era tão somente a retirada de um peso opressor que me esmagava desde nosso primeiro encontro.
- E, finalizando, pois sei que vocês dois ainda tem muito o que conversar, eu gostaria que fizesse um projeto conforme sugeriu para aqueles galpões abandonados em Roccella, o potencial turístico da cidade cresce a cada dia e aquele lugar pode se tornar bem lucrativo. – ele inspirou profundamente quanto deu por encerrada sua fala, tomou um gole de vinho e olhou para o filho, como se naquela troca de olhares estivesse purgando todo mal que me fez passar.
- Não sei se terei coragem de voltar aquele lugar! – afirmei de pronto.
- Não preciso que me dê uma resposta agora, sei que depois desse jantar você terá muito o que avaliar e, seja lá qual a decisão que tomar, tanto eu quanto o Matteo vamos acatar, é isso que você precisa saber. Se quiser nos apagar de sua vida, entenderemos. – asseverou. Não sei porque tive a sensação de que o Matteo não concordava com aquela última afirmação.
Don Barzini nem chegou a terminar a refeição, tinha ciscado pelo prato enquanto falava e pouco depois nos deixou a sós.
- O que achou? – perguntou-me o Matteo, depois de se despedir do pai com um abraço.
- Não sei, sinceramente não sei! Ouvindo-o falar é que me dei conta do quanto aconteceu naqueles poucos dias. Em minha vida toda nunca tantas coisas aconteceram ao mesmo tempo. – respondi.
- Ainda me ama?
- O que você acha?
- Que sim! Está nos seus olhos, está na maneira como me abraçou agora há pouco e esta tarde na sua empresa. – ele me conhecia, espantosamente esse homem me conhecia quase como eu mesmo. – Consegue me perdoar? – essa resposta ele não tinha.
- Talvez! – sei que ele não esperava por isso, mas eu não podia dizer nada além disso naquele momento.
- Entendo! O que sugere que façamos?
- Que me deixe pensar! Longe de você, pois você estando por perto posso me arrepender da minha decisão. – estava me sentindo seguro para exigir aquilo, pela primeira vez não tive receio de perdê-lo, se assim o destino o quisesse.
O Matteo era importante para a minha vida, sim; mas não estava acima da minha autoestima. Se fosse para ficarmos juntos e viver aquele amor, eu não poderia me sentir inferiorizado, humilhado ou dependente das vontades dele. Tinha que ser uma troca justa e equilibrada que valorizasse ambos.
- Sabe que te ouvindo falar assim, pela primeira vez tenho medo da sua decisão. Você se tornou muito autoconfiante com tudo o que aconteceu, e eu gosto disso, porém tenho receio que esse novo Rolf já não sinta mais o mesmo amor por mim que antes. Pode soar patético para um cara como eu, que sempre ditei as regras, recear a perda do único amor verdadeiro que tive na vida. Me sinto um menino bobo agora, diante de você, admitindo isso. – confessou, apertando minha mão na dele.
- Um menino bobo que só faz minha paixão crescer! – devolvi sincero
- Sério? Volta para mim, Rolf! Volta para mim! – não o encarei, pois expressaria meu desejo ali mesmo, sem nem sequer refletir.
Eles permaneceram na cidade por mais dois dias, nos encontramos em cada um deles, e ficou combinado que eu daria uma resposta tão logo me sentisse pronto. O Matteo estava angustiado quando nos despedimos no saguão do aeroporto, aquela falta de uma resposta o consumia, especialmente porque não transamos. No fundo, eu já havia me decidido, precisava tão somente ter mais uma conversa com mais pais, não de consentimento, mas de apoio.
- Ainda faltam duas horas para o voo partir, e desde que cheguei não fizemos amor, podíamos dar uma rapidinha nos banheiros, só para eu te deixar meu presente dentro do seu cuzinho. Aposto que isso te levaria a uma decisão mais rápido e favorável a mim. – propôs libidinoso e indecente, com aquele seu sorriso cafajeste e depravado.
- É assim que pretende me reconquistar, seu safado? – resistir aquele olhar sedutor não era nada fácil. – Se tiver que ser, você terá inúmeras oportunidades de me dar seu presente.
- Eu sei que você consegue me negar seu cuzinho mesmo quando ele está piscando e te implorando para ceder à minha pica. Vai, uma rapidinha só! Estou com os culhões bem abarrotados, ia te deixar bem molhadinho. O que me diz? – insistiu, me mostrando sua ereção descomunal.
