Amor em atos - Amor e sexo

Um conto erótico de João Fayol
Categoria: Homossexual
Contém 3785 palavras
Data: 06/06/2023 17:41:37
Última revisão: 06/06/2023 19:30:08

Eu realmente queria ser um bom escritor e falar que o grande problema da minha estadia em Nova Iorque foi a presença do André (grande gostoso) em um momento em que eu não estava perto do Benjamin, mas a grande realidade é que não foi. É óbvio que não deixa de ser interessante viver uma aventura sexual despretensiosa e sorrateira com um prazo de validade pré-determinado para acabar, ao melhor estilo Antes do amanhecer, com o adendo que somente as partes envolvidas iriam saber do que ocorreu e se comprometeriam a nunca mais falar sobre o ocorrido. Contudo, ser interessante e ser executável são coisas bem distintas, e a fronteira entre as duas questões é a disposição.

André me despertava vontade de transar, mas não me causava mais interesse algum. Ele ainda era engraçado, ainda sabia falar sobre temas complexos e que geravam horas e horas de conversas, ele ainda era ele, mas eu não era mais aquela pessoa que se interessava somente por aquela superficialidade. Os pontos individuais eram mui interessantes, mas o conjunto da obra, não.

Estar apaixonado pelo Benjamin não me fazia sentir interesse apenas nele, mas o tesão, que envolvia mais do que sexo, que resvalava quase que para uma seita de interesse ocultista, sim. Passados tantos anos, André era cristão demais para o meu tesão pagão no Benjamin. Eu não tinha o menor interesse em executar qualquer ato minimamente sexual com ele.

Acredito que ela tenha compreendido isso desde o primeiro contato, mas decidiu não respeitar e ver até onde eu iria resistir. O anel de compromisso no meu dedo não foi suficiente para inibí-lo, mas, felizmente, eu fui. A vida é sobre escolher desconfortos, e entre o desconforto do homem que cria uma liberdade inexistente comigo, e o de me posicionar e ser visto como duro, mas resolver o problema, fiquei com o segundo. Fui tachado de louco e arrogante por ele. Sob suas palavras, eu estava me achando demais. Certamente a tentativa de me beijar dentro do banheiro masculino, no segundo andar na NYU foi realmente algo da minha cabeça. Fofo.

*

Sendo André um problema contornável, então qual seria o meu real problema? O Rio de Janeiro. Não me compreenda mal, eu gostava muito de estar em Nova Iorque, e era grato pela experiência de estar vivendo tudo aquilo. Como disse Maya Angelou “eu sou o sonho e a esperança do escravo”. Que foda ser um homem negro e gay ocupando aquele espaço… mas e se eu não quisesse ocupar aquele espaço? Ter um diploma da NYU realmente seria um plus na minha jornada acadêmica, mas eu queria ser um acadêmico? Pode ser que sim, acho que em algum momento da minha vida eu gostaria sim de estar lecionando em uma universidade. Mas eu gostaria de estar fazendo aquilo naquele momento? Será que eu não poderia esperar mais um pouco? Mas ao mesmo tempo, eu não estava sendo provinciano demais, achando que minha felicidade estaria restrita ao Rio de Janeiro? Que tipo de homem negro pseudoempoderado era eu que estava cogitando largar tudo por causa de um homem branco padrão zona sul?

Muitas, muitas, muitas, muitas questões. Em meio a essas questões, conversas com amigos e sessões de terapia, o tempo correu, e quando o tempo corre, a gente não tem muita disponibilidade para ficar firulando sobre a vida; quando a vida chama, a gente atende. E foi assim, que quase um ano depois de botar meus pés na NYU, eu concluí todas as disciplinas inerentes ao mestrado e estava pronto para voltar para casa e reencontrar os meus. Eu estava pronto, mas o mundo, não. Paramos.

*

Era março de 2020 e o cenário era aterrador. A saída de Nova Iorque já havia sido estranha, falava-se de um vírus mortal e uma pandemia. Termos estranhos demais para um nascido nos anos 90 e crescido nos anos 2000, em um contexto de ampla oferta de vacinas e avanços tecnológicos que vislumbravam, em alguns cenários, a erradicação de doenças que anteriormente representavam risco de morte iminente.

