As grandes lições do amor. Parte 3.

Um conto erótico de Max Al-Harbi
Categoria: Heterossexual
Contém 4909 palavras
Data: 16/10/2022 13:55:47
Última revisão: 12/07/2023 21:39:19

À partir daquela descoberta, de que eu era rico, achei que Bela mudaria completamente. Pensava que ela ia aproveitar para tentar tirar alguma vantagem de mim. Já desconfiando, entrei no carro.

Continuando…

Parte 3: É cedo, ou tarde demais para dizer adeus

Num ato de cavalheirismo involuntário, coisa que eu sempre faço normalmente devido à boa educação recebida, abri a porta do carona para Bela entrar e vi seus lindos olhinhos cor de avelã brilharem. Ela disse:

- Nossa! É a primeira vez que um homem abre a porta do carro para mim. Gostei disso.

Eu achei divertido seu jeito, mesmo sem entender o simbolismo do meu gesto para ela:

- Você é uma linda dama, merece ser mimada de vez em quando.

Ela me olhou curiosa e demonstrando uma alegria genuína, me deu um beijo carinhoso no rosto, dizendo:

- Posso me acostumar a isso.

Fiz um movimento de reverência, indicando que ela entrasse e fechei a porta, dando a volta no carro e entrando também. Seu olhar esquadrinhou todo o interior do veículo, muito admirada pela tecnologia. Bela se ajeitava no banco de couro italiano, se esfregando como uma gatinha em sua almofada nova. Sem que eu esperasse, ela disse:

- Se eu fosse puta de luxo, seria assim a minha vida? Você acha que eu tenho os atributos necessários?

Desprevenido, comecei a reparar melhor em Bela. Ela era muito bonita, acima da média das profissionais de sua idade. Falava muito bem e por isso, deve ter tido uma educação de qualidade, diferente de suas colegas profissionais. Seu jeito de se portar não era de uma moça sem instrução familiar. Tudo nela levava a crer que era de família de classe média alta, o que me intrigou. Precisei perguntar:

- Você faz isso de ser puta por gosto ou necessidade?

Senti que ela ficou tensa. Devo ter tocado em um ponto sensível. Ela me olhou de forma triste, pensando nas palavras que queria dizer. Eu achei melhor não insistir, dando tempo e espaço a ela. Por fim, sem dizer nada, ela saiu do carro, me deixando sem entender.

Ao invés de se afastar, ela ficou andando de um lado para o outro, me deixando ainda mais confuso. Sem saber como agir, eu também saí do carro e andei até ela, tentando acalmá-la:

- Não precisa falar nada. Você mal me conhece, não tem nenhuma obrigação comigo.

Insensível e sem pensar direito, fiz a pior coisa que poderia ter feito. Tirei duas notas de cem da carteira e ofereci a ela:

- Toma! Pelo menos, você não perdeu o seu tempo comigo.

Bela me encarou furiosa dando um tapa forte na minha mão:

- Idiota! Quem você pensa que eu sou?

Em seguida ela se afastou e subiu as escadas do prédio pisando duro. Só então eu me dei conta do quão estúpido e babaca eu tinha sido. Até pensei em ir atrás dela e me desculpar, mas um rapaz muito forte se aproximou e mandou eu sair dali. Imaginei que deveria ser alguma espécie de segurança das meninas e entrei rapidamente no meu carro, dei a partida e acelerei, me sentindo muito mal e me afastei dali.

A verdade é que eu tinha gostado muito de conversar com Bela. Ela me lembrava muito de Natasha e eu não podia deixar aquela situação terminar da forma que foi. Precisava ser mais digno e voltar, me desculpar e tentar compensá-la de alguma forma.

Resolvi esperar um pouco. Fui até a um shopping e comprei um novo celular. Passei o e-mail principal e enquanto o atendente organizava o aparelho e restaurava os backups da nuvem, comi um lanche rápido em um fast food tradicional. O aparelho me foi entregue já totalmente operacional. Assim que acessei os aplicativos, a enxurrada de mensagens começou a chegar. Meu pai, minha mãe, Jane, Márcio, Milla e principalmente, Duda.

De saco cheio de todos se meterem na minha vida, resolvi ouvir os áudios. O primeiro foi do meu pai:

"Seu moleque irresponsável! Que merda é essa de passar dias fora do escritório? Tem certeza de que as coisas vão ser assim? Estou pensando seriamente em tomar o controle da sua construtora. Me ligue, estou falando sério. É o meu nome que está na fachada daquele prédio e ele merece respeito."

Resolvi ignorá-lo. Primeiro, porque ele tinha razão e segundo, ele realmente era capaz de fazer o que disse. Eu precisava separar as coisas e voltar ao trabalho.

