Amor de Peso 3 - 07: CONSEQUÊNCIAS

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 1552 palavras
Data: 12/05/2022 04:20:59

NARRAÇÃO: ZEDU

***

Eu bati no Yuri. Eu machuquei a pessoa que eu amo. Eu poderia colocar a culpa na cerveja, mas isso seria uma cretinice sem tamanho. O Yuri não falou nada. A marca em seu pescoço ficou evidente. Fique tão possesso que não pensei nas consequências dos meus atos. Eu machuquei a única pessoa que está ao meu lado.

— José Leonardo, apenas vai para casa. — ordenou Yuri. — O Zedu está visivelmente bêbado. Esse não é um bom momento para vocês se encontrarem. Você sabia que o Zedu sonha todas as noites contigo? Quer dizer, ele tem pesadelos contigo. Enfim, essa não é a maneira que você vai encontrar para ter o perdão.

— O Yuri tem razão, José Leonardo. — interveio a titia, talvez, tão abalada quanto eu. — Você precisa de uma carona?

— Não, eu tenho como voltar. Eu sinto muito. Sinto muito. — JL saiu desconcertado e com muitos hematomas no rosto.

— Pessoal, — o Yuri nem olhou para mim e voltou a atenção para os seus tios. — eu sinto muito. Vou leva-lo para o quarto.

Eu não sabia o que falar. Eu não tinha defesa. Extrapolei de uma forma que nunca poderia me redimir. Eu bati no Yuri. Às lágrimas desciam involuntariamente do meu rosto. A pior parte? O Yuri não brigou comigo. Eu estava merecendo.

Entramos no quarto e havia uma bagagem de mão. O Yuri a pegou e a colocou em cima de uma mesa de computador.

— Yuri, eu...

— Zedu. Estamos cansados. Eu só quero esquecer o que eu vi, tudo bem? Porque tenha certeza que aquele homem lá embaixo não era o meu noivo. — ele entrou no banheiro e trancou a porta. Em seguida, o Yuri abriu o chuveiro.

Sentei na cama e havia um papel. Era a impressão de uma compra. O Yuri tinha reservado um quarto de motel. Meu Deus, ele planejou toda uma noite romântica para passarmos juntos. Se existia culpa dentro de mim, agora estava multiplicada por mil.

Fui até a porta do banheiro e bati. Eu sabia que o Yuri não estava tomando banho. Como me redimir de um papel tão baixo?

— Por favor. — pedi chorando.

***

NARRAÇÃO: YURI

Eu não sabia que as coisas ficariam tão emocionais em Manaus. O Zedu errou ao agredir do JL. Ele me bateu, mas nem doeu. O braço dele, perdeu o controle e acertou o meu pescoço. Agora, o meu noivo está na porta do banheiro implorando para entrar. Eu estou cansado. É uma situação que drena toda a energia dentro de mim.

O Zedu está chorando descontroladamente, então, o deixo entrar. Ele olha para o meu pescoço e beija. Nos últimos nove anos, eu vi várias facetas do José Eduardo, mas em nenhum momento ele encostou a mão em mim, nem durante o sexo. Acho que ele percebeu que errou e foi longe demais.

Recebo um abraço apertado. Eu me controlo para não chorar, mas elas vem com facilidade. Eu entendo o trauma do Zedu, só não consigo entender essa resistência em procurar ajuda de um profissional. Afinal, problemas psicológicos precisam receber a atenção necessária.

— Me perdoa. Eu não sei o que deu em mim. — implorou Zedu aos prantos.

— Tudo bem. — o abracei forte. — Você precisa deixar essa dor ir embora, meu amor. Você vai viver em guerra com a sua família? Zedu, o Fred foi baleado pelo JL e liberou o perdão.

— Eu sei. Eu vou procurar ajuda, eu prometo. Eu nunca mais quero te machucar, amor. — ele garantiu, ainda chorando e recebendo todo o meu apoio.

***

NARRAÇÃO: ZEDU

Acordei e não encontrei o Yuri no quarto. No lugar dele, eu também não ia querer me encontrar. Essa raiva só tem me afastado das pessoas que eu mais amo. A mamãe quase não me liga mais. O Fred sumiu de vista. No sábado, é a festa de lançamento da agência e todos eles estarão lá. Estou cansado de fingir que está tudo bem.

Tomo um banho demorado, escolhi um terno azul para usar no trabalho e verifico a minha agenda do dia. Tenho uma reunião às 10h e uma visita em um fornecedor no período da tarde. Desço as escadas e olho para sala, de repente, lembro do papelão que paguei na noite anterior.

A Olívia e o Carlos estão tomando café. Eu desejo bom dia e sento à mesa. Eles não comentam nada, não sei se isso é um bom sinal ou não. O meu estômago parece uma máquina de lavar. Estou com medo de passar mal, então, tomo um copo de suco de maracujá e um pedaço de bolo.

— Zedu. — Carlos chama a minha atenção.

— Hum.

