O CLUBE II - EP VI - Difícil Convivência

Um conto erótico de Nassau
Categoria: Heterossexual
Contém 5303 palavras
Data: 22/04/2022 15:12:14

Se Rosely sentiu vontade de rir ao imaginar o que Janaina faria caso visse a sua recém protegida a tratando com intimidade, ela não podia imaginar que, quando isso acontecesse, ela não teria nenhuma vontade de rir. E não demorou muito para acontecer.

No retorno do pesqueiro, Janaina foi para sua própria casa ficando sem aparecer na casa de sua grande amiga por alguns dias. Por causa disso, quem teve que dar todos os detalhes dos fatos que aconteceram por lá foi seu marido. Lucio, embora tendo demonstrado uma ótima memória ao relatar tudo em detalhes, não tinha a mesma malícia que Janaina usaria para fazer isso, aproveitando cada fato mais picante para criar um clima de tesão entre elas. Ele, pelo contrário, relatava as coisas no mínimo detalhe e pronto. Mas ela não deixou barato e ia pegando cada um dos episódios que ele narrava e transformando em algo carregado com todo o erótico que ela sabia que estava presente quando aconteceu e, com isso, proporcionou fodas maravilhosas com o marido durante todo o decorrer daquela semana.

Até que no sábado, Janaina apareceu logo de manhã na casa de Rosely e a encontrou na cozinha, ocupada em ensinar Jéssica a preparar ovos mexidos e a usar a torradeira da forma adequada. Lógico que a loirinha deu uma pausa nas suas atividades e foi cumprimentar a amiga com um selinho que foi olhado de uma forma estranha por Jéssica que, todavia, não fez nenhum comentário.

Não se sabe se por simples instinto de concorrência, ou se foi de caso pensando, a partir daquele momento Jéssica mudou seu comportamento passando a demonstrar mais carinho para com Rosely, chamando-a de Rô, fazendo carinhos em seu rosto até que, ao ser elogiada por sua protetora após arrumar a mesa para o café da manhã sem que fosse necessárias muitas intervenções de sua protetora, ela abraçou Rosely no intuito de agradecimento e aproximou o rosto com a clara intenção de lhe dar um selinho.

E foi esse gesto que desencadeou o que feio a seguir. Sem nenhum aviso prévio, Janaína se aproximou das duas, puxou Jéssica pelos cabelos e levantou a mão para lhe dar um tapa no rosto. Porém, a morena, com mais de uma vez e meia o peso da garota e mais de vinte centímetros mais alta não conseguiu seu intento, pois antes que pudesse desfechar o golpe na face de sua desafeta, ela já estava no chão com Jéssica montada sobre ela e pronta para lhe presentear com muitas bofetadas, o que só não fez por ter sido impedida por Rosely que, além de gritar para que ela não fizesse isso, segurou seu pulso que já estava no ar. E nem foi necessário muito esforço por parte de Rosely, pois bastou dizer em voz alterada para Jéssica parar que essa a olhou nos olhos e baixou a guarda.

Tudo aconteceu tão rápido que, mesmo Lucio estando na sala e tendo saído apressado em direção à cozinha, quando lá chegou encontrou Jéssica em pé ao lado de Rosely que, curvada, ajudava Janaina a se levantar. Entendendo de cara tudo o que estava se passando, mesmo porque aquela era o tipo de tragédia já anunciada, olhou para Rosely e falou:

– Acho que já passou a hora de vocês três fazerem uma DR em vez de ficarem se matando.

Rosely olhou com raiva para o marido que acabara de colocá-la no mesmo nível que as outras duas e nem sabia o que acontecera. Sentindo-se fuzilado pelo olhar da esposa, ele voltou para a sala pensando em arrumar algo para fazer naquele sábado de manhã e, de preferência, algo que o levasse para bem longe de casa. Pensando assim, ele informou à sua esposa que levaria o carro até o lava a jato habitual, onde havia um cabelereiro masculino e era frequente se reunir com amigos para uma cerveja enquanto esperavam, o que queria dizer que, indo até lá, não retornaria tão cedo.

