"Clair de Lune" - Capítulo 28 - Opsss!

Um conto erótico de Annemarye (Por Mark)
Categoria: Heterossexual
Contém 4253 palavras
Data: 14/12/2022 18:23:52

Passei a contar então da relação que tive com um filho dele e do jantar em que ele me pediu para acompanhá-lo como se fosse sua namorada, mesmo não sendo, quando senti que o Rubens e o outro filho me olharam de uma forma diferente e que não me agradou em nada. Desde então eu não me sentia à vontade na presença dele ou do outro filho:

- Entendi. - Falou: - E que relação foi essa? Namoro?

- Pensei que estivéssemos falando do Rubens…

- Tá, desculpa! Eu só não queria ser surpreendido por um namorado seu num corredor de shopping…

- Quer mesmo falar sobre surpresas nessa altura do campeonato depois de me falar que você vai ser pai?

- Não, não quero, mineirinha braba. Oxi, mulher braba! - Brincou e riu.

- Oxi!? Você está me confundindo, meu caro. - Desdenhei, também brincando: - Na minha terra falamos “uai!”, “ara!” e “sô!”. Oxi é coisa de baiano. Já tá pensando em outra, seu safado.

Capítulo 28 - Opsss!

Riu da minha brincadeira e se desculpou pela falha cultural. Continuamos andando e, ao passar na frente de uma loja social feminina, um “tailleur” me chamou a atenção e, pelo preço me parecer minimamente justo, entrei para conhecer a peça. Uma coisa não posso negar, o tratamento que essas lojas dispensam a seus clientes é fora do comum, mas não se enganem, elas capricham ainda mais se vocês forem um casal bonito e bem vestido. Fui mimada, ele foi mimado e, de uma opção de vitrine, surgiram várias outras. Acabei comprando dois conjuntos, porque na compra do segundo eu ganhava cinquenta por cento de desconto no preço de um deles. Adoro pechincha, desconto, barganhar, aprendi com meu pai e sou boa nisso! Quando eu já me dirigia ao caixa para pagar minha compra, vejo Marcos distraído olhando uma espécie de arara de vestidos e não resisti:

- Acho que não vai achar nada do seu tamanho aí, Marcos! - Disse e ri de mim mesma.

Ele me encarou, sorrindo e me chamou com o dedo em riste. Fui até ele que alisava o tecido de um lindo vestido longo, preto, com pedrarias sutis na parte superior que, aliás, se prende ao pescoço para deixar os ombros e braços nus. Simplesmente lindo, maravilhoso e caríssimo, pois “os detalhes acima dessa linda criação são cristais Swarovski”, me explicou a atendente. Marcos olhava maravilhado para aquele vestido, eu olhava horrorizada para o preço e a atendente olhava esperançosa para seu cartão de crédito. Cheguei a acreditar que ela tivesse visão de raio x, pois não tirava os olhos da altura de sua carteira, só chegando a desviar quando eu coloquei minha mão por sobre ele:

- Experimenta! - Ele falou.

- Está louco!? Olha o preço disso! Vou ter que empenhar meu fígado para pagar a fatura do cartão de crédito. - Brinquei.

- Experimenta pra mim, por favor. - Pediu, quase implorou.

- Pra que se não vou comprar?

- Se ficar bem em você, te dou de presente.

Criada no interior de Minas Gerais por uma família humilde, eu aprendi que a gente só ganha presente em três ocasiões: Dia das Crianças, Natal e Aniversário. Quando cresci, aprendi que nós, moças, também ganhamos em mais duas ocasiões: Dias dos Namorados e quando nossos homens querem algo em troca. Numa rápida análise temporal, anulei as quatro primeiras opções:

- Ahamm... Sei! - Falei, demonstrando que eu entendia suas intenções: - Marcos, nem tenho onde usar um vestido desse. Me paga um sanduíche de mortadela no mercadão que ficarei muito mais satisfeita.

- Não! Eu quero te ver nesse vestido, nem que seja para eu tirar depois. - Insistiu.

Nossa atendente fazia cara de paisagem, mas sem perder um segundo daquela comédia. Já que ele deixou bem clara suas intenções, eu decidi abusar, naturalmente brincando:

- Ok, então, mas terá que me dar uma lingerie que orne com o vestido também.

