O Outro capitulo 8 Vamos almoçar!

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 3870 palavras
Data: 05/11/2021 19:18:03
Assuntos: Amor, Carinho, Desejo, Gay

Capítulo 8

_ Você não vai almoçar?_ perguntou Patrícia diante de Leandro. Observava-o terminar de se vestir.

_ Não, Patrícia. Hoje eu vou almoçar com a Val. Ela me ligou desesperada, dizendo que precisava falar comigo com urgência.

_ Caramba! Será que aconteceu alguma coisa grave?

_ Creio que não. Ela me disse que conheceu um mexicano no resort que ficou hospedada. Deve ser mais uma das aventuras sexuais da Valéria.

_ Ah, tá. Mas daqui a pouco, a Vanessa vai chegar do colégio, o que digo a ela se perguntar por você?

_ Diga qualquer coisa, menos que estou com Valéria. Hoje não estou nem um pouco a fim de aturar os chiliques da Vanessa. Vamos aproveitar que sempre nos primeiros dias de aula, ela fica um doce.

_ Eu acho que você não deveria dar tanta confiança para essa menina se meter tanto na sua vida. O pai aqui é você.

Leandro respirou fundo. Abaixou o olhar, entristecido, lembrando da ameaça de Júlio.

_ Só faça o que eu te pedi. E te peço por favor que não me julgue. Eu tenho os meus motivos para ocultar a minha amizade com a Val.

_ Sei bem como é. Mas eu não estou te julgando. Só acho injusto o que você passa nesta casa. Você é uma pessoa tão boa. Merece ser respeitado.

Leandro sorriu agradecido.

O nível de amizade deles era tão grande, que ambos tinham as chaves de seus apartamentos. Leandro tinha autorização para entrar e sair do condomínio a hora que bem entendesse sem precisar ser anunciado pelos porteiros.

Como Soraya estava em férias e Valéria era uma péssima cozinheira, presumiu que o almoço seria pedido em algum restaurante. Temia que o pedido fosse feito em algum fast food. Conhecia muito bem a amiga ao ponto de saber que Valéria sempre se consolava das decepções amorosas se esbaldando de batatas fritas.

Passou numa feira próxima e comprou diversas verduras frescas e cogumelos para preparar uma salada e não ser obrigado a compartilhar das bombas calóricas oferecidas por Valéria. Desde criança fora acostumado a ter uma alimentação saudável, o que o fez desenvolver um estômago intolerante a comidas gordurosas, pois ao ingeri-las era asia na certa.

Quando abriu a porta, percebeu que não havia ninguém no imóvel. A casa estava silenciosa, coisa que só acontecia quando Valéria não estava lá.

Entrou chamando por ela e teve o silêncio como resposta. Procurou por Valéria por todo o apartamento e não a encontrou.

"Cadê vc, mulher? Estou no seu apê."

Foi respondido alguns minutos depois. Esperou sentado no sofá, esfoliando algumas das revistas de moda que Valéria sempre comprava e nunca lia.

"Amigo, tive que dar uma passadinha no banco. Daqui a pouco, estou chegando aí."

Leandro decidiu higienizar as verduras para passar o tempo. Cantarolava uma música enquanto se distraía cuidando dos vegetais.

O som da campainha o assustou. Quem poderia ser? Valéria não tocaria a própria campainha e um visitante seria anunciado por interfone.

Ao olhar pelo olho mágico, sentiu o coração bater em disparada. Pôs a mão na boca, incrédulo com o que via.

Abner sorria de canto da boca. Arqueava a sobrancelha, sabendo que Leandro o olhava do outro lado da porta.

_ Vai me deixar aqui plantado, Leandro?

Leandro gelou ao ouvir o seu nome sendo dito por o homem que ele acreditava se chamar Dimitri, chegando a conclusão que foi vítima de uma armação de Valéria. "Ela me paga!"

Ao abrir a porta, foi surpreendido com um beijo, que despertou arrepios pelo seu corpo.

Abner segurava a sua cabeça para que não escapasse, coisa que Leandro não fazia questão nenhuma em fazer.

