Marmita - Parte 3

Um conto erótico de Márcia
Categoria: Heterossexual
Contém 3731 palavras
Data: 06/04/2023 20:48:52

Não fiquei com ele e não fosse o Tino que vendo um clima estranho entre nós, ficou com sua namorada próximo de nós e, numa altura, enfrentou o Magal, aquilo teria ido longe e poderia ter dado merda.

(CONTINUANDO...)

Tive paz por algumas semanas. Depois disso, o Magal voltou com carga total: mandava bilhetinhos, botões de rosa, recados por amigos em comum. Fiquei desconfiada e comecei a investigar, porém tudo apontava para uma “paixonite aguda” dele por mim. Ainda assim eu sentia que algo não se encaixava.

Num final de semana qualquer, a providência divina trabalhou a meu favor, colocando justamente um daqueles amigos do Magal que estavam próximos ao carro no fatídico dia bem na minha frente. Não pensei duas vezes e o prensei no muro, literalmente. Quando estávamos nos cruzando, pus a mão em seu peito e o encostei numa parede, colocando o outro dedo em riste bem na ponta de seu nariz:

- Tá, cara, qual é a do Magal comigo?

- Porra, meu! Sei lá… Acho que ele tá gostando de ti, só isso!

- Ah, vá se ferrar. Qualé!? Gostando de mim? Conta outra.

- Conta outra o quê, meu? - Ele repetiu, assustado comigo.

- A verdade, moleque. A verdade… Quero saber qual é a dele comigo!?

Nesse momento, por coincidência, Tino passava de bicicleta, vindo provavelmente de alguma academia, pois ainda estava de quimono. Ele diminuiu a velocidade e me perguntou se estava tudo bem. Confirmei que sim, dando-lhe uma discreta piscadinha, pois resolvi dar um susto de verdade naquele carinha:

- Ou eu posso pedir para uns amigos meus conversarem com você de um jeitinho mais íntimo também.

- O que é isso, cara!?

- Fala! Desembucha!

Ele ficou me olhando por um tempo em silêncio, perdido e assustado enquanto Tino o encarava de braços cruzados. Ele pediu:

- Olha, ele não pode saber que eu te contei…

- Contou o quê? Fala!

Ele começou a cantar melhor que o canário do reino do meu pai. Disse que o Magal ficou vidrado em mim por ter tirado o meu cabaço naquele dia. Ele realmente havia me achado bonita no começo do dia, mas só se decidiu ficar comigo de verdade depois que ouviu o meu maldito apelido, “marmita”, e pensou que era porque todo mundo me comia quando quisesse, bastando pagar. Ele tinha até arrumado um dinheiro, mas como eu fui deixando ele fazer tudo o que ele queria, ele nem precisou propor:

- Dinheiro!? Filho da puta! Ele pensou que eu fosse uma biscate!? - Falei, rangendo os dentes de raiva: - Eu mato esse desgraçado!

- Por ele ter tirado sua virgindade, ele inventou que também quer descobrir se teu rabo e tua boca também são cabaço. - Ele falava até aparentemente constrangido: - Mas a tua boca ele até disse que achava que não…

- Mas ele foi o primeiro cara que eu beijei! Desgraçado! - Gritei alto, chamando a atenção de algumas pessoas que passavam: - Não acredito nisso.

Eu estava com tanta raiva que levantei minha mão para lhe dar um tapa, mas me contive a tempo, aliás, o Tino me conteve a tempo e estava certo, afinal, aquele carinha ali não era o Magal. Eu tinha que guardar a minha raiva toda para ele:

- Esse desgraçado deve tá falando horrores de mim na tua escola, não tá? - Perguntei.

- Até que não, viu! - Ele respondeu, demonstrando uma certa surpresa: - Acho que ele não quer te queimar até… bem…

- Tá tudo bem. Você não tem culpa de nada. Até agradeço sua honestidade.

- Só não me queima com ele, falou!?

- Pode deixar.

Tive um ideia louca nesse momento, mas eu precisaria de ajuda para conseguir dar uma lição no Magal e perguntei meio sem pretensão alguma:

- Cê é muito amigo dele, né?

- Ah, de escola. Conheço ele há uns dois, três anos, acho…

- Sei… Mas cê não parece ser igual, da laia dele.

- Então… A gente é colega na escola, mas não costumo sair com ele. Sei lá, a gente combina, mas não combina, entende?

