SAMANTHA FLAG

Um conto erótico de Cláudio Newgromont
Categoria: Homossexual
Contém 874 palavras
Data: 13/01/2022 10:06:51
Assuntos: Gay, Homossexual

Era minha primeira vez numa boate LGBT. Eu estava encantado com o bom gosto do lugar, a alegria e descontração das pessoas. Confesso que tinha preconceitos vários sobre um lugar assim, achava que era cheio de gays depravados, que ficavam passando a mão na gente e dando cantadas desagradáveis o tempo todo. Completo engano. Eu me sentia super à vontade. Claro que rolavam alguns olhares mais fixos, algumas paqueras meio dissimuladas, mas nada desrespeitoso ou insistente demais, ao ponto de incomodar.

Eu estava ali para ver o show de Samantha Flag, a drag que, durante o dia, era o servente de pedreiro, na obra que estava sendo feita na minha casa, e com o qual já rolara uma deliciosa sessão de sessenta-e-nove. Eu estava ansioso para ver como seria a transformação daquele garoto solar lindo, na diva lunar que se apresentaria.

A sua entrada triunfal, sob um feérico jogo de luzes multicoloridas, num palco repleto de outras tantas beldades, e a introdução impactante do seu show, transportaram-me, inevitavelmente para o velho tango do século passado: “Quando as luzes da ribalta se acendiam, mil mulheres lá no palco apareciam, cada uma de beleza sem igual. Porém, a um sinal do diretor, imponente, no cenário multicor, como deusa, ela surgia divinal... O maestro se empolgava, a plateia delirava e a estrela, soberana, dominava...”

Samantha Flag surgia, em meio a espessa nuvem de gelo seco, dublando uma agitada música internacional que eu não conhecia, arrancando aplausos, assovios e gritos esganiçados da plateia. Paralisei. Estava linda demais! Busquei ansiosamente a imagem do jovem com quem estivera na cama, dias antes, e não consegui localizar. Era, de fato, outra pessoa.

Inegável o talento em dominar a atenção da plateia, em ocupar todos os espaços do palco, com uma graciosidade e uma energia ímpares. O corpo moreno, cujos lances escapavam do luxuoso vestido, estrategicamente generoso, demonstravam o cuidado com que ele tratava seu maior patrimônio. A coreografia, desempenhada com graça e naturalidade, era um encanto. Eu não conseguia despregar os olhos daquela maravilha artística, e meu coração só faltou sair pela boca quando ela desceu do palco e, sensualmente, aproximou-se de mim, passou a echarpe de plumas pelo meu pescoço, arrepiando-me inteiro, e sentou-se no meu colo, esfregando-se discretamente na minha rola já duríssima àquela altura.

Eu não sabia exatamente como terminaria aquela noite, mas eu me sentia envolvido num mundo mágico, do qual eu não queria me afastar jamais, mergulhado pela mesma espessa nuvem com que começara o show, e que agora levava a diva para o fundo do palco e a fazia desaparecer, sob as luzes que iam se apagando uma a uma, enquanto o público ia ao delírio.

Eu estava em êxtase. Se nada mais acontecesse, naquela noite, eu já me daria por satisfeito. Tinha experimentado uma felicidade como poucas vezes na minha vida. Mas a noite era uma criança, e estava apenas começando: um rapaz apareceu na minha mesa, com o recado de que Samantha Flag queria me ver, no camarim. Ele me guiou até lá, por entre corpos cheirosos e purpurinados, em vestidos lindos e luxuosos, drags grasnando e rindo alto, satisfeitas todas com o sucesso do show daquela noite.

O rapaz me deixou na porta de um camarim, cujo nome inscrito dentro de uma estrela brilhante indicava estar a poucos metros da diva maior. Bati delicadamente, girei o trinco e entrei. Samantha estava de costas, concluindo o desmonte da artista, na frente de um vasto espelho, rodeado de luzes fortes. Ao ver minha imagem refletida, girou graciosamente a cadeira, e seus olhos eram de um brilho tão forte quanto as luzes, e seu sorriso amplo e belo.

Ela pulou da cadeira e jogou-se sobre mim, num abraço apertado e intenso, que culminou com um demorado beijo na boca, a que correspondi com avidez. Quando nos largamos e ela falou, entre sorrisos, o quanto estava feliz com minha presença, e o quanto a apresentação daquela noite tinha sido foda, somente então foi que percebi que não estávamos sozinhos; havia mais duas ou três pessoas, igualmente felizes, organizando o camarim. Fiquei meio sem jeito, a princípio, mas a desenvoltura e a naturalidade de todos ali me deixaram de boas também, e entrei na onda da comemoração.

– Meu querido, estava esperando você para abrirmos o champanhe... – falou Samantha, já se dirigindo ao frigobar e sacando o espumante, que abriu com o estouro e as exclamações de sempre. Ela mesma serviu a todos, fizemos um brinde ao sucesso daquela noite, e tomamos o delicioso líquido.

Minutos depois, ela já trocara de roupa e saíamos, de mãos dadas, para completar a noite, que foi pequena para tanto carinho, tanto beijo, tanta foda e gemidos. Eu a tive enfiada em mim tantas vezes quantas lhe penetrei, e nossos gozos foram fenomenais e arrebatadores. A gente se comeu como um casal que parecia se conhecer há tempos, tamanha era a intimidade e o conhecimento que tínhamos sobre o que proporcionava prazer ao outro.

Depois de um refrescante e relaxante banho na hidro, em que nos comemos mais uma vez, cedemos aos cuidados de Morfeu, que nos embalou carinhosamente, e adormecemos, nos braços um do outro, nus, peles se roçando, picas em descanso, mas juntas... a felicidade estampada plenamente nos nossos rostos.

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Comentários

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Fenomenal. Descrição perfeita da felicidade. O uso das palavras certas faz a coisa ficar sexy sem ser vulgar não diminuindo o tesão proporcionado. E dando aquela vontade de estar vivendo a situação.

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