Em seguida, ouvi a mensagem da minha mãe:

"Filho, o que está acontecendo? Acabei de falar com a Duda e ela disse que também não tem notícias suas há dias. Estou preocupada, não se faz isso com a própria mãe."

Pelo jeito, minha mãe apenas queria saber de mim, uma coisa bem normal. Na sequência, ouvi o áudio do Márcio:

"Na primeira chance você me deu um perdido. Não sei se dou risada ou se te mando tomar no cu. Milla está preocupada, fale com ela pelo menos. Não vou ficar andando atrás de você, pois já está bem grandinho. Pare de fugir e comece a resolver os seus problemas. Passo em sua casa à noite."

Do Márcio, eu já imaginava que seria assim mesmo, mas pensei bastante em Milla. Ela sempre foi uma grande amiga, trazendo lucidez e estabilidade na minha relação com Duda. Abrindo os meus olhos e me fazendo enxergar as coisas com clareza. Sua ajuda era sempre imparcial, sem escolher lados. Isso até que Duda começou a mudar. Resolvi ouvir logo o áudio de Milla:

"Poxa, amigo! É sério que você sumiu de novo? Estou aflita e preocupada com você. Márcio também. Ele pode parecer uma rocha, mas por dentro também está sofrendo. Vocês são irmãos e nós estamos aqui por você, nos deixe ajudar. Você não está sozinho. Me ligue, por favor!"

Milla sendo Milla. Eu não sei se existe uma pessoa mais confiável e amiga no mundo. O que eu sei, é que minha vida não seria a mesma sem Márcio e ela ao meu lado.

Mas como seria a minha vida sem a Duda ao meu lado? Essa era uma pergunta que cada vez mais invadia os meus pensamentos. Mesmo muito ferido, resolvi ouvir uma das mensagens que ela tinha mandado. A última para ser mais exato:

"Que palhaçada é essa, Dominique? Sumiu. Não me responde, mandou o porteiro dizer que não está em casa… vou facilitar as coisas para você, vai tomar no cu! Está achando que eu sou palhaça? Me pede em casamento e depois não fala mais comigo? Chega, deu para mim. Vai se foder!"

Para quem imaginava uma mensagem melosa, cheia de pedidos de desculpas, aquilo me deixou completamente irritado. “Que filha da puta! Ainda quer sair por cima.”

Em um momento de lucidez, lembrei que eu nunca tinha falado para Duda sobre suas traições. Assim que recebera os áudios, me isolei do mundo e simplesmente me tranquei em casa, não atendendo e nem recebendo mais ninguém. Do jeito que as coisas estavam, além de corno, eu ainda estava sendo visto como o babaca da situação. Apenas Márcio e Milla sabiam de tudo. E agora o Kaique também. Será que ele já tinha falado com a Duda?

O áudio dela era de momentos após eu ter destruído o celular no escritório. Já faziam horas desde o ocorrido.

Ainda eram três horas da tarde e eu decidi voltar ao escritório. Não foi um trajeto demorado. Em poucos minutos estava lá. Ao me ver entrar, Jane veio rápida:

- Me desculpe pelo que vou dizer, mas como alguém que o viu nascer, cuidou de você e também foi uma das responsáveis por sua educação…

Sem mais, eu a interrompi. Coloquei as mãos em seus ombros para acalmá-la e disse:

- Você tem razão! Eu estou sendo um moleque mimado e irresponsável. Saiba que eu vou melhorar. Nunca se desculpe por ser honesta comigo, você tem esse direito adquirido. Você é família para mim.

Sem lhe dar tempo, eu a abracei e pedi desculpas novamente. Jane sorriu para mim, reconhecendo outra vez o garoto que ela praticamente criou. Eu disse:

- Vamos trabalhar, já perdemos tempo demais. Chame o João, preciso falar com ele.

João, marido de Jane, era o faz tudo da empresa. Dedicado e confiável. Quinze minutos depois, ele entrou em minha sala curioso:

- O que foi, patrão? Precisa do quê?

Eu fui direto:

- Preciso de um novo homem de confiança e você é esse cara. Preciso que você fique por dentro de todos os nossos projetos, pois a partir de segunda, vamos voltar a visitar as obras.

João, um competente mestre de obras, me olhou intrigado:

- Mas, e o Kaique?

Irritado, eu respondi:

- Kaique não trabalha mais aqui.

Aproveitando o espanto no rosto de Jane, eu pedi:

- Diga ao RH para cuidar de tudo, eu mesmo quero fazer o acerto dele. Me avise assim que estiver pronto. E marque reuniões para segunda, na parte da tarde, assim que voltar das obras com o João, vou falar com os nossos clientes e me desculpar.

