Sempre e para sempre. Parte 2.

Um conto erótico de Ménage literário erótico
Categoria: Heterossexual
Contém 4174 palavras
Data: 13/12/2022 17:43:26
Última revisão: 13/12/2022 18:24:55

Passei dois dias em observação e no terceiro, fui transferida para a ala de psiquiatria. Meu tratamento estava apenas começando e eu iria fazer de tudo para me recuperar, não importando o quanto eu precisasse me dedicar.

Continuando…

2.1: Primeira vez.

Fazia seis meses que eu morava na casa do Gaspar. Dois anos e meio que já namorávamos. Eu começava a me recuperar da perda dos meus pais. Apesar de muito respeitoso e carinhoso comigo, eu e ele até já dormíamos na mesma cama. Eu me sentia cada dia menos triste pela morte dos meus pais e mais excitada pela troca de carinhos e os amassos com Gaspar. Eu, definitivamente, queria me entregar a ele. A certeza de que seria para sempre ficava mais forte. Sabendo que poderia contar, que seria bem aconselhada, procurei minha sogra:

- Eu e Gaspar estamos pensando em transar.

Pega de surpresa, ela até que lidou bem com a ideia:

- Decisão importante. Se sente preparada?

Eu não esperava aquela pergunta:

- Como assim? Existe alguma preparação?

Minha sogra pediu que eu me sentasse ao seu lado no sofá, marcou a página do livro que estava lendo e o fechou:

- Você já foi ao ginecologista, mocinha?

- Sim, quando menstruei. - Respondi um pouco sem jeito.

Ela pediu:

- Ok! Deixe-me marcar uma consulta para saber se está tudo bem. É importante se cuidar, toda relação sexual oferece riscos.

Eu achei que ela estava tentando me fazer adiar a ideia, mas vendo minha irritação, ela explicou:

- Como eu disse, toda relação sexual oferece riscos e quando uma mulher resolve iniciar sua vida sexual, é bom que ela comece a se precaver também. Camisinha é importante, mas também os anticoncepcionais. Um é pouco, dois bom.

Conversamos mais algum tempo e ela fez questão de me preparar para o que eu iria encontrar. Falou de forma didática sobre a anatomia masculina, zonas erógenas, preliminares… eu ouvia tudo com atenção, tentando aprender o máximo que conseguia, maravilhada sobre a "coisa toda." Combinamos que eu seguiria as suas regras e dois dias depois, lá estávamos nós no consultório. A médica complementou os ensinamentos da Ida e eu me sentia pronta, mas deixei que as coisas acontecessem naturalmente.

Demorou quatro dias para termos a oportunidade, estávamos sozinhos em casa durante a tarde, com Ida viajando para um seminário. Eu tinha certeza de que ela armou toda a situação para nos dar privacidade. Pelo que encontrei após chegar da escola, Gaspar estava muito bem instruído, pois assim como eu, também era a sua primeira vez.

A casa estava limpa e organizada, nosso quarto com as janelas fechadas e somente à luz de velas perfumadas. Gaspar e eu já conhecíamos a intimidade um do outro. Nossos amassos durante a noite já iam bem além da esfregação. Eu já tinha punhetado e dado alguns beijinhos no pau dele. Ainda tinha um certo receio de enfiar na boca, medo de não resistir e acabar não conseguindo parar. Ele havia feito o mesmo na minha bocetinha, chegando até a enfiar os dedos na portinha, sem entrar demais. Meus seios já conheciam muito bem a sua boca. Só faltava mesmo o finalmente.

Antes, nos demos banho um ao outro, abusando dos carinhos. Gaspar estava com o pênis empinado e muito duro. Eu queria muito dar prazer a ele. Me ajoelhei e segurei firme no seu pau, o encarando e recebendo o sorriso mais lindo e safado do mundo. Não deixei que ele ficasse esperando muito tempo, fui beijando a cabeça e colocando aos poucos na boca, sentindo a dureza e tentando fazer o melhor que eu conseguia. Pelos gemidos baixinhos, Gaspar estava adorando:

- Ah, meu amor! Como eu sonhei com esse dia. Ahhhhh…

Incentivada, comecei a me dedicar mais, me empolgando e sugando cada vez com mais vontade:

- Se for gozar me avisa, amor! - Não sei se era nojo, mas eu não queria sentir o esperma na boca.