Se a saída foi estranha, a chegada ao Rio de Janeiro foi desesperadora. Ninguém estava circulando no Galeão, o aeroporto internacional da cidade - Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim. O mesmo local onde anteriormente deixei meus amores, estava agora vazio. Fazendo coro ao apelo das autoridades sanitárias nacionais e internacionais, pedi para que ninguém me recepcionasse. Meus pais já estavam isolados em São Paulo, meus amigos já estavam de home office, ao que incluo Benjamin, que por ser editor de política de um portal ligado a uma grande emissora, conseguiu realizar seu trabalho de casa.

Por segurança, optei por seguir para um imóvel da família na enseada de Botafogo. O apartamento do Flamengo estava sendo alugado desde que eu me mudei, e a recomendação era que fosse feita uma quarentena de quase 3 semanas antes de poder encontrar o Ben.

O trajeto até Botafogo foi deprimente, da Ilha do Governador até a Zona Sul tudo estava vazio. Minha passagem pelo Centro, às 14h de uma segunda, parecia distópica. Avenidas vazias, comércios fechados e a sensação de que o mundo estava vivendo uma guerra. Não deixava de ser.

Cheguei em Botafogo e rapidamente subi para meu prédio. Paguei o taxista que me levou até lá usando meu cartão de débito e ainda assim na função contactless, mais seguro do que passar uma nota para ele.

Cheguei no apartamento. Era consideravelmente menor que o apartamento do Flamengo, exatamente o que eu precisava. Algo que fosse mais funcional e menos a estética da decadente aristocracia carioca. Diferentemente do apartamento anterior, que contava com um pé direito alto e tinha toda uma estética da década de 1950, o apartamento de Bota era mais moderno, arejado, numa pegada meio clean. A cozinha americana ainda me soava estranha, mas nada que não fosse possível acostumar.

De lá, eu conseguia ter uma vista ainda melhor da enseada, do Pão de Açúcar, do Aterro - agora sem o parque e da Urca. Foi da varanda do apartamento, que eu saquei meu celular e liguei para o Ben.

- Fala, vida. - ele atendeu com uma voz tão triste, que foi o suficiente para que eu desatasse a chorar.

- João, eu não aguento te ouvir chorar estando longe. Eu preciso te ver, te beijar, te abraçar… preciso fazer alguma coisa, não sei.

- Não, por favor, fica aí. Eu tô chorando porque eu sou um palhaço. - tentei me acalmar.

- Não fala isso de você. Tu tá chorando porque é sensível com a situação. Queria eu que todos tivessem essa mesma consciência… Mas ó, pensa que a gente tá pertinho agora.

- Pertinho e sem poder se ver. Pelo menos em Nova Iorque eu sabia que não dava pra te ver de jeito nenhum, daqui da janela eu consigo ver a nossa casa e eu… - ele me interrompeu.

- Nossa o quê, João Fayol? - eu sabia que ele tava com aquele sorrisinho vitorioso na cara.

- Sua casa - tentei contornar em vão.

- TU FALOU “NOSSA CASA”, SEU FALSO. - e começou a rir.

- Foi um ato falho.

- Ato falho teu cu, seu filho da puta. Tu tá admitindo que agora somos um casal de namorados que divide um lar. Tu tá ciente que quando acabar essa porra de quarentena, tu vai vir morar comigo de vez, né, coisa gostosa? - eu não sei como dizer pra vocês o quão gostosa e excitante era a voz grossa do Benjamin no telefone, com aquele sotaquezinho playboy zona sul que ficava horrível no restante dos nativos, mas extremamente gostoso nele, me chamando de gostoso.

- Ih, tá se achando, né, meu querido? Eu posso ter falado “nossa casa”, mas não é. Sabe por quê não é? - desafiei. Que saudade que eu tava daquilo.

- Hã, fala aí então.