Os dois me olharam satisfeitos. Jane também com orgulho. Eu começara a entrar no último estágio do luto: aceitação. E foi esse, o exato momento em que uma ideia covarde me passou pela cabeça: deixar as coisas como estavam, aceitar o término de Duda por mensagem e seguir a minha vida. Quem sabe, assim eu seguiria em frente? Duda é uma pessoa muito orgulhosa e tenho certeza de que ela estava esperando que eu corresse atrás. Essa decisão deixaria Márcio e Milla contentes também. Um término simples, sem brigas e fofocas. Duda ia viver a vida dela e eu a minha. Era o melhor que poderia acontecer. Pelo menos, assim eu pensava.

Mandei mensagem para o meu casal de amigos e tanto o Márcio, quanto a Milla, aceitaram o meu convite para jantar. Marquei para as sete da noite, pois assim, teria tempo para me desculpar com Bela e mudar a imagem ruim que eu deixei. Eu poderia simplesmente ignorá-la e seguir em frente, mas se assim fizesse, eu não conseguiria me sentir bem. Magoar uma pessoa que tinha sido tão carinhosa, era criar um carma negativo. Bela merecia um pedido de desculpa honesto.

Trabalhei até às cinco da tarde e saí do escritório já me sentindo um pouco melhor. Tive a sensação de que alguém me observava, mas não consegui identificar nada de anormal. O estacionamento estava vazio. Apenas os carros da empresa permaneciam em suas vagas habituais. Enquanto dirigia para casa, liguei no meu restaurante favorito e encomendei comida para ser entregue no horário marcado com Márcio e Milla.

Continuei o meu caminho pensando em como a minha vida havia mudado. Duda não saía dos meus pensamentos, mas eu não podia fraquejar. Milhões de lembranças passavam por minha cabeça, e eu comecei a buscar na memória detalhes do nosso relacionamento. Coisas estranhas que eu sempre deixei passar batido para não começar uma briga com Duda.

A primeira coisa que lembrei, foi que naqueles quatro anos de relacionamento, Duda sempre fora muito independente. Não nos víamos todos os dias e nunca houve, entre nós, um pedido de namoro formal. Apenas fomos ficando e seguindo em frente. Por causa do trabalho e da faculdade, sempre ficávamos juntos apenas aos finais de semana. Raramente nos víamos nos dias úteis. Isso só acontecia quando tínhamos algum evento, como aniversários de amigos, ou recepções de trabalho que eu a chamava para me acompanhar.

Pensando bem, Duda tinha total liberdade para fazer o que bem entendesse e eu nunca a cobrei por coisa alguma. Nossas brigas eram sempre motivadas pelo meu ciúme, pois ela dificilmente falava sobre a sua semana. Quando eu perguntava, era sempre a mesma resposta vaga:

- Ah, você sabe… trabalhei, fui para a faculdade à noite… tomei uma cervejinha com os colegas de classe uma vez ou outra…

Quando estamos felizes e nos sentindo realizados, acabamos não percebendo o quanto as coisas simples acabam não importando. Para ser completamente honesto, eu sabia muito pouco sobre a vida e o trabalho de Duda. Ela fazia faculdade de administração e estava no último ano. Trabalhava no departamento comercial de uma metalúrgica e morava em um bairro muito simples. Até na sua casa, eu tinha ido poucas vezes durante esses quatro anos. Ela sempre me esperava do lado de fora e fazia questão que a gente saísse rapidamente.

Como Duda me completava de uma forma plena, eu acabava me satisfazendo com as migalhas de informação que ela me dava, de forma calculada, já desviando o assunto da sua vida. Ela sempre procurava um assunto que eu gostava, de forma a me manter interessado e não voltar a fazer as perguntas de sempre. Pensando com calma, aquilo começou a me parecer uma séria ocultação de informação. O que será que ela tinha a esconder?

Cheguei ao meu prédio e entrei rapidamente, ainda com aquela sensação de que estava sendo vigiado, mas sem conseguir encontrar motivos para tal suspeita. Subi para o meu apartamento e tomei um banho demorado, ainda com a cabeça cheia de dúvidas e tentando afastar aqueles pensamentos ruins. Me vesti e fiz alguns pedidos de desculpas mais formais a alguns clientes por e-mail. Duda dividia espaço na minha cabeça com Bela e Natasha. Duda por amor, Bela por remorso ao ter sido um canalha e Natasha, por curiosidade de saber como ela estaria hoje.

Perto da hora combinada, pedi bebidas por um aplicativo e elas não demoraram a chegar. Enquanto descia para buscá-las, tudo pareceu sincronizar perfeitamente. As bebidas chegaram, também a comida e em seguida o casal de amigos, estava tudo ali. Márcio me ajudou a subir com as sacolas.