- Temos também. - Respondeu a atendente, deixando clara estar mais presente na conversa que ele próprio: - É só me acompanhar.

Marcos se surpreendeu com a “presteza” da atendente, mas eu logo joguei um balde de água fria em sua pretendida comissão de venda:

- Querida, num vestido justo desse, para não correr o risco de “marcar”, eu não usaria nada por baixo.

Ela sorriu, encabulada e se calou, mas logo o Marcos a interpelou:

- Qual o tamanho para ela? - Indicou minha direção.

A atendente me mediu de baixo a cima e respondeu que seria um “tamanho quarenta e dois”, mas encarando meu quadril emendou um “talvez um quarenta e quatro”. Eu a encarei séria, já me avermelhando, não sei se de vergonha ou raiva, mas antes que eu disse algo, Marcos pediu que pegasse os dois:

- Eu não quero! - Insisti, enquanto ele já me arrastava para os provadores.

- Experimenta, se não ficar bom, eu desisto.

Decidi fazer sua vontade, intencionada em não caprichar muito na colocação para que ele desistisse. Logo, a atendente chegou e me acompanhou até um provador, pendurando as duas peças e me orientando como vesti-la, como se eu precisasse. Tirei toda a minha roupa, inclusive, a íntima e vesti o primeiro modelo que me caiu maravilhosamente bem. Nem que eu quisesse ficar mal vestida, eu conseguiria. “Quarenta e dois, eu sabia! Gorda é sua mãe!”, comemorei comigo mesma o erro da atendente. Subi no meu salto médio e, naturalmente, não combinou com o “look”. “Há! Não ficou bom.”, comemorei novamente.

Saí para a área de espera, onde o Marcos me aguardava sentado em uma poltrona, conversando com outros dois senhores, provavelmente maridos enfastiados de esperar suas esposas. Ao me ver ele abriu um sorriso, aliás, eles três, só que o dele morreu ao poucos ao ver o descombinado entre o vestido e o sapato:

- Viu!? Eu falei que não, não falei? - Brinquei.

A atendente passou por trás de mim e me circundou pela frente, olhando com surpresa algo que também a incomodava e clinicamente analisou de alto a baixo a situação, dando seu veredito:

- Salto alto! Esse vestido pede um salto alto. - Falou, me olhando nos olhos e perguntou: - Trinta e oito, não é?

Eu só confirmei seu bom golpe de vista e a fiquei olhando enquanto ela se afastava. Depois olhei para o Marcos e notei ainda que, agora, duas senhoras também me olhavam curiosas, mas satisfeitas com o belo vestido, junto a seus maridos:

- Ficou muito bem em você, querida, não ficou, Janete? - Uma delas disse.

- Muito sim. - Respondeu a outra que ainda complementou: - Só colocar um salto alto que ficará perfeito.

Sorri meio encabulada para elas e voltei a encarar o Marcos que literalmente babava na imagem que via a sua frente. Antes que eu dissesse algo, a atendente retornou com três pares de sapatos diferentes, um preto, outro prata e outro dourado, dizendo serem perfeitos “para qualquer ocasião”. Lindos, deslumbrantes e caríssimos. Eu já me via empenhando o fígado e, pelo menos, um rim, para pagar aquela compra. Todos eram do mesmo tamanho e altura, então experimentaria o dourado. Já estava voltando para os provadores quando o Marcos me chamou:

- Senta aqui, Anne. Eu coloco em você.

Eu o encarei e ele já havia se levantado, indicando sua poltrona para mim. Aceitei sua sugestão e me sentei, ficando com as pernas meio de lado por ser um vestido justo e longo. Ainda bem que havia feito minhas unhas há pouco tempo, mas o meu pezinho maltratado por vários anos no balé, ainda assim nunca mais foi o mesmo, mas era o que eu tinha, então... Ele tirou os sapatos que eu calçava e calçou os novos, ajudando-me a ficar de pé. Tenho que reconhecer que eu nunca me vi tão bem vestida como naquele dia. Fiquei surpresa comigo mesma quando me vi refletida em uma parede de espelhos. Marcos, então, era só sorrisos e deslumbramento com minha imagem. Eu o encarei sem ter o que falar, mas ele tinha e foi rápido:

- Vamos levar! - Disse para a atendente: - O vestido e os três pares, por favor.

