Escola de Escândalo - O CDF

Um conto erótico de Bayoux
Categoria: Sadomasoquismo
Contém 2214 palavras
Data: 18/05/2023 13:46:50

O supletivo era o pior lugar do mundo.

Numa certa tarde durante as aulas, eu recebia as usuais saraivadas de bolinhas de papel todas as vezes em que respondia a alguma pergunta da professora, mas juro que nem me incomodava com a infantilidade de meus colegas de classe.

Bem, chamá-los de “colegas” é puramente uma licença poética, pois eu não sou e nem desejo ser amigo de ninguém dali: Basicamente, são todos uns idiotas.

Acho até que alguém quis falar comigo ao final da classe, mas quando isso acontece geralmente é para me zoar de alguma forma, então fingi não escutar nada e saí apressado como sempre faço.

Creio que era uma voz feminina. Isso, era alguma garota dizendo “tchau”, mas eu não caí em seja qual fosse a armadilha e vazei antes que pudessem se meter comigo.

Sim, o supletivo era o pior lugar do mundo.

Daí, durante a noite, tive um sonho muito doido, assim do nada, acordei todo suado e com uma ereção descomunal, meu pau chegava a doer de tão duro.

De onde aquilo surgira?

Eu nem vejo filme pornô, tenho coisas mais importantes com que me preocupar, sempre considerei que a formação educacional é uma coisa a ser levada a sério - diferentemente do que pensava o bando de subnutridos intelectualmente que estudavam comigo.

O que mais me impressionava era o teor do sonho, ou pesadelo - não sei bem classificar coisas subjetivas.

Eu aparecia vestido de látex negro sodomizando das maneiras mais terríveis a uma bela jovem loira de olhos muito azuis, uma garota que bem poderia ter saído de um seriado famoso entre o público juvenil diretamente para minha masmorra.

Que fique bem claro, eu não tenho uma masmorra, mas no sonho eu tinha e sabia bem como usar todos os seus aparelhos.

Para se ter apenas idéia do que foi, comento que numa das passagens mais leves ela estava engatinhando de quatro, trajando apenas um corpete negro tão justo que seus belos seios quase saltavam pelo decote, enquanto eu a puxava por uma coleira de pinos presa a uma correia dourada.

Sua bunda muito branca possuía apenas um pequeno fio dental feito de látex, tão apertado que se espremia entre suas nádegas perfeitas para acomodar-se no reguinho.

Daí eu lhe perguntava várias coisas, dados históricos sobre dinastias chinesas, equações integrais elevadas ao quarto grau, química molecular avançada, teoria quântica para expertos e tantas outras coisas impossíveis de se responder.

Ela apenas sorria com dentes perfeitamente brancos e longos, dizendo: “Ah… Eu não sei mestre, por favor me castigue!”

Eu então a chamava de cadelinha ignorante e lhe dava chicotadas nas nádegas com uma vara cheia de fios de couro na ponta. Quando terminava a sessão de chicotadas, estranhamente, ela parecia que queria gozar com aquilo.

Daí me olhava com malícia brilhando nos olhos e luxúria escorrendo da boca, enquanto dizia docemente: “ Outra pergunta, mestre, por favor, outra pergunta! Eu juro que desta vez eu acerto!”

E tudo se repetia de novo e de novo, ela errava as respostas que nem eu mesmo saberia, para então aguardar ansiosa pelo castigo.

Naquela tarde, quando cheguei no supletivo, eu ainda me encontrava um tanto transtornado pelos acontecimentos noturnos. Quando entrei na sala, ao lado do lugar onde costumo sentar, lá estava ela, como se me esperasse.

Céus, era a garota do meu sonho, a que que teve suas partes íntimas implacavelmente torturadas por mim, a atriz do seriado juvenil! Não podia ser, não havia como ser verdade!

Eu devia estar alucinando, a psiquiatria tem um nome para isso: chamam de esquizofrenia!

Bem, minha situação frente à turma já era suficientemente constrangedora para que eu começasse a dar na pinta de que estava ficando doido, então me limitei a fingir que aquela assombração não existia e segui minha rotina de responder perguntas óbvias e levar bolinhas de papel na cabeça.

Isso era um pouco reconfortante, era sinal de que eu não estava sonhando acordado e que ninguém havia percebido que eu via uma garota inexistente ao meu lado.

Mais de uma vez eu pude jurar que senti seu perfume pairando no ar e entrando diretamente em minhas narinas, eu nem pude acreditar, ela era muito real!

Não conseguindo evitar, dei várias olhadas de esguelha na garota, sem virar o rosto para ninguém achar que eu olhava seguidamente para uma carteira vazia. Sinceramente, tive que me esforçar para não rir de mim mesmo e do engendro perfeito que meu subconsciente fora capaz de plantar ali.

Céus, ela era linda demais!

