UM VENEZUELANO NA MINHA VIDA - 10: A VIDA SE COMPLICA

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Homossexual
Contém 2266 palavras
Data: 15/09/2022 03:16:03

— Fala, Erick! — exclamou Celina com lágrimas nos olhos.

— Eu... eu...

— Você estava no dia que mataram o meu irmão. — deduziu Celina. — Por isso, você foi ao velório. Se aproximou de nós para investigar e...

— Não, Celina. Eu não me aproximei por interesse. — falou Erick em um tom apressado e desesperado. — Eu amo você. Celina, eu estou cansado de esconder. Eu puxei o gatilho e desferi o tiro que matou o teu irmão. — confessou Erick, sentando na cama e chorando. — Em todos os meus anos de policial, o José foi a primeira pessoa que eu matei.

— Erick. Diz que não é verdade, por favor. — Celina se aproximou de Erick e ficou em sua frente. — Diz para mim. Não é verdade. — chorando.

— No dia do sequestro, o Enzo estava no ônibus. O seu irmão tentou matá-lo. Eu não tive outra escolha, Celina. O Enzo é a minha única família.

— Eu quero ir para casa, Erick. — pediu Celina limpando as lágrimas e ficando em pé.

— Celina.

— Eu quero ir para casa. — falando de maneira enfática.

— Tudo bem, eu vou colocar uma roupa.

Infelizmente, uma verdade dolorosa ficará entre Celina e Erick. A tarde em Manaus parecia ter saído de um filme europeu. Noslen acordou e ficou observando Enzo dormir. Ele estava feliz. Nunca tinha sido tão feliz na vida, pelo menos, no que diz a respeito aos últimos quatro anos.

Em menos de um mês, o jovem venezuelano se entregou para Enzo. Será que era carência? Como será que eram os seus parceiros anteriores? Todos sabiam da homossexualidade dele? Milhares de perguntas pairavam na cabeça dela, mas não existia nenhum tipo de resposta.

De repente, Enzo se mexeu e acabou se aninhando no peito de Noslen, que sorriu e começou a acariciar os cabelos do crush. Dizem que um carinho vale mais do que mil palavras. Então, Noslen fez valer a pena cada segundo ao lado de Enzo.

Enquanto uns terminavam uma relação e outros aumentavam o grau de intimidade, algumas pessoas aproveitavam para transar. Ian e André viraram a noite transando. Na cabeça deles, aquela relação era apenas sexo e nenhum sentimento seria necessário.

O corpo de André criava uma reação química dentro de Ian. Ele, que sempre pensava com a razão, se desmontava todo ao lado do amigo de Enzo. No fim, quer dizer, depois do tesão, a culpa batia forte nos dois.

— A gente tem que parar com isso. — comentou Ian, enquanto vestia a calça.

— Verdade, mas lembra que você me convidou. Eu só segui o fluxo. — afirmou André, querendo colocar a culpa em Ian.

— Eu sei que sou gostoso, mas essa foi a última. — avisou Ian, arrumando os cabelos na frente do espelho. — Falando em última vez, recentemente, conversei com o Enzo. Ele abriu uma ONG na casa dele?

— Ah, o rapaz venezuelano? O nome dele é Noslen. Ele salvou a vida do Enzo, seu idiota. Não é caridade. — repreendeu André, vestindo a camiseta. — Bem, já que é a última vez, você poderia fazer a gentileza de me deixar em casa?

— Será um prazer.

As consequências são dolorosas, principalmente, quando afetam as pessoas que amamos. A vida de Erick não estava em um bom lugar. O jovem policial continuava se martirizando pela morte do irmão de Celina, ainda mais agora que a sua amada soube e quis terminar a relação.

Invés de ir para casa, Erick seguiu para um famoso prostíbulo de Manaus. Ele queria cessar toda dor do seu peito. Desde sempre, Erick usou a bebida para sanar os seus problemas, mas parou quando entrou para a academia de polícia.

