AMOR DE PESO 3 - 11: OASIS

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 1857 palavras
Data: 26/05/2022 21:37:51

YURI:

Estou exausto. Entrei na equipe de vistoria das obras da empresa. Na realidade, algumas propriedades nem são da multinacional para qual trabalho, mas são terrenos que eles desejam adquirir. É uma análise minuciosa, que conta com uma enorme gama de profissionais. O último prédio não deu trabalho, mas esse possuía dois andares.

Os trabalhos iniciavam às 9h e seguiam até 19h. O nosso papel era reconhecer falhas e sugerir correções. Em alguns casos, a estrutura estava tão desgastada que o ideal era demolir e começar do zero. Porém, vivemos em um mundo capitalista, ou seja, quanto menos dinheiro as empresas perderem, mais elas ficam felizes.

Cheguei e todos estavam jantando. Tomei um banho rápido e desci. A discussão à mesa era sobre a tatuagem do Richard. Ele desenhou as nossas iniciais no pulso e um símbolo do infinito. "R + Y + G", nós achamos fofo, mas a tia Olívia não aprovava o jeito do meu irmão.

— O que os pais de vocês devem estar pensando, hein? Obrigado, Olívia, pela criação que tú deu para os nossos filhos. — ironizou a titia, colocando um pedaço generoso de lasanha na boca.

— Ficou legal, tia. — defendeu Giovanna, tirando uma foto do braço do Richard e publicando nas redes sociais.

— Ele não é mais criança. — me tremi ao lembrar do Richard quando criança. — Uma criança hiperativa, maldosa e cheia de ideias absurdas na cabeça.

— Ei! — protestou Richard. — Eu nem era tão ruim assim.

— Não, claro que não. — brincou Carlos, pegando mais um pedaço de lasanha. — Lembra quando Richard colocou várias mucuras no barco?

— Sim. — Giovanna serviu um copo de vinho e tomou. — Elas amaram o meu cabelo. Desgraçadas.

— E quando ele sumiu e a gente se perdeu no mato? — recordou Zedu, servindo um prato para mim. — Aqui, amor.

— Vocês deveriam me agradecer. Eu sei que vocês transaram no meio do mato. — revelou Richard, cruzando os braços e levantando a sobrancelha. — Quero uma declaração para mim no dia do casamento.

Os jantares em casa são os melhores. Como eu sinto falta dessa energia. Os anos vão passando e sinto que esses momentos vão ficando raros. Vai demorar para as minhas crianças chegarem. Será que o Zedu vai querer adotar ou vamos ter uma barriga de aluguel? Eu só sei que desejo uma casa cheia. Quero sorrisos, mesa farta e provocações.

O Zedu também teve uma infância parecida. Apesar dos traumas, a família é um tópico importante para o meu noivo. Ele confessou que quer vários filhos. A gente combinou a começar por um pet. Adotaríamos um cachorro de um projeto da Ramona. A minha amiga estava engajada em diminuir o número de animais nas ruas de Manaus.

— Vamos adotar um filho. — anunciei à mesa, deixando todos chocados, até o Zedu, que me olhou de maneira engraçada e jogou metade do suco para fora.

— Zedu! — gritou Giovanna, que ficou ensopada de suco de laranja.

— Vamos adotar um cachorrinho. — disse, mostrando uma foto para os meus parentes.

— Que susto, amor. Não faz mais isso. — me repreendeu Zedu, olhando para a Giovanna e oferecendo um lenço de papel. — Desculpa, cunha.

**********

ZEDU:

Estou animado com a possibilidade de adotar um cachorro. Na infância, o meu pai não deixava, porque era alérgico a pelos. Cresci sem um melhor amigo canino ou um gato, mas também nunca foi um problema. A Feira de Adoção era uma realização da ONG "Pequenos Anjos" e a Ramona fazia parte da equipe do evento.

A Feira de Adoção aconteceu na praia da Ponta Negra. Eles escolheram o fim da tarde, porque os animais não sofreriam com o calor. O Yuri parecia uma criança no parque de diversões. Ele fez uma lista com todos os requisitos de um cachorro ideal.

