Muito além de uma simples traição 14.

Um conto erótico de Fernando, Savana e Clara
Categoria: Heterossexual
Contém 2404 palavras
Data: 18/11/2022 21:02:18
Última revisão: 18/11/2022 21:40:16

Depois de saciados, não tinha mais porque esperarmos e comigo já totalmente calma, Fernando ligou o notebook e conectou o dispositivo externo. A hora da verdade tinha chegado, e com ela, revelações bombásticas sobre as pessoas ao nosso redor, aqueles aos quais chamávamos de amigos.

Continuando:

Fernando:

Após aquele amor maravilhoso que fizemos e enquanto Clara foi se limpar, logo que saí do quarto e cheguei na sala, senti cheiro de queimado vindo da cozinha. Preocupado, já desliguei o forno e retirei o assado que ela preparava. Percebi que ela tentava fazer a receita de rosbife da minha mãe, o meu prato preferido. E fora o fundo da assadeira, queimado pela falta de caldo, o culpado daquele cheiro, a carne estava bem bonita, dourada. Eu comecei a rir e Clara, chateada, começou a chorar. Tentei acalmá-la:

- Que isso, amor? É só uma carne, acontece

O choro era forte, ela chegava a soluçar:

- Mas eu estava fazendo para você, é a sua preferida, peguei a receita com a sua mãe.

Tentei ser útil:

- Ainda é cedo, podemos pedir alguma coisa.

E só então, ao ver a tristeza em seu olhar, entendi o que estava acontecendo. Aquilo não tinha nada a ver com a carne, era a pressão pelo momento, o peso de tudo o que acontecia se tornando insuportável. A abracei forte, para que ela se sentisse protegida e disse:

- Ninguém vai me afastar de você, do Miguel e do nosso bebê que chegará em breve. Tudo isso vai passar, tenha fé.

Ela retribuiu o meu abraço, se apertando contra mim, como se nunca mais quisesse me largar. Pedi que ela sentasse e cortei a carne em fatias. Servi dois pratos com arroz e batatas e estava tão saborosa, macia e suculenta, que repeti algumas vezes. Já calma, satisfeita com meus elogios, Clara voltou a sorrir. Saciados, relaxamos um pouco no sofá, conversando amenidades, mas tanto a minha curiosidade, quanto a ansiedade dela, estavam para explodir, decidimos que era hora de encarar os problemas e ver o que tinha naquele pendrive.

Liguei o notebook e conectei o pequeno dispositivo. Primeiro, olhei bem para o que surgiu na tela. Eram dezenas de pastas, separadas por datas, conteúdo e pessoas. Eram vídeos, fotos, arquivos de áudio, ligações telefônicas… tinha de tudo, uma pesquisa completa, bem detalhada e com arquivos de textos feitos por Savana que explicavam as teorias e como tudo aquilo se relacionava. Estava tudo ali, toda a informação mastigada e não era preciso ser nenhum Einstein para entender o que aquilo significava. A cada vídeo, a cada áudio, a cada nova informação e descoberta, Clara parecia mais perdida, sem acreditar que tudo aquilo era verdade. Savana se cercou de todas as provas necessárias para mostrar a ela a mentira que ela viveu nos últimos anos. Foram quase cinco horas de vídeos, fotos, áudios, esquemas e manipulações. Clara estava esgotada, atônita, sem conseguir encontrar palavras para expressar o que sentia. Eu estava revoltado, com vontade de pegar o carro e ir atrás do responsável por aquele esquema sórdido, maquiavélico.

De repente, do nada, me veio uma ideia. Lembrei do convite do César para o próximo sábado, a festa tão especial que ele nos convidou. Eu nunca me senti tão vingativo na vida, com tanta vontade de expor e destruir as pessoas como eu estava me sentindo naquele momento. Clara sempre foi uma pessoa doce, companheira, fiel aos seus amigos, por que tanta raiva contra ela? Qual o motivo de todo aquele complô para tentar destruir a sua felicidade. Nem todos estavam envolvidos, ainda existiam pessoas verdadeiras naquele grupo, que a queriam bem e torciam por nós dois. E esses também eram alvos de quem não se conformava com a derrota.

Queimando de raiva, me virei para Clara e disse:

- Você confia em mim? Estamos juntos nessa e farei de tudo para proteger a nossa família. Eu tenho uma ideia, mas vou precisar da Savana ao nosso lado. Vai me deixar resolver isso?