Rosely mal ouviu a informação prestada pelo marido de tão preocupada que estava em descobrir uma forma de fazer com que Janaina e Jéssica se entendessem. Bom, de repente as duas se entenderem poderia ser pedir demais, por enquanto, se conseguisse que ambas não se matassem já estaria bom demais.

Sabendo das dificuldades que encontraria, ela fez com que cada uma ocupasse as cadeiras dispostas na extremidade da mesa da cozinha e sentou-se ao centro, passando a servir o café da manhã para as duas que se encaravam com olhares de desafio. Rosely pensou com bom humor que seria até cômico, se não fosse trágico, estar ali entre aquelas duas mulheres, porém, ela sabia que teria que tomar uma decisão a respeito de seu relacionamento com ambas e isso a colocava em uma saia justa. Se de um lado, estava a mulher que era sua amiga desde a infância, que a protegera de bullying na infância, tornara-se sua amiga inseparável na adolescência e até salvara sua vida quando se vira perdido e meio a abusos e ao consumo de drogas, sem falar que era alguém por quem nutria um amor incondicional, do outro estava outra que ela sabia ser alguém necessitada de atenção, carinho e proteção e que nunca recebera de ninguém nenhum desses benefícios, pois toda a sua vida, só foi vista com alguém a ser usada e depois descartada. Difícil? Não, muito pior, pois os problemas entre as duas não eram referente a isso e isso era apenas a justificativa que ela encontrava para se relacionar bem com as duas.

O problema entre Janaina e Jéssica passava pelo término do casamento da primeira, pois foi com a segunda que seu marido pensou ter encontrado alguém melhor e se deixou levar para a consecução de um golpe contra a sua esposa que, além de ser sua prima, era alguém que jurou amar desde a sua infância.

“Na verdade, quem deveria estar aqui descascando esse abacaxi era o Ronaldo, mas quem disse que ele tem a coragem de aparecer”. Pensou Rosely magoada com que o ex marido de Janaina tinha aprontado.

Só que, não tinha Ronaldo, o Lucio já deixara claro que não ia interferir e ela era a pessoa ali presente, então, pelo menos por enquanto, tinha que agir de alguma forma. E foi assim que ela pediu para que Janaina explicasse o motivo de ter atacado a garota e, sem se fazer de rogada, a morena começou a explicar, porém, começou mal:

– Essa daí?

– Jéssica. O nome dela é Jéssica. – Corrigiu Rosely tentando fixar os termos de como aquela conversa deveria se desenvolver.

– E daí? – Janaina não conseguia esconder sua revolta.

– E daí que, eu quero que a gente encontre uma forma de conviermos em uma boa e, se você não consegue sequer falar o nome dela, vai ser difícil.

– Ah! Agora já entendi. Você está do lado dela. – A voz de Janaina começou a ficar embargada e lágrimas começaram a escorrer de seus olhos, mas ela não parou por aí e continuou: – E eu que pensei que você era minha melhor amiga, mas basta aparecer uma lambisgóia desonesta que você já fica do lado dela e contra mim.

– Não estou do lado de ninguém, Janaina. Será que você pode fazer um esforço para entender isso?

Aquilo foi o suficiente e a morena se deixou levar pelo desespero e caiu em prantos.

Rosely acreditava no poder do desabafo e uma coisa que a preocupava com relação ao final de casamento de sua amiga é que ela nunca desabafou, nem com ela, nem com outra pessoa que ela soubesse e agora, aquele pranto incontido poderia ser uma oportunidade que ela não poderia perder, então, ela pediu gentilmente para que Jéssica as deixasse sozinhas, no que foi atendida.

Primeiro ela mudou sua cadeira de lugar, ficando mais próxima de Janaina e ficou fazendo carinhos leves nela sem fazer nada para interromper o choro, apenas, quando a amiga levantou o rosto, agora totalmente banhado, ela a acolheu em seus braços e deixou que a outra repousasse a cabeça em seu ombro e continuou aguardando, até que, com soluços atrapalhando sua voz, Janaina falasse:

– O que vou fazer amiga. Eu não sei mais o que fazer. Sinto tanta falta daquele vagabundo. Você não sabe como é duro ficar fingindo que tudo está bem.