- Porque eu sou mulher, cristã, conservadora. Monogamia, Deus, Pátria e Família. Minha família me criou sob preceitos católicos, vida. Só vou morar junto quando tiver aliança no dedo e pedido de casamento, de joelhos. - desatamos os dois a rir. Era ridículo, mas já estávamos juntos há mais anos do que eu conseguia contar e eu já estava cansado de ser o namorado premium.

- Gasta muito, cara. A sorte é que eu te amo. Então vamos combinar assim, quando tu for menos marrentinho, eu vejo se quero ou não casar contigo.

Seguimos conversando durante horas e horas, falamos dos medos, das expectativas, ele me contou como estava sendo a nova dinâmica de trabalho, e eu ainda sem saber como iria trabalhar diante do isolamento dos meus alunos. Tudo era incerto, mas como certeza mesmo, eu só tinha o amor e a saudade que eu estava de estar face a face com aquele homem. Ainda teríamos longas 3 semanas pela frente, e de alguma forma iríamos lidar com aquilo… e com o resto.

*

Caí na besteira de acompanhar todos os jornais e plantões da globonews sobre o novo vírus. Que merda. Em menos de 1 semana eu já estava completamente transtornado. Pessoas estavam morrendo numa crescente que parecia descontrolada (e nem sabíamos do rumo que se seguia), o número de contaminados também aumentava e para o meu desespero, amigos e pessoas próximas já começavam a testar positivo.

Estar gozando o privilégio de estar dentro de casa, seguro, recebendo uma renda considerável do apartamento do Flamengo e sem a necessidade de sair de casa, não foi o suficiente para me manter sob controle. No décimo dia de quarentena, surtei. Liguei desesperado para o Benjamin, não chorando, mas sim gritando de desespero. Eu não aguentava mais o governo, as mortes, a doença, a saudade dos meus amigos e dele.

Ainda faltava pouco menos de 2 semanas até que pudéssemos nos encontrar e tudo corria em uma velocidade surpreendentemente lenta, mais lenta do que quando eu estava geograficamente longe dele. Naquele dia, após várias e várias horas de conversa, ele enfim conseguiu me acalmar. Afirmei a ele que ficaria afastado das notícias, e que se algo do gênero acontecesse novamente, eu iria contactá-lo e ele iria vir imediatamente para cá. Era isso ou nada. Topei. Em meio ao caos, eu precisava me reencontrar e me acalmar. Morrer pelo Brasil eu até topava, agora morrer de Brasil, nem tanto. Eles combinaram de nos matar, nós combinamos de não morrer. Seguimos.

*

O relógio decidiu ser meu inimigo, e eu, que nunca fui lá muito fã de esperar, decidi dormir. Um esquema quase zumbi: acordava, falava com o Ben, meus pais, checava como estavam os amigos, abria a home de um jornal específico, lia duas notícias e voltava a dormir. Acordava novamente, comia algo, tomava banho, tentava assistir ou ler algo, e voltava a dormir. Meu analista estava preocupado com o quadro, julgava que fosse uma depressão. Talvez fosse. Mas eu, mais doutor de mim do que a ciência, sabia que era apenas um mecanismo de defesa. Preferi dormir do que lidar. Dizem que o coração não sente o que não vê. Bom, o meu sentia, mas a opção de não lidar com os sentimentos, era totalmente minha.

*

Um ano, um mês e vinte e um dias. A contagem não era minha, era da Alexa, que naquela noite me alertou para o fato de que o meu período de quarentena estava em vias de acabar e que eu finalmente poderia me encontrar com o Benjamin. Pra ser bem sincero, eu sabia que seria naquela semana, mas optei por não lembrar qual o dia para manter sob controle uma ansiedade que estava à minha espreita; foi justamente por isso, que quase um mês antes pedi para a inteligência artificial da amazon me notificar apenas na virada de um dia para o outro, para o caso do meu esquecimento, eu fosse recordado apenas a poucas horas do encontro e não no começo do dia.