— Vira-lata. Caramelo. Dócil. Sexo não importa. Olhos bonitos. — li a lista do meu noivo. — Olhos bonitos?

— Sim. Os animais se expressam pelo olhar. Eu quero ter uma conexão com o cachorro, amor. — o Yuri parecia uma criança.

O meu noivo é o homem mais fofo do universo. Ele sai olhando todas as gaiolas, que contém o nome e idade dos cachorros. O Brutus se interessou por uma gata preta. De acordo com o meu amigo, os gatos são animais independentes e fortes. Já a Luciana, queria um cachorro de pequeno porte para fazer companhia a sua mãe.

— É tão difícil escolher. — salientou Brutus. — Todos são fofos.

— A mamãe adorou a foto do Tião, o cachorrinho da gaiola número 4. — afirmou Luciana nos mostrando a foto.

— Cadê o Yuri? — questionou Brutus, olhando em volta.

— Ali. — apontando para frente. — Parece uma criança. — sorri ao olhar para o Yuri.

— Gente, a feira está um sucesso. — disse Ramona, aparecendo para nos cumprimentar. — Já decidiram quais vão adotar?

Animado, o Yuri correu até mim e contou ter achado o cachorro perfeito. Ele pegou na minha mão e me levou até a gaiola número 13. Lá, havia um cachorro estranho e lhe faltava uma pata. Olhei para o Yuri, que estava com um sorriso enorme no rosto. Eu não podia dizer não, né? Era um momento tão feliz. Ok, o cachorro não podia ser a coisa mais bonita, porém, daria alegria ao Yuri.

— Escolheram? — perguntou Ramona.

— Sim, queremos o 13. — avisei a Ramona.

— 13? — Brutus avistou o cachorro e deu uma gargalhada. — Você vai levar aquilo? Eita, grandão. O teu gosto já foi melhor.

— Ele é lindo, Brutus. Fora que o coitadinho sofreu vários abusos e ninguém sequer olhou a gaiola dele. — o Yuri defendeu o cachorro.

— A beleza é subjetiva, idiota. — dei um tapinha na cabeça do Brutus, que pediu desculpas.

— Finalmente, o coitadinho vai conseguir uma casa. Essa é a oitava feira que ele participa. Parabéns, Yuri. No fundo, eu sabia que você ia escolhê-lo.

O cachorro não é feio. Ele é horrível. Parece que foi atropelado por um caminhão e colado de volta. Mas, o Yuri ficou radiante ao encontrá-lo. Só o meu ursão para enxergar coisas boas em lugares inóspitos. Afinal, ele me escolheu. Ele esperou por mim. Ele lutou por mim. Assim como fez com o cachorro feio.

*******

YURI:

Eu escolhi o cachorro mais lindo da feira. Tá bom, ele não é tão lindo, mas fiquei emocionado quando soube da história dele. O antigo dono o deixava preso em casa, então, ele machucou a pata e necrosou. Uma equipe seguiu para o local e encontrou o animal em estado deplorável.

Por causa disso, o cachorrinho perdeu parte da orelha e a pata amputada. Eu precisava adotá-lo. Apesar de não ter um dos membros, o cachorro corria e balançava a patinha, principalmente quando saiu da gaiola. Eu baixei e o abracei. O Zedu aproveitou o momento para tirar uma foto.

— A família está crescendo. — ele escreveu ao postar a foto.

— E já decidiu o nome? — quis saber Brutus, baixando para acariciar o doguinho.

— Já. Ele vai se chamar Oasis. — respondi todo alegre.

— Graças a Deus, — Zedu respirou aliviado. — pensei que ia ser "Don't Look Back In Anger".

— Idiota. Amor, precisamos passar em um pet shop. Quero comprar as coisas dele. — pedi, realmente, parecendo uma criança.

— Tá, ainda deve ter algum aberto. — Zedu concordou e se despediu dos nossos amigos.

O Oasis era curioso. Ele cheirou todo o carro e abanava o rabo com força. A Ramona nos deu um tapete para evitar qualquer tipo de acidente no banco traseiro. Agora, eu era responsável por outro ser vivo. Para celebrar, coloquei "Whatever" no sistema de som e cantei junto ao Zedu, que já havia decorado a maioria das músicas do "Oasis".