Eu o encarei surpresa, incomodada e naturalmente apreensiva com a “facada”. Ele se aproximou de mim, me olhando nos olhos de baixo para cima porque acabei ficando mais alta que ele naqueles saltos e, com as mãos em minha cintura, perguntou:

- Gostou, não gostou? Eu adorei! Ficou maravilhoso, aliás, você só ficou ainda mais maravilhosa.

- Caro demais… - Resmunguei.

- É um presente! Para de se preocupar.

Acabei me resignando após ele me convencer de que eu estava maravilhosa mais algumas vezes. Fui até o provador e me troquei, voltando em seguida. Ele já estava fazendo o pagamento de meu presente e também da minha compra:

- O quê? - Me perguntou enquanto eu o encarava, surpresa e chateada: - Pensei que tivesse gostado do presente.

- Aham… - Resmunguei, mas não aguentei: - O presente é seu, você paga. A compra é minha, então eu pago.

- Relaxa, mineirinha. - Disse e se voltou para concluir o pagamento.

Emburrei. Não gostei mesmo. Achei abusivo da parte dele achar que poderia pagar minhas contas, afinal, somos apenas amigos e ele não tinha esse direito. Saímos da loja e eu estava calada, de cara fechada, irada mesmo, mas ela já tinha entendido de antemão:

- Depois eu te passo minha conta e você me deposita o valor da sua compra. Tá bom assim? - Me perguntou, sorrindo: - Não quero discutir com você, só queria fazer um agrado.

- Eu prefiro assim, Marcos. - Respondi, ainda um pouco emburrada.

Já passava das sete e decidimos ir para seu apartamento, afinal, eu já estava começando a ficar com fome daquela deliciosa lasanha. Enquanto eu a colocava para esquentar e ele arrumava a mesa, conversávamos banalidades, até que:

- Por que você não dorme aqui? - Me perguntou.

Eu o encarei com desdém, já imaginando qual seria sua real intenção e neguei com a cabeça. Ele insistiu:

- Prometo que não farei nada que você não queira.

Comecei a sorrir e balançar negativamente minha cabeça com ainda mais vontade, porque eu sabia que se eu ficasse, aquilo terminaria em uma nova rodada de sexo:

- Juro que vou te respeitar. Prometo. - Disse cruzando e beijando os dedos, como se isso fosse me convencer.

- Não dá, Marcos, e por vários motivos: não tenho roupa, quero tomar banho, quero escovar meus dentes, quero abraçar meu travesseiro e colocá-lo no vão de minhas pernas, etc., etc. - Respondi, sorrindo: - Talvez outro dia.

- Ah, para vai! - Ele insistia, sempre sorrindo para mim: - Te empresto uma camisa, até uma cueca se quiser, aqui tem banheiro, sabonete e toalha, tem escova de dente nova em algum lugar, eu só preciso achar, e no vão das suas pernas, bem… - Olhou e sorriu maliciosamente antes de completar: - Posso pensar em algo para colocar aí no meio.

Comecei a rir de sua cara de pau, mas não podia negar que estava adorando aquela brincadeira toda:

- Então, tá. Pode ser. - Respondi e seus olhos brilharam: - Mas em quartos separados.

- Ah, Annemarye… - Resmungou, fazendo até um biquinho fofo: - Juntinho, de conchinha, quero sentir o seu calor…

- Eu sei bem o que você quer sentir, safado! - Falei, rindo e atirando um pano de prato nele: - Já falei pra não forçar. Somos só amigos. Só isso, por enquanto, ok?

- Amigos também podem dormir juntos, não podem?

Balancei negativamente minha cabeça. Ele me olhava com cara de “pidão”, mas entendeu:

- Marcos…

- Eu vou te respeitar. - Me interrompeu: - Eu juro.

- Eu só ia pedir uma camisa para eu poder tomar um banho, mas pega uma bem grandona.

Ele sorriu e saiu correndo para o quarto, voltando após alguns minutos com três, duas camisetas grandes e uma social bem grande mesmo:

- Essa camisa é sua!? - Perguntei, enquanto a olhava nas minhas mãos: - Não é do seu tamanho, né?

- Ah, não. Essa eu ganhei de um tio, mas nunca usei, é muito grande mesmo.