- É bom você sossegar o bichão aí embaixo, ou vão te expulsar do avião por atentado ao pudor! – exclamei rindo.
- Você sabe ser cruel quando quer! – devolveu, ajeitando o caralhão impetuoso dentro da calça.
- Tive um bom mestre!
Fiz o que se pode chamar de uma imersão em mim mesmo por quase oito semanas, sem que estivesse preocupado com o tempo. A certeza do que queria foi surgindo aos poucos, cada vez mais nítida. Passei boa parte dessas semanas na casa dos meus pais, o convívio com eles parecia tornar as coisas mais fáceis de enxergar e decodificar. Também me entreti com os amigos, o Jens fez o meio de campo dele e o Peter voltou às boas comigo, não sem antes me criticar por estar perdendo o melhor homem que eu podia encontrar, ele. Precisei ouvir pela centésima vez que – o mafioso nunca te fará feliz – aquilo já tinha se transformando num mantra que os dois não paravam de repetir. Eles queriam me fazer crer que assim seria só porque não estavam dispostos a se distanciar de mim correndo o risco da nossa amizade arrefecer.
Na manhã em que cheguei à empresa e comuniquei minha decisão, não se criou nenhum drama. As condições que sugeri foram aceitas sem nenhuma ressalva. Com tudo organizado, chegara a hora de respirar fundo e encarar o desafio que me propus a enfrentar. Portanto, quando me encontrava a menos de meia hora do meu voo partir, aquela certeza estava arraigada em mim.
- Tem certeza? – perguntou-me minha mãe pela última vez, só por via das dúvidas.
- Tenho, mãe! Vocês sabem que não foi uma decisão impensada tomada no calor de alguma emoção, e sim, sob uma reflexão profunda e imparcial. – respondi.
- Sabemos disso, filhão! E estamos torcendo por você! – disse meu pai.
- Sei disso! Não estou me despedindo de vocês, estarei sempre por perto. – afirmei, pois isso pareceu amenizar um pouco aquela dor que ambos estavam sentindo e procurando esconder.
Propositalmente não avisei da minha chegada, não queria uma recepção planejada, um arranjo para tudo parecer aquilo que não era. O táxi parou diante do casarão, entre a entrada e o chafariz. O motorista observou estarrecido a edificação e os jardins bem cuidados, o que me fez crer que nunca estivera ali, mas que sabia de sua existência. Ele foi solícito ao me ajudar a colocar as malas diante da porta, e agradeceu a gorjeta que lhe dei me desejando um bom dia, embora estivéssemos nas últimas horas da tarde quente de verão. Uma criada avisada pelo rapaz que permitiu meu acesso pelo portão apareceu abrindo a pesada porta de ferro forjado e vidro.
- Boa tarde senhor, é bom tê-lo de volta! – exclamou, com um sorriso gentil.
- Boa tarde Margherita! Como está? – percebi seu rosto se iluminando quando viu que eu me lembrei de seu nome.
- Bem, senhor, muito bem, obrigada! Fez boa viagem?
- Sim!
- Dona Priscila e as crianças estão no jardim perto da piscina! Don Barzini e o Angelo foram até Camigliatello Silano esta manhã, mas já avisaram que estarão aqui para o jantar. – informou ela antes de eu perguntar. – O senhor Matteo está na vinícola que está sendo reformada. – ela deixou essa informação por último, pois sabia que era a que mais me interessava.
- Obrigado, Margherita! Vou ver as crianças!
Elas tinham visto o táxi subindo pela estrada e já contavam com uma visita, não a minha propriamente dita.
- Tio Rolf! – gritou a Bianca assim que me avistou, correndo em minha direção com os bracinhos abertos seguida da irmã que a ultrapassou poucos metros antes chegar a mim, conseguindo se pendurar no meu pescoço antes dela, que ficou protestando por não ser ela a me dar o primeiro abraço.
- Como vão as minhas bonecas? – perguntei, com uma em cada braço, cobrindo meu rosto com seus beijos molhados.
- Eu já sei escrever o meu nome, foi o papai quem ensinou, quer ver? – disse a Bianca.
- O tio Matteo vai ficar feliz quando souber que você voltou! – afirmou a Catarina que parecia já estar compreendendo o que se passava a sua volta.