Continuei sugando e estimulando o pau, lambendo, dando beijos, voltando a engolir… senti os trancos e a vibração na boca e Gaspar avisando:

- Agora, amor! Está vindo. Que sensação incrível. Aahhhhhhhh….

Foi o tempo de tirar da boca e sentir os jatos fortes e quentinhos em meus seios, barriga, até um último na bochecha, bem no cantinho, entrando uma pequena quantidade na boca. O gosto não era ruim, só um pouco diferente. Não senti nojo, o que estranhei, pois a cara de satisfação de Gaspar era a visão mais linda que eu já tinha visto na vida. Saber que ele estava assim por minha causa, era um sentimento maravilhoso.

Pela idade e vigor, ele nem precisou se recuperar, só me dando o tempo para que eu me lavasse, e praticamente me pegando no colo, me levando direto para a cama. Como eu queria ser dele. Na minha cabeça ingênua, ainda em amadurecimento, o sexo era como uma certidão de casamento, eu achava que era o vínculo definitivo entre um casal. Ele, inflando o meu ego, disse:

- Eu amo você demais. Só podia ser com você. A partir de hoje, você é minha de vez. Sempre e para sempre.

Foi a primeira vez que ele me disse aquelas palavrinhas que se tornariam a nossa saudação especial: "sempre e para sempre."

Ele me colocou com cuidado na cama e começou a me beijar. Ansiosos, acabávamos passando um pouco do ponto: Um braço batendo no meu seio, meu joelho acertando seu saco… aos poucos, fomos nos acalmando e começando a entrar em sintonia. Desde pequeno, Gaspar era dominante, se destacava, era o centro dos olhares e da admiração de todos. Eu deixei que ele determinasse o ritmo e apenas me entreguei, certa do que queria e sabendo que faria qualquer coisa que ele me pedisse.

- Abre as pernas, amor! Quero retribuir o que você fez no chuveiro.

Confesso que tremi de nervoso nesse momento, e ainda mais quando senti seus lábios me tocando com carinho, sua língua tentando encontrar meu carocinho… o ajudei:

- Mais pra cima, amor! Isso… bem aí… ahhhhh…

E eu senti. Ô, como senti! Macia e agradável, me lambendo como um cachorrinho, fazendo eu me arrepiar inteira. A sensação de ser chupada pela primeira vez, chupada de verdade, a língua trabalhando com dedicação, não os beijinhos e carinhos de sempre… aquilo era de outro mundo. Tá certo que tinha uma raspada de dentes aqui e outra ali, uma cosquinha não intencional pela inexperiência, mas o saldo final era extremamente positivo. Para quem ainda não tinha noção do que era gozar, ter um orgasmo, aquilo já era o ápice do prazer. Gaspar me chupou por não sei quantos minutos, cada vez me deixando mais apaixonada e excitada, até pensei em reclamar quando ele parou e pegou a camisinha no criado mudo, mas pensei: "se com a língua já é bom, imagina com o pau todo dentro de mim?" Cuidadoso, ele ainda disse:

- Você quer mesmo? Eu vou entender se quiser esperar.

Minha vontade era socá-lo. Estressei e falei como a puta que eu seria para ele pela primeira vez:

- Me fode logo. Quero sentir esse pauzão em mim.

Ele nem pensou duas vezes, colocou a camisinha e se enfiou entre as minhas pernas:

- Vou colocar, amor! Tá pronta?

Estressei outra vez, ansiosa:

- Para de falar e me come. Eu já disse que quero.

Ele começou a rir:

- Relaxa, amor! Você não é assim. Isso é nervosismo.

Ele tinha razão, mas eu queria mesmo ser penetrada, queria acabar logo com aquela primeira vez e já pensar na segunda. Ida tinha me preparado, me explicado a verdade, não a fantasia dos filmes adolescentes e novelas como a antiga malhação. "Prazer vem com a prática, com o conhecimento do próprio corpo e dos desejos do parceiro." Foram essas as palavras dela.

- Ai! Isso não é como eu pensava. - Reclamei ao sentir a cabeça entrando.

Foi ardido, mas não tão doloroso. Estranho e desconfortável, seria uma descrição mais precisa. Senti Gaspar ganhando terreno e se aprofundando dentro de mim. "Cacete, Ida! Cadê a merda da elasticidade que você tanto falou?" Pensei enquanto me sentia sendo rasgada. Gaspar estava todo dentro de mim:

- Tudo bem, amor? Quer que eu tire? - Minha cara entregou o meu desconforto.