Peguei essa e fui até o banheiro, onde me desnudei e entrei embaixo da ducha. Quando já estava me ensaboando há um bom tempo, ouvi dois toques na porta e ele enfiando o braço para dentro do banheiro:

- Sua toalha, Anne.

- Entra, Marcos, você já me viu pelada, bobo.

Ele enfiou então a cabeça para dentro e brincou:

- Mas amigos se veem pelados?

- Os meus me veem, às vezes. - Brinquei enquanto estava de costas para ele.

Ele ficou em silêncio e eu me voltei para vê-lo. Seu silêncio era justificado pela forma como ele me encarava, sério, concentrado, aliás, minha bunda e agora, de frente, minha púbis:

- Marcos! Ô! - Falei e cobri minha intimidade com a mão, como se eu precisasse.

- Hein!? - Falou e me olhou nos olhos: - Ah, desculpa, mas… mas… Poxa! É foda, né? Olha só. - Falou, indicando a direção de seu pau que já estava duro e estufando a calça que vestia.

- Não. Para! Amigos, não se esquece disso.

- Poxa, Anne. - Disse e se sentou no vaso sanitário.

Mas ele não se conformou, vi nos olhos dele. Ao contrário, vi quando ele se levantou, vindo na direção ao box do banheiro e entrando nele, com roupa e tudo, para me pegar num abraço apertado e roubar um beijo intenso:

- Marcos, para! Assim não… Você disse que ia me respeitar. - Resmunguei quando tive oportunidade.

- Eu não farei nada que você não queira, mas eu sei, eu sinto que você quer. - Insistiu e me beijou novamente, parando pouco depois e me encarando nos olhos: - Se não quiser, paro agora, mas fala olhando nos meus olhos.

Se eu não queria, passei a querer e o beijei com vontade, despindo-o embaixo do chuveiro. Nos beijamos, acariciamos e só não nos comemos porque eu ainda exigia o preservativo. Meu banho encurtou e fomos molhados para a cama, respingando por toda a suíte da dona Gegê. Eu o coloquei sentado na beirada da cama e passei a sugar aquele pau com vontade redobrada, sempre o encarando e vendo se fazia de uma forma que o agradasse. Depois de um tempo, pedi uma camisinha e encapei seu pau, virando-me e sentando em seu pau ali mesmo. Minha excitação facilitou a penetração que foi rápida e profunda, passei a rebolar e me mexer colhendo altos gemidos nossos. Ele ajudava me bolinando os seios e esfregando meu clítoris como podia. Não demorei muito a gozar e depois de descansar um pouco sentada nele e amparada por seus braços, ele nos levantou e me colocou de quatro também na beirada da cama, passando a bombar calmamente em mim:

- Ai, pode me foder gostoso, com vontade, rápido, vai! Eu quero... - Pedi e justifiquei: - Vamos ter a noite inteira para fazer amor, mas agora me come com força.

Olhei por sobre meus ombros e ele parecia surpreso. Dei duas bundadas para trás e sorri. Ele se acendeu como um “flash” e passou a bombar rápido e forte, batendo seu corpo com vontade no meu, enquanto eu própria alisava meu clítoris para potencializar meu tesão. Não sei quantos minutos depois ele deu sinais de que iria gozar e eu pedi que aguentasse um pouquinho mais porque também queria chegar novamente e ele se controlou. Quando comecei a gemer descompassadamente e a tremer meu corpo, ele entendeu que a hora dele havia chegado e soltou o freio de vez, me massacrando com a força e a velocidade de seus movimentos. Gozei, arrebitando involuntariamente minha bunda, e se animou ainda mais, pouco depois me alcançando aos urros. Senti os espasmos de seu pau dentro de mim e só quando parou escorreguei sobre a cama. Ele se deitou, então, ao meu lado:

- Ai, cara, não era pra gente fazer isso. - Resmunguei.

- Ah, é!? Eu vi que você não queria mesmo… - Zombou de mim.

- Vou tomar uma ducha, mas sozinha agora, por favor, ok? - Pedi e saí cambaleando em direção ao banheiro, não sem antes olhar para ele e ver um sorriso de satisfação em seu rosto.

Entrei no banheiro e, nesse momento, um arrepio de medo me percorreu a espinha. Apontei a cara pela porta e o lembrei do óbvio:

- Marcos, a lasanha!