Cachaça. Cerveja. Vodka. Gin. Por um bom tempo, Erick não encontrou um limite. Ele bebeu. Naquela tarde, a frase: "Liberdade ou solidão", faria completo sentido na vida dele.

— Solidão. — balbuciou Erick levantando e caindo no chão. — E humilhação.

***

Para de insistir, chega de se iludir

O que 'cê 'tá passando, eu já passei e eu sobrevivi

Se ele não te quer, supera

Se ele não te quer, supera

***

Com um copo de cerveja na mão e o coração partido, Celine também decidiu viver a sua fossa. Ela preferiu não contar para a mãe sobre a morte de seu irmão. No fundo, Celina amava Erick, mas, como esquecer algo tão grave?

A voz grave e impactante de Marília Mendonça coroou este momento tão delicado da moça. As letras tiravam lágrimas dos olhos de Celina. Qual seria a sua escolha: ser fiel à família ou seguir o coração? Eita.

— Se ele não te quer, supera! De mulher pra mulher, supera! — gritou Celina, que bebia sozinha no quarto.

O ombro de Noslen estava dolorido, porém, ele não queria que aquele momento acabasse. Em seus braços, dormia Enzo, que despertou e ficou feliz ao ver o venezuelano. As palavras não faziam sentido naquele momento. A troca de olhar. A respiração. A palpitação dos corações. Sim, aquela paixão só crescia e florescia.

— Bom dia. — Enzo desejou depois de um tempo admirando Noslen.

— Boa tarde. Já são 16h. — explicou Noslen rindo da reação de Enzo.

— Você deve estar morrendo de fome. Desculpa, eu sou fraco para bebida. — explicou Enzo, ainda colado em Noslen.

— Não se preocupe. Estou sem fome. Você é um espetáculo que vale a pena. — Noslen disse com um charme em sua fala.

Tudo bem. Nem só de amor se vive uma pessoa. Os pombinhos levantaram para preparar um "café/almoço/lanche". O ombro de Noslen já estava quase curado e facilitava o seu dia a dia.

Aproveitando a tarde chuvosa de Manaus, Noslen preparou bolinhos de chuva. Para acompanhar, Enzo passou um café, na realidade, o esforço foi mínimo, afinal a cafeteira fez todo o trabalho. O casal agia em sintonia. Noslen usava uma cueca box. Já Enzo uma toalha vermelha sem nada por baixo.

Animado, Noslen ligou o sistema de som da casa de Enzo e colocou uma música colombiana para tocar. Eles se esbarraram na cozinha, algumas vezes, propositalmente. Se tem uma coisa que Enzo não faz é dançar, mas a sedução de Noslen alcançou níveis inimagináveis. Em poucos minutos, os dois estavam dançando abraçadinhos.

Só que a paz foi abalada por uma ligação de Ian. O empresário queria passar algumas informações para Enzo. Na verdade, tudo fazia parte do plano dela para tirar o irmão de Erick da presidência da Tech Land. Após a ligação, Enzo ficou reflexivo o que chamou a atenção de Noslen.

— O que foi meu lindo (guapo)? — perguntou Noslen, sentando ao lado de Enzo e tocando em seu rosto.

— Não sei. Tudo tá tão bom, sabe. Tenho medo de que tudo desapareça de uma hora para outra. — revelou Enzo.

— Se tem uma coisa que eu aprendi nas últimas semanas é que não existe impossível para Enzo Gabriel.

— Bobo. E você vai aceitar a minha oferta? — questionou Enzo, retribuindo o carinho de Noslen.

— Eu não sei se eu devo.

— Qual é, Noslen. Você precisa aceitar. Vai poder ajudar seus amigos e ganhar um salário digno, quer dizer, não que o seu trabalho atual não seja. Então, por favor, cala a minha boca, antes que eu continue a falar merda e....