Foi um jantar agradável. Eu fiz um esforço tremendo para mostrar ao Márcio e à Milla que eu estava no processo de cura, mas tenho a certeza de que não convenci nenhum dos dois. Contei a eles o encontro com a Brenda, agora Doutora Samara, o encontro com Bela e a minha mancada calhorda, e falei sobre o número de Natasha. Milla, furiosa, me repreendeu de forma veemente, praticamente ordenando que eu fosse me desculpar. Assim que contei os meus planos de tentar encontrar com Bela após o jantar, ela se acalmou.

Foram quase três horas de boa conversa e um esforço tremendo da minha parte para não desmoronar. Por mais que eu tentasse transmitir a imagem de uma recuperação milagrosa, meus amigos não forçaram a barra, me deixando acreditar no cenário precário que eu tinha criado para me proteger. Milla foi a primeira a me trazer à realidade:

- Não é vergonha sofrer, amigo! Você só não pode se entregar. Não fique sozinho, não deixe os pensamentos ruins dominarem. Se precisar, nos chame. Você já nos afastou por um ano. Estamos aqui por você.

Márcio foi mais debochado e malicioso:

- Aproveite que vai pedir desculpas para a tal da Bela e comece a aproveitar. Já que a traidora terminou com você, aproveite essa liberdade. Um sexo sem compromisso pode lhe fazer bem. Você mesmo disse que ela é bonita. Vai ser feliz.

Milla não aprovou:

- Deixa de ser idiota, Márcio! Nique precisa ter uma conversa verdadeira com a Duda. Não se resolve os problemas dessa forma. Ninguém deixa de gostar da noite para o dia.

Ela se virou séria para mim:

- Vá conversar com a Duda. Você não fez nada de errado, é ela que deve explicações. Não deixe essa mágoa crescer dentro de você. Isso irá consumi-lo.

Eu entendia as intenções da Milla, mas eu ainda não estava pronto para confrontar Duda. A raiva que eu sentia, era proporcional ao quanto eu a amava. Eu não sei se teria forças para resistir aos seus encantos. Enquanto me despedia dos meus amigos, senti o celular vibrar. Os dois se foram e eu só conseguia pensar em Bela e no quanto eu precisava encontrá-la e pedir desculpas.

Escovei os dentes, calcei um tênis confortável, passei um perfume, peguei as chaves do carro e desci. Ao pegar o celular para ver as horas, vi a notificação de mensagem na tela do celular. O segundo amante da Duda, outro falso amigo, tentava contato. David disse:

"Estive com a Duda hoje e ela disse que vocês terminaram. Na verdade, ela disse que você sumiu logo após pedi-la em casamento. O que está acontecendo, cara? Estou aqui no bilhar, se quiser conversar, apareça."

Novamente a raiva tomava conta de mim. Busquei as mensagens de Márcio e reli a conversa entre Duda e David:

David: "Caralho, mulher! Você acabou comigo ontem à noite. Estou com a piroca esfolada.

Duda: Para de graça, você bem que gostou.

David: Lógico que eu gostei, mas não acho que a gente deve repetir. O Nique é um cara bacana e não merece isso.

Duda: Vai tomar no cu! Se o Nique quisesse exclusividade, já teria pedido e colocado um anel no meu dedo.

David: Para de graça você. Pelo que eu sei, vocês estão juntos há um tempão.

Duda: Babaca! Cortou o clima."

Aquela foi a mensagem que mais me fez pensar. Será que Duda achava que nós não tínhamos nada sério? Mesmo assim, era impossível alguém usar essa desculpa tão esfarrapada. Quem pede alguém em namoro hoje em dia? Que coisa ultrapassada. A gente pede em casamento, mas é claro que éramos namorados. Isso estava implícito. Estávamos juntos há quatro anos, não quatro meses ou quatro dias. Só uma louca para dar uma desculpa daquela.

Eu já estava de saco cheio de ficar inventando desculpas para o comportamento da Duda, o que eu precisava mesmo, era me desculpar com a Bela. Liguei o carro e fui saindo do prédio, mal saí do estacionamento e um outro carro entrou com tudo na minha frente, barricando a saída do estacionamento. Se eu não estivesse tão devagar e nem tivesse freado tão bruscamente, uma coisa mais grave poderia ter acontecido.

Saí do carro revoltado e sem prestar muita atenção, levando um enorme susto ao reconhecer o C4 de Duda, que também saia do carro, vindo ao meu encontro aos berros:

- Que porra está acontecendo com você? Me pede em noivado na terça e some nos dias seguintes. Está achando que eu sou o que? Se arrependeu e não teve ao menos a hombridade de falar na minha cara? Que raiva de você, Dominique!

