APENAS UMA REGRA (ROMANCE GAY/HOT) - CAP 3: POSSO FICAR?

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 1727 palavras
Data: 02/11/2021 04:23:38

Eu só me meto em furada, puta que pariu! Além de ajudar e tratar dos ferimentos do garoto zumbi, preciso dormir no chão, porque não me sinto confortável em dividir a cama com ele.

O colchonete é duro e pinica, porém, sou vencido pelo cansaço e acabo dormindo. À noite, ainda mais nos dias mais estressantes, eu lembro de tudo. Recordo dos toques. Dos palavrões. Eu não queria. Ele me forçava.

— Não quero! — gritei, levantando assustado e suado, mesmo a porra do termómetro marcando 9º graus. — Puta que pariu.

— Você está bem? — perguntou uma voz fraca, que fez o meu corpo estremecer, porque pensei se tratar de um espírito.

— Cacete! — fiquei em pé.

Demoro mais do que o normal para lembrar do "defunto" que dorme na minha cama. O tico e teco não funcionam sob pressão. Na penumbra do quarto, consegui ver a silhueta dele deitado.

Recuperado do susto, mas ainda desconfiado, ligo o abajur e uma luz amarela ajuda a identificar o rapaz. A única coisa que consigo ouvir é sua respiração ofegante.

— Cara, quem é você? — perguntei me aproximando.

— Onde eu estou?

— Não se responde uma pergunta com outra. — me controlei para não disparar um palavrão. De acordo com a Izzy, o meu único defeito é a boca suja e, infelizmente, não consigo ser de outro jeito.

— Desculpa. Eu estou com sede. — avisou o rapaz.

Respiro fundo e sigo para a cozinha. Encho um copo de vidro com água e caço o canudinho de bambu que a Izzy comprou na sua fase natureba. Volto para o quarto e o garoto continua na mesma posição, porém, os seus olhos fitavam cada parte do meu quarto, acho que procurando uma rota de fuga.

— Toma. — falei me abaixando e colocando o canudo em sua boca.

O garoto toma a água do copo desesperado. Não imagino o que ele passou e estou começando a me arrepender em tê-lo ajudado, afinal, ser um Garoto de Programa já é ruim aos olhos da sociedade, imagina ajudando algum pilantra.

— Olha, eu não quero confusão. Eu apenas te ajudei. Seja lá o que vou aprontou, Garoto Zumbi, eu não me importo. — avisei deixando o copo sob a mesa de cabeceira.

— Eu não sou um marginal. — ele respondeu. Agora, pude reparar um pouco mais na voz dele. Um tom doce e pacato. O tom de alguém que não se meteria em confusão. — Digamos que é um problema de família. Realmente, não quero te envolver. Eu só peço um tempo. Posso te ajudar com dinheiro, não se preocupe.

— Puta que pariu. — soltei, impaciente. — Mas, preciso de um spoiler, cara.

— Spoiler...

— Drogas? Mulher? Acerto de contas? — fiz uma sequência de perguntas com possíveis motivos para ele ficar naquele estado. O menino pareceu confuso e apenas negou com a cabeça.

— Nenhum deles. Digamos que cobiça. — ele se limitou a dizer, puxando o cobertor contra o seu peito.

— Eu posso saber a sua graça? — perguntei de forma irônica. — Não aguento mais te chamar de Garoto Zumbi.

— Miguel. Miguel Arnault. E o seu?

— Cacete, que merda de nome difícil. Opa, desculpa o meu modo. — soltei. — Eu me chamo Stefano, mas pode me chamar de Stef.

— Obrigado, Stefano.

— De nada. — falei esfregando minhas mãos por causa do frio. — Bem, vamos dormir? Pela manhã, conversamos mais.

Miguel. Ele não é mais um rosto sem nome. Ele se chama Miguel, o sobrenome eu não entendo, mas me contento com um nome. Volto para o colchonete duro e, finalmente, durmo sem interrupções.

No dia seguinte, acordo devido a uma mensagem que recebi no meu celular profissional. Sim, tenho dois aparelhos celulares: o pessoal e o de trabalho. Abro apenas um dos olhos e leio a mensagem no visor.

"Tens horário para às 14h?", escreveu um dos clientes.

"Pode ser. Me manda a localização. R$ 120", escrevi de volta e deixei o celular do meu lado.

— Caralho. — pensei, respirando fundo, guardando o ar e soltando aos poucos.

Ao levantar, me deparo com Miguel sentado na cama. No primeiro momento, penso que ele está dormindo, porque os seus olhos estão inchados. O olho direito, por exemplo, está envolto a uma massa de carne roxa.

— Bom dia. — ele desejou.

— Bom dia. Você precisa de alguma coisa?

— Eu preciso de uma roupa. Estou pelado. — soltou Miguel me fazendo rir, pois tiramos as suas roupas na noite passada.

— Desculpa. — pedi me controlando para estancar o sorriso. — Acho que tenho algumas peças que servem em você, só que as tuas roupas deram perda total.

— Obrigado.

"Educado", pensei. Eu não conheço o Miguel, entretanto, o seu jeito já diz muita coisa. Ele sempre pensa nas palavras, e as fala com muita educação. Entrego em suas mãos uma regata e um short, então, saio do quarto.

Ao fechar a porta, ergo os braços e me espreguiço. De acordo com o meu personal da academia, o movimento ativa a circulação sanguínea e movimenta os músculos. Ouvi cada osso do meu corpo estalar. Puta que pariu, que sensação gostosa.

No corredor, sinto um cheiro maravilhoso. Encontro a Izzy rebolando na cozinha ao som de MC Poze. Ela está vestindo um baby doll de renda vermelha e não se importa quando um dos seios escapa e fica à mostra.