— Ei, Enzo. — tocando no rosto de Enzo e o beijando. — Tá tudo bem. Eu aceito. Isso vai te deixar mais tranquilo?

— Um pouquinho só. — Enzo aproveitou o momento e pulou em cima do venezuelano.

A contratação de Noslen movimentou a Tech Land. Em menos de três dias, o venezuelano foi admitido no setor de serviços gerais da empresa. A maioria dos funcionários o receberam de braços abertos. Nem é preciso dizer que as mentes maldosas espalharam a fofoca que Noslen conseguiu a vaga apenas por 'pegar' o chefe.

Ao saber da informação, Ian conversou com toda equipe administrativa da Tech Land. No seu discurso, ele pontuou todas as falhas de Enzo, principalmente, com os documentos alterados. Claro, que o mau caráter utilizou de todas as armas disponíveis como, por exemplo, as provas que juntou contra a diretoria do empreendimento.

A votação aconteceu de maneira silenciosa e uma ata foi descrita para que Ian D'ávila passasse a comandar a Tech Land. O coitado do Enzo estava alheio a tudo isso e trabalhava em um novo aplicativo para satisfazer os clientes da empresa.

Vez ou outra, ele encontrava com Noslen, que mostrou todo o seu potencial no trabalho. O venezuelano foi elogiado pela competência e zelo nos detalhes. Até Ian deu o braço a torcer e viu que o rapaz era esforçado em tudo o que fazia.

Em uma tarde nublada, Enzo recebeu um e-mail para comparecer à sala de reunião. Ele estranhou nenhum colega seu estar presente, apenas a diretoria técnica da Tech Land. Os membros da comissão começaram a falar sobre as faltas e questionaram o profissionalismo de Enzo, que buscou maneiras de se defender, mas ficou sem opções.

— Espera, eu criei essa empresa. Vocês não podem me demitir...

— Realmente, mas a partir do momento em que acionistas foram entrando, a Tech Land virou algo a mais, Enzo. Existem pessoas que dependem desta empresa. — explicou o seu Orestes, um dos conselheiros.

— E quem vai ficar no meu lugar?

— O Ian D'ávila. Ele vem se mostrando a opção mais viável. — seu Orestes pegou no ombro de Enzo. — Sinto muito, garoto. Os documentos mostram uma melhora de 200% nas arrecadações, fora que o Ian é mais desenrolado para falar com os clientes. E, Enzo, você não vai ser demitido. Apenas deixará o cargo de CEO.

— Isso mesmo, Enzo. — interveio outro conselheiro. — Você continua sendo vital para a Tech Land, só derrapou no quesito negócios. Infelizmente, o capitalismo fala mais alto. Lamento.

Nem precisa dizer que a notícia caiu como uma bomba. Feliz da vida, o Ian gravou um vídeo que circulou internamente. Ele falou sobre a mudança na gerência e prometeu mais melhorias para os funcionários. Sabe quem não gostou? Os amigos de Enzo. Eles se reuniram para correr atrás de algo que pudesse impedir essa troca.

— Eu sabia que o filho da puta estava aprontando algo. — esbravejou Kleber, sentando ao lado do namorado, Santino.

— Conversei com alguns advogados e esses trâmites empresariais são armadilhas ambulantes. Talvez o Ian já estivesse planejando isso. — disse Santino, que não tinha boas lembranças de Ian.

— Podemos fazer um motim! — exclamou Popi. — Precisamos protestar, o Ian não entende nada de tecnologia.

— Mas entende de manipulação, armações e humilhações. — destacou Santino, enquanto fazia carinho em Kleber, que continuava puto da vida e falou todos os palavrões possíveis.

— Precisamos bolar algo. Isso não vai ficar assim. — André saiu e deixou todos surpresos.