Clara me olhava sem reação. O golpe foi duro para ela. Eu tentei de novo:

- Olha pra mim, Clara! Se você não reagir, não teremos chance. Eu preciso de você inteira ou jamais conseguiremos sair dessa cilada. Você está comigo?

Clara tentou voltar a si, mas ainda tinha um pouco de dificuldade para se expressar:

- Por que você precisa da Savana? Eu não sei se teremos chance contra eles. Depois de tudo o que vimos aqui…

Naquele momento, eu a interrompi. Não podia deixar que ela se colocasse em uma posição de inferioridade:

- Temos praticamente a semana inteira para nos preparar. Vou explicar o que eu pensei.

Contei detalhadamente a ideia que tive. Com todos os "amigos" presentes, mesmo que sendo uma atitude desesperada, poderíamos expor a verdade e alertar aos outros, aqueles que eram fiéis a nossa amizade. Savana tinha os meios para lidar com a parte mais difícil e com ela ao nosso lado, uma especialista nesse tipo de emboscada, nossas chances eram maiores. Entendendo tudo o que eu pretendia, Clara deu o sinal verde:

- Ok! Ligue para ela.

Clara se levantou e foi até o quarto, voltando logo em seguida e me entregando o telefone que Savana havia me dado mais cedo na empresa. Abri a agenda e só havia um único contato. Chamei e logo fui atendido. Coloquei no viva-voz:

- Fernando? - Savana parecia calma.

Clara logo tomou a frente, acho que tentando marcar o território:

- Por que devemos confiar em você? Mesmo com tudo o que você nos mostrou, como posso acreditar que sua intenção é realmente nos ajudar?

Pude ouvir o suspiro profundo de Savana do outro lado da linha:

- Olha, Clara! Não acho que depois de tudo o que você descobriu, você esteja pronta para a minha resposta.

Clara se alterou:

- Como eu posso confiar na sua boa intenção se você não me diz a verdade?

- Porque eu o amo e jamais deixaria qualquer pessoa nesse mundo machucá-lo. Eu sei que ele ama você e com isso, a sua infelicidade é motivo de sofrimento para ele.

Clara me olhou admirada, as palavras de Savana tiveram um efeito poderoso sobre ela. Por fim, ela sorriu, parecendo satisfeita com o que ouviu:

- Tudo bem, Savana! Vou confiar em vocês.

Sem que Clara e eu esperássemos, Savana completou:

- Sabe Clara, eu errei com Fernando, fui negligente, egoísta, mas ao seu lado, eu o vejo feliz de novo. Eu devo isso a ele, fazer tudo ao meu alcance para que vocês sejam felizes.

As palavras de Savana também me atingiram em cheio. Por mais que eu tivesse a certeza de que amava Clara e a nossa família em construção, meus sentimentos por ela ainda existiam.

A próxima surpresa veio de Clara:

- Fernando me contou um pouco dos seus problemas. Você tem certeza que nos ajudar não vai ser prejudicial a você? Não quero que você se coloque em um perigo desnecessário. Nossa segurança não pode ser a sua ruína.

Savana deu uma risada gostosa:

- Não pense que eu sou esse poço todo de altruísmo. Eu achei que era coincidência, mas é por causa de Fernando que nossos caminhos se cruzam. O problema de vocês acabou se encontrando com o meu. Resolvendo um, o outro fica mais fácil.

Clara começou a se sentir confiante:

- Onde você está? Por que não vêm aqui e conversamos pessoalmente? Ainda tenho dúvidas que só você pode esclarecer.

Pega de surpresa com o convite, Savana não sabia o que dizer:

- Mas está tarde, não quero incomodar. Você tem um filho pequeno e está grávida.

Eu ficava cada vez mais confuso com as atitudes de Clara. Ela disse:

- Por favor! Miguel não está aqui e sabendo que você está em perigo, eu vou ficar me sentindo angustiada, preocupada com você. Imagino o quão difícil deve estar sendo, um país estranho, sozinha… venha ficar com a gente, vou me sentir melhor assim. Concorda, amor?

Sinceramente, eu não fazia a mínima ideia do que dizer. Tudo aquilo era novo para mim. Eu sabia que Clara tinha o coração gigante, mas de onde saiu esse convite? Do nada ela se sentia amiga de Savana? Será que sua carência era tão grande assim? Eu realmente não sabia o que dizer. No impulso, concordei:

- Vamos conversar pessoalmente. Acho que Clara tem razão, Savana. Venha para cá e resolvemos juntos o que fazer.