_ Eu senti a sua falta._ Abner declarou segurando em sua face, olhando-o com doçura.

_ Eu também._ Leandro percebeu que disse sem pensar, ficando corado de vergonha.

Abner sabia que mexia com Leandro, o que era muito bom para os seus planos.

Beijou-o novamente, percorrendo as mãos pelo corpo do moreno.

Leandro se afastou, dando uns passos para trás.

_ Eu não deveria fazer isso... não posso!

Abner entrou fechando a porta. Puxou-o pela cintura para beija-lo mais uma vez. No entanto, Leandro se afastou.

_ Dimitri, me desculpe por ter mentido pra você. Menti sobre o meu nome e o meu estado civil. Mas não fique pensando que sou um canalha, ou que estava curtindo com a sua cara. Naquela noite as coisas aconteceram de um jeito muito louco... Eu havia brigado com o meu marido e...

Leandro foi silenciado com o dedo indicador de Abner tocando em seus lábios.

_ Eu sei que você é casado. A Valéria me explicou tudo. Eu não quero te cobrar nada. Compreendo que você tem uma vida e eu não quero ser o responsável pela destruição da sua família. Eu gosto de você, e a última coisa que quero é te causar transtornos._ Abner sempre usava esse recurso para conquistar os homens e as mulheres casadas...e sempre era bem sucedido.

_ Dimitri, você é muito legal. Eu não quero te prejudicar. Você é bonito, jovem, inteligente e gentil. Com certeza vai encontrar um cara legal.

_ Eu não quero outro cara legal. Quero você.

_ Eu não posso me envolver com você. A minha situação é muito complicada. Sou casado e tenho uma filha. E isso não é certo.

_ Então, me deixe ser o melhor erro que você já cometeu._ Abner disse sussurrando, ao pé do seu ouvido, o deixando arrepiado.

Abner ficou irritado com a resistência de Leandro. "Não acredito que vou ter que correr atrás dessa songa monga. Puta que pariu! Ele vai fazer a difícil agora! Merda."

Abner o empurrou contra a parede, pôs as duas mãos na parede. Encarava Leandro com luxúria, mordendo os lábios.

_ Se você me conversar que não me quer, eu saio por aquela porta e nunca mais te procuro._ disse pondo a mão no sexo de Leandro.

_ Eu não quero.

_ Mentira. O seu corpo te contradiz._ Dimitri sorria deixando Leandro contragido e ao mesmo tempo excitado.

Dimitri beijava o seu pescoço, deixando-o zonzo, louco para se entregar.

Suas bocas se devoraram num beijo molhado. Abner adorava o gosto do seu rival. Era delicioso demais!

Mesmo excitado, Leandro escapou dos braços de Abner, indo para o lado oposto da sala.

_ Eu estou falando sério. Não tente me agarrar novamente. Não posso me envolver com você.

Abner sentou no braço do sofá, cruzando os braços e sorrindo.

_ Você fica tão lindo mentindo.

_ Eu não tô mentindo!

_ Você é perfeito! É lindo! É gostoso! Muito gostoso! Tem uma boquinha que pede beijo e uma bundinha que pede pica.

Leandro sentiu o rosto arder de vergonha diante da ousadia do jovem.

_ Dimitri, chega! Eu sou um homem ca...

_ Já sei. É casado._ Abner revirou os olhos para cima._ não precisa ficar repetindo isso mil vezes. Qual é, Leandro vai negar os seus desejos por causa de um homem que não te respeita? Que fode com outro cara tão filho da puta, que liga para a sua casa?

Leandro abaixou a cabeça.

_ Acho melhor eu ir embora.

_ Espere!_ Abner disse, segurando em seu braço._ Eu não vou me desculpar por te desejar e por te dizer que você também me deseja, o que não é nenhuma mentira. Mas se você não quiser, eu vou te respeitar. Podemos ser amigos? Eu prometo que sou tão bom amigo quanto amante...posso até fazer o sacrifício de assistir aquela chatice de Friends contigo.

_ Filho da puta! Friends não é uma chatice! É uma obra prima._ Leandro disse sorrindo, dando um tapinha no braço de Abner.

