VIADO DE INTERIOR - Capítulo I: Construção em andamento parte 1

Um conto erótico de Davi
Categoria: Gay
Contém 1417 palavras
Data: 15/12/2021 10:20:21
Assuntos: Gay

Eu tinha dezoito anos e estava no meio do terceiro ano do ensino médio. Eu era o típico adolescente do interior: jeans largos, cabelos despenteados e o que poderia ser o começo de uma barba. Não havia nada de muito interessante em mim: um corpo magrelo, cabelos curtos e um nariz desproporcionalmente grande. Meus olhos destacavam na face: verdes, quase cor de capim.

Eu era o melhor da classe e, por isso, sempre conseguia ficar despreocupado enquanto os demais colegas estudavam (ou melhor, corriam atrás do tempo perdido) para as provas de meio de ano. Eu estava ansioso para as férias, não porque eu não gostava da escola, mas porque eu evitaria tantas interações sociais e, quem sabe, viajaria para alguma cidade maior. Águas Claras era uma cidade pequena demais, com cerca de oito mil habitantes.

Águas Claras era pequena demais para o meu segredo. E meu segredo nem sequer era grande coisa: eu gosto de garotos. É difícil guardar isso dentro de si estando em plena adolescência, com todos os hormônios borbulhando por um pouco de sexo, mas era necessário. Eu já sofria demais por ser o magrelo desengonçado e nerd da escola, não poderia suportar mais um fardo.

Boatos corriam, com certeza. Eu não conseguia disfarçar meus olhares acidentais e meu jeito de falar. Além disso, eu já havia pagado alguns boquetes para alguns meninos da escola. O bom de oferecer esse tipo de favor para héteros é que eles dificilmente irão sair espalhando, mas às vezes contam para alguns amigos próximos.

Entretanto, nenhum garoto me deixava com tanto tesão quanto Ulisses. Ulisses era loiro, musculoso (até mesmo para a idade) e vestia sempre calças apertadas, marcando a mala, e camisetas arrochando os braços. A fivela prateada e o boné da Smith Brothers completavam o visual de cowboy de cidade pequena. Ele era namorado da minha melhor amiga, Letícia. Ela jamais poderia imaginar que eu me masturbava para as fotos dele sem camisa no Facebook.

Mas não é sobre isso, de fato, que a minha história irá girar. Meu intuito aqui é relatar minhas experiências sexuais - e como elas culminaram na construção de uma verdadeira putinha de macho. Tudo começou numa tarde, final de junho. Estávamos eu e Letícia voltando da escola, como usual, quando observei dois garotos mais jovens que eu saindo de uma construção. Era meio-dia e eles pareciam mais suspeitos do que nunca: botões desabotoados, suor no rosto e com tentativas infundadas de parecerem despercebidos. Eu não era nenhum inocente e sabia o que estava acontecendo ali. A maioria das pessoas conhece como troca-troca, e comumente não passa de uma brincadeira torta de infância.

Eu mesmo já havia participado de alguns há uns anos. Seria uma cena habitual, se eu não estivesse sedento por uma aventura. Passei a tarde pensando naquela construção: seria um novo ponto de putaria? Será que valeria a pena eu me entrosar com aqueles moleques novinhos? Seria isso errado? Deitei na cama e me masturbei, fantasiando situações naquele lugar. Todos os meninos estavam em volta de mim, e de repente eu sentia as gotas mornas de esperma sobre meu rosto. E então eu pensei em Ulisses, chegando na construção e botando todos para correr. Ele me segurava pela bunda e… antes que eu pudesse imaginar ele me invadindo, gozei.

Às cinco da tarde minha mãe chegou do trabalho e me colocou para ajudar com a casa. Inventei a desculpa de um trabalho escolar para poder sair às 18:30. Eu peguei um punhado de livros e cadernos e botei na mochila para disfarçar, e saí de casa. Segui por três quarteirões e eu estava na construção que havia visto antes com Letícia.

Era um esqueleto de casa. As paredes ainda não estavam rebocadas e não haviam portas nem janelas. Ainda estava claro quando entrei, receoso de ser visto. Eram uns cinco ou seis cômodos cheios de pó de cimento, com uma entrada nos fundos que dava para um quintal ainda em gênese. E infelizmente, eu estava sozinho.

Esperei a noite cair sentado escorado na parede posterior da construção. Observava o decote da lua por entre as folhas de uma jaboticabeira. Eu estava quase desistindo, quando ouvi vozes: uma mais grave e uma mais aguda. Pensei: deve ser os garotos de mais cedo.