.

Savana:

Nem nos meus sonhos mais loucos eu poderia imaginar uma situação como essa. Eu, Clara e Fernando formando uma coalizão. Eu queria ajudá-los, mas do meu jeito. Não juntos, e muito menos sobre o mesmo teto. Após concluir minha pesquisa, conhecer todas aquelas pessoas, eu não tinha mais nenhuma dúvida sobre Clara. Ela era do bem, uma pessoa de bom coração, realmente apaixonada pelo Fernando, e merecedora da família que eles estavam começando. Mesmo triste, eu era a única culpada de não estar ao lado dele. Clara era a melhor pessoa para cuidar dele e amá-lo. Acabei concordando:

- Ok, então! Tenho que resolver uma coisa antes, me certificar de que não os colocarei em perigo ao estar junto a vocês.

Fernando insistiu:

- Precisamos agir juntos, confiar uns nos outros. Só assim as coisas darão certo. Pode vir, Savana.

Clara concordou:

- Por favor! Depois de tudo o que Fernando me contou sobre você, nós estaremos mais seguros com a sua presença e você estará também mais segura junto com a gente.

Me senti acolhida. Só se Clara fosse uma grande atriz para não estar dizendo a verdade. Minha pesquisa sobre a sua vida me dizia que eu poderia confiar nela. Aceitei:

- Tá bom! Estou indo.

Trocamos mais algumas palavras, Fernando disse que ia liberar minha entrada na portaria e desligamos. Eu não tinha muita coisa e como vivia trocando de local, para me manter segura, sempre andava com o mínimo necessário. Se precisasse de algo, com minhas habilidades, eu daria um jeito de conseguir. Dinheiro, roupas, disfarce, comida… eu não tinha problemas em me virar.

Antes de abandonar de vez o local atual, liguei para o meu contato da Interpol, um agente disfarçado na Polícia Federal brasileira, o homem que me dava o suporte necessário aqui no Brasil e contei os próximos passos. Trabalhamos juntos no passado e ele também tinha dívidas a acertar com meu antigo superior, o homem que traiu sua nação e conseguiu me fazer parecer culpada. Com ele deixei o dinheiro e trabalhávamos juntos para recuperar as provas da minha inocência. O meu fardo pessoal teria que esperar, pois eu precisava deixar Fernando e Clara em segurança antes de pensar em mim. As pessoas que me procuravam, acabaram se infiltrando na vida dos dois por causa das amizades de Clara. Antes de seguir em frente, eu precisava neutralizá-los, tirá-los do tabuleiro.

.

Clara:

Eu não sou uma pessoa do mal, o que não quer dizer que eu seja uma tonta, facilmente manipulável. As coisas que descobri naquele pendrive me deixaram horrorizadas. Descobrir que pessoas que contavam com a minha amizade estavam me usando apenas para benefício próprio, que eu se tivesse sido um pouco mais esperta, talvez até o meu passado pudesse ter sido diferente.

Após todas aquelas informações eu me sentia uma idiota. Comecei a pensar o que seria da minha vida se eu não tivesse reencontrado Fernando. Pessoas do mal queriam usar a ele e a mim para chegar até Savana. Eu jamais imaginei que uma pessoa tão próxima pudesse ser uma criminosa tão experiente, contando com o apoio de um dos meus amigos mais antigos.

"Como Diana conseguiu me enganar por tanto tempo? Agora eu entendia, foi sempre ela. A primeira a me oferecer drogas, junto com Lucas. Quando ela percebeu o interesse de César por mim, ela logo o atacou. Meus amigos? Logo ela deu um jeito de ser a cabeça de nosso grupo. César era apenas um disfarce, uma marionete para os seus planos. Quando me viciei, ela me levou para a prostituição, sem que eu soubesse que ela era uma das fornecedoras das drogas que eu usava. Minha dívida cresceu e eu tive que pagar com o meu corpo. Quando me ofereceu o site de camgirl, dizendo me salvar, seus lucros eram quatro vezes maiores do que o meu, a estrela do show. Tudo para me manter em rédea curta." Meus pensamentos começavam a me mostrar a realidade.