- Você acha? – perguntei
- Vai sim! Faz tempo que ele anda muito triste! – entregou ela, em sua inocência.
- Então vou me esforçar para que ele fique feliz de novo! – retruquei.
- Só de te ver ele já vai ficar feliz! Vocês vão namorar outra vez?
- Acho que sim, se ele me quiser!
- Ele vai querer! Teve um dia em ele estava muito, mas muito, muito do triste, sabe! Aí eu sentei no colo dele e passei a mão no rosto dele, sabe o que ele me falou? – ela fez uns segundos de suspense antes de continuar – Que eu tinha uma mão tão suave e carinhosa quanto a sua! – concluiu. Precisei segurar as lágrimas que já enchiam meus olhos.
A Priscila também ficou feliz em me ver, tinha perdido aquela expressão deprimida e tristonha, e me disse que o Angelo estava se tornando um homem melhor a cada dia.
- Então você o perdoou, e resolveu ficar em Strongoli ao invés de se mudar para Turim? – perguntei, lembrando-me de uma de nossas conversas.
- Perdoei! Acha que fui fraca?
- De forma alguma!
- Perdoei por que o amo, e sei que suas atitudes anteriores eram basicamente fruto do que Don Ugo incutiu nesses meninos, que foram se perdendo à medida que iam sendo envolvidos nos negócios e na trama que ele planejou para toda a família. Por enquanto não me arrependi da minha decisão! – afirmou ela. – E você, vai perdoar o Matteo?
- Todo esse tempo afastado dele me permitiu concluir que, na verdade, o Matteo nunca fez nada de mal contra mim. Talvez sua única culpa tenha sido me trazer para cá onde as coisas foram acontecendo, mas que não foram causadas por ele. Desde o dia em que nos conhecemos, ele só me protegeu, zelou e cuidou da minha integridade. Você acredita que um sujeito como ele, que mal consegue manter aquela coisa enorme que tem entre as pernas dentro das calças, passou uma noite toda deitado ao meu lado na cama do iate, sem relar um único dedo em mim quando eu estava completamente chapado pelo que meus amigos tinham colocado na minha bebida? – revelei.
- Ele nunca mais foi mesmo depois que você partiu sem deixar nem um adeus! Don Ugo o incentivou a te procurar em Stutttgart, pois ele dizia que não te merecia.
- É, a Catarina acabou de me contar algo parecido.
- Vá até a vinícola, ele está lá supervisionando as obras de modernização e ampliação. Vai fazê-lo feliz!
O sol se punha devagar nessa época do ano, uma aragem marítima suave movia as folhas das árvores à beira do caminho cascalhado que conduzia até a vinícola. Meu coração estava aos saltos dentro do peito. Será que tinha sido prudente não avisá-lo da minha chegada? O Matteo não era muito chegado a surpresas, talvez porque as que sempre tivera nunca haviam sido boas.
Encontrei-o junto a um fermentador de inox que estava sendo instalado, cercado pelos operários da empresa que fazia o serviço. Ele não me viu, estava de costas para a entrada, mas eu reconheci aqueles ombros largos mesmo com a diferença de luminosidade entre o exterior e o interior do edifício. Fiquei um tempo ali parado, esperando ele e os operários concluírem alguns aspectos da instalação. De repente, ele se virou e me viu contra os raios de sol que banhavam a entrada. Não sorriu de imediato, ele se formou à medida que seus passos largos o aproximavam de mim. Comecei a tremer, não queria, mas meu esforço para controlar os espasmos era insuficiente. Quando ele estava a dois metros de mim, abri os braços e comecei a chorar, ele me suspendeu em seus braços, rodou comigo enquanto sua boca se unia a minha em um beijo que há muito era desejado. Afaguei o rosto barbudinho dele e seus olhos estavam cheios d’água.
- Você veio! Você está aqui! Isto quer dizer que .... – ele não ariscou terminar a frase, com receio de estar enganado.
- Quer dizer que se você ainda me ama como eu te amo, que quero ser seu namorado, que quero construir uma vida ao seu lado! – exclamei, colocando em palavras toda aquela certeza que demorei a concluir.
- Não há nada nesse mundo que eu queria mais do que a você! Se eu te amo? Nunca deixei de te amar, Rolf! Nunca! – ele me apertava com tanta força em seus braços que minhas costelas reclamavam.