- Não! Eu já vou me acostumar.

Em pouco tempo, lá estava ela, a bendita elasticidade. Senti minha bocetinha aumentando de tamanho, e pedi:

- Agora, amor! Acho que consigo.

Gaspar começou a estocar. Sempre carinhoso e me beijando, acariciando meus cabelos. Eu já gemia:

- Ahhh… estamos fazendo amor, amor! Ahhhh…

Era mais dor, só um pouco de prazer. Mas ele estava lá. Eu já estava preparada por Ida. Aos poucos, a ordem ia se invertendo, mas a dor nunca deixou de existir. Gaspar me comeu por quase uns cinco minutos, até anunciar que ia gozar outra vez. Senti ele enchendo a camisinha. Eu ainda não sabia o que era e nem minha sogra tinha falado, mas muito em breve, eu iria conhecer o tal do orgasmo. Muito em breve mesmo.

.

2.2: Quando tudo está perdido, sempre existe uma luz.

O primeiro mês de tratamento foi difícil. Na minha inocência, eu imaginava que Gaspar se faria presente na minha vida novamente. Eu pensava que o mundo espiritual era como no filme "Ghost, o outro lado da vida." Que Gaspar se materializaria em algum momento e me faria de novo sua. Dessa forma, meu tratamento não progrediu. Por mais que eu me esforçasse, a tristeza acabava vencendo. Eu queria notícias dele, um novo encontro, uma nova carta… temendo pelo pior, Ida, uma psicóloga renomada, teve uma ideia: conversar com a minha terapeuta e contar a ela detalhadamente tudo o que tinha acontecido comigo.

No início do segundo mês, na primeira sessão de terapia da manhã, Magnólia, minha terapeuta, entrou na sala com um envelope branco em mãos e sem o seu inseparável bloco de anotações. O envelope era o mesmo de antes e a minha ansiedade foi a mil. Ela disse:

- Conversei com sua sogra, ou você prefere mãe?

Eu dei o meu primeiro sorriso em muitos dias:

- Mãe está ótimo.

Ela me olhou séria:

- Eu gostaria muito que você me contasse do seu encontro com Gaspar. Acho que podemos usar essa experiência para a sua recuperação. Parece que foi lindo. Eu sempre tive curiosidade sobre o assunto. Você se importa?

Muito feliz, sentido que Gaspar estava ali ao meu lado, eu falei por duas horas sem parar. Contei tudo, do encontro, das cartas, o que eu sentia, como aquilo me afetava… foi a minha melhor sessão de terapia até aquele momento. Admirada e dizendo que a decisão era a correta, elogiando o meu pequeno progresso, a Dra. Magnólia disse:

- Eu vou autorizar duas aulas semanais para que você possa se aprofundar no assunto e conhecer melhor esse mundo. Quero que você esteja preparada para lidar com os planos de Gaspar.

"Uma pessoa da ciência se abrindo para a fé? Aquilo era mesmo verdade?" Achei que meus ouvidos estavam me pregando uma peça. Tentei confirmar:

- A senhora acredita em mim?

Magnólia me deu um lindo sorriso:

- Há mais mistérios entre o céu e a terra do que a vã filosofia dos homens possa imaginar. Eu concordo plenamente com Shakespeare.

E me dando uma piscadela de olho, completou:

- A medicina de hoje já foi vista como bruxaria no passado. Mulheres já foram queimadas na fogueira apenas por conhecer ervas medicinais.

Eu senti um conforto tão forte, uma presença benigna ao meu lado, só poderia ser Gaspar. Eu ainda não entendia como funcionava o outro lado. Me sentindo verdadeiramente feliz, eu disse:

- Acho que ele está aqui comigo. Posso senti-lo.

Magnólia, mostrando que realmente se preocupava e se importava comigo, foi até a sua bolsa e retirou um livro. Ela colocou o envelope que eu tanto esperava dentro dele e me entregou os dois. Eu já me preparava para abrir a carta quando ela disse:

- Aqui não! Nossa sessão acabou. Vá para um lugar calmo, gostoso e leia com calma. Eu recomendo o jequitibá rosa do jardim dos pacientes.