– Então, a primeira coisa que você tem que fazer é parar de fingir. – Disse Rosely com a voz contida.

– Mas eu não quero que todo mundo fique notando como me sinto. Você sabe como detesto que as pessoas sintam pena de mim.

– O que as pessoas sentem em relação a você Jana, é um problema delas. O que você tem que entender é que está entre amigos. Todos nós estamos preocupados com você e tem uma coisa de positivo nisso tudo. Quer dizer, acho que tem.

– É? E o que você vê de positivo no comportamento daquele viado.

Rosely disfarçou o sorriso, afinal, ela sabia que as ofensas que Janaina dirigia ao Ronaldo era só da boca para fora. Quando dominou sua vontade de rir, falou com seriedade:

– O positivo, nesse caso, é que ninguém precisa ficar encontrando um motivo para ficar ao seu lado, pois todos sabem que, sem sombra de dúvida, você não merecia isso e foi só vítima das armações daquele tolo que caiu na conversa fiada da primeira oportunista que encontrou.

Da sala, veio a voz de Jéssica:

– Eu estou ouvindo tudo o que estão falando de mim, viu!

– Jéssica. Vai já para seu quarto. Agora.

Rosely de essa ordem e imediatamente se arrependeu, pois com o histórico que tinha, era quase certo que a garota iria armar o maior barraco. Entretanto, para sua surpresa, ouviu os passos dela se afastando em direção ao quarto e ficou aliviada com isso. Então ela voltou a se dirigir à Janaina:

– Eu até entendo seus motivos para estar revoltada com a Jéssica e com o Ronaldo, mas tem algumas coisas que você precisa saber.

Dizendo isso, Rosely foi até a sala onde retornou com uma pasta contendo os relatórios que o investigador que ela contratara fizera a respeito de Jéssica e entregou para Janaina, passando a falar a respeito enquanto a amiga acompanhava suas explicações consultando o relatório. Esse procedimento gastou mais de uma hora e, quando finalmente acabou, notou que Janaina estava mais calma e aguardou, até que a morena falasse:

– Eu entendo que a vida não foi fácil para ela. Mas isso não pode servir de desculpas para o que ela tentou fazer.

– Jana, ela estava sendo manipulada. Será que a agressão que ela sofreu não foi o suficiente para você entender o tipo de pressão que essa menina sofreu a vida inteira? E depois, o Ronaldo caiu muito fácil na armadilha dela, você não acha?

– Acho sim. Mas e agora? Como vai ser nossa vida? Pelo que estou vendo, você parece que vai adotar a vadiazinha e cuidar dela.

– Pode ser, mas primeiro vamos ver o que ela realmente é. Se ela tiver uma boa índole, e eu acho que ela tem, tudo o que ela já fez de errado foi por indução de pessoas exploradoras que adoram quando encontram uma pessoa inteligente como ela. Se, por outro lado, ela tiver tendência para cometer essas maldades, a gente desiste dela e pede para que ela siga sua vida bem longe da gente.

– Quer dizer que você já decidiu tudo! E eu? Como é que fico? Já não chega ela ter causado o fim do meu casamento, agora vai querer tirar você de mim?

– Janaina. Preste bem atenção. Você acha que o Lucio me tirou de você?

– Não. Lógico que não. Quero dizer, dividiu um pouquinho, mas ele sabe que você é minha também e não reclama disso.

Rosely ficou enternecida com a declaração de amor de sua amiga e não resistiu, dando-lhe um selinho na boca enquanto fazia carinhos em seus cabelos. Depois voltou a falar:

– Então Janaina. É assim que nós somos. Nos entregamos uma a outra sempre que queremos, quando queremos e do jeito que queremos. Mesmo assim, nenhuma se sente dona da outra e agimos de forma liberal sem interferência. – Rosely observou nessa hora que tinha toda a atenção da amiga, então continuou animada: – Olha como as coisas funcionam. Eu não sou só do Lucio e ele me compartilha com você e vocês dois me compartilham com todos os nossos amigos. É tão bom a vida assim, pois a gente vive com intensidade e gozamos dessa liberdade de dar e receber prazer, sem ciúmes, sem amarras e sem cobranças. Por que, de repente, não pode aparecer mais uma pessoa para participar dessa relação bonita que todos nós temos.