_ É uma "maravilha"... Tão "boa" que uso para dormir.

_ Ridículo! Como sabe que gosto de Friends?

_ Eu sei tudo sobre você! Sou da família Holmes._ Abner respondeu fazendo sinal de arma com a mão.

_ Ah, é?! Isso é uma covardia, pois eu não sei nada sobre você!

_ Aceite ser o meu amigo, que você descobrirá._ Abner sugeriu esticando a mão para que Leandro a apertasse.

_ Tudo bem._ Leandro respondeu sorrindo de um jeito tão meigo, que fez os olhos de Abner brilhararem. Levou a mão do moreno até a sua boca e a beijou.

_ Se bem que não sei se quero ser amigo de um cara que fala mal da minha série favorita._ brincou Leandro, pondo as pontas dos dedos no queixo.

_ Eu posso te compensar mostrando os meus dotes.

_ Deixa de ser safado! Comporte-se!

Abner ergueu a cabeça para gargalhar.

_ Que cabecinha suja, heim! Meu anjo, eu não estou falando dos meus dotes eróticos, esses você conhece e muito bem._ mais uma vez sorriu por deixar Leandro envergonhado._ Estou me referindo aos meus dotes culinários. Deixe-me preparar o nosso almoço.

_ Não sei se é uma boa ideia. Estamos na casa da Valéria e ela está chegando daqui a pouco...

_ Deixa de ser ingênuo, Leandro. A Valéria não volta tão cedo. Ela acredita que estamos trepando horrores. Enfim, não podemos ficar com fome.

...

O prato escolhido foi lasanha de cogumelos frescos. Abner percorreu pela cozinha, olhando a despensa e a geladeira a procura de uma ideia para o almoço.

Perguntou a Leandro se tinha preferência por algum tipo de prato.

_ Deixo por conta do chef. Me surpreenda.

_ Olha, sinto um tom de desafio. Eu amo ser desafiado.

Leandro sorriu. Gostava tanto de estar com Dimitri, que não se recordava, naquele momento, de nenhum dos problemas que tinha na vida.

_ A minha única ressalva é que não seja nada extremamente gorduroso.

Abner semi cerrou o cenho. Tentando captar com o olhar o gosto de Leandro.

Ao olhar para a geladeira percebeu a grande quantidade de cogumelos frescos.

_ Ah, esses cogumelos foi eu quem trouxe. Pensem em prepara-los junto com uma salada para fugir das bombas gastronômicas da Valéria.

_ Já sei o que vou preparar!_ disse Abner estalando os dedos._ Lasanha de cogumelos. Gosta?

_ Acredita que nunca experimentei?

_ Prepare-se para perder a virgindade deste prato e gozar muito com isso._ a frase foi dita seguida de um piscada de olho, que deixou Leandro sentindo um excitação gostosa.

Abner encontrou dois aventais pretos pendurados num gancho próximo á pia. Pegou um e vestiu e jogou o outro para Leandro.

_ Bora trabalhar, mocinho.

Leandro foi solicitado para cortar os cogumelos. Como não sabia o ponto do corte que Abner preferia, o perguntou.

_ De modo grosseiro.

_ Assim?_ perguntou Leandro mostrando um pedaço que havia cortado.

_ Não. Estão um pouco finos. Deixe eu te mostrar.

Posicionou-se por trás de Leandro, segurando a faca junto com a mão dele. Abner aproveitou para se esfregar em suas nádegas e deslizar os lábios na nuca.

_ É deste jeito. Assim você poderá sentir a textura na hora que for mastigar.

Leandro não mostrou resistência aos toques de Abner. Agiu como se não percebesse, desfrutando calado.

Enquanto o prato assava, aguardavam conversando na varanda. Sentados um de frente para o outro, tomando uma taça de vinho.

Abner falava sobre sua paixão pela gastronomia e a origem dela, claro ocultando a identidade da sua família. Leandro o ouvia admirado.

Maravilhava-se com o brilho daqueles olhos escuros e atraentes. Acompanhava a bela boca se movendo sorridente enquanto falava da sua paixão pela gastronomia.