Eu estava confusa, pois o horário de tomar sol já tinha terminado. Magnólia parecia me conhecer muito bem em tão pouco tempo:

- Eu já autorizei a sua saída. Fique lá o tempo que precisar, mas lembre-se: privilégios são conquistados, assim como a confiança. Não abuse!

Sem pensar, esquecendo que o contato com os profissionais era proibido, eu apenas me agarrei ao seu pescoço, tentando me recompor rapidamente ao lembrar das regras. Ela sorriu para mim, me puxando para ela, sabendo que eu precisava muito daquele abraço. Com lágrimas nos olhos, ela disse:

- Vai logo, menina, antes que eu mude de ideia.

Eu saí apressada pelo corredor. Ao me ver, o rapaz da segurança sorriu e abriu a tranca eletrônica, me dando acesso ao jardim. Antes de sair, eu perguntei a ele:

- Você sabe que árvore é o jequitibá rosa? Nunca vi uma árvore rosa lá fora.

Ele deu uma risada gostosa antes de responder:

- É mais ou menos como o pau-brasil que a gente estudou na escola. É a coloração interna da madeira. Procure pela árvore maior, é ela.

Eu agradeci, saí e logo reconheci a árvore. Era a única que tinha um banco bem ao lado do tronco. Me sentei e tratei de abrir a minha carta:

"Oi. Amor! Como a conheço bem, tenho a certeza de que você passou o mês chateada, irritada e se fechando para o tratamento. Eu preciso que você entenda que eu não posso interferir em cada decisão da sua vida. Só você pode fazer as suas escolhas e ser responsável por elas. As cartas não serão diárias e nem um guia de como você deve viver.

Dessa vez, eu consegui enviar um presente. Está na hora de você entender como está sendo para mim, e porque eu preciso que você entenda que a vida, mesmo após a minha morte, continua. Para você, e também para mim. Eu hoje sou o que chamam de desencarnado e o livro que lhe foi entregue, vai mostrar a você um pouco de como funcionam as coisas por aqui. A moça, no caso o espírito que conta essa história, me lembra muito você. Achei que ela seria ideal para lhe mostrar tudo o que eu estou aprendendo. O livro se chama Violetas na janela e conta a história de Patrícia, uma jovem que desencarnou aos dezenove anos. Ela explica o que é a desencarnação, descreve as belezas do plano espiritual, onde não faltam trabalho, estudo e diversão. No início, assim como eu, ela estava cheia de dúvidas, mas aos poucos, tudo se esclarece, quando começamos a conviver com outros jovens desencarnados. Você vai entender como deve proceder diante da morte de um ente querido e o que fazer para superar a separação e a saudade. Aproveite!

Acho que você irá gostar do casal de professores que mamãe escolheu para lhe ajudar a entender tudo o que está acontecendo. Por enquanto, eu fico por aqui. Até a próxima.

PS: Sempre e para sempre."

Eu não perdi tempo e comecei a ler o livro.

.

2.3: Uma amiga como herança.

Para quem acha que a ala de um setor de saúde mental é como nos filmes, coisa que eu também achava, vai se surpreender com o que tenho a dizer: talvez aquele lugar fosse especial, pois eu me sentia de volta à escola. Sessões de conversas com minha terapeuta durante a manhã, depois o horário do almoço. Durante a tarde, reuniões em grupo, mais sessões com o terapeuta... Tinha o horário de recreação também, uma pausa para descansar a mente, onde eu aproveitava para tomar sol e me lembrar de tudo o que estava acontecendo. As duas semanas seguintes foram ótimas, com Ida sempre vindo aos sábados me ver. Eu passava meus dias sonhando com Gaspar e em tudo o que tinha acontecido desde a minha infeliz escolha. As aulas ainda não começavam e eu já estava relendo o livro, ansiosa para conhecer meus professores

No terceiro sábado de visitas do segundo mês, Ida veio acompanhada e para minha surpresa, ela trouxe Sandrinha. Alguma coisa estava diferente. Nós duas sempre nos tratamos bem, mas era com Gaspar sua verdadeira amizade. Ele e Sandrinha sempre foram confidentes um do outro, por isso o meu ciúme. Eu confiava, pois ele nunca me deu motivos para duvidar. Nunca saiu sem mim ou me deixou sozinha para ficar com Sandrinha e seus amigos. Ele sempre me incluía em tudo e sempre tentou me aproximar de todos. Ida sabia que eu estava confusa, então explicou:

- Você perdeu um marido e eu um filho, ela perdeu um amigo, o melhor que ela tinha.