— Tá animada para começar o dia, né? Os R$ 400 de ontem mudaram o teu humor. — falei, a abraçando por trás e arrumando a sua roupa. — Modos estamos com visita. — a repreendi.

— Esqueci. Será que o boy zumbi resiste aos meus encantos? — ela perguntou colocando água na cafeteira.

— Ele se chama Miguel. Não é traficante ou bandido. Ainda estou esperando pela história completa. — contei para a Izzy as poucas informações que obtive na última noite.

— Justo. Eu vou ter uma gravação hoje, mas eles só queriam uma princesa do rolão, desculpa, Anjo Caído. — lamentou Izzy, que adorava se gabar dos seus 26 cm. — Mas, esse mês eu compro o sofá novo, prometo.

— Eu tenho um cliente hoje. 14h. — contei, enquanto sentava à mesa. — E qual a cena?

— Ah, um gang-bang. Sabe quem vai ser o passivo?

— Quem?

— O produtor mandou a foto. — abrindo uma foto no celular e mostrando o César, um ex-ficante que se viciou em remédios para dormir.

— Vai rolar camisinha, né? Se cuida, Satanás.

— O PrEP está em dia e a camisinha grudada no meu pau. — garantiu Izzy.

Eu não consigo enxergar a Izzy com olhos sexuais. Já fiquei com outras mulheres trans, inclusive, clientes, porém, ela era a minha única família neste mundo enorme. A Izzy é a mãe, irmã, conselheira e melhor amiga que tenho.

— Ei, boneca. Soca bem forte no cú desse viado. — pedi.

— Claro. Não vou nem usar lubrificante. 26 cm de pau no seco! — ela gargalhou e começou a fazer movimentos de vaivém com a cintura.

Ouvimos um som de tosse. O coitado do Miguel está em um dos cantos da parede como se fosse um cachorro perdido. Os seus cabelos formam vários cachinhos e os hematomas apareciam com mais evidência em contraste à pele branca.

O convido para sentar à mesa e, de maneira tímida, ele se aproxima e senta. A Izzy serve uma generosa xícara de café e o Miguel toma em apenas um gole, nem se importou com a temperatura.

— Então, gato. — soltou Izzy sentando ao lado de Miguel. — Conte a sua história. Não se preocupe, aqui não é espaço de julgamento. Esse viado. — apontando para mim. — Chegou aos meus braços do mesmo jeito. Ferido, assustado e magricela. Agora, parece um Pitbull em posição de ataque.

O único olho bom de Miguel parecia absorver toda a informação e mandar de forma lenta para o seu cérebro. Acho que ele ficou assustado com a espontaneidade de Izzy eu, pelo menos, fiquei e, porra, como eu fiquei intimidado por ela.

— Sou Miguel Arnault, talvez, vocês não reconheçam o meu sobrenome, porém, a minha família é dona de uma rede de joalherias...

— Espera, a Arnault é da sua família? — perguntou Izzy com uma luz diferente em seus olhos.

— Hum. — ele respondeu, colocando as mãos sob a mesa e cruzando os seus dedos. — No ano passado, os meus pais faleceram em um acidente de avião. Eu precisei voltar para o Brasil para administrar as empresas.

— Tá. — eu o interrompi. — Mas, onde entram aqueles brutamontes que te espancaram?

— Provavelmente capangas do meu tio. Ele é uma pessoa boa, mas complicada. Descobri alguns documentos estranhos, então, do nada, ele queria que eu assumisse os negócios da família, mas acho que foi apenas uma desculpa. Tivemos uma discussão acalorada. Quando fui para o estacionamento, os capangas dele começaram a me agredir.Consegui correr graças a um cachorro de rua que apareceu. Reuni todas as minhas forças e corri na direção da Augusta. Foi quando esbarrei em você. — ele olhou para mim e não conseguiu evitar às lágrimas.

— Caralho. Puta que pariu, hein, com um tio desses nem precisa de inimigos. — falei cruzando os braços e olhando para Izzy que, emotiva, já estava com os olhos marejados.

— O que podemos fazer para te ajudar? Você precisa ir até a polícia. — ela sugeriu limpando os olhos.

— Eu não posso. Ainda não tenho nenhuma prova contra ele. Preciso me organizar para atacar. — Miguel explicou.

— A melhor defesa é o ataque. — eu disse. — Podemos pegar e quebrar o filho da puta.

— Não. Eu sinto que ele ficou desesperado demais quando descobri os números. Enviei para um contato nos Estados Unidos. Um amigo chamado William está analisando anos de documentos, então, creio que vai levar um tempo. — ele garantiu afastando as mãos e colocando as palmas sob a mesa. — Olha, eu não conheço vocês, mas eu preciso de sua ajuda. Eu posso pagar, dinheiro não vai ser problema.

— Vamos quebrar esse infeliz. — falei, já imaginando as formas que espancaria o tio de Miguel.

— Não, Stef. Só preciso de um lugar para ficar, por algum tempo. Eu só preciso de tempo.

Inferno de vida. A Izzy me fita. Aquele maldito olhar de pena. O mesmo olhar que ela jogou sobre mim há alguns anos. Por outro lado, tem dinheiro na jogada. Não chegamos a conversar sobre valores, mas tenho certeza que o Miguel pode ser generoso.

Eu só não sabia que esse maldito garoto com cabelos bagunçados faria uma revolução dentro de mim. Caralho, Miguel. Ah, se eu pudesse voltar no tempo. Ah, se eu pudesse mudar tudo.

***

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Comentários

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Adorando. Mesmo os capítulos não sendo muito longos, eles prendem bastante.

Parabéns

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Continua logo por favor continue assim desse jeito maravilhoso de postar seus contos. Nota dez

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Vou continuar, Geomateus. Obrigado pelo incentivo. Você arrasa!

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