Reencontrar o Fredo, o Stefano e o Salvattore desempenhando funções mais nobres do que as de pistoleiro, me deixou contente. Eles ficaram felizes com a minha volta e se tornaram tão amigos meus quanto já eram do Matteo. O Fredo estava prestes a se casar com uma garota que namorava fazia tempo, eu e o Matteo fomos convidados a ser os padrinhos. O Salvattore jurava que nunca ia encontrar a pessoa certa para suportá-lo. O Stefano sempre escondeu o tesão que sentia por mim, desde o dia em que o flagrei se masturbando no iate. Às vezes, ele me perguntava se eu achava que ele podia ser tão feliz quanto o Matteo e eu, com o carinha que ele enrabava, sem dó, com aquele seu caralhão insaciável. O rapaz era pouco mais novo que ele, tinha um rosto angelical, não era afeminado e corava de uma maneira singela quando se falava de sexo, como se aquilo ainda fosse um assunto que não podia ser dito com outras pessoas. Sentia-se no ar o quanto ele amava o Stefano e eu nunca duvidei que ele faria a felicidade dele.
A janta daquela noite teve um brilho novo e diferente para aquelas pessoas; creio que, depois de muitos anos, eles se sentiam uma família na acepção da palavra. O que reinava no entorno daquela mesa era algo que seus corações não sentiam desde a morte trágica da senhora Barzini.
O Matteo e eu fomos os primeiros a nos recolher ao quarto, eu estava cansado da viagem, ele não via a hora de se alojar no meu cuzinho, mas esperou pacientemente eu sair debaixo da ducha com a toalha enrolada na cintura. O cacetão formava uma saliência protuberante e sensual dentro da calça dele, e ansiava por mais liberdade para se empinar. Percebendo que meu olhar se fixara, curioso e interessado, nesse ponto, ele se despiu, ficando só de cueca. O caralhão enorme e grosso se projetou da virilha pentelhuda, sobre o par de culhões que pendiam ingurgitados e provocantemente sensuais quando baixei a cueca. Meus olhos arregalados redobram meu interesse por aquele cacetão. Meu cuzinho estava saudoso dele. Notando meu deslumbre por seu membro, ele acariciou meu rosto com ele, orgulhoso e esfuziante. Com todo o cuidado e delicadeza, peguei o pau na mão e comecei a acariciá-lo, conferindo cada detalhe mais de perto, como se aquela joia rara ainda estivesse como eu me lembrava. Da cabeçorra saliente, parecendo um enorme cogumelo, começou a minar o pré-gozo rescindindo ao cheiro almiscarado de macho, e deixando a glande provocantemente úmida e suculenta. Eu conhecia o sabor daquele néctar, e comecei a lambê-lo fervorosamente. Matteo deixou que o ar lhe saísse por entre os dentes cerrados, assim que o toque aveludado dos meus lábios tocou no seu cacete. Com a tenacidade assanhada pelo sabor amendoado daquele fluido, comecei a sugar, mordiscar e brincar com aquele mastro quente e pulsátil, levando-o ao delírio.
- Chupa gostoso minha pica, chupa tesudão! Como senti falta dessa boca! – rosnou, metendo a rola na minha goela. Minhas preguinhas anais chegavam a formar um beicinho que se contraía cheio de desejo.
O Matteo pareceu ter adivinhado o que se passava com o meu cuzinho e, com um dedo hábil e pervertido, começou a insinuá-lo no meu ânus. Aquilo me deixou ensandecido, eu gania com uma sensualidade tal, que notei o efeito que isso provocava nele. Seu rosto refletia a cobiça predadora que o levou ao meio das minhas coxas, deslizando suas mãos pesadas até abrir minhas nádegas para ver meu cuzinho piscando.
- Tem um fogo ardendo aí dentro, não é, amore mio? – insinuou, devasso e excitado.
- Ahã! – gemi, ciente de que havia conseguido fazer aquele macho perder o que lhe restava de racionalidade e passar a agir apenas pelo instinto sexual.