Eu jamais havia pensado daquela forma. Todas nós perdemos Gaspar, cada uma a seu modo. Senti uma enorme tristeza vindo dela e a abracei, me desarmando de qualquer sentimento do passado, disposta a nos dar um recomeço. Procuramos um lugar mais reservado para nos sentar e conversar, o hospital estava cheio de familiares naquele dia, todos visitando seus entes queridos em tratamento.

Sandrinha era alegre por natureza, sempre com uma história engraçada de Gaspar para contar:

- Teve uma época, acho que aos onze anos, que ele cismou que seria engraxate. Ele viu um documentário sobre crianças de rua e decidiu que iria ajudar da forma que ele pudesse.

Ida e eu acompanhávamos sem interromper. Ela continuou:

- Ele tinha acabado de perder o pai, e prometeu que iria dedicar a vida a ajudar os outros. O negócio foi tão mal, que o terceiro cliente acabou com a carreira dele ao destruir a caixa de feira que ele usava para guardar a graxa e as escovas.

Eu não tinha entendido:

- Mas por quê? Que homem ruim.

Sandrinha, mais rindo do que contando, quase não conseguiu concluir:

- Era o terceiro sapato marrom que ele passava graxa preta. - Ela gargalhava sem se importar com os outros.

Gaspar era assim, desligado para certas coisas. Acho que no fundo éramos iguais, ele e sua mãe entendiam a minha dor, pois tinham passado por coisa parecida. Ele sempre levava um retrato 3x4 do pai na carteira, dizia que era para nunca se esquecer.

Ouvir Sandrinha contar as histórias dos dois, o jeito carinhoso que ela se referia a ele, todo o amor fraternal, a saudade que também existia em mim, criava uma ligação especial entre nós duas. Vendo que eu e ela nos entendíamos, Ida saiu para conversar com Magnólia, saber o progresso do meu tratamento. Aproveitando a oportunidade, eu joguei verde:

- Eu sempre tive um ciúme enorme de você, sabia? Achava que você ia tomar Gaspar de mim a qualquer momento.

Sandrinha, no seu jeito descontraído, respondeu:

- Fala sério, Liz! Todo mundo sabe que da fruta que Gaspar gostava, eu chupo até o caroço. - Ela me olhava de forma maliciosa.

Eu insisti:

- Mas chovia homem interessado em você. Nunca quis experimentar?

Sandrinha começou a me olhar de forma safada:

- O sonho de todo homem é foder uma lésbica. Quem disse que eu nunca experimentei? Quando me dá vontade, eu experimento até hoje.

Eu fui direta:

- Você jura que nunca rolou nada com Gaspar?

Sandrinha parecia irritada com minha pergunta:

- Gaspar só tinha olhos para você, Liz. Eu e ele éramos irmãos, fomos criados juntos.

E depois fez uma confissão:

- Na verdade, nós falamos muito sobre você. Uma brincadeira só nossa. Quando vocês brigavam e ele vinha desabafar, eu o provocava: dá mole para você ver que eu roubo a Liz para mim.

Eu me senti envaidecida:

- Gaspar me disse uma vez. Eu estava com ciúmes, achando que você estava dando em cima dele. Ele disse que era pra mim que você olhava, não para ele.

Ela foi mais honesta do que eu esperava:

- Você é linda, Liz. Quando eu o provocava, sua resposta era sempre a mesma: por que roubar de mim? Você me conhece, sabe que eu dividiria com você.

Eu fiquei vermelha de vergonha na hora. "Ela está mesmo me cantando? Na cara dura assim?" Pensando, deixei escapar um sorriso. Sandrinha, me deixando curiosa, disse:

- Nossa ligação era outra, nossos caminhos sempre estiveram ligados.

"Opa! Será que Sandrinha também é espírita?" Pensei e resolvi perguntar:

- Desde sempre? Como assim?

Seu rosto se iluminou:

- Como espírita, eu acredito que cada encarnação é uma chance de fazer melhor. As pessoas que nos rodeiam, são de alguma forma parte de nós, seja em uma vida passada ou em uma vida futura.