"E Glauco? Como ninguém nunca soube que os dois eram parentes? Um policial corrupto colocado em sua posição pelo crime organizado. Bárbara e ele estavam juntos desde sempre, como a própria namorada não sabia disso? Como ele conseguiu enganá-la e principalmente, como ele conseguiu enganar o Mariano, seu melhor amigo desde a escola? Quando Fernando voltou ao Brasil, trazendo Savana junto, as pessoas que queriam calá-la logo chegaram até Glauco. Em se tratando de perversidade, Diana e Glauco são a dupla perfeita e nós, os trouxas que caem na sua rede de mentiras e maldade." Minha cabeça começou a doer, eu não conseguia encontrar forças para pensar em mais nada. Tudo aquilo estava muito além de uma simples traição, era doentio. Eu precisava ao menos esperar Savana chegar e entender melhor o que Fernando estava preparando. O cansaço e o desânimo começavam a me vencer.

.

Fernando:

Após desligar a ligação com Savana, Clara ficou amuada no sofá, com o olhar perdido. Ela tinha muita informação a processar e eu lhe dei espaço. Fui até o quarto de hóspedes e separei lençóis, fronhas e um edredom para Savana. O convite foi feito por Clara e eu iria mantê-la por perto. Estava realmente preocupado com sua segurança. Eu sabia também, que sendo uma dessas agentes que a gente vê nos filmes, Savana era nossa maior fonte de proteção. Mas não era só isso, eu também queria mantê-la protegida. Eu não me perdoaria se alguma coisa acontecesse com ela. Eu não estava pensando em safadeza, em ter duas mulheres a minha disposição, nada disso, meu futuro era com a mãe dos meus filhos, e eu jamais faria esse tipo de proposta a nenhuma das duas. Meus sentimentos por Savana ainda eram reais, mas o meu amor por Clara e por minha família, eram a coisa mais importante da minha vida.

Ouvi a campainha tocar e como já havia liberado a entrada de Savana, só poderia ser ela. Já tinha passado quase quarenta minutos que desligamos a ligação. Clara se levantou e veio ficar ao meu lado. Abri a porta e Savana parecia receosa, sem saber a recepção que teria, Clara apenas a abraçou, sendo retribuída de imediato.

Continua.

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Comentários

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Muito bem narrado e votado! ⭐⭐⭐💯

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De onde menos se espera vem a queda,não podemos confiar por mais amigos nos pareça, pessoas má são como cobra sempre pronta p dar o bote.

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Finalmente as tramas se desenrolam, mais foi sacanagem não mostrar em detalhes oq tinha no pen drive kkk agora eu esperava q teria outra reviravolta, tava achando q o vilão era o Cesar na vdd kkkkk

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Diana eu ja desconfiava, e o Glauco eu estava com pé atrás, mas depois de um tempo achei que era do bem. Me enganei, mas agora faz total sentido.

Otimo Naughtydog. Seu conto está muito bom.

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Posso ser um pouco devagar mas não entendi nada, o que diabos tem nesse pen drive, tudo que entendi é um trafico de drogas e mais nada ou tem mais coisa que o Sr não nos revelou?

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Calma! Dei indícios do que tem no pendrive, não revelei ainda.

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Naughtydog nota mil pro seu conto, quem diria dessa reviravolta toda. Diana e Claugo era esses dois mau caráter. Como fala um antigo leitor você não merece palma merece Tocantins toda

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Um excelente conto pena que foi curto

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O que importa do conteúdo, não o tamanho. Se você gostou, me sinto satisfeito.

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Gente … que suspense !!!! O coração foi parar na garganta

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Sabe o que é o chato nessas coisas? É que as melhores partes não são contadas!

O cerco está se fechando e os culpados vão ter o que merecem!

Excelente Naughty!

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O conteúdo do pendrive será mostrado sim, na hora certa.

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Hum hum! Bom saber disso, já estava parecendo novela da globo onde as partes importantes e interessantes não eram contadas!

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So um spoiler:

O pendrive será usado no plano do Fernando.

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Kkkk esse spoiler aí tá meio que implícito já que ele pretende usar o pendrive na festa!

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Mas ele disse isso no texto, está lá na ideia dele. Isso não foi spoiler. 😂😂

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Tá vendo o spoiler que esse "bonito" deu?

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Será que o Bukowski e eu vamos acertar? Tô achando.

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Perguntem ao fer.pratti, ele costuma ser o vidente.

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