– Ah! Então é isso. Você já está é de olho nela. Você é muito safada, Rosely!

Rosely riu da observação da amiga e depois comentou:

– Sabe o que é? Comigo ela age tão diferente. É tão meiga, tão carinhosa, enquanto com todos os outros ela está sempre na defensiva o que torna ela uma pessoa aparentemente agressiva.

– Só falta você me dizer que já se pegaram.

– Não Jana. Ainda não nos pegamos. Mas, – Rosely interrompeu sua fala estudando o semblante da amiga e, ao perceber que ela toda curiosidade, continuou, – devo te confessar que o jeito dela me atrai muito e, se não fosse por todos os problemas eu sei que isso causaria com você, acho que já teria dado uns beijos naquela boquinha linda dela.

– Rosely! Para de ser puta, amiga.

Com esse comentário de Janaina, o ambiente tenso se desfez e ambas começaram a rir. Enquanto riam, Rosely mantinha uma mão fazendo carícias no rosto da morena e, na medida em que o riso se transformou em sorriso, suas bocas foram se aproximando e se beijaram ardentemente. O beijo, intenso e pleno de desejo, foi interrompido quando ouviram o som de um estalo de língua e em seguida passos que se afastavam. Jéssica, que voltara silenciosamente para ver o que se passava na cozinha, surpreendeu as duas se beijando e não resistiu aos ciúmes que sentiu ao ver Rosely entregue àquele ato com sua amiga, provocou o barulho com a boca demonstrando estar contrariada e depois saiu pisando duro retornando ao quarto.

Janaina fez expressão de assustada, porém, Rosely apenas pediu calma para ela com um aceno de mão, se levantou e foi em direção ao quarto onde Jéssica se enfiara e a encontrou deitada de bruços sobre a cama e com a cabeça enfiada no travesseiro. Sentou-se então ao lado da garota e começou a fazer carinhos em seus cabelos enquanto, em voz baixa, perguntava a ela o que estava acontecendo, muito embora estivesse cansada de saber que se tratava de ciúmes. No seu íntimo, Rosely se divertia com a situação e pensava:

“Ai meu Jesus Cristinho! Estou ferrada com essas duas e seus ciúmes!”

Fazendo carícias no rosto de Jéssica, Rosely se inclinou na intenção de lhe dar um beijo na face, porém, no último instante, a garota virou e fez com que o beijo se transformasse em um selinho, o que fez com que ela endireitasse seu corpo assustada, mas quando olhou para o rosto da menina, viu em seu rosto um olhar malicioso e ao mesmo tempo zombeteiro. Entretanto, em vez de ficar zangada, Rosely sentiu como se borboletas estivessem fazendo uma revoada em seu estômago e se viu obrigada a controlar seus instintos, Quando se sentiu segura, advertiu:

– Menina, menina. Você está brincando com fogo.

Para sua surpresa, Jéssica demonstrou uma maturidade surpreendente ao responder:

– Para quem já viveu no inferno, isso não passa de uma faísca.

Tentando entender os sentimentos controversos que sentia, uma vez que a garota acabara de provocar nela um desejo de beijar aquela boquinha linda e sensual e depois todo aquele corpinho miúdo, porém perfeito enquanto, por outro, lado, sabia o que isso iria significar para Janaina e, a última coisa que queria no mundo era magoar sua amiga e, como ela costumava dizer, o segundo grande amor da sua vida, muito embora, algumas vezes o próprio Lucio a questionava se Janaina não seria o primeiro grande amor, pois o relacionamento que elas mantinham era algo maravilhoso.