Reparei em seu batom chamativo, nos cílios postiços e nas bochechas ligeiramente maquiadas em contraste com os cabelos loiros. Uma mini saia tão justa em seu corpo que mais parecia pintada nele denotava já ter um corpo voluptuoso de mulher e sua blusa que possuía um decote ressaltava deliciosamente o belo par de seios que minha imaginação lhe deu.

Sério, se ela era fruto de minha loucura, a minha mente havia caprichado bastante.

Aquilo foi um tormento sem fim. Sabe o que é ter a mulher mais perfeita do mundo, uma verdadeira musa, ao seu lado - e sequer poder admirá-la como ela merece?

Sim, porque se eu ficasse olhando, a cambada de neandertais se daria conta que eu estava completamente doido e daí eu nunca mais teria paz. Mas nada no mundo é tão ruim que não consiga ficar um pouquinho pior, não é verdade?

Ao término do horário das aulas, ela seguia ali, sentada ao meu lado.

Enquanto os alunos se retiravam apressados, percebi que ela estava olhando para mim, me encarando com um ar de curiosidade estampado no rostinho lindo. Eu fingi que estava enrolado tentando arrumar minhas coisas e deixei todo mundo sair.

Vendo que a ilusão mental criada por mim não desvanecia, decidi fugir dali rapidamente. Levantei-me e, por uns breves segundos, nossos olhares se cruzaram.

E foi aí que o inusitado aconteceu. “Nossa, que dedos longos você tem! Eles deixam suas mãos mais… Belas!” - ela disse olhando para mim com a voz mais doce que eu já tinha escutado na vida.

Fudeu, eu me apaixonei naquele mesmo instante por uma garota maravilhosa, mas que não passava de uma ilusão esquizofrênica da minha cabeça insana.

Eu fiquei paralizado por um tempo que me pareceu uma eternidade. Meu sangue pulsava acelerado em minhas veias, o coração parecia que iria me saltar pela boca, minha cabeça girava e eu ouvia uma música horrível de filme romântico antigo ressoando entre meus tímpanos.

Céus, eu devia estar mais louco que o Van Gogh, a aparição não somente continuava ali, como agora estava falando comigo e ainda por cima elogiava as minhas mãos!

O que eu devia fazer? Como deveria reagir a esta situação tão esdrúxula?

Eu não tinha a menor idéia, eu nunca falei com garotas, muito menos com uma que não existia de verdade! Meio atrapalhado, me limitei a responder baixinho um simples “Obrigado” e sair correndo dali.

A cada dois passos apressados, eu olhava para trás para verificar se ela não me seguia. Ótimo, agora além de esquizofrênico, eu estava ficando paranóico, com medo da alucinação que eu mesmo criei estar me perseguindo até em casa, se instalar ali e nunca mais ir embora.

Em dado momento durante o caminho, minha exasperação era tanta que me enfiei na primeira loja que pude, só para esperar e ter certeza de que ela não me seguia. Eu fiquei parado junto à vitrine, olhando pela janela, aterrorizado até não poder mais.

Uma vendedora metida a gostosona de roupas muito justas veio falar comigo, perguntando se eu havia gostado de sei lá o quê.

Para evitar dar bandeira do que eu realmente fazia ali, respondi meio apressado que sim, que era exatamente o que eu estava procurando.

A mulher riu para mim, me chamou de safadinho e perguntou se eu gostaria de levar ou se era para entregar em casa. Merda, uma vendedora me chamando de “safadinho” não poderia ser uma coisa real.

Eu deveria estar delirando completamente! Meio sem graça, dei os dados da entrega, disse que pagaria contra a entrega e fugi dali também.

Se houvesse uma modalidade de corrida chamada “street cross” eu certamente seria campeão, de tanto que corri desviando de vários obstáculos até finalmente chegar em casa.

Por fim cheguei no conforto e segurança do lar. Encontrar-me com objetos conhecidos há tanto tempo fez-me recuperar a estabilidade.

Que doideira, eu achando que estava louco.

Deveria ser fruto da solidão e do isolamento, isso sim, minha mãe vivia insistindo para eu parar de estudar tanto, para fazer mais amigos, sair um pouco, arranjar namorada.

Eu nunca lhe dera ouvidos, mas talvez estivesse correta. Sim, talvez minha cabeça precisasse ao menos um pouco destas distrações para manter-se sana.

Comecei a colocar as coisas em ordem. Aquela garota não existia. Aquela boca, os seios tentadores, a cintura fina sobre os quadris convidativos, eram apenas delírios. Os cabelos loiros na altura da cintura e o perfume inebriante, nada disso existia além da minha cabeça.

O que considerava real era somente a ereção que tive pensando na garota. Meu pau pulsava em ondas de desejo por ela.

