Morgana - Em Busca do Sexo Total

Um conto erótico de ClaudiaRegina
Categoria: Heterossexual
Contém 1890 palavras
Data: 27/10/2021 17:34:36
Última revisão: 28/10/2021 09:45:08

Em Busca do Sexo Total

Morgana chegou ao prédio na movimentada avenida do centro da cidade, decidida a convencer o homem com quem iria conversar a lhe abrir as portas para um novo Universo. Estava convicta de que somente ele teria condições de lhe mostrar o caminho para satisfazer seus desejos mais ocultos.

Ela entrou no luxuoso elevador, que subiu até o último andar do edifício, um dos mais altos da metrópole. Assim que a porta se abriu, andou com passos nervosos até a recepcionista.

- Tenho um horário marcado – disse ela.

- Sra. Morgana? Tem um documento?

- Aqui está.

- A Sra. Está um pouco adiantada, mas ele já irá atendê-la.

Ela pegou o interfone e informou seu chefe que sua cliente já havia chegado. Em seguida, abriu a porta do escritório dele.

- Pode entrar, ele a está aguardando.

Ela entrou pela porta, e atravessou uma ante-sala. Mais adiante, ela viu o homem que procurava. Era um afrodescendente alto, musculoso, e muito bem trajado.

- Boa tarde, Sra. Morgana. Como posso ajudá-la?

- Vou ser o mais direta possível, Sr. Nguvu. Estou em busca do Sexo Total.

- Creio que veio ao lugar errado, minha dama. Este é um escritório de Advocacia, não um bordel ou lupanar. O homem sorriu enquanto dizia isso.

- Vim aqui porque era o único endereço onde eu poderia encontrá-lo, Senhor. Não tive informação de nenhum outro endereço.

- E o que a fez crer que eu seria a pessoa que poderia lhe ajudar a conseguir o que está buscando, Sra. Morgana...creio que seria a experiência sexual expressa de todas as maneiras possíveis e imagináveis?

- O Sr. certamente sabe que há todo um sigilo a respeito do seu grupo ou Sociedade...votos de segredo e confidencialidade.

- E como ficou sabendo disso, se existe todo esse segredo?

- O Senhor sabe como são as mulheres. Fiquei sabendo que a amiga de uma amiga participou de alguns...rituais sexuais particularmente interessantes.

- E quem seria essa pessoa?

- Obviamente, não posso dizer o nome. Mas ela me disse que, em circunstâncias muito especiais e específicas, ela teria autorização para informar sobre a existência dessa...Sociedade...e indicar um contato, o nome de uma pessoa que poderia, assim dizer, me iniciar nessa jornada.

- Hum. Uma jornada, você falou? Apenas isso?

- Não. Ela me disse que o Senhor iria tentar me dissuadir, que eu deveria ser firme em demonstrar minhas intenções.

- Bem, ainda insisto que a Senhora veio ao lugar errado.

- Concordo. Não estou à procura de um advogado. Então me leve ao lugar certo. Ou me diga como posso chegar lá. O que eu busco não é apenas o Sexo, mas os aspectos físicos, psíquicos e mesmo espirituais envolvidos. Ou seja, o Sexo Total.

- AH! Agora penso que podemos conversar mais demoradamente, já que a Senhora foi mais específica em sua solicitação. Mas não pode ser aqui... Peço então que vá para sua casa e aguarde um contato da minha parte.

- Quer que eu passe meus dados para sua Secretária?

- Não é necessário. Já tenho todas as informações que preciso sobre você, Morgana.

Ela saiu da sala, e no elevador já ficou se perguntando como ele poderia saber sobre ela. Será que sua amiga já havia passado as informações para ele? Ou talvez quando ela ligou para a secretária dele pedindo para marcar um horário, a partir do número de telefone dela ele já tivesse pesquisado a respeito dela. De qualquer maneira, ela teria que aguardar.

Morgana já havia lido que certas Sociedades Secretas e Irmandades fazem uma investigação preliminar sobre as pessoas que se candidatam a participar delas, algumas ficam mais de um ano observando e analisando o comportamento dos postulantes, através de membros que trabalham no mesmo local da pessoa, ou mesmo amigos próximos.