— Você sabe que o Yuri e você são os meus filhos do coração. Eu amo muito vocês. — a voz de Carlos é suave e me deixa emocionado. — Nós sempre apoiamos vocês em todas as fases. Da escola, passando pela faculdade e até a mudança para o Sul. Mas, infelizmente, não podemos permitir atos de violência aqui. Temos o Júnior, ele se espalha muito em vocês. — Carlos se levantou e andou na minha direção.

— Desculpa. — pedi chorando.

Realmente, o Carlos e a Olívia nos deram todo o suporte necessário para a faculdade. Eles pagaram os meus materiais, o aluguel do apartamento e a alimentação. Eu nunca me senti excluído da família, pelo contrário, eles sempre me colocaram nos seus planos. O Yuri me deu uma segunda família, e eu não me permitirá perdê-los por um medo.

— A gente te ama, Zedu. — garantiu Olívia me abraçando.

— Você pode contar com a gente para tudo. — avisou Carlos pegando no meu ombro e apertando. — Você é o meu filho querido e nada vai mudar isso, viu. Só queremos que você não mude. — beijando a minha testa.

— Eu sinto muito.

— Não, meu amor. Nós não desmerecemos a sua dor, mas o Zedu que vimos ontem, é um Zedu pesado e cheio de rancor. Não queremos isso para a sua vida. — aconselhou Olívia.

— Você deveria visitar a sua mãe, Zedu. Faça isso por você. — Carlos me orientou.

***

NARRAÇÃO: YURI

Eu consegui uma entrevista de emprego. Ia contar para o Zedu ontem, mas, né? Enfim. O importante é que eu tenho uma oportunidade de regressar ao mercado de trabalho. Fora que a vaga é perfeita para mim, além do salário ser maravilhoso. A primeira fase é a prova interna. Consigo concluir tudo em cinco minutos, entretanto, dou uma última olhada nas respostas.

A segunda fase foi uma avaliação de conhecimento específico. Sério? As perguntas são fáceis, porém, não posso desmerecer os concorrentes. A moça do RH é muito gentil e pede que esperemos em uma sala bem climatizada. O grupo é seleto. Homens e mulheres. Todos com uma chance igual de conseguir uma vaga. Eles parecem se conhecer, mas estudei em São Paulo, ou seja, um estranho para todos.

— Por favor, — a moça do RH volta e nos assustada. — aqueles que eu chamar, por favor, permaneçam aqui. — olhando para uma lista. — Etel Oliveira, Wagner Luis e Yuri Teixeira.

Aos poucos, as outras pessoas foram saindo e ficamos apenas nós três. A moça retornou e avisou que havíamos sido selecionados para atuar no setor de engenharia de uma multinacional. Eles estariam construindo novas lojas em Manaus, e contariam com um time especial para planejar cada detalhe.

***

NARRAÇÃO: ZEDU

Estou avoado. Uma ressaca moral se instaura dentro de mim. Faz quase dois anos que não vou à casa da minha mãe. Ao chegar, percebi que várias pequenas mudanças aconteceram na rua onde cresci. O tempo passou. Ele é imperdoável. Lembro de quando corríamos de um lado para o outro, ou apenas, relaxávamos na calçada até nossos pais nos chamarem.

A residência de número 46 recebeu algumas melhorias durante os anos. A mamãe mandou reformar a fachada, adicionou um azulejo marrom e montou um pequeno jardim vertical. Entretanto, a essência da minha infância está ali. As coisas que me fizeram o homem que sou estão ali.

Toco a campainha e a mamãe atende. Eu não tenho tempo para reagir, porque a Dona Teresa me dá um abraço apertado. Eu aceito. Eu não quero ser o tipo de filho ingrato. A mamãe não tem culpa dos meus traumas. Ela sempre me apoiou, principalmente, quando eu me assumi.

— Desculpa, mãe. Eu sinto muito pelo meu comportamento. — pedi perdão, enquanto a abraçava.

— Tudo bem, filhote. Você não precisa se desculpar. — garantiu a mamãe se afastando e limpando minhas lágrimas. — Você é muito precioso.

— Para. — respondi sem graça, mas adorando a atenção.

— O JL está em casa? — perguntei.

— Não. Ele foi ver a Isabelle. — Mamãe explicou, antes de me puxar para dentro de casa.

— Isabelle?

— Zedu, muitas coisas mudaram na vida do JL. Ele errou. Ele errou feio, porém, aprendeu com os erros. Nós estávamos esperando o momento certo para te contar...

— Contar o quê? — questionei, não gostando do rumo da conversa.

— O JL tem uma filha. Eu sou avó. — Dona Teresa jogou a novidade sem pena.

— Eu sou tio?

Eita. Sério, queria saber quem escreve o roteiro da minha vida. Eu devo ser um palhaço nas mãos do destino. Mais calma, a mamãe explicou que o JL havia se apaixonado pela irmã de um dos seus companheiros de cela. Porém, a moça era dependente química e, apesar dos esforços, o meu irmão não conseguiu livrá-la das drogas. Deste relacionamento, nasceu Isabella, que tem 3 anos.

— Eu sou tio. — repeti para mim mesmo.

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Comentários

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Enfim a reconciliação de Zedu com a família, isso estava demorando a acontecer, já estava angustiado com esses surtos de violência do Zedu.

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