Chegando à cozinha não voltaram ao assunto de antes e ficaram conversando trivialidades e não demorou em Jéssica se juntar a elas. Feliz em ver Jéssica e Janaina em um mesmo ambiente sem que precisasse evitar que uma tentasse matar à outra, Rosely ficou mais tranquila e sugeriu que preparassem um almoço juntas.

A paz entre as duas desafetas, porém, não resistiu nem até o almoço ficar pronto. Era uma implicância constante, alfinetadas e, a cada minuto que passava, Rosely via Janaina mais próxima de perder o controle e, mesmo dando uns toques para Jéssica maneirar, a garota insistia em provocar e não demorou em que ambas estivessem se ofendendo abertamente.

Rosely podia ser tudo de bom. Era amiga, compreensiva, piedosa como sua atitude em relação à Jéssica demonstrara, mas se tinha uma virtude que nunca poderia ser atribuída a ela era a paciência e por isso não demorou a perder as estribeiras. Possessa com a infantilidade que aquelas duas mulheres demonstravam, expulsou Jéssica da cozinha e depois discutiu com Janaina que, ofendida por achar que sua amiga de toda a vida a estava trocando por outra, se retirou da casa pisando duro.

Só que a atitude de Janaina não lhe deu nenhuma vantagem, pois, assim que ela entrou em seu carro, mas antes de coloca-lo em movimento, Rosely surgiu ao lado da porta do motorista com um maço de papéis na mão e, quando ela abriu o vidro, uma chuva de folhas caiu sobre o colo de Janaina depois de atirados pela loirinha que, muito irritada, ainda falou:

– Leia essas informações. Mas leia tudo. E só venha falar comigo sobre a Jéssica depois que tiver lido tudo.

– Talvez eu leia, mas não sei se ainda vou querer falar com você. Aliás, pensei que você era a pessoa que eu pudesse confiar. A única que eu achava isso.

– Ah Janaina! Quer saber do mais? Vai se foder!

A sorte de Rosely é que ela falava com o corpo ereto e afastado um passo do carro, pois, se estivesse debruçada com a cabeça muito próxima da janela, teria sofrido um acidente, pois mal acabara de falar e Janaina acelerou o carro com o ruído dos pneus reclamando do atrito com asfalto chamando a atenção das pessoas que estavam próximas ao local.

Quando Rosely retornou para dentro de casa Jéssica veio ao seu encontro, mas sequer conseguiu abrir a boca com os gritos que ouviu:

– SAI DAQUI. NEM CHEGA PERTO DE MIM.

Com os olhos arregalados, a garota voltou para seu quarto e Rosely se deixou ficar atirada sobre o sofá com o olhar perdido, enquanto se remoía de raiva pela situação com que se defrontara. À sua volta, o silêncio era tão denso que nem mesmo os ruídos vindos do exterior da casa lhe chegavam ao ouvido.

Rosely não sabe se cochilou ou apenas manteve os olhos fechados, mas de repente alguma coisa chamou sua atenção e, quando olhou, viu Jéssica andando em direção à saída com uma bolsa de roupas na mão. Sem pensar, pulou do sofá e a alcançou e, postando-se na sua frente, perguntou:

– Aonde a senhora pensa que vai?

– Vou embora! – O rosto de Jéssica deixava visível que ela estivera chorando, mas ela se controlou e continuou: – Não precisa se preocupar, eu me viro. Já estou acostumada com isso.

Rosely, dizendo para a garota que ela não ia a lugar nenhum, tentou arrancar dela a bolsa com as roupas. Como não esperava pela reação da garota, as duas logo travavam uma luta pela posse da bolsa e essa luta se intensificou a ponto das duas iniciarem um combate mais acirrado e não demorou em estarem rolando no tapete. Nenhuma delas tentava agredir à outra, elas apenas se esforçavam em dominar fisicamente. Rosely, lembrando-se que Jéssica dominou Janaina, bem maior que elas duas, de forma fácil, procurava se atracar a ela para que a mesma não tivesse espaço para aplicar algum golpe e, com isso, logo elas estavam abraçadas com Jéssica deitada de costas no chão da sala e Rosely sobre ela, com seus rostos próximos um do outro. Nesse momento, seus olhares se encontraram e toda a disposição para a briga pareceu ter abandonado as duas no mesmo instante e elas ficaram se encarando.