Ele saiu correndo pelado, molhado e suado pelo apartamento, enquanto eu entrava de vez no banheiro. Voltei a tomar minha ducha e agora ainda tinha que lavar os cabelos, molhados depois que ele me pegou no box. Quando terminei de enxaguá-lo e abri meus olhos, ele estava sentado novamente sobre o vaso sanitário, me olhando:

- Posso entrar? - Me perguntou maliciosamente.

- Não! - Respondi, mas não resisti: - Só se você se comportar…

Ele entrou e não se comportou, mas nada mais que uns bons beijos, abraços e carícias rolou no box naquele momento. Terminei o meu banho e saí, enxugando meu corpo e cabelos, que enrolei na toalha. Por fim, fui até a suíte e vesti a camisa que ele havia me dado, dobrando a manga, ficou parecendo um “jacá”, como dizemos na roça, de tão grande que me ficou. Pincei duas pontas atrás e amarei, conseguindo cinturar aquela peça em mim e olha que ficou bem legal:

- Marcos, onde tem um secador de cabelo?

- Dentro do closet. Pode entrar aí. Fica à vontade.

Estranhei sua proposição, mas entrei. O closet da suíte da dona Gegê era maior que a suíte do meu apartamento. Imenso, deslumbrante, cheio de roupas dela e do marido, com uma espécie de penteadeira com várias maquiagens, cremes e o bendito secador de cabelo. Fiquei lá secando meu cabelo e não tive como não ficar deslumbrada, olhando tudo ao meu redor:

- Você está linda assim, sabia? - Marcos me interrompeu os pensamentos, me dando um baita susto.

- Ai, filho da puta! - Gritei, sem pensar e me desculpei em seguida: - Desculpa, dona Gegê.

Rimos e ele veio pegar o secador para me secar os cabelos. “Eu, hein!? Que homem faz isso?”, pensei assustada e o encarei pelo espelho da penteadeira. Ele me olhou e respondeu, parecendo ler meus pensamentos:

- Fiz muito disso quando a Nana era criança.

- Então, tá, moço prendado. Capricha.

Não foi o melhor dos trabalhos, mas valeu pela intenção. Molhados, pelo menos, eles não estavam mais. Fomos até a cozinha, eu vestida apenas com aquela camisa e ele apenas com um short de pijama:

- Pelo menos, a lasanha não queimou. - Brinquei.

- Ainda bem que você lembrou, porque eu já tinha esquecido outra vez.

Comemos aquela lasanha deliciosa e bebemos um vinho, conversando diversos assuntos e brincando um com o outro. O clima não podia ser melhor. A certa altura, meu celular tocou e vi o nome do Erick surgir na tela. “Mas agora!?”, pensei, ainda em dúvida se o atendia ou recusava a ligação. Se eu recusasse, o Marcos estranharia, então decidi atendê-lo e na sua frente para não pairar quaisquer dúvidas. Fiz questão que ouvisse a conversa e soubesse que eu estava conversando com o Erick, filho do Rubens.

Ele ficou claramente incomodado. Homem é tudo igual, não sabem esconder o sentimento de ciúme que tem da gente, mas foi muito correto e cavalheiro, não me cobrando nada, aliás, ele nem poderia, porque éramos apenas “amigos” aproveitando um jantar. “Amigos, né, Annemarye!?”, pensei, brincando comigo mesma por saber que já havíamos ultrapassado essa barreira. Apesar de incomodado, acho que ele pensou em me dar alguma privacidade e se levantou, dizendo que iria buscar outro vinho para bebermos.

Depois que terminei minha ligação, apesar de eu não dever nenhuma explicação para ele, achei justo falar alguma coisa e fui até ele, que estava distraído olhando um “display” no enorme freezer da cozinha:

- Era o Erick. - Falei.

- Fica tranquila, caipirinha, não estou te cobrando nada. - Me respondeu, com um sorriso tímido, mas que não escondia sua chateação.

- Conheço um pouco da cabecinha de vocês, Marcos, e sei que você não gostou de saber que tem outro cruzando meu caminho.

- Não gostei mesmo, mas depois que ouvi você dar aquela “comida de toco” nele, fiquei mais tranquilo. Desculpa, mas não tive como não escutar.