***

Eu sou livre para ser qualquer coisa que eu

Qualquer coisa que eu escolher

E eu cantarei o blues se eu quiser

***

Na loja, compramos vários mimos para o Oasis. O presente que ele mais gostou foi uma manta verde com a inicial de seu novo nome. Escolhemos uma área bem ventilada da casa para colocá-la. Ainda bem que o Oasis já veio treinado para fazer as necessidades no tapetinho higiênico.

No dia seguinte, eu o levei para passear pelo condomínio. A gente não correu como o Kleber costumava fazer com o seu velho companheiro Thor. Primeiro, que eu não sou o Kleber. E segundo, o Oasis têm os seus limites e preciso respeitá-los.

Um fato curioso sobre os cachorros? Eles param para cheirar e urinar em tudo. Sério, só de uma esquina para a outra, o Oasis urinou quatro vezes. No retorno para casa, uma vizinha nos olha de maneira estranha. Eu sei o que é ser julgado, mas não quero que as pessoas façam isso com o Oasis.

— Perdeu alguma coisa, senhora? — perguntei de maneira ríspida, mas me arrependendo no segundo seguinte.

— Oh, não. Me perdoe. — lamentou a senhora pegando sua bolsa e entrando no carro.

— É horrível, né? — questionei para Oasis, que colocou a linha pra fora e me tirou um sorriso. — Yuri, tú tá ficando muito velho. Tá falando com cachorro.

****

ZEDU:

O Yuri virou um pai de cachorro e eu por tabela. Ele posta várias fotos por dias do Oasis. A melhor parte? Os seguidores gostam. Realmente, o Oasis tem um charme diferente e não digo isso devido a sua pata amputada, mas os seus olhos tem algo diferente. Sim, somos pais de um cachorro. O início da nossa pequena família vai ser incrível.

Inclusive, já fechei o negócio com a imobiliária. Em breve vamos nos mudar para um lugar só nosso. Espero que a mamãe aceite a proposta de morar conosco. Eu quero tratá-la como uma rainha, ainda mais depois de tanto trabalho na adolescência.

— Zedu. — Edgar entrou na sala e me avisou que uma reunião foi cancelada.

— Sério? Não mente para mim. — eu questionei alegra, porque iria para casa mais cedo.

— Sim. Eles vão reagendar, mas vou te deixar por dentro de todos os detalhes. — Edgar fez algumas anotações no I-pad e saiu da sala.

Convidei Camille para tomar um shop. Nos últimos dias, a gente quase não se viu. Ela estava cuidando de uma campanha gigantesca e não tinha mais tempo para o chefe. Nos encontramos no bar. A Camille é uma mulher preta, que consegue chamar a atenção de qualquer um. Nem preciso dizer, que quando estamos juntos as pessoas acham que somos um casal.

— E como está a vida de publicitária? — questionei servindo cerveja no meu copo.

— Difícil, mas eu adoro um desafio. E todos os meus materiais chegam até o meu chefe e não sofrem uma alteração. — ela se vangloriou e tomou um pouco de cerveja.

— Claro. São peças belíssimas. Inclusive, quero colocar o comercial do Hospital para concorrer a um prêmio. Parabéns. — avisei para a alegria da Camille, que saiu de sua cadeira e me abraçou.

— Você é o melhor chefe de todos! Sério, a agência tem sorte em ter você, Zedu.

Depois de um happy-hour perfeito, voltei para casa e encontrei o Carlos na sala. O tio do Yuri avisou que o julgamento de custódia da Isabelle havia sido marcado para o final do mês.

— Mas, Zedu. Devido aos antecedentes criminais do José Leandro, a batalha não vai ser fácil. Existe uma pequena chance da guarda de Isabelle ir para os avós. — avisou Carlos, deixando o livro de lado e pegando no meu ombro. — Se preparem. Eu vou fazer o meu melhor.

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Comentários

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nossa que capitulo. adoro essa historia leio desde a primeira temporada . torço pelo zedu e o yuri sempre . confesso que no inicio tinha ranço do jl mas ele ficou legal e to com pena

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