Eu havia conversado com o Benjamin poucas horas antes do alerta e ele não havia mencionado nada. Será que ele também havia se esquecido ou só não quis mencionar para causar uma ansiedade generalizada? De qualquer forma, eu estava finalmente liberado para me encontrar com ele. Ao longo dessas semanas, muitos foram os receios em relação à minha saúde. Eu havia pego um avião e cruzado um continente em meio a uma das maiores pandemias dos últimos anos, em um momento que pouco ou quase nada se sabia sobre a sua doença, sua forma de atuação em cada organismo e como se dava a sua disseminação prática.

Uma coceira na garganta representava um sintoma da doença ou apenas uma alergia? Um espirro era sinal de que havia poeira demais no ambiente ou eu estava doente? Muitas, muitas, muitas questões. Por outro lado, enquanto eu pude parar, Benjamin, não. Ele era jornalista, não desligou em momento algum, e além do fardo de ter que permanecer informando o mundo sobre os males de uma geração em meio a um governo cataclísmico, ele ainda foi a minha base de sustentação.

Meu Deus do céu, como eu amava este homem, eu precisava encontrá-lo.

Eu já estava pronto para dormir, havia acabado de passar meu hidratante corporal pós-banho quando a notificação saiu. Não tive muito tempo para pensar em roupa, coloquei qualquer short por cima da cueca preta, vesti uma regata preta - o verão se afastava, mas ainda fazia calor, peguei celular, carteira, chaves do carro, máscara e álcool em gel e desci. Meu carro estava na garagem desde que o prédio do Flamengo foi alugado, Carol, que estava de visita aqui quando a mudança estava ocorrendo, ficou responsável por trazer o carro para cá. Grande favor de uma grande amiga.

Para evitar encontros, desci de escada até a garagem, sem tocar no corrimão; o elevador seria mais prático, mas eu não queria correr o risco de encontrar algum vizinho pelo caminho.

Cheguei na garagem, entrei no carro, saí pelo portão automático e fui. O trajeto era rápido, mas me pareceu uma eternidade. Não reparei no bairro, no momento em Botafogo se torna Urca, não reparei quando passei pelas universidades do bairro, nada. Eu apenas pensava nele. Estacionei o carro em frente ao prédio dele. Todas as luzes já estavam apagadas, mas eu precisava tentar. Pelo que ele havia me falado, o porteiro, por ser grupo de risco, estava afastado de suas funções - mas sendo devidamente remunerado integralmente, o mínimo. Sendo assim, entrei usando a minha chave.

Ele morava quase na cobertura daquele prédio, eu já havia descido 14 andares do meu prédio de escada, não tinha mais pique pra aquilo. Fui de elevador, que já estava parado no andar. Subi, e em cada andar, meu coração dava um pulo diferente. Achei que fosse desmaiar de tanto nervoso, mas dei conta do recado. Cheguei lá. Nosso andar. Uma vida inteira lá. Cheguei e, ao invés de usar minha chave, preferi tocar a campainha.

Dois toques e eu já o ouvi lá dentro resmungando do horário. Já era quase meia-noite e quarenta. Respirei fundo quando a luz da sala se acendeu, e então, a porta se abriu. Ele estava lá, diante de mim.

Um ano. Meu amor. Que homem lindo do caralho, ele estava só de bermuda, sem camisa - what a vision, provavelmente estava dormindo, pois o cabelo estava um pouco desarrumado e ele com cara de sono. Sorri imediatamente, mas ele não. Antes que eu me aproximasse ele falou.

- Fica aí, João. Puta merda.

Ele bateu a porta na minha cara. Não me pergunte o que eu senti, porque não sei. Pensei rapidamente em dezenas de milhares de possibilidades, mas não tive tempo para concluir nenhuma. Antes que eu pudesse sequer chorar, achando que ele havia desistido de mim, a porta se abriu novamente e ele saiu.

- Olha só, você é muito teimoso e marrento.

- Mas… - tentei falar.