Eu resolvi brincar, lembrando das palavras de Gaspar sobre Sandrinha:

- Mas você é uma safada, Sandrinha! Jamais imaginei que você fosse religiosa.

Achei que ela iria estressar comigo, mas ela me respondeu com muita calma. Na verdade, ela me deu uma aula:

- Eu sou sim, safada. Mas antes de tudo, eu sou uma liberal. Nós, espíritas, acreditamos em troca de energia e livre arbítrio.

Sandrinha estava se mostrando uma pessoa especial, uma herança deixada por Gaspar para me orientar e me ajudar a entender melhor as coisas. Ela continuou:

- O espiritismo não julga e muito menos impõe regras. Mas esclarece o que é melhor para nossa evolução espiritual. No mundo existem diferentes tipos de pessoas e cada uma está em seu grau de evolução. Por conta disso, cada missão encarnatória é de acordo com cada pessoa.

Eu ouvia com atenção, aprendendo, sem interromper:

- Logo não cabe a nós julgar ou apontar as imperfeições de ninguém. Muito menos ficar tentando imaginar o motivo delas tomarem certas atitudes em sua vida.

Aquilo estava sendo uma verdadeira aula. Ela continuou:

- Allan Kardec, que foi o codificador da nossa doutrina, nunca disse nada sobre fidelidade e relacionamentos abertos. Mas, de acordo com os estudos em cima de seus ensinamentos, tudo que é combinado não sai caro. As pessoas devem decidir como viver a sua vida e passarem pelas dificuldades que suas escolhas podem acarretar.

Eu tinha uma curiosidade:

- Você falou sobre energia, o que quis dizer?

Pacientemente, Sandrinha explicou:

- Quando a gente sai com diversos tipos de pessoas e temos relações sexuais com elas, adquirimos um pouco de suas energias. Então, é sempre bom estarmos equilibrados espiritualmente e com as nossas energias em ótimo estado.

Eu a olhava com admiração, feliz por conhecer aquele lado que ela estava me mostrando. Ela tinha mais a dizer:

- Quando uma pessoa decide ter um relacionamento aberto, tem que ser livre de ciúmes, apego, maduro e ter consciência dos níveis de energias que ele irá trazer para você depois de compartilhar com outra pessoa. A nossa energia sexual acaba não dependendo mais somente do parceiro e sim de todas as pessoas que os dois estão se relacionando. Pense comigo então: que baita responsabilidade, não é mesmo?

Eu apenas concordei com um movimento de cabeça, maravilhada por tudo o que ela disse. Ela concluiu:

- Vai de cada pessoa decidir o que ela quer passar e quais desafios enfrentar. Basta estar pronto para colher aquilo que plantou e receber as energias que buscar. Quando o casal opta por ser fiel, não tendo relações com outras pessoas é uma forma de abrir mão dos desejos sexuais. São sempre as escolhas, minha cara padawan.

Padawan foi demais para mim, Gaspar sempre me chamava assim. Dei o meu abraço mais apertado em Sandrinha, sentindo uma energia diferente entre nós duas, uma atração nova e muito gostosa, gratidão por finalmente me abrir para sua amizade. Gaspar continuava cuidando de mim, mesmo que por outras pessoas. Sandrinha se tornava tão importante para mim, quanto fora para ele.

Infelizmente, o horário de visitas havia terminado. Nos despedimos com um olhar cúmplice, um desejo de não nos separarmos. Eu precisava me recuperar logo, o desejo de voltar a viver começara a tomar conta de mim outra vez.

.

2.4: Um casal especial.

Depois de ler e reler aquele livro maravilhoso que me ensinou muito sobre a "nova vida" de Gaspar e da grande lição que Sandrinha me deu, eu estava ansiosa para as aulas prometidas por Ida e por Magnólia. Eu não entendia o porquê de estar demorando tanto. Já era a quarta semana de espera desde a promessa da minha terapeuta.

Na quarta-feira seguinte, tudo mudou. Recebi um aviso para encontrar com Magnólia em sua sala. Terminei de comer apressada e fui ao seu encontro. Dei duas batidas em sua porta e ouvi a sua voz:

- Pode entrar.

Ela não estava sentada em sua mesa, e sim em sua poltrona de trabalho. No sofá lateral de dois lugares, um casal muito bonito sorria para mim. Mais velhos, talvez na faixa dos trinta e alguma coisa, quarenta anos, no máximo. E muito atraentes. Magnólia pediu:

- Junte-se a nós, Liz. Como prometido, aqui estão os seus professores.