Eu estava me tocando, a mão em volta da haste indo da base à ponta, a pele do prepúcio estirada, as gotas de esperma se formando e sendo espalhadas como lubrificação, o sexo rosado e convidativo de minha escrava sendo fustigado por mim, sua voz sensual implorando por castigos que a fariam ter um orgasmo…

Gozei.

Respirei fundo, recobrando o sentido das coisas como são, agora tudo era silêncio e calmaria, na casa, no meu sexo, na minha cabeça. Dormi o sono dos justos, sem interrupções, a noite inteira.

Se sonhei com a atriz escrava loira, se a torturei e sodomizei outra vez em minha masmorra, eu não me lembrava.

Eu estava de volta, era um alívio, convenci-me de que somente tivera um mal dia, quem sabe fruto da falta de algum nutriente, ou de uma disfunção glandular temporária, coisas que poderiam afetar a química cerebral.

Naquela tarde, quando ingressei na sala de aula, por um momento fiquei paralizado.

Era como se o mundo inteiro parasse, minha respiração permanecesse em suspensão e aquela música insuportável de comédia romântica dos anos oitenta começasse a soar longe dentro de minha mente.

Lá estava ela, de novo, logo na primeira fila, sentada ao lado da carteira que eu costumava usar. Desta vez ela estava diferente, algo um tanto mais real do que no dia anterior.

Usando calças jeans folgadas e uma jaqueta grossa que cobria todo o resto do seu corpo, sequer havia maquiado o rosto e trazia os longos cabelos atados num rabo-de-cavalo.

Eu podia ver até olheiras escuras demarcando suas cavidades oculares, aparentemente fruto de uma noite mal dormida. Nossa, ou minha mente estava buscando novos truques para superar minha resistência, ou ela era mesmo uma garota de verdade.

Pude ver um meio sorriso acompanhado de um aceno de cabeça em minha direção, como se ela quisesse me cumprimentar mas tivesse vergonha. Considerando que a turma já estava presente e que eu era um pária social, isso sim fazia muito sentido.

Arrisquei passar por louco ante todos, se ela não existisse eu estaria pagando mico, mas ao me aproximar eu tomei a ousadia de falar com ela, dizendo em voz baixa: “Bom-dia. Hoje você está linda.”

Mal sentei, me arrependi imediatamente. E se ela fosse mesmo real?

Eu provavelmente estaria tomando uma liberdade que sempre me foi negada, justamente com a garota mais bonita e sexy de toda a turma! Ela seria irremediavelmente zoada e me culparia por isso, mas, convenhamos, eu já estava acostumado a que me ignorassem.

Daí, eu pude ouvir aquela voz melódica, desta vez carregada de indecisão e cheia de timidez, responder-me: “Obrigada.”

Caralho, ela falou comigo! Ela falou comigo de novo!

Fosse real ou imaginação, ela estava ali, ao meu lado - e não me ignorava como os demais!

Eu não sabia o que pensar, nem como agir, qualquer coisa que fizesse poderia resultar num desastre, eram tantas variáveis que eu nem conseguia calcular, então me limitei a passar o resto do tempo fingindo que prestava atenção na aula.

Ao final, quando a sirene da saída tocou, enquanto recolhia minhas coisas, eu já sabia o que faria. Fosse ela real ou não, estávamos fadados a pertencer um ao outro.

Olhei para ela novamente e disse: “Talvez a gente devesse tomar um café qualquer dia desses. Isso é, se você não se incomodar de conversar comigo.”

Ela sorriu tímida novamente e respondeu: “Eu estava esperando por isso. Podemos ir quando você quiser, mestre.”

Eu cheguei em casa esfuziante. Ela seria minha, ou melhor, ela já era minha e eu sentia isso lá dentro do meu peito.

A campainha tocou, era um entregador trazendo uma encomenda de “Sonhos Eróticos Importações e Exportações S.A.”

Caralho, eu gastei uma grana fazendo pix para pagar aquilo. Abri a caixa e encontrei um corpete feminino apertado e uma pequena calcinha de látex negra, acompanhado de um chicote com tiras de couro na ponta.

Lá dentro, havia também um bilhete escrito à mão, algo que a vendedora colocou, dizendo: “Bom proveito. Divirta-se, Safadinho!”

Nota: A minissérie “Escola de Escândalos” é um spin-off da 1ª temporada da “Saga Zóio”. Confira os capítulos ilustrados de todos os contos em https://mrbayoux.wordpress.com

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Comentários

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Eu já não faço o menor carlho de ideia do q tá rolando kkkkk os cara tem até poderes de precisão pelo sonho agr kkkk

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É simples: Houve uma conexão cósmica entre o CDF e a Patricinha da escola provocada por visitantes de alpha-centauri, algo muito comum!

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Excelente! Será que o CDF vai mesmo comer a barbie? Kkkkkk

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Isso somente saberemos no último capítulo, hahaha. Ao menos a minissérie termina agora em maio, para alívio geral!

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