- Eu não acabei. Mas eu tinha dito que a próxima vez que tu botasse os pés nesse apartamento, era pra não sair mais daqui, porque tu ia morar comigo, e tu disse que só viria pra cá se eu te pedisse em casamento. E eu vou ser bem sincero, eu só ia te pedir em casamento no dia que tu fosse menos teimoso, mas sabe qual a real? Eu te amo exatamente assim, do jeitinho que tu é. Nervosinho assim mesmo, João. Aí eu decidi te pedir em casamento, comprei anel, esquematizei tudo pra ir te ver, tava com mil planos de te surpreender, e tu aparece aqui na minha porta. Tu fodeu com tudo, mas quer saber? Foda-se.

E aí, daquele jeito, no hall do andar, de short e sem camisa e comigo de pijama, ele se ajoelhou e tirou do bolso uma caixinha com uma aliança.

- Tu é o amor da minha vida, João. Dessa e de todas as outras que virão. Tu já é completo, não quero ser tua metade da laranja, não. Quero ser teu parceiro de vida. Casa comigo?

O quê vocês acham? Que eu neguei? Que eu surtei, corri e fugi? É óbvio que não. A felicidade é uma senhora clandestina que aparece de tempos em tempos na surdina, ou a gente a agarra nesses momentos, ou nunca saberemos quando iremos vê-la novamente.

- Claro que eu aceito, Benjamin.

Ele não colocou a aliança no meu dedo, porque antes disso, eu me ajoelhei em cima dele. Eu precisava senti-lo, precisava abraçá-lo, sentir o seu cheiro e o calor da sua pele encostando na minha.

Antes que eu gritasse, chorasse ou risse, ele se levantou, ainda me segurando firme, e me levou para dentro do apartamento.

O amor é um jardim bonitinho, cercado e muito bem planejado. Sexo não, sexo é contra a lei, é uma invasão do MST. Benjamin e eu nos amávamos, e além disso, sentíamos tesão um pelo outro. O amor pode atrapalhar o sexo, já o contrário… jamais. Sexo primeiro, amor depois.

Assim que a porta se fechou, ele já estava com as mãos firmes na minha cintura, me puxando para ainda mais perto, unindo nossos corpos, quase como se a intenção fosse gerar uma fusão. Fusão pressupõe calor, e naquele momento, ele estava quente como o sol de Saint-Tropez. Antes que eu pudesse pensar em tirar minha regata, ela já não estava mais sobre o meu corpo. Nos beijamos.

Dizer que o Benjamin era gostoso está longe de ser uma figura de linguagem, ele é saborosamente gostoso. O toque firme contrastava com o sabor suave da sua pele, talvez uma mistura de sabonete, com creme, mais perfume? Talvez. Talvez fosse danoso à saúde experimentar aquilo? Talvez. Mas o sexo é um desejo de acabar com a impossibilidade.

Eu sabia que havia muito desejo acumulado, mas não sabia a intensidade dele. Ainda me segurando pela cintura, ele começou a me guiar para o quarto; de olhos fechados eu sabia que era o quarto dele, sabia que agora era o nosso quarto e que aquela era a nossa casa. O caminho não foi feito de maneira retilínea, propositalmente ou não, ele me jogava pelas paredes da casa. Cada solavanco era compensado com um beijo, um chupão ou uma mordida pelo meu pescoço.

As poucas peças que estávamos usando, se reduziram a quase nada quando entramos no quarto, basicamente, estávamos ambos de cueca. A dois passos do paraíso.

Sem fazer muito esforço, ele havia me dominado, num joguinho em que ele havia criado, eu estava fadado a ser um peão. Ele me jogou na cama e ficou parado na minha frente, me encarando como um animal feroz antes de atacar sua presa indefesa. Eu até poderia ser sua presa, mas jamais indefesa. Num contra-ataque, ainda na cama, engatinhei até ele e fiquei de joelhos, minha mão deslizou firmemente para o volume do seu pau, que se destacava naquela cueca branca, o segurei com firmeza, arrancando um gemido rouco e arrastado dele.

A outra mão encontrou seu cabelo e o puxou para trás, deixando exposto seu pescoço, sem obstáculo, o mordi e em seguida dei um chupão, que o fez gemer novamente. Ainda com seu cabelo na mão, o puxei para frente, o beijando novamente.