Os dois se levantaram para me receber e o homem, muito cheiroso, me dando dois beijinhos no rosto, se apresentou:

- Olá, Liz! Eu sou o Mark e essa é a minha esposa, Fernanda Mariana.

A esposa, linda e tão cheirosa quanto ele, também me cumprimentou com dois beijinhos e um abraço carinhoso:

- Para, seu bobo! Pode me chamar de Nanda, Liz. Só Nanda.

Continua…

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Comentários

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História boa com aprendizagem pra toda vida!

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Sempre temos que procurar o equilíbrio, sem julgar os outros.

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Lindo conto ansioso pelo próximo capítulo. Parabéns por abordar essa temática da espiritualidade, tbm acho que trocamos energia com todos aqueles que nós relacionamos das diversas formas nessa vida, as vezes energia boa que te leva para cima, outras vezes energia ruim que te faz sofre ou ficar para baixo.

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Nossa eu só consegui ler hoje, como o Max comentou realmente muito "Intenso", adorei, essa história esta me fazendo viajar em lembranças e ensinamento que eu tive durante minha infância e adolescência e agora adulto, que pude e continuo aprendendo muito aprender o que é o espiritismo e sobre toda força que nos move, na parte que ele fala sobre energias, é bem assim mesmo cada pessoa que nós nos relacionamos, acabamos por absorver um pouco de sua energia e também damos um pouco da nossa, normalmente são sempre coisas boas, mas infelizmente pode acontecer o contrario, mas vida que segue.

Parabéns meninas, simplesmente espetacular.

Grande beijo pra vcs.

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Parabéns,meninas,esta lindo este conto.

De coração,mil estrelas.

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Como disse já acreditei em um Deus e fui espírita também, já li muitas obras e já li violetas na janela, é um livro muito adolescente mas pra quem quer começar a ler livros espíritas é um bom começo.

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Brilhante e comovente. Parabéns a vocês.

Gostei da homenagem ao casal Mark e Nanda...

3 ⭐⭐⭐

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Excelente capitulo. Cheio de referências a varias obras. Inclusive Legiao Urbana ali bem dirfarçadamente no subtitulo.

Muito gostoso de se ler.

Adorei.

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Parabéns pela essa história cada dia melhor e com certeza vou começar a ler esse livro hoje

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O casal 20 entrou na história além Ida parabéns gente amei, em parte me lembra uma época na qual seguia o Kardecismo, época muito boa, nessa história de vocês hoje me remete ao momento difícil que estou passando nos últimos anos de minha vida mais é vida que segue tendo saúde e resto corremos atrás certo parabéns pessoal nota um trilhão.

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Mark, Nanda!?

Ihhh, conhecendo uma certa Nanda, prevejo confusão das grossas!!!

🤣🤣🤣

Brincadeira! Não resisti.

Nota 10!

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😂

Palhaço!

Estou cada vez mais curiosa com essa história. Chega a me dar coceira.

ES-PE-TA-CU-LAR!!!

Simplesmente ES-PE-TA-CU-LAR.

Parabéns.

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Nanda, coceira aonde ???

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🤣🤣🤣

Nem te conto!

Acho que vou até pedir ajuda pro Mozão. Eu não alcanço direito lá.

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Rsrsrs!!! Só você mesmo !!!

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Minha Nanda será um guia, um farol para a Liz. Minha Nanda é de depois do jornada de um casal ao liberal, ela já está em um estágio superior de evolução. (Puxei firme agora. Se tivesse, castrava.) 😂😂😂

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Vai dando corda, Jaque, depois eu que tenho que domar a fera aqui...

A Nanda, sendo a Nanda, já não é fácil, mas uma Nanda 2.0, então, carnal e espiritual... Nó!!!

🤯

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Eu acabo interagindo mais e recebendo os louros, mas tenho que lembrar que essa é uma historia original da Ellen, eu ajudo no desenvolvimento e na criação.

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Verdade!

Desculpem-me Ellen e Fernanda. Eu e a Nanda acabamos nos dirigindo mais a Jaque, mas realmente não foi por maldade.

Continuem o ótimo trabalho. Vocês têm um dom.

Beijos, respeitosos, a todas.

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