Como um imã, seus rostos foram se aproximando até que suas bocas se tocassem. Rosely ainda teve forças para afastar seu rosto, porém, não foi muito longe, pois assim que teve uma visão daquela boca linda se oferecendo para ela, rendeu-se de vez e voltou a se abaixar começando um beijo intenso e pleno de significados, pois nele estava implícita à rendição de Jéssica ao domínio de Rosely, a rendição de Rosely se entregando ao seu desejo e muitas promessas de prazeres maravilhosos.

Receando que Lucio pudesse chegar a qualquer momento e encontrá-las ali, Rosely pensou em ir para o quarto que havia sido destinado à Jéssica, porém, não teve forças para reagir ao desejo de se manter grudado a ela. Depois, ainda pensou na confusão que seria se Janaina, em um ato de arrependimento, resolvesse voltar para pedir desculpas e se deparasse com aquela cena, o que provavelmente faria com que o céu desabasse, porém, ao tentar se levantar, foi impedida por Jéssica que a segurava firme contra seu corpo enquanto movia a cabeça para que a boca de Rosely se alternasse entre beijos no seu pescoço, lambidas no ouvido e depois voltasse a devorar sua língua ou a explorar sua boca com a língua elétrica dela.

As mãos começaram a se tornarem mais ativas e uma das alças da blusa que Rosely usava foi deslocada e caiu sobre seu braço, deixando um de seus seios livres, porém, com liberdade efêmera, pois em menos de dez segundos era uma das mãos de Jéssica que o prendia fazendo leve pressão no bico do seio provocando um gemido na loirinha que intensificou ainda mais o beijo que naquele momento dava na boca da garota. Mais uma vez, sua intenção foi abortada, pois logo viu a boca que beijava se afastar da sua e deslizar pelo seu pescoço e continuar descendo até substituir a mão que tão carinhosamente pressionava seu mamilo que agora era sugado com uma ternura tão grande que Rosely sentiu os sucos de sua buceta vazar e ensopar a calcinha que usava.

De repente, aquela boca quente e macia estava alternando entre os dois seios sem que Rosely se lembrasse como e quando sua blusa fora arrancada, mas naquele instante, sentia duas mãozinhas trabalhando no botão do short que suava e logo uma pressão para que o mesmo deslizasse para baixo e, sem pensar, levantou o quadril para facilitar aquela ação, sem sequer notar que sua calcinha tinha sido arrancada ao mesmo tempo em que o short e, de repente, se viu nua no tapete da sala enquanto sentia a boca de Jéssica deslizar pelo seu abdômen em direção à sua buceta que tremia antecipando o que estava por vir.

A boca ávida de Jéssica explorava a buceta de Rosely que, nesse momento, já estava mais do que entregue ao prazer que sentia e era como se estivesse planando no espaço, livre e solta, com um único ponto como seu centro de gravidade, pois era a boca de Jéssica que, com a língua estimulando seu grelinho e dois dedos em sua buceta que a mantinha consciente de que estava viva. Rosely gozava sucessivamente e a cada gozo que tinha, sentia Jéssica degustar o mel de seu prazer como se aquilo fosse a seiva que a mantivesse viva.

A loira queria retribuir. Não que sentisse a necessidade de agir como sempre agia com Janaina, sendo a dominadora que explorava e comandava os atos sexuais, mas sim de uma forma em que pudesse compartilhar com aquela garota os prazeres que sentia. Queria proporcionar a ela a mesma emoção de ser levada ao limite extremo onde o prazer parece extrapolar as sensações físicas e passa a ser algo onírico. Em sua mente vazia de todos os pensamentos, problemas e situações cotidianas, Rosely ainda conseguiu formular a ideia de que o nirvana existe, pois se aquilo não fosse atingir o nirvana, então nada mais o faria.