- Só falei a verdade! Nenhum homem irá me controlar, nunca! - Falei e o encarei para que entendesse isso: - Isso serve para você também! Se, e estou dizendo se, a gente ficar juntos, ficarei ao seu lado, nunca atrás, nem à frente, entendeu?

Ele abriu um sorrisão e veio para perto de mim, colocando suas mãos em minha cintura, me encarando e perguntou:

- É!?

- É, o quê? - Perguntei em seguida, sem entender.

- Então, você cogita ficarmos juntos?

Sorri também por ter caído em minha própria armadilha. Ele não esperou mais nada e me abraçou forte, colhendo um novo beijo de meus lábios. Ele queria e eu também, e que beijo foi aquele! Se ele tivesse tirado minha roupa naquele momento, eu teria gostado muito, mas o danado do refrigerador avisou que o ponto do vinho havia sido alcançado e ele o pegou para bebermos:

- Salva pelo gongo, Anne! - Brincou.

Ri, mas, pessoalmente, eu não queria ter sido salva. Depois fomos assistir um filme, uma comédia romântica qualquer, bebendo vinho e namorando. Acabei cochilando em seus braços, só acordando no meio da madrugada, já na cama da suíte da dona Gegê, com ele me abraçando por trás de conchinha. Me mexi para me ajeitar melhor na cama e ele passou a acariciar suavemente minha cabeça:

- Tá acordado? - Perguntei.

- Uhumm!

Me virei para ele e sob uma tênue luz da lua cheia que entrava por uma fresta da janela, vi que ele me olhava cheio de carinho, de amor, para mim:

- Não conseguiu dormir? - Perguntei.

- Já dormi um pouco. É que eu ainda não estou acreditando que você está aqui comigo, parece um sonho.

Sorri, claro! Que mulher não gostaria de ouvir isso. Gostei demais da sinceridade dele e lhe dei um beijo de “boa noite”, porque ainda estava bem molinha do vinho. Voltei a me aninhar, agora em seu peito e seus braços me acolheram, enquanto eu continuava sentindo seu toque suave até dormir novamente.

[...]

Assim que o Balthazar chegou em casa, expliquei toda a situação para ele e pedi seu helicóptero emprestado para me levar até São Paulo. Ele não só concordou como disse que iria comigo porque precisava cuidar de alguns assuntos no escritório de São Paulo. Ele providenciou todas as questões de voo com o capitão Hamilton e, depois do jantar, fomos dormir.

Acordamos bem cedinho mesmo, por volta das cinco horas e tomamos nosso café enquanto aguardávamos a chegada do helicóptero. Não precisaríamos de mala, tínhamos nossas coisas no apartamento. Assim que ele chegou, tomamos nosso voo, chegando em São Paulo coisa de três horas depois e fomos direto para nosso apartamento. Tudo estava silencioso, não havia sinal de alma. Imaginei que Marcos estivesse dormindo em sua suíte, talvez até acompanhado, pois a porta estava fechada. A da minha, entretanto, estava aberta e entrei sem o menor receio. Quando dei três passadas suíte adentro, notei um movimento sobre a minha cama e vi um jovem casalzinho dormindo abraçados. Virei-me no mesmo momento, mas meu salto ecoou no chão e uma cabecinha se levantou e me encarou, escandalizada:

- DONA EUGÊNIA! - Gritou a Annemarye, se afundando nos lençóis e cobrindo a cabeça em seguida.

- Oi!? Oi… O quê? - Marcos perguntou, aturdido, perdido mesmo e me encarou também: - Mãe!? O que a senhora está fazendo aqui.

Nesse instante, Balthazar, alertado pelo grito da Annemarye, entrou correndo no quarto, bradando aos quatro ventos:

- O que foi? O que está acontecendo, Gegê?

- Nada, Balthazar. Nada! Vamos sair. - Pedi, indicando o direção da porta e já o empurrando.

- O que o Marcos está fazendo na nossa cama? E o que… - Ele próprio se interrompeu e soltou em seguida um jocoso: - Ah!