_ E a engenharia? Você disse que estudava?

_ Que nada. Foi uma das mentiras que contei._ Abner revelou tomando um gole de vinho. Leandro ficou espantado com a forma descontraída e sem nenhum receio que Abner disse que mentiu.

_ Eu não sou filho de engenheiro e muito menos estudante de engenharia civil. Eu me formei em gastronomia e vou colar grau daqui a alguns dias. Eu só menti para não parecer um pobretão na sua frente...o que foi babaquice minha, já que você acabou sabendo...espero que não se importe com isso.

_ Não...eu não me importo. Eu também não sou professor de Literatura... então estamos quites.

_ Já reparou que somos dois mentirosos? Para pensar dois mentirosos, estavam numa mesma festa, aí se olharam, se desejaram, foderam muito gostoso...isso é o universo dizendo que devemos ficar juntos.

Leandro gargalhou. Não estava acostumado com esse jeito direto de Abner, mas estava adorando.

_ E você? O que faz da vida?

Leandro desviou o olhar em direção ao mar. Sentiu um incomodo e um vazio, pensando no quanto a sua vida era infeliz e improdutiva.

_ Eu não faço nada.

_ Sério?! Como faz para se sustentar? O marido rico de banca?

_ Sim. Infelizmente sim.

_ Que maravilha, hein! Eu queria ter uma mordomia dessas.

_ Não ia querer. Eu garanto.

Abner percebeu a infelicidade de Leandro no tom quase choroso da sua voz. Percebeu que ele tentava se conter para não desabar.

_ É horrível se ver sem propósito. Acordar todos os dias se sentindo inútil.

_ E por que não trabalha? Ou estuda?

_ Eu estudei. Eu não menti sobre a minha formação em Letras. E muito menos sobre as pós graduações. Elas eram as únicas coisas que me faziam me sentir vivo. Quando estive fazendo a minha dissertação do mestrado, recebi uma proposta para dar aula numa faculdade, assim que entrega-se a dissertação. Isso me deixou tão feliz. Mas, o Júlio disse que era perda de tempo, era muita responsabilidade e pouco dinheiro. Eu relutei e disse que não faria pelo dinheiro e sim porque queria. No entanto, ele ficou revoltado, disse que a faculdade me tomaria muito tempo...enfim, brigamos tanto durante aquele período que não tive saúde para concluir a dissertação. Acabei abandonando e deixando isso pra lá.

Abner se sentiu incomodado ao ver que Leandro enxugava as lágrimas. Sentiu ódio por ter descoberto mais uma mentira de Júlio, que sempre alegou que Leandro nunca quis trabalhar. Percebeu o quanto Julio era tóxico e manipulador.

Leandro também relatou o episódio de quando trabalhou para Valéria por um dia. Apesar de Abner ser um estranho, não sabia o porquê se sentia confortável para desabafar.

_ Enfim, acho melhor eu parar de falar. Não quero estragar o seu dia._ disse Leandro com um sorriso falso, para mascarar a sua tristeza.

Abner segurou em sua mão, se compadecendo da sua situação. Desejava cuidar dele, afasta-lo de Júlio. Chegou a conclusão que Leandro não merecia aquelas lágrimas, aquele rosto o agradava demais para estar triste. Queria transformar aquelas lágrimas em sorrisos.

Abrigou-o em seus braços, num abraço sincero e amigável.

_ Você não deve desistir de si mesmo para agradar os outros. Nunca deve se diminuir para caber no mundinho pequeno do seu marido e nem de ninguém.

_ As coisas não simples assim.

_ Elas são! O Júlio te fez acreditar que são difíceis para poder te manter sob o domínio dele. Mas elas são fáceis. Você é inteligente, gosta de literatura e seria um ótimo professor ou qualquer outra profissão que escolher. O seu problema é o medo. Ele te aprisionado.

_ Eu não tenho medo.

_ Tem sim. Você cheira a medo. E não é um medo genuíno. É um medo que foi posto em você. Mas você é foda o suficiente para vencê-lo.

