Uma Freira Muito Estranha - Parte 8 - O Adeus de Alethea

Um conto erótico de Paulo_Claudia
Categoria: Heterossexual
Contém 796 palavras
Data: 19/04/2023 16:13:16
Última revisão: 19/04/2023 17:33:12

Alethea me fitava com tristeza.

- Roberto.

Ela olhou profundamente dentro de mim, e aquele verde mar escorreu sobre sua linda face.

Fiquei pasmo, sem ter o que dizer. Como eu queria ter raiva dela, como eu queria odiá-la. Mas eu continuava apenas extático. Mais ainda, naquele momento, com o que estava acontecendo.

O que significava tudo aquilo? Por que ela havia voltado?

O calor ali fora era intenso, e ela estava suando. Aquilo não me parecia normal. Num impulso, abri a porta do passageiro e a coloquei para dentro, onde estava mais fresco.

- É macio – murmurou.

Provavelmente , ela nunca havia entrado em um automóvel antes. Mas eu precisava falar.

- Eu não devia estar falando com você, Alethea. Nem sei como teve a coragem de vir aqui!

- Roberto...não espero que você esqueça o que aconteceu, nem que me perdoe. Não importa que o que tenha acontecido fosse por causa da minha crença religiosa... Mas eu precisava ver você uma última vez.

Pensei seriamente em dizer a ela “Bom, você já me viu, tchau”. Mas não consegui fazê-lo, apenas perguntei:

- Mas por que? Por que, Alethea?

- Vim aqui para morrer.

As lágrimas escorriam pelo seu belo rosto.

- Morrer, Alethea? Por que você quer morrer?

- Não posso mais viver, depois do que fiz. Preciso confessar...eu me apaixonei por você desde o primeiro momento. Você estava certo, foi amor à primeira vista. Eu desejei que você fosse o meu consorte.

- Mas em sua crença absurda, teríamos uma única noite.

- Por isso mesmo, eu o avisei. Por três vezes, lembra?

- Avisou de certa maneira, porque omitiu a parte em que eu seria sacrificado ao polvo gigante.

Alethea não conseguiu responder, ficou chorando baixinho. Ela não poderia estar apenas fingindo. Após alguns instantes, murmurou:

- Eu acreditava naquilo. Mas, dentro de mim, eu não queria perder você. Pensei seriamente em não voltar, principalmente depois que você me salvou, me carregando no colo até o Portal.

Eu olhava para ela, e sentia uma imensa dor. Meu peito estava apertado.

Havia decidido voltar a uma vida normal e esquecer tudo o que acontecera, mas ela estava ali, arrependida e dizendo que queria dar fim à própria vida. Mesmo contrariando tudo o que eu sentia por dentro, disse a ela:

- Alethea... Volte ao seu mundo. Esqueça de mim. Você mesma disse “ O que passou já se foi, o que está por vir é incerto, o que temos é o agora”. Viva a sua vida, e eu vou...viver... a minha.

Nesse instante eu engasguei, não pude me controlar.

- Não, Roberto. Você pode viver com isso. Eu não.

Por um décimo de segundo, cheguei a pensar que seria uma estratégia dela para me convencer a voltar com ela, mas não iria funcionar. Deste lado dos Portais eu estaria seguro. Mas o rosto dela começou a empalidecer, e ela ficou quieta. Pegou de leve na minha mão, e senti em sua pele aquele óleo dourado, o mesmo que ela havia passado em mim. Algo estava muito errado.

- Alethea, por que o óleo?

- É entorpecente. Não vou sofrer quando partir.

- Não quero que você morra.

- É tarde. Já estou deste lado há bastante tempo. Eu só queria ver você uma última vez.

Ela beijou meu rosto suavemente. Não resisti e beijei seu s lábios.

Alethea sorriu e murmurou:

- Adeus, meu amor.

Em seguida, desmaiou.

Não pensei duas vezes. Arranquei com o carro. Liguei o ar condicionado no máximo, pensando que o vento e o frio poderiam de alguma forma reanimá-la. Mas Alethea continuava desfalecida, com uma palidez assustadora.

Tive um momento de dúvida. Não sabia se dirigia até o Portal original, ou se a levaria até um “lugar intermediário”, como Anthea havia me dito.

A casa de Arthur e Anthea! Ficava mais perto que o Portal. Pisei fundo no acelerador e corri até lá. No caminho, liguei para a casa do médico. Meu carro tem viva-voz, então eu poderia falar sem tirar as mãos do volante. O que eu menos precisava era um acidente de trânsito.

Uma voz feminina atendeu:

- O Doutor Arthur não está. Quer deixar recado?

Era a voz dela.

- ANTHEA! Anthea, por favor, abra o portão! Estou chegando aí, é uma emergência!

- Roberto?

Assim que vi o portão se abrindo, fiz uma curva que fez os pneus cantarem e entrei no pátio da casa . Peguei Alethea no colo e corri, Anthea já estava com a porta aberta.

- Depressa! Não sei se ainda há tempo!

- Roberto, o que aconteceu? Ah, pela Deusa, ela está usando as vestes de sangue!

- Vestes de sangue?

- Ela se preparou para morrer!

Althea estava imóvel. A luz de seus olhos se apagava.

Nunca mais eu iria ver aquele rosto belíssimo, ouvir aquela voz, sentir o seu olhar, um mar profundo onde me perdi quando a vi pela primeira vez.

CONTINUA

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Comentários

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Eita que vontade de saber o final desta bela aventura...rs...tomara que ela sobreviva...

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Foto de perfil de Morfeus Negro

Kkkk tá de sacanagem! Posta esse capitulo curtinho e deixa a gente nesse suspense!

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Foto de perfil de Beto Liberal

Hahaha, mas postou dois de uma vez.

O que não reduziu em nada a ansiedade de saber o que vai acontecer

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