- Ahamm… E se eu te pedisse um favor para dar uma lição nele?

- Aí, cê vai me ferrar, cara!

- Tá com medinho dele? Prefere uma amizade falsa com um canalha como ele ou uma, talvez, colorida comigo? - Disse e dei uma alisada de leve sobre meu seio.

- Que é isso, mano!? - Falou ele com olhos arregalados e boca aberta.

- Ora, cê me faz um favor, eu te faço um favor… Sabe como é, né? - Falei agora alisando seu pau por cima da calça.

- Tá de zoeira, né!?

- Tô não, mas pra dar certo, vou precisar da sua ajuda e de mais uns amigos.

- Em que cê tá pensando?

- Eu ainda estou pensando. Quando tiver decidido tudo, volto a te procurar. Me dá seu número. - Pedi e ele me passou o número do celular: - A gente vai se falando, então, é… Qual seu nome mesmo?

- Marcelo.

- Marcelo. Marcelo… Marcelo Gatinho! Assim fica fácil de eu lembrar de você.

Ele sorriu e nos despedimos com beijos na bochecha como se fôssemos bons amigos. Tino ainda ficou comigo enquanto ele se afastava:

- Cê tá pensando em fazer besteira, né, Marcinha?

- Eu ainda não sei, Tino. Eu queria humilhar aquele desgraçado para ele nunca mais fazer uma sacanagem dessas com outra menina.

- Juízo, gatinha. Pensa melhor. Tem certas coisas que se a gente mexer, fede mais.

- Eu até queria, mas aquela peste não me deixa em paz, Tino!

Despedi-me dele e voltei para casa. Comecei naquele dia a arquitetar o meu plano de vingança. Aliás, eu havia decidido, naquele dia, que faria o Magal sofrer a maior humilhação de sua vida.

Nos dias seguintes, eu estudava e maquinava cada etapa, cada ator, cada possível reação possível do meu algoz. Magal continuava me cercando e passei a fingir estar aceitando a aproximação, inclusive trocamos nossos números de celular. No primeiro dia que aceitei sua ligação, eu estava cavalgando o Tino em seu carro que inclusive já estava sabendo das minhas ideias e já havia se comprometido a me “ajudar”:

- Oi, Magal!?

- Oi, Linda. Tudo bem com você?

- Tudo-uuui! - Gemi quando quase consegui encaixar aquela tora dentro de mim e ainda resmunguei: - Quase, quase…

- Oi!? Tá tudo bem aí?

- Hã? Ah tá, tá…

- Queria saber quando a gente vai poder se ver de verdade?

- Então, eu aiiiiiiii! - Gritei pelo fato do Tino ter beliscado meu mamilo e lhe dei um tapa na mão, pedindo que parasse e continuei: - Eu ando meio corrida, Magal, provas e mais provas. Só tô sentando quando tenho um tempinho e aí aproveito para relaxar bem gostoso, sabe? - Falei encarando o Tino que sorria da minha safadeza.

- Cé tá estranha… Tá tudo bem mesmo? - Perguntou novamente e eu confirmei: - Descansar é importante… Mas não dá pra tirar uma horinha pra gente? Um cineminha não ia matar, né?

- Vamos fazer o seguinte… Eu estou me organizando aqui, planejando meus próximos dias. Se tudo der certo como imagino que vai dar, no final de semana a gente se encontra, pode ser?

- Aí sim, hein! Curti demais, gatinha.

- Cê nem imagina… Cê nem imagina o que eu reservei para você. Imagina, hein!? Imagina, imagina, imagina?... - Perguntava repetidamente enquanto pulava no pau do Tino.

- Olha, não imagino, mas já tô gostando… Tem alguma coisa a ver com um algo mais íntimo?

- Ai, assim você me deixa sem jeito, Magal. Isso não é coisa que se pergunta para uma dama, né? - Fingi.

- Tá bom. Claro! Desculpa… Bom, vê aí e depois me liga, então. Estou morrendo de vontade de te encontrar.

- Será inesquecível, Magal. Ah, se será…

Tino há tempos se controlava e assim que desliguei caiu numa gargalhada escrachada:

- Você é foda, Má! Foda, foda, foda…

- Seu filho da puta, eu quase me entrego. - Falei e lhe dei alguns tapinhas no peito: - E sou mesmo! Agora me fode gostoso que eu ainda quero gozar nesse pauzão.

Aliás, ele passou a ser um parceiro e tanto nos meus planos. Pedi para ele investigar o Marcelo para ver se ele era de confiança e realmente o carinha tinha me falado toda a verdade, sendo mais colega que amigo do Magal. Marcamos com ele e, embora desconfiado, aceitou se encontrar conosco. Expliquei tudo o que queria fazer com o Magal e ele, apesar de ter se mostrado surpreso, quase chocado, concordou em participar desde que eu cumprisse minha palavra:

- É claro que sim. Falei tá falado, não tá, Tino?

- Lógico que tá! - Ele concordou e ainda reafirmou com Marcelo: - A mina é ponta firme, cara. Pode confiar.

- Preciso de mais dois carinhas, Marcelo, mas eu gostaria de usar mais amigos do Magal para minha vingança ficar ainda mais legal. Cê conhece mais alguém de confiança que poderia topar essa brincadeirinha que eu te contei?

- Ó, até tem! O Lipe é aquele que tava comigo naquele dia no ginásio perto do carro e ele se desentendeu com o Magal, então será fácil convencê-lo, e tem o Beto, mas esse eu preciso confirmar porque ele começou a namorar firme e pode não topar.

- Conversa com eles sem falar que sou eu ainda. Com o tal Lipe já fecha. Se o Beto vier, beleza, senão vamos só nós.

- Beleza! Converso com eles amanhã pessoalmente e te aviso. - Disse e como já estávamos nos levantando para terminar aquela reunião, me pediu: - Agora, assim… Será que não rolava um premiozinho de consolação pra mim hoje?

Olhei para eles e, infelizmente, meu “tio Chico” havia chegado para uma visita mensal. Como o período não era propício, fui sincera:

- Cara, hoje tô naqueles dias. Não vai rolar…

- Nem um boquetinho?

Olhei para o Tino que fez cara de paisagem e, com medo de perder o aliado, concordei. Tino ainda não confiava cem por cento nele e insistiu em vir conosco. Fomos então andando até seu carro e depois de darmos uns rolês pela cidade, paramos numa praça escura e mais afastada, vazia naquele momento. Fiz um belo boquete nele, safado, babado, caprichado mesmo e ele gozou rapidinho. Tino aproveitou para bater uma punheta safada no banco de trás enquanto nos assistia. Acho que eu estava ficando boa naquilo e sorri satisfeita comigo mesma. Pela primeira vez, alguém gozou na minha boca e, vou ser sincera, tirando a parte da porra que é difícil de segurar e vaza pra todo o lado, o gosto até que não é dos piores, e a sensação de ter um pau pulsando na mão e por entre os lábios é bom demais, fora do normal.

Conforme combinado, no dia seguinte, pouco depois do almoço, Marcelo me ligou e disse que estava tudo firme com o Lipe. Como ele havia previsto, o Beto recusou sem sequer querer saber os detalhes do plano.

Como parte da premiação pelo recorde na prova da natação, ganhei um final de semana num chalé de um clube de campo da cidade e decidi que iria usá-lo para me vingar do Magal. Para viabilizar minha vingança, troquei meus dois dias em um chalé por um dia em dois chalés, pois meus “amigos” ficariam aguardando minhas ordens no outro.

Por conta de minha natureza feminina, imprevista e avermelhada recentemente, precisei ligar para o Magal para desmarcarmos nosso programinha. Ele não aceitou e insistiu que pelo menos saíssemos para comer algo ou só para assistir um filme, sem terceiras intenções. “Tá. Me engana que eu gosto, seu filho da puta!”, pensei antes de concordar.

Saímos na sexta para fazer um lanche e depois fomos assistir a um filme. Explorei ele no que pude: lanche do mais caro, pipoca gigante, refri grandão e ele pagou tudo feliz da vida. Contrariando tudo o que eu esperava dele, me tratou com um cuidado e carinho fora do comum. Fiquei confusa e comecei a pensar que talvez eu estivesse levando a ferro e fogo e que talvez as informações que eu tinha não estivessem exatamente corretas.

Voltamos a sair no sábado. Novamente tudo do bom e do melhor. Nesse dia, ele me surpreendeu, levando-me para assistir uma peça de teatro que estava fazendo muito sucesso naqueles dias. Após aquilo, fomos passear num “point” cheio de casais e famílias. O respeito e o zelo com que ele me tratava, estavam me deixando desconcertada. Comecei a pensar nas palavras do Tino e, pela primeira vez, fiquei em dúvida se deveria levar adiante aquela ideia de vingança.

No domingo, ele me convidou para fazer um piquenique e eu aceitei, afinal, eu ainda precisava entender tudo o que estava acontecendo. Ele passou na minha casa pouco depois, convidando-me para auxiliá-lo na compra dos produtos que ele precisava, porque havia decidido nosso programa pela manhã. Dei graças a Deus por meu pai ter saído para ir ao Mercado Municipal ou aquilo teria dado uma grande merda.

Pedi que fossemos em um supermercado porque não queria correr o risco de cruzarmos com meu pai e, de lá, fomos para sua casa, onde fui apresentada com toda a pompa e circunstância para seus pais. Surpreendi-me ao descobrir que eram de uma família evangélica, bastante conservadora e acho que isso ficou estampado em meu rosto quando o encarei com olhos levemente marejados, praticamente lembrando-o do que havia feito comigo dentro de seu carro tempos atrás.

Dizem que “para bom entendedor, meia palavra basta”. Pois é verdade! Quando ele me encarou e viu meu semblante, deve ter imediatamente se lembrado de tudo o que havia feito comigo, pois, na primeira oportunidade que teve longe de seus pais, voltou a me pedir desculpas por ter estragado minha primeira vez. Antes de sairmos, fomos nos despedir de seus pais que me abraçaram carinhosamente, convidando-me a voltar mais vezes:

- Linda sua amiga, filho. Torço para que não fiquem só na amizade. - Disse sua mãe ao me abraçar, deixando-me roxa, para depois me dar um beijo na bochecha, tão carinhoso quanto os da minha própria, e ainda completou: - Que Deus te abençoe grandemente, minha criança.

Gente, se antes eu estava em dúvida, agora minha consciência brigava violentamente com meu instinto para decidir se eu deveria mesmo levar aquele plano em frente, e a consciência vinha vencendo por pontos. Seus pais insistiram e ele teve que levar a irmã, poucos anos mais nova que eu, junto. Ele nos levou para um clube de campo na cidade, onde casais iam normalmente para fazer piqueniques próximo a um imenso lago, num campo florido e bastante arborizado.

Conseguimos uma árvore com uma frondosa copa e foi um achado porque o clube estava muito movimentado naquele dia, cheio de casais e famílias buscando um local para curtir. Ele estendeu uma toalha, onde colocamos os potes com as guloseimas daquele dia. Ligou um “player” em seu celular e começamos a ouvir uma música romântica, bem gostosa e baixinha para não incomodar os demais. Para me surpreender ainda mais, abriu um livro e, ao invés de ler, pediu que eu escolhesse uma página ou uma poesia.

O livro era “Poesias”, de Olavo Bilac, e o encarei ainda mais surpresa com aquilo, aliás, surpresa e inconformada. Eu diria até que estupefata. Não cheguei a abrir o livro e fui direta com ele:

- Olha, Magal, tô gostando muito desse clima de sedução e tal, mas, vai me desculpar, eu não tô entendendo nada!

- Ihhhh! - Disse sua irmã, já se levantando e, antes de sair, avisou: - Vou dar uma voltinha…

- Mas… - Ele aparentava tentar entender tanto quanto eu: - Não tá entendendo o quê, Má?

- Poxa, você tá parecendo aquele cara que eu conheci a tarde, educado, carinhoso, interessado… Até aí tudo bem. Ótimo! Eu adorei. - Eu tentava explicar sem ser grossa e não estava sendo fácil: - Mas aquele da noite não é igual a você. E aquele lá me magoou muito, muito mesmo!

- Eu sei, eu sei. Não tem um dia que eu não pense em como fui canalha com você…

- Foi mesmo! - O interrompi porque queria desabafar: - Cê tem ideia do que eu passei, do que eu senti? Você me tratou como se eu fosse um lixo… Um lixo, cara! Porra e depois que você gozou na minha cara, então…

- Pelo amor de Deus! Olha só… Se eu precisar passar o resto da minha vida te pedindo desculpas, eu faço. - Disse e sorriu logo após: - Mas pra isso a gente vai ter que ficar junto, senão vou ter que ligar na sua casa todo santo dia e vai chegar uma hora que teu pai vai me escorraçar.

- Escorraçar!? Meu pai queria te matar!

- Cê contou pra ele?

- Pra ele, pra minha mãe, pra médica da minha mãe… - Disse e o metralhei novamente: - Eu tive que fazer um punhado de exames e ainda tomar remédios até contra AIDS porque você me comeu sem camisinha, cara! Pensa na minha cabeça como ficou até saírem os resultados.

- Pô, Márcia, mas eu não tenho nada não, cara! - Disse inconformado.

- E como eu poderia saber disso? A gente mal se conheceu e você já saiu me comendo sem camisinha, sem nada!

- Tá, tá… Ó só… Eu quero paz com você e quero uma chance de consertar tudo o que eu não fiz direito. Quero te namorar, te conhecer melhor, que você me conheça melhor e quando você achar que está pronta para a gente… é… - Procurava as palavras que eu já imaginava bem quais seriam: - Ah, cê sabe, né!? Para quando você estiver pronta, a gente curtir com toda a tranquilidade, carinho, amor e segurança.

- Namorar!? Mas, mas, ô Magal…

- Eu sei! - Ele agora me interrompeu: - Eu sei que você tá confusa, mas eu só tô te pedindo uma chance. Quero fazer tudo certinho. Faço até igual antigamente e namoro na sua casa se você quiser, e se teu pai não me matar.

Aquilo me pegou de surpresa e acabei saindo do ar. Realmente eu fiquei confusa, perdida, em dúvida, assustada, tudo junto e misturado. Minha cabeça estava uma bagunça e eu olhava para ele e não focava em nada, nem ninguém. Acho que cheguei a ter uma vertigem, pois nem notei quando ele se aproximou de mim, segurando na minha mão e me abanando:

- Má, cê tá bem? - Perguntou visivelmente preocupado e, pelo seu semblante, a coisa era verdadeira e até séria: - Não passa mal ou o teu pai vai me matar de verdade. Por favor, viu!

- Eu… Eu tô… Eu tô bem! - Eu disse enquanto pegava um copo de suco que ele me entregou, tomando uma boa golada: - Eu só… Não sei, Magal. É… É muita informação. Eu acho que… Não sei…

- Vamos fazer assim, vê se fica bom pra você: você não se fecha pra mim, me dá uma chance de ser seu amigo e a gente vai se conhecendo. Daí depois você decide. Só deixa eu tentar te mostrar que posso ser melhor.

Eu não sabia o que responder e não respondi. Tentando fugir de uma definição, olhei para a cesta de piquenique e ele se antecipou a qualquer pedido meu:

- Também estou com fome. Ótima ideia, Má! - Disse, pegando alguns potes e me encarando: - Pizza, bolo, lanche ou salgado?

- Hammm… Vamos comer algo salgado primeiro, né!?

- Cadê a Gabizinha? - Disse e olhou ao seu redor para ver a irmã perto da margem do lago e, ao fazer sinal, ela também acenou e veio em nossa direção.

Passamos a nos servir de um lanche de pão, presunto e queijo, e logo ela chegou, servindo-se também. Havia comida para um batalhão e ele passou a falar de diversos assuntos, falando dele, de seus desejos, vontades, e me perguntando o que eu gostaria de fazer após o ensino médio. A irmã pouco falava, mas comia pra caramba, acho que mais que nós dois juntos! Quando eu estava distraída comendo um pedaço de pizza, me toquei de algo:

- A gente foi no supermercado, mas não daria tempo de fazer pizza na sua casa no tempo em que ficamos lá…

Ele começou a rir e a própria irmã confessou:

- Minha mãe estava curiosa em te conhecer. Daí ela deu a ideia de vocês passarem lá em casa enquanto arrumavam a cesta de piquenique. A pizza e o bolo ela já tinha feito ontem de noitinha. Eu comi até um pedaço…

- Você falou de mim para ela? - Perguntei para o Magal.

- Falei, claro! Para ela e para o meu pai. - Ele respondeu bastante tranquilo.

“Mas o que tá acontecendo?”, pensei quase em pânico. Para uma transa casual, seria muita canalhice, quase coisa de um psicopata, usar os próprios pais para convencer a mocinha. Quanto mais eu tentava entender, mais eu ficava em dúvida. Depois de comermos um tanto, nos deitamos lado a lado, olhando a copa da árvore e deixando que nossos estômagos trabalhassem. Sua irmã se encostou na árvore e pouco depois começou a roncar baixinho, chamando nossa atenção e nos fazendo rir. De repente, ele começou:

“Invejo o ourives quando escrevo:

Imito o amor

Com que ele, em ouro, o alto relevo

Faz de uma flor.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara

A pedra firo:

O alvo cristal, a pedra rara,

O ônix prefiro.

Por isso, corre, por servir-me,

Sobre o papel

A pena, como em prata firme

Corre o cinzel.

Corre; desenha, enfeita a imagem,

A ideia veste:

Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem

Azul-celeste.”

Mas não parou por aí. Continuou declamando esse poema um tempão, mas eu não decorei o resto. Eu o olhava surpresa e quando ele notou, sorriu e me disse:

- Tá na página… Na página… - Calou-se e colocou um dedo na boca, envergonhado: - Esqueci! Mas tá lá no livro. Depois eu acho para te mostrar.

Acabei sorrindo de seu constrangimento e tive uma vontade imensa de beijá-lo, mas preferi continuar me fazendo de difícil até entender exatamente suas intenções comigo. Ficamos nos curtindo ali por um tempão. Conversamos, ouvimos música, lemos alguns outros poemas, comemos e bebemos aos montes… Quase no fim da tarde, quando a maioria das pessoas também começaram a sair, fomos embora e ele me deixou na porta da minha casa.

Meu pai atendeu e vendo meu semblante feliz, ainda acenou para o Magal e sua irmã, quando ele já dava partida para sair. Curioso, enquanto eu me encaminhava para a cozinha, perguntou quem era:

- Hã, é… - Comecei a procurar por minha mãe e, por sorte, ela vinha em minha direção também, então respondi baixinho, quase inaudível: - É o Magal, pai…

OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO E OS FATOS MENCIONADOS SÃO TOTALMENTE FICTÍCIOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL É MERA COINCIDÊNCIA.

FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DO AUTOR, SOB AS PENAS DA LEI.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 57 estrelas.
Incentive Mark da Nanda a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.
Foto de perfil de Mark da NandaMark da NandaContos: 194Seguidores: 535Seguindo: 20Mensagem Apenas alguém fascinado pela arte literária e apaixonado pela vida, suas possibilidades e surpresas. Liberal ou não, seja bem vindo. Comentários? Tragam! Mas o respeito deverá pautar sempre a conduta de todos, leitores, autores, comentaristas e visitantes. Forte abraço.

Comentários

Foto de perfil de Morfeus Negro

A Márcia é uma personagem incrível, a história até o capítulo passado estava excelente, mas agora gerou uma certa confusão sobre o que o autor quer, o caminho que vai tomar agora, como disse o outro leitor, o que aconteceu foi um crime, esse Magal é um agressor, um violentador, espero que todo o relatado agora faça parte de um plano dele, e a trama volte a girar no conflito Márcia X Magal. Ela como está bem explicito se preparando para se vingar e o delinquente tentando ludibriar e armar também uma cilada.

0 0
Foto de perfil genérica

A vingança nunca é plena, mata a alma e s envenena.

Mas as vezes ela é plena sim, bom seu lá, só continuando pra saber.

0 0
Foto de perfil genérica

Um revés brutal, venha o próximo

0 0
Foto de perfil de Almafer

Mark párabens me parece que a situação deu um giro legal será que ela vai apaixonar kkkkk nota mil

0 0
Foto de perfil genérica

Vou ser sincero, adoro seus contos, mas esse, com certeza não gostei ainda, e talvez nem goste, pelo rumo que está tomando, se esse Magal que posso quase chamar de maníaco sexual, conseguir ficar com a Márcia, vou ficar muito puto! Sei que as pessoas merecem segunda chance, mas não para esse tipo de crime! Afinal esse pilantra tirou a virgindade dela sem o seu consentimento! Isso é crime! Espero uma final em que o bandido não ganhe como prêmio sua vítima!

1 0
Foto de perfil genérica

Esse final kkkkkkk só me lembrou aquele meme: Vai dá merda, vai dá merda vai, vaaaai da merdaaaaa!!!! Kkkkkkkkk

Agora oq será q nossa marmitinha tá mirabolando? Será q vai fazer jus ao apelido?

Ps: Trás mais sobre as amigas dela tbm, principalmente a da boquinha boa la kk

1 0
Foto de perfil genérica

Massa Mark, fez um giro de 360°, e agora pai

0 0