_ Agradeço o elogio, mas você não me conhece para me taxar de foda.

_ Eu sei que é. Você é tão foda, que desperta medo no seu marido. Ele tem medo de que você se destaque no que se dedicar a fazer. E aí, ele vai ter que lidar com a realidade de que você é melhor do que ele.

Seus olhos se fixaram um no outro. Em silêncio, suas bocas se atraiam para um beijo. Abner foi quem deu o passo inicial, inclinando a cabeça para frente, fechando os olhos e segurando em sua face.

Leandro sentiu um misto de desejo e medo. O último falou mais alto.

_ Acho que a lasanha está pronta._ disse se afastando.

_ Huuuum! Meu deus! Isso tá divino! Muito bom mesmo! Parabéns!_ Leandro elogiou, mastigando um pedaço da lasanha, sentindo a alma ser elevada, enquanto degustava um pedaço do paraíso.

Abner sorriu satisfeito, não pelo elogio a sua comida, disso ele já estava acostumado. O que o satisfazia era proporcionar um pouco de prazer e alegria para Leandro. Alegrava-se ao vê-lo com os olhos fechados, gemendo de prazer.

_ Fico feliz que gostou.

_ Você não é um cozinheiro. É um artista! Terá muito sucesso na sua carreira. Sua comida transmite uma sensação de acolhimento. É a primeira vez que sinto isso. Olha que já frequentei muitos bons restaurantes. Mas nada é igual a isso.

_ Cozinhar com o amor é transmitir todos os bons sentimentos em uma arte indecifrável, porém saborosa.

_ Hum! Poético! Gostei!

_ Pode parecer clichê, mas o melhor tempero é o amor. O cozinheiro só cozinha, mas o amor tempera. E quem come senti isso. É muito bom poder nutrir o coração e o corpo de alguém.

Leandro sorriu encantado com o belo jovem que sentia vontade de beijar, mas era medroso demais para isso.

_ Sabe que você falando desse jeito, me deu uma vontade de cozinhar.

_ Então, cozinhe, ora!

_ Sem chance! Não levo o menor jeito. Nunca fui bom de panela. Aliás, nunca precisei tocar em uma. A minha mãe achava desnecessário eu aprender e uma única vez que tentei cozinhar um risoto de frango saiu tão ruim, que a minha filha e o meu marido me proibiram de entrar na cozinha.

_Cozinha é assim mesmo. Tem que se lançar no desafio. Vai fundo, experimente, erre, erre de novo e depois acerte. Não há o que temer. A cozinha não vai te morder... Quer saber de uma coisa? Eu cozinhei pra você e nada mais justo que você cozinhe pra mim.

_ Você é louco! Se eu cozinhar para você, o seu paladar vai te odiar pelo resto da vida por ter feito essa sugestão.

_ Não é uma sugestão. É um ultimato. No nosso próximo encontro, você vai cozinhar.

_ Próximo encontro?!

_ Sim. E nem adianta dizer que não teremos um próximo encontro. Eu sei que você quer me ver de novo, assim como eu quero te ver.

Ambos sorriram. Leandro não tinha como negar que não tinha a menor vontade de se afastar daquele homem que fazia o seu coração se aquecer de bons sentimentos.

_ Eu não sei cozinhar.

_ Pode deixar que eu te ensino.

Abner tocou em sua mão, transmitia uma energia boa, que penetrava em Leandro percorrendo o seu corpo, provocando arrepios e um sorriso. Seus corpos se conectaram num querer bem recíproco.

...

Abner entrou em casa sorrindo como uma criança. Sentia-se tão feliz, que cantarola.

Lorena estava deitada no sofá, navegando na internet pelo celular. Ela passava mais tempo no apartamento de Abner do que na própria casa.

_ Que felicidade é essa?!

Abner se aproximou dela e beijou o seu rosto. Se jogou na poltrona em frente suspirando de felicidade.

_ Eu estava com ele.

_ O Júlio te perdoou?

_ Que mané Júlio?! Eu estava com o Leandro! Ele tão maravilhoso!