Noslen ficou feliz com o apoio que Enzo estava recebendo. Ele conversou bastante com Santino, que tinha um estúdio de pintura em sua casa. O venezuelano ficou encantado com os traços do namorado de Kleber. Eles passaram horas rabiscando e papeando, enquanto os seus parceiros pensavam em um plano para contra-atacar Ian.

Ao ver o papel em branco, Noslen pensou na mulher de seus sonhos e como se fosse algo natural fez um desenho. Os traços do venezuelano impressionaram Santino. É como se Noslen já tivesse feito algo parecido antes. Seria um talento escondido? A mulher dos sonhos do rapaz era linda. Seus olhos expressivos pareciam uma lembrança viva na mente dele.

— Noslen. Esse desenho é lindo. — Santino pegou o papel e analisou a obra. — Sério. Eu estou impressionado. — o espanhol de Santino não era um dos melhores, mas ele conseguia se comunicar com o venezuelano.

— Essa é a mulher dos meus sonhos, digo, a mulher que aparece nos meus sonhos. Tenho quase certeza que é a minha mãe. — ressaltou Noslen, que ficou com vergonha por ter sido elogiado.

— Quer saber. Na próxima semana, eu vou ter uma exposição com uns trabalhos meus. A minha amiga, Giovanna também vai expor. Você pode fazer alguns desenhos e participar. Eu sei que está em cima da hora, mas acho que pode valer a pena. — Santino o convidou.

— Você acha mesmo que eu levo jeito?

— Com certeza. — respondeu Santino, que andou até a sua mesa de projetos e separou alguns produtos. — Eu vou te dar uns materiais e você pode fazer com mais calma, que tal? A exposição acontece no dia 20, ou seja, sete dias para preparar quatro desenhos.

Realmente, o talento de Noslen chamou a atenção de todos. Por um minuto, o Enzo esqueceu de todos os seus problemas e sentiu orgulho do seu crush. Eles seguiram para casa e encontraram o Erick jogado no sofá. O policial ainda estava na 'bad' por ter sido dispensado pela Celina.

Do outro lado da cidade, outra pessoa também sofria e não conseguia fazer as coisas corriqueiras. A sua mãe estranhou e tentou aconselhá-la da melhor maneira, só que como Celina contaria para a matriarca que estava apaixonada pelo assassino do irmão?

— Mãe, o que a senhora acha da morte do Zé? Ainda está com raiva da polícia? — quis saber a moça, que esperou com atenção uma resposta da mãe.

— Filha, infelizmente, as nossas escolhas têm consequências. O José fez uma escolha. É difícil, mas eu deixei nas mãos de Deus. Se eu pudesse encontrar o policial, eu o abraçaria e o perdoaria. — garantiu a mulher.

— Entendi. — Celina abraçou a mãe e chorou. Mesmo sem entender, a Dona Maria acolheu a filha.

Ainda tocada com as palavras da mãe, a Celina foi para o quarto e colocou Paula Fernandes para tocar no último volume. Ela pensou bastante em uma forma de perdoar Erick, mas ficava com medo da reação de sua família.

— Espero não me arrepender. — discando o número de Erick. Não demorou muito e o rapaz atendeu. — Oi, Erick?

— Celina! — exclamou Erick. — Celina, por favor. Eu preciso falar com você. Eu preciso. Eu imploro. Por favor. Celina? Celina?

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Comentários

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Como eu previ, a verdade de Erick trouxe problemas para o relacionamento. Ainda bem que a mãe de Celina já se acalmou e perdoou o policial (Erick) sem nem mesmo saber quem é...

Noslen ainda vai nos surpreender muito até descobrir né os quem ele é na verdade, mas esse amor está cada vez mais lindo.

Demônio Ian ainda precisa ser cobrado de toda maldade que ele faz mas a bruxa Diana também precisa se danar por ser cúmplice do sete peles.

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Um amor não se joga fora(CelinaXErick) se até a mãe perdoaria.....

Amando o venezuelano.

Agora alguém tem que dar um jeito nesse tal de Ian, por favor.

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