O tempo em que Rosely permaneceu recebendo os prazeres proporcionados pela garota ela não podia saber. Aliás, ninguém seria capaz de, em um estado de êxtase total, controlar o passar do tempo e, a única coisa que ela conseguia lembrar depois era de estar deitada de costas no tapete, com o olhar fixo no teto e sentir as mãos macias tocando partes aleatórias de seu corpo e, a cada toque, provocar um leve estremecimento em seu corpo. Ficou impressionada como seu não havia um centímetro de sua pele que não estivesse sensível e não provocasse aquela reação ao ser tocada. Então, só lhe ocorreu um pensamento: ela tinha que retribuir todo aquele prazer, só não sabia como.

Então ela expressou essa sua dúvida em voz alta, ao que Jéssica respondeu:

– Bom, eu nunca vi ninguém reagir como você reagiu. Eu não fiz nada de especial, então, apenas faça o que você tiver vontade.

Rosely começou a beijar todo o minúsculo corpinho de Jéssica de forma meio que reticente. No fundo, ela se sentia incapaz de retribuir para a garota o prazer que tinha sentido, todavia, o perfume que o corpo da garota exalava era tão agradável, seu gosto tão doce, que logo ela não sentia mais nada a não ser a ânsia de se dedicar a proporcionar prazer a ela e o que ela não esperava acabou por acontecer, pois assim como ela, a garota demonstrava estar atingindo um prazer igual ao que ela havia sentido.

Diante de tal estímulo, Rosely não conseguia parar e os orgasmos de Jéssica em sua boca, em seus dedos, ou simplesmente com os corpos das duas se esfregando provocavam uma sucessão de gozos que parecia não ter fim e ela só pararam quando Jéssica, segurando fortemente seus braços, pediu para que ela parasse, pois não aguentava mais. Depois, foi necessário um bom tempo para que qualquer uma das duas pudesse voltar a falar e foi Rosely quem quebrou o silêncio dizendo:

– Deus do céu! Quem diria que você tinha essa capacidade toda!

– E quem foi te falou que eu tinha? Se você quer saber, nunca foi assim!

Rosely ficou muito surpresa com aquele comentário, pois até aquele momento ela pensava que a forma como as coisas tinham acontecido era em decorrência de Jéssica ter tido outras experiências diante da vida que levara, tendo sido obrigada a se entregar a mulheres e homens que a quisessem, sem nunca ter tido a chance de decidir como e quando fazer sexo e ainda pensava nisso quando a garota explicou:

– Nunca foi assim para mim. Nunca foi tão bom. E também, sei que nunca desejei tanto fazer isso com uma pessoa como agora com você.

– Verdade isso. Fico feliz em saber. Mas eu pensava que isso que você fez agora foi por alguém ter te ensinado.

– Nunca ninguém me ensinou nada Rô. As pessoas apenas me pegavam e me usavam. Nunca ninguém quis saber como eu me sentia com relação ao que acontecia.

Depois dessa declaração de Jéssica, ambas permaneceram em silêncio, cada uma perdida em seus pensamentos. Dessa vez foi a garota a quebrar o silêncio, voltando a um assunto que Rosely não desejava pensar naquela hora:

– E a Lambisgóia, hem? Só quero ver a cara dela quando souber o que aconteceu aqui.

Rosely, sentindo o clima de tranquilidade a abandonar, se sentou e falou olhando seriamente para Jéssica:

– Olha aqui garota, entenda de uma vez por todas. Não vai ter como a gente conviver se a Janaína não estiver incluída. Não existe Rosely sem Janaina. Então, se você gostou do que aconteceu aqui e, o que é mais importante, se você quer realmente ter uma oportunidade de mudar de vida, e é isso que eu desejo para você e pretendo te ajudar, você vai ter que aprender a conviver com ela e, antes que você fale qualquer outra coisa, vou te falar novamente, o Lucio e a Janaina são as pessoas mais importantes da minha vida.

– Nossa. A Lambisgóia está com tudo.

Rosely perdeu novamente a compostura e gritou:

– É JANAINA. O NOME DELA É JANAINA E É BOM VOCÊ APRENDER ISSO.