Eu realmente não estava preparado para Duda. Em uma atitude fraca, eu apenas disse:

- Por favor, tire o seu carro. Está tampando a entrada e a saída do prédio.

Duda ficou furiosa:

- Vai tomar no cu, seu babaca! Eu quero mais é que você e esse prédio se fodam. É só isso que você tem a me dizer?

Os porteiros saíram e alguns moradores, poucos, começaram a assistir a cena. Alguns já com os celulares gravando. Minha vontade era pegar a Duda pelos cabelos e enchê-la de porradas, mas eu jamais levantaria a mão para uma mulher. Duda continuou o show:

- Você sumiu, não atendeu o telefone, não respondeu as mensagens, proibiu minha entrada no prédio… eu só saio daqui após você me dar uma explicação. - Duda se encostou em seu carro com os braços cruzados e bufando.

Eu, muito envergonhado, tentei falar baixo e resolver a situação:

- Vamos subir! Ninguém precisa saber da nossa vida.

Duda me olhou brava, mas com ar de vitória. Eu fiz sinal para a portaria, liberando sua entrada. Voltei de ré mesmo e Duda veio colada no meu carro. Subimos sem trocar uma palavra sequer no elevador e entramos em meu apartamento. Respirando de forma pesada, Duda foi até a cozinha e pegou um copo d'água. Ao olhar a louça suja na pia, já foi falando:

- Pelo jeito, a noite estava boa. Quem estava aqui com você? Que palhaçada é essa?

Sem me dar tempo de responder, ela passou por mim igual uma flecha em direção ao quarto. Ao ver minha cama desarrumada, voltou a ficar nervosa:

- Quem estava aqui, Nique? Você é todo certinho, sua cama jamais estaria assim até essa hora.

Duda se jogou para cima de mim, dando socos em meu peito e exigindo uma explicação:

- Seu filho da puta! Você está me traindo? Quem é a vagabunda? Eu vou matar você, Dominique!

Cansado daquele show, segurei firme em seus braços e a empurrei forte, fazendo ela se sentar na cama:

- Sua piranha! A única vagabunda aqui é você. Até quando você achou que iria me trair e eu não ia descobrir?

Duda me olhava sem entender nada. Eu continuei:

- Eu já sei de tudo. Seu caso com Kaique, com David e até com aquele babaca do Cláudio, seu primo.

Me olhando ainda com mais raiva, Duda não deu o braço a torcer:

- Você está ficando maluco? De onde você tirou uma coisa dessa? Desde que começamos a ficar de forma séria, eu jamais estive com outro homem. A última vez que fiquei com alguém além de você, foi há mais de um ano atrás. Quem está colocando essas ideias na sua cabeça?

Eu explodi de vez:

- Um ano atrás, sua filha da puta? Estamos juntos há quatro anos. Que conta é essa que você faz? Você só pode estar de brincadeira.

Duda sentiu o baque. De cabeça baixa, sua mente parecia trabalhar de forma frenética, buscando respostas. Eu também me sentei, estava esgotado e sem vontade de brigar mais.

Retirei o celular do bolso e mandei para ela as mensagens, sem dizer quem tinha me enviado:

- Pronto! Aí estão as provas. Vai negar, dizer que isso não aconteceu? Qual vai ser sua desculpa?

Duda olhou seu celular com a testa franzida, intrigada. À medida que ela via sua expressão ia mudando. Mesmo contrariada, sua atitude me pegou desprevenido:

- Não vou negar. Essas mensagens são reais. Mas eu realmente não entendia o que você queria comigo. Confesso que por todo esse tempo, achei que eu era apenas uma diversão para você. Mal nos víamos, você só estava disponível aos fins de semana. Só me chamava quando era interessante.

Eu ouvia suas palavras indignado. Ela continuou:

- Eu só tive o melhor de você há cerca de um ano. Passamos a ficar mais tempo juntos. Você não me deixava ir embora aos domingos, começou a me chamar de amor, me dava mais atenção do que dava aos outros. Tinha mais tempo para mim e me incluía nos seus planos.

Eu a encarava sem acreditar:

- Você só pode estar de brincadeira. Eu sempre fui louco por você.

Duda se levantou, ajeitou o vestido, arrumou os cabelos e me olhou com lágrimas nos olhos:

- Eu nunca traí você. Eu, na época dessas mensagens, não me sentia sua namorada e você não me tratava como tal. Eu sempre fui uma pessoa sexual. Gosto de fazer sexo, me sinto mal quando fico sem gozar, amo ter relações intensas. E você apenas me procurava aos finais de semana. Sinto muito se você se sente dessa maneira, mas minha consciência está tranquila. Dei o melhor de mim a você, sempre, e lamento por não ter sido o suficiente. Eu te amo, mas se é isso que você acha, o deixo livre para seguir em frente. Adeus, Nique!