— Olha como você me deixa! — Disse a voz mais grave.

Eu ouvi o barulho de passos e de beijos se aproximando cada vez mais. Eles provavelmente estavam por dentro do cômodo em que eu estava escorado, do lado de fora. Os beijos continuavam, estalando.

— Tem certeza que ninguém vai aparecer aqui? — Disse a voz mais aguda, em tom preocupado.

— Eu tenho… aqui ainda não mora ninguém, só vamos terminar daqui umas semanas. — Respondeu a voz grave.

“Vamos terminar o quê?”, me perguntei sozinho. Ouvi o barulho do zíper da calça sendo aberto. E de repente, a voz grave se contorcia em gemidos tímidos. O silêncio da noite era constantemente interrompido por respirações ofegantes.

— Deixa eu comer o seu cuzinho hoje, deixa — Pedia a voz grave, trêmula.

— Hoje não.. Vem! — Respondeu a voz aguda.

E então o som mudou. Os beijos passaram a ser acompanhados pelo som de pele batendo na pele. E brevemente esse som se tornou rítmico em estocadas. Eles estavam transando.

Me veio à mente a indagação: “então ele liberou mesmo o cuzinho”. “Eu liberaria também”, pensei. Era intrigante, porque eu nunca havia o feito, idem. Já havia chupado meia dúzia de caras, mas nunca havia transado de fato. Botei o pau pra fora e bati uma ao som das estocadas. Não tardou muito para eu gozar violentamente no chão de concreto, quase que instantaneamente no momento em que as estocadas passaram a ser mais espaçadas. E foram involuindo no ritmo até pararem de fato, num silêncio abrupto, em que somente a respiração dos envolvidos se fazia presente.

E, então, decidi que eu poderia espiar. A adrenalina ainda descarregava em meu corpo. Por cima da janela, de canto de olho, tentei ver alguma coisa. Já saindo da construção, ao fundo, eu pude ver uma silhueta feminina. Não eram os meninos de mais cedo que estavam dentro da casa, mas sim um casal hétero. O homem já devia ter saído.

Peguei minha mochila no chão da varanda e coloquei nas costas, retornando para dentro da casa em construção. No momento em que entrei no que futuramente seria a cozinha, me deparo com um garoto. Ele saia do que futuramente seria o banheiro, vestindo um short esportivo e uma regata que salientava bem o volume de seus braços - no braço esquerdo, uma tatuagem de dragão.

— Você não devia estar aqui. — Disse ele, num misto de preocupação e desdém.

Pude observar melhor o seu rosto: barba cerrada, cabelo muito preto, liso e volumoso; seu nariz era pontudo e delicado e sua pele morena. Eu tinha a sensação de já tê-lo visto na rua - o que era altamente provável, visto o tamanho da cidade.

— Minha namorada morre se saber disso. — Disse ele, se apressando em sair. — Você não abre o bico para ninguém, ouviu?

Eu fiz que sim com a cabeça, sem emitir nenhum som. E ele saiu. Contei mentalmente uns trinta segundos e saí de lá também. Eu me sentia mole, como qualquer corpo pós-orgasmo, e ao mesmo tempo desconcertado em imaginar a situação. Ele estava fodendo ela há três metros de mim, e eu só conseguia imaginar ele me fodendo.

Voltei para casa. Jantei com meus pais. Era outra noite difícil: meu pai estava saindo com outra mulher e minha mãe estava desconfiada. Eu não podia (e não queria) falar nada para não interferir na relação dos dois. Meu irmão mais novo ficava cada dia mais revoltado com a situação e havia começado a usar drogas. E todo jantar era assim: o silêncio desconfortável e o desejo mútuo de a comida acabar logo do prato.

Quando tomei banho e me aninhei no quarto, me atravessa um pensamento: “e a camisinha?”. Provavelmente o casal que estava na construção era novo demais para transar assim, desprotegido… E então eu estava obcecado. Eu precisava daquele item. Eu precisava ver o esperma daquele homem, mesmo que dentro de um saco de látex. Eu poderia sentir, eu poderia cheirar… E assim eu emendei mais uma punheta antes de programar o despertador para as 5:30 da manhã.

Eu tinha um plano! Antes de todos acordarem, antes da construção entrar em movimento, eu iria lá como coletor. Eu procuraria por todos aqueles cômodos pela camisinha usada. E eu levaria ela comigo.

Continua…

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