Jéssica, assustada com a reação agressiva de Rosely, começou a se levantar para sair de perto dela, no que foi impedida pela loirinha que a puxou de volta e, não obstante a forma brusca como fez isso, falou de forma até carinhosa:

– Olha só. Repete comigo que você não vai achar difícil. Vamos lá. É Janaina.

Jéssica dedicou um olhar de descrédito para Rosely que, por outro lado, apenas a fitava calmamente e aguardava. Depois de um tempinho sem reação nenhuma da outra, Rosely voltou a insistir:

– Vamos lá querida. Tenho certeza que você vai conseguir. Repita para mim: “O nome dela é Janaina.”.

Novamente silencio, porém, depois de um tempinho foi possível perceber que o semblante de Jéssica mudava para uma aparência mais tranquila até que, já mais calma, ela falou:

– O nome da Lambisgóia é Janaina.

Mal acabou de falar e emitiu uma sonora gargalhada que foi logo interrompida ao ver que Rosely continuava séria. Então parou de rir e ouviu a outra dizer:

– Não querida. Fala direito fala. – Dessa vez Rosely não se limitou a pedir e fez carinho no rosto da garota enquanto falava.

– Janaina. O nome dela é Janaina. – Disse finalmente Jéssica.

Rosely, para espanto até mesmo dela, segurou o rosto da menina com as duas mãos e o puxou para si, depositando um beijo terno em seus lábios carnudos e depois voltou a se afastar com um sorriso nos olhos e disse sorrindo:

– Viu só, nem doeu!

Jéssica apenas retribuiu o gesto de Rosely e também lhe beijou calmamente a boca.

Para Rosely, aquilo não significava que Janaina e Jéssica se tornariam as melhores amigas e nem que haveria paz entre elas, porém, só o fato dela ter se curvado diante de sua vontade já era um bom começo. Além disso, não bastava Jéssica ceder e tratar bem a Janaina, pois o importante era Janaina aceitar a presença de Jéssica entre elas e, principalmente agora, depois do sexo tórrido que ela tivera com a garota.

Como se houvesse uma sintonia secreta entre Rosely e Janaina, mal ela pensou nisso, seu celular avisou que havia recebido uma mensagem e ela o pegou e leu: “Realmente é muito triste a história dessa garota, fiquei com pena dela. Mas isso não quer dizer que você tenha que ser a Madre Tereza de Calcutá da vida dela. Que dia você vai mandar ela embora da sua casa?”.

– Puta que pariu. Eita vida complicada! – Comentou baixinho Rosely depois de ler a mensagem, porém, foi ouvida por Jéssica.

– Quem é complicada, Rô? Perguntou Jéssica.

– Ninguém em particular. – Disse Rosely e depois, parecendo se arrepender, completou: – Toda essa porra de vida está complicada. Mas, isso não vem ao caso agora, vamos comer alguma coisa.

Quando chegavam à cozinha, ouviram o barulho do portão se abrindo e o carro de Lucio que retornava para casa entrando na garagem. Ele foi até onde estavam as duas e ao beijar Rosely, olhou bem em seus olhos. Lucio já aprendera a conhecer a esposa em todos os seus aspectos e soube na hora que alguma coisa havia acontecido, então olhou fixamente para Jéssica e depois comentou:

– Pelo jeito a coisa aqui esteve boa!

– Não aconteceu nada de bom por aqui. – Quis justificar Jéssica, porém, foi interrompida por Rosely.

– Você nem imagina o quanto. Você ficaria pasmo se assistisse.

Jéssica ficou olhando para os dois com expressão de quem não entendia nada enquanto o casal sorria olhando para ela.

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Comentários

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“ Puta que pariu. Eita vida complicada! “ Kkkkk Muito bom essa série. Parabéns Nassau, seus contos continua nota mil.

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Nassau tu só me surpreende em cada conto nota mil

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Na primeira temporada eu até achei que a Roseli amava o Lúcio, agora só acho que é um capricho dela pra ter poder sobre outra pessoa acho que se ela ama alguém é só a Janaína e mesmo assim tenho minhas dúvidas, não vejo cumplicidade do casal principal pelo menos não dela com ele.

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