Eu não conseguia acreditar em tamanha cara-de-pau. Nervoso, exigi uma explicação:

- Que história é essa de "não se achava minha namorada?" Você vai mesmo jogar essa conversa fiada para cima de mim? Já entendi, você não tem uma explicação razoável e resolveu tentar inverter a culpa?

Duda pareceu que tinha baixado um santo. Me olhando com raiva, ela disparou:

- Seu babaca! Quantas vezes eu pedi para você passar mais tempo comigo antes do último ano? Quantas vezes eu lhe disse que estava com saudade e você só pensava em si próprio? Quantas brigas nós tivemos porque você não queria me acompanhar em uma balada durante a semana e não aceitava que eu fosse sozinha? Quantos indícios eu dei do quanto eu queria ser apenas sua e você não se entregava completamente?

Duda não me dava tempo para responder:

- Eu fiz de tudo por você, aturei suas implicâncias quando qualquer homem se aproximava, certa de que você me faria sua. Esperei pacientemente até entender que não teria prioridade. Curti a minha vida sim, mas só até o ponto em que fui negligenciada. Assim que me senti sua namorada, que tive sua total atenção, isso apenas no último ano, me dediquei plenamente a você.

Eu estava pasmo, sem entender, mas sem poder discordar. Antes que eu me defendesse, ela deu o xeque mate:

- Repense toda a nossa relação e você verá que tenho razão. Seja honesto e lembre de tudo o que passamos, do quanto eu tentei no começo. Você só deu valor quando eu me distanciei.

Mesmo contrariada, Duda me deu um beijo carinhoso no rosto e saiu, me deixando ali, ainda mais confuso. "Como ela tinha conseguido inverter o jogo daquela forma? Por que eu começava a me sentir culpado? Pensei e não consegui encontrar uma resposta adequada. Lembrei das palavras de Milla: "Ela é uma especialista em manipulação. Seja inteligente dessa vez, não caia novamente no feitiço dela." Será que Duda era essa pessoa tão calculista? Muito do que ela dizia fazia sentido.

É incrível a capacidade que o nosso subconsciente tem de nos fazer lembrar de situações tão conflitantes. Coisas que eu me lembrava de uma forma, ganhavam um novo sentido após as palavras de Duda. Me lembrei de uma situação específica, uma noite gostosa que estávamos curtindo e que de repente, se transformou em caos:

"No nosso primeiro ano juntos, voltando de uma viagem muito agradável ao Nordeste, também a nossa primeira viagem juntos, após descansarmos e estarmos com as energias renovadas, acordei durante a tarde com um boquete magnífico de Duda. Sua boca era especialista na arte de chupar um caralho. Que boquete sensacional! Duda conseguia enfiar o cacete inteiro na boca e permanecer com ele no fundo da garganta por vários segundos, só tirando para recuperar o ar perdido. Toda vez que ela fazia aquilo, eu me sentia um felizardo por ter uma amante tão espetacular. Sua língua percorria toda a extensão da rola e me levava ao delírio. Eu não resistia:

- Caralho! Que boca é essa?

Duda não perdia tempo falando, apenas enfiava o cacete ainda mais fundo na boca e depois masturbava pela base, passando a língua na glande e me fazendo gozar em poucos minutos:

- Você acaba comigo assim. Ahhhhh…

Ela me encarava com seu olhar felino, de predadora, sem para de masturbar:

- Vai me dar leitinho? Vai gozar na boca da sua putinha?

Os jatos saíam certeiros. Na boca, no nariz, na boca novamente… o que ela não conseguia alcançar com a língua, ela limpava com o dedo e depois o lambia. Aquilo era extremamente excitante e me dava uma vontade enorme de retribuir. O tempo perfeito para eu me recuperar do orgasmo e novamente estar ereto. Eu partia para cima dela com um desejo incontrolável. Sugava seus seios, mordiscava os biquinhos, apalpava sua bunda e descia a boca em direção à sua xaninha. Duda já estava escorrendo de tão excitada. Com a mesma dedicação que ela engolia o meu esperma, eu buscava cada gota daquele mel que ela liberava, o suco de sua excitação me lambuzava o rosto e ela sempre me pedia um beijo com gosto de xoxota. Era quase um ritual: eu a chupava por alguns minutos e ela puxava minha cabeça e me beijava… repetíamos aquele movimento até que ela gozasse, se contorcendo toda em minha língua. O gozo a deixava ainda mais selvagem. Duda me atacava com o vigor renovado. Ela não precisava de tempo para se recuperar, me fazia deitar e subia em cima de mim, encaixando meu pau em sua boceta e começando uma cavalgada maravilhosa. Para cima e para baixo, usando as pernas para dar impulso. Para frente e para trás, se esfregando no pau quando as pernas cansavam… com o corpo colado ao meu, apenas batendo o quadril. E sempre gemendo manhosa:

- Adoro meter com você… ahhhhh… você me fode gostoso e nunca se cansa. Hummmm….