Benjamin era firme, mas sabia ceder como ninguém. Saí da cama e o empurrei até uma poltrona que ficava no mesmo ambiente. Assim que ele se sentou, me sentei no seu colo, mas segurando suas mãos, que já se aproximavam da minha bunda.

Me sentei estrategicamente em cima do seu pau, nada era planejado, mas tudo era calculado. Assim que segurei suas mãos, ele sorriu. As conduzi até sua cabeça. Era protocolar, se ele quisesse, poderia ter se desvencilhado com tranquilidade, mas ele sabia ceder.

- Vai ser assim, agora? - ele tentou me beijar, mas me afastei.

- Sim. - me movi lentamente no seu colo, de modo que a minha bunda friccionasse o tecido da cueca sobre a cabeça do seu pau, fazendo ele gemer.

- João, para com essa porra. Tu sabe que depois… - me aproximei do seu rosto e indiquei que iria beijá-lo, mas me afastei em seguida.

- Sei que o quê?! - me fiz de desentendido; a ereção dele, abaixo de mim, além de dura, começava a pulsar.

- Tu sabe que eu vou te machucar. - pulsando mais, o que me fez arriscar e aumentar o movimento em cima do seu colo, aumentando, consequentemente, a fricção.

- João, para. - ele fechou os olhos.

- Parar?! Por que, meu amor? - continuei na mesma intensidade. Soltei suas mãos, mas ele não as levou à minha bunda, mas sim para os braços da poltrona, onde ele segurou com firmeza. Eu sabia o que viria.

- João… - com as mãos livres, as coloquei sobre seus ombros, e enfim ele colocou suas mãos sobre meus quadris, guiando meus movimentos. Continuei rebolando em seu colo, e nossos lábios se encontraram novamente. Foi durante o beijo que eu senti seu pau pulsar mais forte que as últimas vezes, em seguida, ele apertou a minha cintura e soltou um gemido durante o beijo. Objetivo concluído, ele havia gozado sem se tocar ou me penetrar.

Me levantei triunfante e com um risinho no rosto.

- Acho que é isso. Vou tomar um banho. - me virei de costas pra ele.

- Acha que é isso o quê? - ele respirava ofegante.

- Ué, você já gozou. Com certeza não tem mais pique aí pra nada. - olhei de ombro e voltei à posição, seguindo em direção à suíte.

- Filho da puta!

Antes que eu tocasse a maçaneta, ele já havia me pego novamente e me jogado na cama. Dessa vez, eu era a vítima. Era eu que estava rendido.

O amor fala muito, o sexo grita, geme, ruge, mas não se explica, como numa selva de epiléticos. Amor é prosa, sexo é poesia; amor é literatura, sexo é cinema; amor domado é produção, sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado.

Seja como for, o que ambos querem é nos afastar da morte, e naquele momento, tudo que eu sabia, é que eu estava vivo demais.

Aí, o amor. Hmm, o sexo.

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Comentários

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João, que texto foda. Perfeito, pqp! Por coincidência o meu último conto tb fazia referência a amor e sexo 😉

Me diz uma coisa, essa história é real?

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Obrigado, querido. Nossa Bruxa Rita, sempre milênios a nossa frente, não é?

Quanto ao conto, vamos dizer que ele é metade realidade e metade ficção: o que ocorreu e o que eu gostaria que tivesse ocorrido

O que é real e o que não é? Vamos manter como a carta secreta do autor, hahahahaha.

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Muito à frente! Os meus também são "baseados em desejos reais" hahaha

Queria descobrir o que foi real e o que é desejo, mas pra isso pelo visto eu teria que conhecer melhor o autor né 😉

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Se foi uma proposta, o autor se mostra disponível para ser desbravado. Se não foi uma proposta, então o autor que está fazendo uma. Quem sabe um reboot de um dos seus contos, Jota.

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Se foi ou não uma proposta já são águas passadas. Me escreve no cdcanonym@tutanota.com, mas não aceito reboot de conto, prefiro começar um novo 😉

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