Ma Petite Princesse - 2° Temporada - XIV

Um conto erótico de Ana_Escritora
Categoria: Heterossexual
Contém 11898 palavras
Data: 11/10/2021 15:33:00
Última revisão: 17/04/2023 07:00:19

Sinopse: Muita coisa acontece desde a aventura misturada com suspense que Nívea e Melissa viveram após as primeiras provas do ano. Enfim, boa leitura!

***

Apesar de ficarmos um ou dois dias da semana no Lugar Secreto durante o intervalo, aquele período de descanso das aulas entre a manhã e a tarde não ficou menos divertido.

Estar na companhia dos meus três amigos e também com os outros alunos da minha turma, pelo jardim do colégio, era legal. Frederik e Patrick conversando com os outros meninos e a Gabriele sentada pelo chão e rodeada de meninas, com uma nécessaire no seu colo, mostrando à elas alguns tipos de base para o rosto, batons e blushes e explicando o jeito certo de usar cada tom e textura.

E dos quatro, eu continuava a ser a única quieta. Meu jeito tímido, calado e reservado de ser com as pessoas não mudaria, mesmo eu estando feliz por ter feito amigos. Sentada no banco, eu a observava dando uma verdadeira aula sobre os produtos e as meninas ao seu redor mexendo na maquiagem espalhada pelo chão e ouvindo as explicações. Gabriele nasceu para o mundo da beleza. Era extrovertida e linda. Talvez tenha sido essas qualidades e quem sabe uma dose de ousadia que fizeram o Evandro se sentir atraído por ela. O mais impressionante era que conseguia disfarçar bem estando diante dele e de nós. Se não fosse o que eu e a Melissa tivéssemos descoberto, jamais desconfiaria de algo.

Será que eles eram apaixonados um pelo outro? Era apenas sexo? Ela sentia prazer com ele igual quando namorava o Frederik? O irmão sabia desse romance? As perguntas eram realmente muitas enquanto eu a observava.

- Não vai se juntar ao clube? - Patrick se sentou do meu lado, me oferecendo um pouco de confeitos de chocolate no que eu aceitei e pus todos na boca - No que depender da minha irmã, maquiagem se tornaria disciplina de escola - ele falava bem perto de mim para que as inspetoras não o flagrasse falando em português ao invés de francês.

- Eu gosto de ver ela falando. Não é nem um pouco tímida igual a mim.

- A Gabi fez aulas de teatro por alguns anos. Mesmo que ela não seguisse a carreira de atriz, a mamãe achou que seria bom. E tá aí. Uma verdadeira matraca.

- E ela não faz mais as aulas?

- Deixou de frequentar depois que começou a namorar o Frederik. Preferia passar os sábados com ele, aprendendo a transar - me disse a última frase no meu ouvido - do que em cima de um palco.

- Entendi... - fiquei vermelha de vergonha em ouvir algo tão íntimo.

Senti a vibração do meu celular dentro da minha bolsinha que estava no meu colo, pedi licença ao meu amigo e me afastei do grupo para responder à única pessoa que fazia não apenas o aparelho vibrar mas também o meu coração.

Abri a bolsa e desbloqueei a tela.

- Sabia que eu e você nunca trepamos dentro do colégio?

Senti minhas pernas amolecerem ao ler a pergunta. As reações deliciosas que Eric causava no meu corpo vieram com força: calcinha molhada, coração acelerado, o gelo no estômago... Apertei minhas coxas uma na outra tentando controlar o tesão que a frase tinha me causado.

Mesmo com os dedos tremendo, digitei de volta.

- Sabia que se isso acontecer, eu e você seremos expulsos?

- Só seremos expulsos se descobrirem.

- Para com isso, Eric. É loucura!

- Você usando essa saia, sentada e quicando no meu pau até gozar e deixar ele todo melado.

Eu já me sentia em chamas com aquela conversa picante, imaginando o quanto é gostoso transar com ele. Mas nunca fazer isso em algum canto do colégio junto do medo de um flagra e o tesão juntos.

- Onde você tá?

- Já estou na sua sala esperando a aula começar. Infelizmente tenho que deixar a porta aberta e não tenho como aliviar o tesão dolorido que eu tô sentindo nesse momento, querendo estar enterrado em você. É mais forte que eu, ma petite...

- Você é doido!

- Por você. Vai até o banheiro e tira a calcinha. Fica sem nada por baixo da saia hoje na minha aula.

- Eric, não... Não vou conseguir me concentrar na aula.

- É só ficar sentada, bem comportadinha como sempre fez. Vou olhar pra você e saber que a sua buceta deliciosa está latejando, querendo o meu pau. Já foi pro banheiro?

- Eu não vou! - mordi o lábio e ficar na sala, usando nada por baixo da saia era uma coisa que não eu podia imaginar - Não posso fazer isso, Eric...

- Só hoje, meu amor... Por favor... Você é a minha melhor aluna em tudo.

Não consegui resistir muito e sem responder de volta, fui ligeira até o banheiro, entrando em uma das cabines. Tirei minha calcinha que estava totalmente ensopada, peguei um pouco do papel higiênico e enrolei ela, que era bem pequena, colocando dentro da bolsinha e depois mais um pouco de papel para secar todo o melado por entre as minhas pernas.

Me aproximei da pia para lavar minhas mãos e quando olhei a tela do celular, faltavam quinze minutos para o intervalo terminar. Eu não podia fazer mais nada a não ser voltar para a sala. Mesmo sendo comportada e comprida quase até o joelho, abaixei a minha saia o máximo que podia pois na minha cabeça, alguém poderia ver que eu estava sem calcinha.

Saí do banheiro e enquanto ia andando, segurei a ponta com medo de que algum sopro de vento pudesse levantá-la, o que era ridículo pois eu estava no corredor do colégio.

Entrei na sala dando passos rápidos, indo direto me sentar sem olhar para ninguém e muito menos para ele. Grudei minhas coxas uma na outra e guardei minha bolsa dentro da mochila, deixando apenas o celular no canto da mesa. Peguei o livro e o material que precisava e depois vi que tinha uma mensagem da Gabi.

- Tu tá aonde?

- Já voltei pra sala.

- Ah tá. O professor já chegou?

- Já sim.

- Tá bom, tô voltando então.

Coloquei o aparelho de volta e abri o livro no Período Realista, deixando a página de exercícios já aberta esperando pela correção. Senti a vibração já conhecida e respirei fundo antes de olhar a tela.

- Fez o que eu te pedi?

- Vai ficar com a dúvida.

- Eu sei que fez, rs... E não esquece: Quero trepar com você aqui no colégio.

- Pode sonhar.

- Em sala de aula, na minha mesa.

Li a última mensagem e joguei o aparelho de volta na mochila, amarrando a cara, aguardando o começo da aula e de pernas cruzadas. Gabriele entrou na sala e se sentou, fazendo o mesmo que eu fiz com o material.

- No fim da aula eu quero falar com você... - me avisou enquanto colocava o estojo na mesa e guardou o celular.

- Sobre o quê?

- Uma coisa legal - e sorriu pra mim. Seus lábios super pintados com um batom em tom vermelho escuro destoava ainda mais sua pele clara.

O sinal tocou e todos os alunos estavam em sala. Eric, enfim, deu início à aula e eu não fiz questão alguma de olhar pra cara dele, mantendo minha atenção no livro e só ouvindo a sua voz. O bom é que consegui ficar atenta ao que ele explicava, ainda que não sentisse nada por baixo da saia. A sensação de estar com o corpo meio que desprotegido era muito estranha.

***

- Sair para almoçar?

- Isso. Você e a Melissa no próximo domingo. Depois do almoço, nós vamos lá em casa. Nossos pais querem conhecer vocês.

Estava ao lado da Gabi, sentada atrás no carro, esperando os meninos para irmos embora, quando ela fez o convite. Evandro estava do lado de fora, observando a movimentação normal da saída dos alunos.

- E onde vai ser o restaurante?

- Você gosta de comida italiana?

- Nossa, adoro!

- Então, no shopping que fica em frente onde nós moramos, inaugurou um novo restaurante na semana passada e eu quero muito conhecer. Vai ser bom porque eu produzo conteúdo pro meu perfil no Instagram além da maquiagem.

- Entendi.

- Como o Frederik não vai poder ir, o Evandro ficará comigo e com o meu irmão no domingo só pra nos levar.

- Ah sim... Legal... - prestei atenção no que falava e seria uma boa chance para observar melhor como ela reage com ele por perto - Mas por que o Frederik não vai?

- Ele vai viajar pra São Paulo na sexta-feira de noite e se encontrar com a Denise lá na Feira Literária. Só volta no domingo à noite. E as folgas do Evandro são no domingo mas às vezes ele fica cuidando da nossa segurança quando precisa. E então? Vocês aceitam?

- Claro. Mas envia uma mensagem pra Meli convidando, mesmo eu tendo certeza de que ela vai também.

- Pode deixar. Vamos buscar vocês por volta do meio dia, tudo bem?

- Sim. Tá ótimo.

- Show!

Encontrei com a Melissa logo que entrei na portaria e ela estava super feliz com o convite. Principalmente porque iria conhecer o casal mais famoso do jornalismo, William Medeiros e Natália Fernandes. Também fiquei com um friozinho na barriga por isso passou logo.

Estava com os meus pais na sala após o jantar, abraçada com a minha mãe em um dos sofás quando contei à eles sobre o convite.

- Que pena filha - minha mãe lamentou - Nesse domingo tem o bazar de caridade que eu sempre vou e adoraria que você viesse comigo - e me deu um beijo nos meus cabelos.

- Eu aceitei pensando que você e o papai não iriam se chatear...

- Por mim você pode ir, mon ange... - meu pai autorizou enquanto estava sentado em uma das duas cadeiras, de frente para nós, atento ao celular e com as pernas esticadas e cruzadas.

- Claro, por mim também, minha vida. Mas eu lembro que você adorava ir comigo quando era criança.

- Vou tentar ir na próxima vez, mãe.

- Já sabe o que vai vestir? Tem que ir bem bonita!

- Já sim.

- Que bom. Qualquer coisa, fala comigo e saímos juntas para comprar um vestido novo. Aliás, temos que garimpar o seu guarda-roupa, ver o que você não usa mais e assim podemos doar para o bazar!

- Vamos sim.

Nunca iria cansar de agradecer todos os dias por ter uma mãe com o coração tão gigante.

Depois da conversa que tive com os meus pais, fui para o meu quarto e enviei uma mensagem para o Eric contando sobre o próximo domingo e um tempo depois ele me respondeu contente pelo convite recebido.

A semana passou tranquila, voltei da casa do Eric ainda de manhã para o tão esperado almoço entre amigos. Escolhi um vestido branco de alças finas e com estampas de flores pequenas e azuis. Havia um laço na parte dos seios e ele ia até a altura das coxas com o tecido bem leve. Coloquei um par de sandálias de salto baixo na cor bege e não me maquiei muito, apenas um lápis de olhos preto para destacar a cor azul.

Ouvi batidinhas na porta enquanto me olhava no espelho e minha mãe entrou logo em seguida, usando um roupão branco de banho.

- Eu tenho a filha mais linda do mundo! - ela me admirava ao me ver pronta - Melissa está lá na sala te esperando.

- E por que ela não veio direto no meu quarto?

- Eu falei que ela podia vir como sempre, mas preferiu esperar você se arrumar e não se atrasar.

- Ah sim... - recebi um abraço dela por trás e um beijo no topo da minha cabeça e ficamos nos admirando de frente pro espelho - Que horas você vai pro bazar?

- Vou almoçar com o seu pai, me arrumo e depois eu saio.

- Ele não curte mesmo ir com você...

- Domingo ele descansa, meu amor, mas também ajuda o bazar todos os meses fazendo doações em dinheiro.

Terminei de me arrumar, me despedi dos meus pais e desci com a Melissa onde ficamos esperando pelos nossos amigos no jardim do prédio. Gabriele tinha me enviando uma mensagem minutos antes dizendo que estavam a caminho.

- Melissa, nada de indiretas pra ela! - alertei enquanto esperávamos eles chegarem.

- Pode deixar, Ni. Daqui pra frente eu vou começar a ser discreta como você!

- Sei...

- Tô falando sério! Se somos super amigas detetives, isso é importante como o Fê disse no sábado.

- Quero só ver, principalmente porque é o Evandro que vem com eles.

- Ah, Meu Deus, jura? Então veremos eles juntos?

- Meli!

- Calma, tá bom! Ser discreta e sem indiretas!

- Isso mesmo.

Esperamos por mais um tempo e então vimos o carro preto se aproximar, parando na calçada bem em frente ao portão. Saímos do jardim e deixamos o prédio, entrando no carro e a Gabriele usando óculos escuros e um vestido xadrez cinza com preto já nos esperava. Patrick estava no banco do carona bem à vontade de bermuda jeans, camisa preta e tênis all star da mesma cor. Cumprimentamos os dois e seguimos. Como era domingo, o trânsito estava tranquilo. O mesmo não se podia dizer do local que a Gabriele escolheu.

- Está bem cheio...

- Não se preocupem, fiz a reserva no mesmo dia que convidei vocês - ela contou.

Na porta, demos os nossos nomes para a recepcionista e ela nos levou até a nossa mesa. Algumas pessoas no local olhavam para nós quatro e então percebi que não era exatamente eu e nem a minha amiga ruiva, os alvos dos olhares. Evandro optou por ficar do lado de fora esperando por nós.

Sentamos em uma mesa mais discreta e então observei o lugar com calma. Era bem mais elegante do que o rodízio de massas e pizzas que eu fui no aniversário da Melissa. A iluminação em um tom amarelado e as mesas e cadeiras bem parecidos com os restaurantes da Itália que eu já tinha visto por fotos.