Ela mudava a posição e voltava a quicar na pica:

- Eu nunca gozo menos de três vezes antes de você gozar. Ahhhhhh…"

Aquele era justamente o momento que o meu cérebro queria que eu lembrasse:

"Duda começou a gemer mais alto, forçando os braços em meu peito. Sua boceta começava a ordenhar o meu pau, mastigando de forma ritmada e me fazendo controlar para não gozar antes dela. Sua musculatura emitia leves espasmos de prazer. Ela pediu:

- Eu quero passar mais tempo com você, uma coisa mais oficial. Eu amo muito você.

Duda deixou o corpo cair sobre o meu, me abraçando forte e fazendo juras de amor, enquanto gozava se tremendo inteira:

- Ahhhhh… eu quero você demais. Vamos ficar mais juntos… Aaahhhh…

Foi o primeiro orgasmo em que eu vi Duda relaxar de verdade. Se entregar completamente ao momento, e não parecer afoita por mais sexo. Eu disse:

- Eu também amo você. Podemos sim passar mais tempo juntos, eu também sinto falta. Mas é difícil durante a semana, com a nova construtora e tantas obrigações. Não sei se consigo estar tanto tempo ao seu lado. Sinto que esse é o momento em que preciso me dedicar ainda mais trabalho.

Ao me lembrar daquela cena, daquela situação, um gosto amargo de revolta me subiu à boca.

Continua…

A sequência dessa série estará em breve, na plataforma Scriv

Segue lá: https://scriv.com.br/max-al-harbi/

É PROIBIDO CÓPIA, REPRODUÇÃO OU QUALQUER USO DESTE CONTO SEM AUTORIZAÇÃO – DIREITOS RESERVADOS – PROIBIDA A REPRODUÇÃO EM OUTROS BLOGS OU SITES. PUBLICAÇÃO EXCLUSIVA NA CASA DOS CONTOS ERÓTICOS.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 108 estrelas.
Incentive Max Al-Harbi a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Foto de perfil de Max Al-Harbi

Então me poupa tempo, não sendo necessário continuar a escrever. Você já contou o final a todos. Obrigado por isso. Vou editar e colocar "Fim" ali no final do texto. Mais uma série concluída.

0 0
Foto de perfil de Id@

#SAUDADES !!!!!

0 0
Foto de perfil genérica

Realmente... Saudades das boas histórias, dos bons escritores.

Quem sabe eles não voltam?

Ou publicam no scriv...

0 0
Foto de perfil de Max Al-Harbi

Esse conto será terminado e postado como livro. Em breve informo como vocês poderão terminar de ler as minhas histórias, se assim o desejarem.

1 0
Foto de perfil genérica

Excelente Max! Esperei muito por uma continuação deste conto. Se tiver de ser dessa forma que seja! Aguardarei ansiosos as orientações!!

0 0
Foto de perfil genérica

Boa tarde grande Max quando você retorna a essa história ?

1 0
Foto de perfil genérica

Eu vim aqui pra perguntar a mesma coisa.

#VoltaMax!!! 🤣

0 0
Foto de perfil genérica

Muito bom, aguardo a continuação

0 0
Foto de perfil genérica

Bom, eu sei que virá mais contextos aos longos, mas os amigos já o avisaram, as provas já o evidenciaram.

Agora, o Nique parece o tipo de pessoa mimada que quer fugir da realidade e dos conflitos, mesmo com tudo desenhado mostrando o contrário. Se deixar, ele será enganado novamente.

Não há nada mais perigoso do que uma pessoa manipuladora. A Richtoffen está aí pra provar o ponto.

1 0
Foto de perfil genérica

Boa Noite, espero que esteja bem e quando vai retornar a publicação das sagas?

0 0
Foto de perfil de Ménage Literário

Ele está bem, sim. Ele está passando por algumas mudanças na vida profissional e sem tempo para escrever. O Max volta a postar na semana que vem. Obrigada pela preocupação.

2 0
Foto de perfil de Al-Bukowski

Nota 10 e 3 estrelas é pouco Max! Muito bom, adoro esse lance psicológico, e só por isso vou colocar alguma pimenta na discussão.

Ok que o início do relacionamento não poderia deixar dúvidas à Duda sobre como ele a encarava. Mas… e esse último ano, em ela tendo se mantido (?) fiel e realmente apaixonada, como se explica? Acho meio lugar comum dizer que foi por puro interesse, na expectativa de concretizar um casamento com um homem rico. Se ela fosse a típica traidora, não pararia de fazê-lo nesse último ano também, muito pelo contrário. Acho que revelações ainda virão pela frente.