Ela gostava de sexo. As sensações que tinha durante o ato sexual eram extremamente agradáveis, tanto que foi lendo livros a respeito do assunto, explorava posições as mais diversas, tinha experimentado parceiros de ambos os sexos, de vários níveis intelectuais e sociais. Ela se divertia muito, mas sentia que havia algo mais além dos orgasmos físicos. Em algumas ocasiões, parecia que poderia flutuar se quisesse, ou sair do seu corpo físico. Então, um dia, ouviu de uma amiga mais ligada ao esoterismo que havia o que se chama de “Magia Sexual”. E, após muita insistência, e conversas regadas a cerveja, ela lhe segredou ter participado doe alguns rituais sexuais. Mas ela precisou esperar algum tempo até que essa amiga conseguisse a autorização para mencionar o nome de um contato, que nesse caso era Nguvu, o dono do escritório de Advocacia.

Agora, esperava ela, seria uma questão de dias, talvez poucas semanas, para que ela iniciasse o seu caminho nessa trilha.

Só que ela estava enganada. Nem bem chegou em sua casa, já viu uma mensagem em seu telefone:

- Acesse o sítio “X” no seu navegador ( o endereço não deve ser revelado aqui), siga as instruções e, quando for solicitado, digite a palavra-passe “ Y” ( também sigilosa). Lembre-se que essa palavra-passe é exclusivamente sua, e não deve ser repassada a ninguém. No sítio, terá todas as informações necessárias para que possa ser Iniciada em nossa Irmandade Esoterica.

Ela correu até seu computador, ligou-o e aguardou nervosamente até que inicializasse seu sistema. Então abriu o navegador e digitou o endereço do sítio. Uma tela negra, com letras douradas, advertia que, daquele momento em diante, a postulante deveria manter sigilo absoluto sobre tudo o que lesse ou ouvisse. Em seguida, ela deveria digitar o nome da pessoa que havia contatado. Ela escreveu “Nguvu”. A tela permaneceu escura por alguns tensos momentos, e Morgana se perguntou se havia escrito corretamente o nome, ou se haveria alguma letra que ela havia entendido mal ou omitido. Ela chegou a sentir um frio na barriga quando apareceu na tela a mensagem “Digite novamente o nome da pessoa”. Ela escreveu. Mais alguns momentos, e surgiu uma outra tela, que solicitava a palavra-passe. Ela preencheu o espaço adequado, e então apareceu na tela uma série de instruções. Ela deveria primeiro aguardar a chegada, em sua casa, de um pacote com certos itens, e depois preparar um aposento de determinada maneira, a fim de realizar um Ritual determinado.

- Mas como eles irão saber que fiz um Ritual aqui em casa? E que Ritual seria esse?

O mistério daquilo tudo a deixava excitada. Talvez a sua Iniciação dependesse do resultado desse Ritual. Ou não, talvez fosse apenas uma preparação psicológica para um Ritual “de verdade”, em um Templo secreto.

Depois dessas instruções, o sítio da Internet fechou, restando apenas uma tela escura.

No dia seguinte, chegou uma encomenda expressa, que surpreendeu Morgana: Um pacote grande, quase da sua altura, com a inscrição “FRÁGIL” nos dois lados. Ela carregou o pacote cuidadosamente para dentro, com a ajuda do carteiro. Ela procurou um estilete , e, depois que o rapaz dos Correios foi embora, abriu cuidadosamente o volume.

Dentro, havia um grande Espelho Negro. Ela nunca havia visto um antes. A moldura era toda de madeira, entalhada com símbolos místicos. E o espelho era negro mesmo, o reflexo dava a impressão de que era noite do “outro lado” do vidro.

- Hum. Curiosíssimo. O que isto tem a ver com Sexo?

Junto com o espelho, havia outro pacote, que continha um livro de capa dura, com um estranho símbolo na capa, em relevo. Também havia um tipo de pergaminho, que descrevia as coisas que ela deveria fazer, um tapete vermelho enrolado, e dois frascos , contendo líquidos desconhecidos para ela.

Ela precisou esvaziar um dos quartos, e também providenciar uma cortina que fizesse o “blackout” total do aposento, isto tomou alguns dias. Ela não esperava que a coisa fosse tão complicada. Depois, comprou velas vermelhas, e também um abafador, seguindo cuidadosamente as instruções. Ela aprendeu que não é recomendável assoprar as velas para apagá-las.