Saímos da suíte e fechei a porta atrás de nós. Balthazar me encarou curioso e expliquei que a ideia de liberar a suíte principal para eles, tinha sido minha, mas que eu não esperava que eles fossem se entender tão rápido assim. Ele riu e rindo se foi para a sala de estar. Minha curiosidade, me fez querer saber o que estava acontecendo lá dentro e encostei meu ouvido na porta. A conversa não parecia ser muito boa:

- Ah, Marcos, poxa! Eu não queria ter ficado aqui na suíte da sua mãe. - Annemarye reclamava com uma voz chorosa, nervosa: - Como vou olhar pra cara dela agora? Dela!? E do seu pai? Ai, meu Deus!

- Anne, calma! Pelo amor de Deus, se acalma. Eu juro que não sabia que eles viriam aqui hoje. Não tinha nada combinado mesmo. Aliás, até tinha, eles não viriam até o final de semana. Não sei porque eles vieram hoje.

- Deus do céu! Eu quero morrer…

- Não quer, não! Para de falar besteira.

Minha vontade era de entrar lá e pegá-la no colo, mas esse era o momento do casal e preferi não meter minha colher. Fui até a sala, onde o Balthazar revia algumas anotações em sua agenda e me sentei ao seu lado:

- Ela está extremamente constrangida, Balthazar. Cuidado com o que vai falar para ela, por favor. - Pedi.

- A culpa é sua, Eugênia! Devia ter deixado o Marcos ter a liberdade dele na suíte dele. Por que foi inventar de liberar a nossa? - Me perguntou sério, chateado e começou a sorrir maliciosamente em seguida: - Agora nossa cama vai ficar com cheiro de motel, porque eles devem ter rolado a noite toda nela.

- Para, Balthazar! Sem brincadeiras. Não piora o que já não está bom. - Pedi e passei a me explicar: - Liberei a nossa suíte por causa da hidromassagem, meu velho. Eu queria que eles se curtissem mesmo.

- Ah, é… - Ele riu novamente: - Pelo que eu vi, deve ter dado certinho…

- Para, homem! Vou fazer um café pra gente, até eles saírem.

[...]

OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO E OS FATOS MENCIONADOS SÃO TOTALMENTE FICTÍCIOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL É MERA COINCIDÊNCIA.

FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DO AUTOR, SOB AS PENAS DA LEI.

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Foto de perfil de Mark da NandaMark da NandaContos: 195Seguidores: 543Seguindo: 19Mensagem Apenas alguém fascinado pela arte literária e apaixonado pela vida, suas possibilidades e surpresas. Liberal ou não, seja bem vindo. Comentários? Tragam! Mas o respeito deverá pautar sempre a conduta de todos, leitores, autores, comentaristas e visitantes. Forte abraço.

Comentários

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Seu Balthazar tem um ar de um certo "Mark" kkkk! Cara, está excelente, estupendo, excepcional, espetacular, simplesmente divino!

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Já li 3 vezes e cada vez gosto mais dessa saga. Como é bom Até pra minha alma ver o romance dos 2. Gosto muito do casal. Apesar de saber que tem muita água pra passar debaixo dessa ponte.

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Dr Mark adoro ler este momento de carinho, amizade,amor e paixão de março e Anne,me faz muito bem, agora Anne aprenda quando um homem como o Marco quer dar um presente aceite sem reclamar menina,ele quer ser gentil coisa que ele já é,e faz bem para o eco da mulher sentir-se amada,e gostei da sinceridade de Anne pois não correu p um canto falar com Erik,foi bem clara, mostrando que um relacionamento a sinceridade e primordial.dona Gegê vcs poderiam chegar um pouquinho mas tarde,ter ligado antes, agora Anne vai morrer de vergonha,bjs

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Esse foi bem gostinho.

Pena é a certeza de que vem tempestade por ai, como disse o trio aí embaixo... "Parece aquele dia de sol na praia antes do tsunami."

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Que alegria ver o casal juntos. Muita coisa ainda deve acontecer, mas espero que eles não percam essa conexão e sigam juntinhos expurgando os demônios da família do Rubens

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Meu amigo que capitulo emocionante, amamos . Parabens

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Não sei o que pensar... Parece aquele dia de sol na praia antes do tsunami.

⭐⭐⭐

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Você reparou no título do capítulo anterior? E que o Balthazar conhece o Rubens? Será...???

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Disse antes e repito, o povo quer sangue, secretamente, até torcem para a Rubens e família. 😂😂😂

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Mark que capítulo emocionante amigo tu é demais parabéns abração

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