Ele melou meu reguinho esfregando a pica entre as minhas nádegas que, de tão polpudas e volumosas, prensavam seu membro arrebatadoramente em seu interior condescendente. De repente, comecei a sentir que ele forçava a cabeçorra na porta do meu cuzinho, cada vez com mais ardor. Ele tremia de tesão e eu do receio antecipado da dor. Selvagem e passional, ele meteu o caralhão, tão teso que chegava a afligir sua virilha, naquela maciez sedenta onde se perdera tantas vezes.
- Aaaaaaaiiii, Matteo! – O misto de grito e ganido ecoou no ar, assinalando a posse irrefutável do meu cuzinho receptivo, e ele arfou triunfante como um touro. – Está doendo! Não me machuca, Matteo! – implorei, sentindo algo se rasgando dentro de mim.
- Shhhh! Quer acordar a casa toda? Seja forte meu tesudinho, relaxa o cuzinho que você sabe que vai passar. – a voz dele era tranquila e segura, embora ele estivesse fazendo um esforço sobre-humano para refrear os frêmitos da sanha que agitava todo seu corpo.
Tão logo ele percebeu minhas preguinhas bambearem, continuou a enfiar a pica no meu cu, em estocadas lentas e rítmicas. Eu sentia minha impotência permissiva diante daquela carne rija e latejante que ia se alojando em mim, me arregaçando enquanto gemia de dor e prazer. Ele metia, vigorosa e impetuosamente, fazendo com que seus culhões batessem de encontro ao meu rego.
Meu anel anal, contraído numa convulsão tetânica, apertava firmemente o caralhão, durante o vaivém cadenciado das estocadas dele, garantindo o prazer de ambos. A musculatura rota e dolorida do meu esfíncter anal devassado se apertava contra a truculência do cacetão dele, enquanto eu gemia e me deliciava com a magia daquela intimidade tão desejada que me fazia flutuar nas nuvens. Em meio a esse entra e sai avassalador no meu cu, eu gozei melando minhas coxas. Ele parecia não ter pressa, controlava seu desejo iminente de gozar reduzindo o frenesi das estocadas, para poder prolongar aquela sensação sensualmente entorpecente. Somente quando o cacete cravado em mim começou a estufar, ele o meteu até o talo, enquanto eu sentia seus músculos estremecerem, e o ouvia liberar um urro potente; ao mesmo tempo, meu cuzinho recebia seus jatos de porra quentes e pegajosos, como um presente. O Matteo deixou o caralhão amolecer lentamente no meu cuzinho. Depois de o sacar, deitou-se ao meu lado e eu o cobri de beijos, com a cabeça alojada em seu peito. Ambos sabíamos que aquela estava sendo a primeira noite de muitas depois de nos reconciliarmos. Nossa felicidade estava naquela relação que começara tão confusa e cheia de percalços.
Meu acordo com o escritório de arquitetura me permitia trabalhar remotamente, tocando os projetos por videoconferência. A cada quatro meses em média, o Matteo e eu passávamos uma temporada em Stuttgart, quando revia meus pais, trabalhava presencialmente no escritório e visitava os amigos. Meus pais logo perceberam que minha decisão fora acertada, eles tinham no Matteo um segundo filho. Nossas famílias também se aproximaram apesar da distância que as separava e, não raro, Don Ugo recebia meus pais no casarão e mostrava orgulhoso o resultado das minhas sugestões para os novos negócios da família. O Jens percebeu mais cedo que sua opinião sobre o Matteo tinha sido equivocada, e ambos estabeleceram uma amizade sincera. O Peter, como eu já previa, nunca o aceitou plenamente. O fato do Matteo ter se apossado do meu cuzinho nunca lhe desceu pela garganta, mas nossa amizade continuou apesar disso.
Quando passeio no verão com o Matteo de mãos dadas ao cair da tarde ao longo das praias, geralmente saboreando um gelato, sinto que sou uma pessoa totalmente feliz, e agradeço por ter tomado a decisão certa. Ele, quando me vê refletindo sobre isso, me observa algumas vezes antes de me perguntar.
- Um beijo por seus pensamentos!
- Você!
- Eu? Como assim? O que fiz dessa vez?
- É o homem mais maravilhoso do mundo, é o meu homem! – ele abre um sorriso maroto e estufa o peito.
- Só agora descobriu isso? – pergunta petulante. – Eu nunca pensei que pudesse existir tanta felicidade, até o dia em que você voltou para mim. – confessa. E, seguimos caminhando, nada mais precisa ser dito, nossas mãos unidas falam por si.