O quarto deveria ficar totalmente escuro. E o Ritual deveria ser em uma noite específica da semana, durante a Lua Nova. Três dias antes, ela deveria fazer um jejum parcial, evitando determinados alimentos e preferindo líquidos.

Na noite marcada, Morgana ficou completamente nua e estendeu o tapete vermelho no piso do quarto. Foi então que ela percebeu que havia um Círculo Mágico desenhado com tinta dourada , e cheio de símbolos místicos. Ela posicionou as velas nos pontos determinados , a face refletora do espelho direcionada para o Sul. Em seguida, acendeu as velas e , sentada com as pernas cruzadas sobre o Círculo e de frente para o Espelho, abriu os dois frascos, que continham uma espécie de óleo dourado, e derramou parte de cada frasco em um pequeno recipiente, misturando bem com o dedo. Esta mistura foi sendo aplicada em certas partes do corpo dela, enquanto entoava determinados sons, conforme as instruções recebidas. Era tudo muito estranho, mas ela desejava muito saber onde isso a levaria.

Então, havia chegado a hora da parte principal: ela deveria se masturbar em frente ao espelho até atingir o orgasmo, e durante esse estado de gozo, criar uma imagem mental definida. Ela passou a se acariciar e manipular seu clitóris, observando firmemente seu reflexo no Espelho Negro, que tremulava com os movimentos das chamas das velas.

O líquido dourado resultante da mistura dos óleos certamente possuía um efeito afrodisíaco, pois a excitação dela foi aumentando rapidamente de intensidade. Ela suspirava e arfava, enquanto continuava a se masturbar.

Após alguns minutos, ela passou a estremecer e apresentar pequenos espasmos musculares, até que finalmente teve um orgasmo muito intenso. Nesse momento, ela visualizou a imagem sugerida nas instruções, e passou a ouvir um estranho ruído, como se fossem muitas asas de pássaros batendo. Então, as velas subitamente se apagaram , e ela ficou imersa na escuridão total. Um torpor foi se apoderando de seu corpo, que formigava por inteiro. Isso durou um tempo que ela não podia determinar, poderia ter sido um minuto ou meia hora. Ela sentiu como se seu corpo estivesse flutuando, mas também poderia ser apenas impressão.

Enfim, ela se sentiu novamente no chão, sobre o tapete macio. Devagar, foi se levantando, e tateou no escuro, procurando a maçaneta da porta. Quando a encontrou, apoiou uma das mãos na parede, pois estava meio entorpecida ainda. Então abriu a porta.

Para sua surpresa, ela não estava em sua casa, e sim em um lugar absurdamente estranho, parecia um cenário de filme de ficção científica!

Ela deu um passo à frente, e a porta atrás dela se fechou. Várias figuras se aproximaram dela, mantendo porém uma certa distância. Deviam ser pessoas, mas estavam cobertas dos pés à cabeça, Com macacões negros justos, com luvas , e máscaras que deixavam apenas uma fresta para os olhos, porém com uma viseira de plástico ( era o que parecia) . Ela ouviu esses seres falaram algo como:

- Qui podria ser aquesta persona? ( que ela julgou significar “qum poderia ser esta pessoa”)

- Està completament nua!

- Há de ser seguidore de la Deesa !

- Fa segles que no existeixen!

Morgana entendeu algumas partes, deveria ser algum dialeto. Obviamente, perceberam que ela estava completamente nua, e falaram algo sobre ela ser “seguidora de uma Deusa”, mas que “não existiam mais há séculos”.

As pessoas relutavam em se aproximar.

-Aneu amb compte, pot estar contaminat

- Després de la quarta pandemia

Pandemia? O que era isso? Contaminada? Quarta pandemia?

Pobre Morgana. Queria o Sexo Total, e até agora só havia conseguido se masturbar, ainda por cima foi parar em um mundo desconhecido!

CONTINUA

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“Sítio” é o nome correto em Português. “Site” é estrangeirismo.

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"A utilização da palavra sítio em substituição do estrangeirismo site começa a ser mais usual hoje em dia e, apesar de encontrar ainda alguma resistência nos falantes, já está registrada nos mais recentes dicionários de português europeu, nomeadamente no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa (2001), no Dicionário Houaiss (2002) e no Grande Dicionário Língua Portuguesa da Porto Editora (2004); nestes dicionários, a forma site é remissiva para a acepção de informática da palavra sítio.

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