Lorena arregalou os belos olhos de esmeraldas. Não gostava nada do jeito admirado que Abner falava de Leandro.

_ Você tá falando do Leandro marido de Júlio?! Do cara que você tanto odeia.

_ Odiava. Está conjugando o verbo errado, querida. Leandro é tão... tão... tão...me faltam palavras para expressar o quão incrível ele é! Que homem maravilhoso! Inteligente, gentil, doce! Ele tem uma energia boa! Uma vontade de ficar perto e não desgrudar nunca! Que homem, meu deus! Que homem!

_ Vocês treparam?_ Lorena perguntou entre os dentes.

_ Infelizmente não. Ele ficou na defensiva. Mas a presença dele é tão magnífica que não precisa transar para ter prazer. Só de ouvir a respiração dele já basta. E aquele olhar! Aquele sorriso! Aaaah que sorriso!

_ Abner, se afaste dele! É perigoso se meter com os dois ao mesmo tempo. Você está assinando a sua sentença de morte. O Júlio vai ficar furioso.

_ Eu quero que mais que o Júlio se foda! Miserável! Estou com tanto ranço dele que até ouvir o seu nome me dar nos nervos. Eu descobri quem é o verdadeiro Júlio Medeiros. É um monstro manipulador e tóxico! É um filho da puta!

Abner narrou para Lorena tudo o que soube sobre as manipulações de Júlio para impedir que Leandro trabalhasse. Ela não estava nem um pouco interessada. A única coisa que sentia era raiva com a possibilidade de Abner se apaixonar por outro alguém que não fosse ela. Já tinha Júlio como rival, agora ter um segundo já era demais para ela.

_ O Júlio não vale nada e aquela filha dele é tão escrota quanto ele.

_ O que te garante que o Leandro está falando a verdade? Vai me dizer que ele não gosta da vida de bicha dondoca que leva? Me admiro você, tão esperto, se deixando levar por aquela songa monga.

_ Eu não sou burro! Se o Júlio me manipulou mentindo que o casamento era um fardo, que Leandro era abusivo e que me amava, você acha que ele não manipula o Leandro? E faz pior que usa a filha para isso. Eu também não duvido que até essa menina seja manipulada por ele.

_ Eu tô pouco me fodendo pra quem é o manipulador ali. O que me preocupa é você se arriscar de se envolver com os dois ao mesmo tempo. Se afaste deles! Esquece essa história, Abner!

Abner fez um sinal negativo com o dedo.

_ Nem pensar. Eu não vim a este mundo a passeio. Júlio não vai me usar e jogar fora assim não. Eu vou me fazer em cima dele. Ele será a minha escada para chegar ao topo. Enquanto subo os degraus com a grana dele, vou desfrutando da delícia do Leandro.

_ Você tá louco! Só pode! Tá achando que o Júlio é burro? Aquele alá é muito águia.

_ Se ele é águia, eu sou humano, o ser mais destrutivo da natureza e o único dotado de inteligência. Eu já comecei a sacar qual é do Júlio. É daquele tipo que se acha o gostosão, que passa a perna em todo mundo. Com esse tipo de gente se fica na maciota, o fazendo acreditar que está por cima da carne seca, que está sendo enganado por ele. Se deve alimentar a vaidade dele até que essa o cega os olhos, aí é só puxar o tapete.

_ Eu não concordo com isso.

_ Eu não preciso da sua concordância, querida._ Abner disse acendendo um cigarro em sua boca._ Tô louco para rever o meu Leandro.

_ Seu Leandro?!_ Lorena gargalhou._ Agora já tá tomando posse do que não é seu. Como você é abusado. E onde será o próximo encontro dos pombinhos?

_ Na casa de Júlio. Vou comê-lo na cama de Júlio._ Abner disse erguendo a cabeça e tragando o cigarro nos lábios que sorria sarcástico.

Lorena arregalou espantada.

_ Você enlouqueceu!

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Comentários

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Tomara que o Abner não machuque ainda mais o Leandro

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Esse sacode que o Abner/Dimitri deu no Leandro foi importante. Quem sabe ele sai do coma emocional que vive.

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