0 0
Foto de perfil genérica

Concordo parcialmente. A passagem da boate, onde ele claramente a chamou de namorada e ela disse que não gostava de rótulos, deixa claro que ela não estava procurando uma relação regular com Nique. E ao que parece foi mesmo se divertir com os três coleguinhas em seguida. Existe um mistério nisso tudo, nos deixa realmente desorientados, e o Max está de parabéns pela trama. Também tem minha nota 10 e 3 estrelas.

2 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Max, repetir que vc é um excelente escritor, é chover no molhado. O conto está ótimo. Apenas um comentário para reflexão:

Independente dela realmente achar que não o traia e estar falando de coração que ama o namorado ou ele estar certo, uma coisa que minha mãe me ensinou é eu procuraro passar para os meus filhos é que "o respeito deve imperar na relação do casal".

Ou seja, pelo que tenho lido, essa moça não tem nenhum respeito pelo namorado. Não estou falando da traição, deixando de lado a infidelidade, a Duda vive faltando com respeito ao protagonista. Chama de babaca e etc...

Sinceramente, não consigo me ver preso a uma mulher que tem esse tipo de atitude. Enfim, vamos aguardar.

1 0
Foto de perfil genérica

É, como dizem, a melhor maneira para se enganar alguém, é contando a verdade.

A Duda realmente acredita na própria versão.

0 0
Foto de perfil genérica

Pelo que eu entendi das mensagens entre a Duda e os amantes dela todos sabiam que ela estava sim em uma relação estável com o Nick e mesmo assim estavam continuaram seus casos, ela como boa manipuladora está simplesmente distorcendo a verdade para manipular o Nick mais uma vez, e o bobão ainda está caindo nessa mesmo que momentaneamente, isso vai muito mais da personalidade tímida dele do que de amor verdadeiramente.

Agora o ponto que você tocou também é central e importante, ela nunca respeitou ele, por mais que de boa vontade acreditemos na versão dela que só se achava namorada do Nick a um ano, só o fato de levar um caso dela para o camarote que o Nick estava pagando e depois quando ele quis ir embora ela o abandonar já é uma tremenda falta de respeito, ainda continuar saindo com o outro após esse se tornar o braço direito do seu como ela diz ficante na empresa desse é um requinte de crueldade dela.

Mesmo, volto a dizer, acreditando nessa desculpa ridícula dela, quando estamos saindo com alguém, mesmo sem compromisso devemos respeitar essa pessoa na hora em que estamos juntos. Isso nunca ocorreu da parte dela.

1 0
Foto de perfil genérica

Cara Duda tem poder sobre Nick,só foi ela se aproximar e mudou tudo, agora Nick foi grosseiro com bela, tadinha fiquei com pena da garota,nem dinheiro compra tudo,vá lá e peça desculpas,não demore a escrever max

0 0
Foto de perfil genérica

Essa Duda foi treinada pelo “Don” (conto recente do Lael)🤔. 🔝 Max!!!

0 0
Foto de perfil genérica

E aquele acontecimento na boate? Precisaria ser esclarecdo por ela. Espero que esse asunto não passe batido nos demais capítulos

0 0
Foto de perfil genérica

Porra 3 anos achando q ta numa amizade colorida? gostaria de uma amizade colorida assim tbm, q a pessoa me leva para viajar, me da um carro de aniversario. Essa duda queria o que? q o cara mandasse um carro de telemensagem para fazer o pedido ? UAHUAHUAHUAHUA

1 0
Foto de perfil de Nanda do Mark

Uai!

Safadinha, hein!?

Afinal, o que são 3 anos de relacionamento sem um pedido formal, não é? É a mais longa amizade colorida que conheci.

Putz!

2 0
Foto de perfil genérica

Nanda, o que houve com o Mark?????? Vcs deletaram a página de vcs??????

0 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

caramba como ela conseguiu virar o jogo na cabeça dele... ele ficou em parafuso..putzzz ele já começou a pensar em ser o maior culpado de tudo...putz manipuladora demais...top demais meu amigo...acho que as minhas Amanda e Renata vão perder o posto pra Duda... esta bom demais...por favo manda logo a continuação...super ansioso aqui

0 0
Foto de perfil de Himerus

A Duda tem razão, afinal o que são quatro anos se vendo todo final de semana, viagens juntos e ganhar um carro de presente? Ela tem toda razão em dizer que não entendia o que ele queria, que não se sentia namorada... Faltou, talvez, uma declaração em cartório com firma reconhecida deixando claro seus sentimento.

2 0
Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível