A Bela da Tarde - Cap. 01 - Os segredos de uma esposa

Um conto erótico de Monique
Categoria: Heterossexual
Contém 1376 palavras
Data: 07/01/2023 18:24:40
Última revisão: 11/01/2023 19:46:24

Ela estica a perna e puxa as meias pretas até a coxa, ambas as meias. Ela se levanta e prende as meias em uma cinta-liga da mesma cor. Ela se admira, olhando para um espelho desgastado, com uma moldura de prata laboriosamente esculpida, encostada ao chão de madeira empoeirada.

Seus seios estão à vista, os mamilos rosados, as belas mamas de uma mulher madura. Ela se senta em uma cama de lençóis amassados. Elegante, ela cruza as pernas estilosa.

A chama de um isqueiro acende o cigarro fino, a ponta brilha e ela exala uma longa e sinuosa fumaça azul. Seus pensamentos flutuam junto com a fumaça.

O cliente ronca como um porco, gordo e suado, esticado sobre a cama como um boxeador que acabou de ser nocauteado. O dono de um pau tão pequeno que ela mal conseguia segurá-lo com a ponta dos dedos para masturbar-lo. Mais um, ela pensa, rindo, limpando a nicotina da ponta da língua.

Ela respira fundo, levanta-se e escorrega em seu vestido apertado de seda preta. Puxa o zíper para baixo de forma acrobática, inclina o pescoço de um lado para o outro, prendendo seus brincos de madrepérola. Termina colocando o colar de diamantes.

Ela vai até o espelho, agacha-se, desenha uma boca vermelha com batom, limpa as marcas de esperma seco no queixo e na testa. A imagem de seus filhos aparece refletida no espelho antigo.

Se eles soubessem o que sua mãe louca faz nas tardes quentes de julho. Ela ri de si mesma. A porta range quando ela abre, o cliente se engasga com a própria saliva. Ela desce as escadas do pequeno hotel barato. Os degraus gemem com os seus passos. Ela entrega ao porteiro negro, seu velho conhecido, uma nota de vinte dólares. Pelo rádio, ela ouve a voz anasalada do presidente anunciando a explosão de uma bomba no deserto, em algum lugar no meio oeste do país.

- A madame precisa de um táxi?

- Desta vez não, Tom, eu vim no meu carro. Foi um imprevisto.

Ela abre a porta. A campainha toca.

- Até a próxima, Tom, até outro dia.

O homem negro sorri limpando o suor de sua testa com um lenço listrado. A forma esbelta desfila, batendo seus sapatos no piso de madeira até que ela desaparece de vista.

O negro caminha até as janelas. Ele espera. Um Bugatti ronca alto e uma mancha verde brilha ao sol, sumindo por uma estrada poeirenta.

Semanas mais tarde...

Sentada numa cadeira de vime com o espaldar largo e arredondado, ricamente trabalhado e o assento num couro creme. Ela vestida num robe de seda prata, os seios soltos marcando o tecido, os cabelos lisos presos num coque no alto da cabeça. As pernas elegantemente cruzadas, bronzeadas, os pés balançando dentro de sandálias de couro branco.

O jornal deitado sobre as coxas mostra uma manchete: “Berlim Cercada! Os Vermelhos param os comboios americanos. A Guerra Fria começa.”

Displicente ela vira a página procurando outros assuntos. Se dobra e sem tirar os olhos das manchetes no jornal bebe um gole longo de um café fumegante em uma xícara de porcelana chinesa delicadamente desenhada.

- Madame. O senhor Patrick deseja vê-la. Posso mandar entrar?

Ela passa o dedo sobre a testa como a organizar as ideias. Respira fundo e encara o mordomo parado a sua frente.

- Bom dia Albert! Meu marido viajou, não sei o que Patrick pode querer comigo?

- Nem eu madame, mas ele parece agitado. Se me permite a observação.

Ela respira fundo, se ajeita sobre a cadeira, fecha o jornal e o deixa cair ao chão.

- Sim. Mande entrar. E Albert, nos deixe a sós, pode se recolher. Obrigada.

Não demora muito um jovem trajando um terno bem cortado, cabelos com brilhantina aproxima com o rosto crispado. Tem na mão um envelope pardo.

- Monique.

- Patrick. Sente-se.

O rapaz que poderia ser seu filho, é o sobrinho do marido.

- Problemas? Seu tio foi para Dallas, os negócios da firma.

- Eu sei. Mas não é com ele que eu quero falar. É com você.

- Comigo? O que foi que eu fiz dessa vez?

Ela fala acendendo um cigarro, cruzando as pernas de um jeito que as coxas morenas ficam à mostra. O jovem abre um sorriso e entrega o envelope.

- Isso. Acho que você vai reconhecer as pessoas nas fotos.

Monique tenta controlar a vontade de arranhar a cara do menino atrevido sentado do outro lado da mesa. Como uma gata brava. Ela abre o envelope e vai examinando as fotos de homens mal vestidos, seus velhos conhecidos. Toma um susto na última foto, ela rindo ao lado do amigo, Tom, o dono do hotel onde ela tem os seus ‘encontros’ com os tais clientes.

Ela morde o beiço superior, a cinza do cigarro quebra e espalha na mesa de vidro. Ela coça o polegar com o dedo.

- Andou gastando dinheiro da família só para me vigiar, Patrick?

- Quem são esses, Monique? Amigos?

Ela traga profundamente, fazendo o cigarro brilhar. Sopra a fumaça branca como se fosse um tiro de canhão, o olhar esverdeado brilhando.

- O que você tem com isso, não é assunto seu?

- É assunto da família, da empresa. Imagina se meu tio descobre, seus filhos?

Monique gargalha, um gargalhar que faz seus ombros mexerem, os seios balançam soltos no robe de seda. Ela fuzila com o olhar de raiva o jovem impertinente, os dentes à mostra.

- Não é assunto seu Patrick! Mas tudo bem, eu vou contar. Você descobriu o meu segredo, o segredo que só seu tio conhece.

- Ethan sabe!?

- É claro que sabe! Afinal, como você acha que nasceram os gêmeos? Ou você não conhece dos ‘problemas’ do seu tio? Provavelmente não, não é querido, pela sua cara?

- Os gêmeos não são filhos dele?

- O que você acha? Vai dizer que nunca desconfiou?

Monique puxa o cinzeiro e bate com o dedo na ponta do cigarro para que as cinzas caiam no lugar esperado. Patrick ajeita a gravata, muda de posição na cadeira.

- E por que você recebe deles? Pra que? Você não precisa disso.

Ela saboreia o desconforto do jovem, morde os lábios e apoia o cotovelo no joelho, o que resta do cigarro apontado para cima, a fumaça subindo.

- Seu tio sabe que eu preciso. Eu gosto! Gosto de ajudar, de satisfazer os desejos dos americanos sem modos. Vocês precisam evoluir Patrick. Na mesa e na cama. Quem sabe um dia alguém ensine a vocês os prazeres da vida. Essa sisudez anglicana é triste. Vocês precisam aprender com as francesas.

- Você não é francesa. Nasceu na Martinica.

- Eu e Josefina. E você sabe o que ela fez pelo corso. Napoleão não seria nada sem ela.

- Deixe de ser ridícula, exagerada.

- Ela era o talismã de Napoleão. Bastou ele a largar que ele foi parar em Santa Helena. Eu faço a mesma coisa com o seu tio. Eu sou o talismã da sorte da sua família.

- Foi a guerra Monique, a guerra. Até porque vocês e ela não passam de...

- Putas é isso? Seu tio sabe qual é a verdade, faço tudo por ele.

- Menos na cama?

- Não é culpa minha nem dele. O que eu posso fazer?

- Parar de foder com estranhos e ainda por cima recebendo por isso. Você não tem ideia do que isso pode causar aos negócios da família! Isso é humilhante. Porque?

- La Belle de Jour, é assim que me conhecem. A bela da tarde. Eu gosto de me sentir uma vagabunda na cama, me dá prazer. Prazer maior do que gozar. E o seu tio adora saber dos meus encontros.

- Você, conta!! Conta tudo, pra ele?

- Claro! Ethan ama as minhas estórias.

Monique pisca, abre um sorriso. O jovem salta da cadeira, uma mecha dos cabelos caindo na testa, os braços no meio da cintura.

- Você não presta Monique! Isso não vai ficar assim.

- Veja lá como fala comigo garoto! Saia daqui. Agora!!

Ela amassa o cigarro contra o cinzeiro, fuzila com o olhar o sobrinho parado a sua frente. O homem bravo passa batendo as portas.

Mais tarde na noite do mesmo dia...

Um vendaval balançando as árvores e as janelas da mansão. A campainha toca insistente, as luzes se acendem. Monique surge abrindo a porta, demora a reconhecer o homem enxarcado a sua frente.

- Patrick!!

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Comentários

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Belo conto! Ótima homenagem!

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