- Vi o cardápio pela Internet, a comida aqui realmente parece ser muito boa... - Patrick se sentou do meu lado e minhas duas amigas sentaram de frente pra mim - Mas comida por foto é sempre legal.

Um garçom se aproximou para anotar os nossos pedidos e não demorei muito para escolher. Como fã de bolonhesa, escolhi o espaguete da casa feito com o molho e a Melissa pediu o mesmo e mais um suco de frutas vermelhas para nós duas.

- Uma pena mesmo o Frederik não ter vindo...

- Pois é Meli, mas como ele quer seguir a carreira da mãe, vai ser uma boa experiência...

- Na sexta-feira lá no bosque as meninas ficaram todas melancólicas porque ele tinha viajado. O fandom dele é fiel.

- Imagino, Patrick. Mas e o seu fandom?

- O popular é o nosso amigo, eu não.

- O Patrick tem as fãs dele sim, Nívea. Ele que não gosta de falar. - a irmã gêmea zombou.

- Não liga pra ela não. - ele ficou envergonhado - É besteira.

- Gabriele? Patrick? - vimos uma jovem de cabelos loiros, com cachos curtos se aproximar da nossa mesa com um celular nas mãos. Ela usava uma calça jeans e tênis branco, blusa preta de gola alta sem manga - Que bom ver vocês por aqui!

- Ah... Oi Camily... - Gabriele a cumprimentou sem jeito como não estivesse esperando a presença dela ali.

- Como você sabia que eu e a minha irmã estávamos aqui? - Patrick perguntou de um jeito seco, com uma expressão no rosto de poucos amigos.

- Patrick! Desculpa Camy, o meu irmão não é assim com ninguém.

- Só com quem acha que devemos ser famosos como os nossos pais!

- Nívea, Melissa, essa é a Camily Sales, jornalista da Ever Teen. Ela está sempre acompanhando as minhas postagens no meu Instagram e publicando no perfil da revista.

- Oi!

- Oi, muito prazer.

- Prazer em conhecê-las, meninas - ela sorriu para nós muito simpáticas.

- Quem vazou a informação pra você de que eu e o meu irmão estaríamos aqui?

- Infelizmente eu não posso revelar minhas fontes, querida. - falou em tom de deboche - Mas agora que estou aqui eu quero saber: qual das duas é a sua namorada, Patrick?

- O quê? - fiquei gelada com daquela pergunta.

- Aposto que é você! - se virou pra mim e começou a me analisar - Acho que te conheço...

- Nenhuma das duas é a minha namorada! Elas são nossas amigas!

- Tem certeza? - o deboche no olhar dela era realmente irritante.

- Patrick, calma! - a irmã esticou o braço pela mesa e o pegou pela mão - Camily vamos combinar uma coisa? Você tira uma foto minha e divulga, faz a propaganda do restaurante e eu coloco você pra dentro da nossa festa de aniversário em Junho, certo?

- Tá falando sério? Posso ir em nome da revista e cobrir tudo? - os olhos dela brilharam com a proposta.

- Pode. Entra em contato com a assessoria dos meus pais e leve dois fotógrafos no dia. Se você for embora e nos deixar almoçar.

- Lógico que sim, estaremos lá sem falta!

- Combinado então - ela se levantou, ajeitando o vestido e os cachos indo posar para foto.

- Tudo bem com vocês? - Evandro entrou e se aproximou de nós.

- Tudo sim, Evandro. Pode tirar uma foto minha com a Camily?

- Claro - Ele pegou o celular da jornalista e posicionou o ângulo após as duas posaram para a câmera.

- Pronto. Satisfeita?

- Super. - ela pegou o celular de volta - Amanhã mesmo eu divulgo esse momento no Instagram da revista.

- Perfeito. Agora me deixe almoçar em paz com o meu irmão e as minhas amigas.

- Claro que sim e foi um prazer conhecer sua namorada, Patrick.

- Ela não é minha namorada!!!! - seu rosto estava tomado pela raiva.

- É melhor sair, senhorita... - Evandro com toda calma do mundo a orientou e ela finalmente saiu do local - Vocês vão ficar bem?

- Como ela sabia que estávamos aqui?

- Você sabe que isso acontece, irmão. Tem que se acostumar...

- Saco! Perdi a fome. - ele passou a mão pelos cabelos, bagunçando os fios cacheados - Será que eu não posso ter uma vida normal como todo mundo?

- Não fica assim não, Patrick - tentei acalmá-lo - Vocês são famosos, né?

- Os meus pais são, Nívea. Eu e a Gabriele não.

- Querem voltar pra casa? Eu peço ao garçom para colocar os pedidos pra viagem.

- Vamos sim, Evandro. Acabou o clima. - Gabriele falou de um jeito triste e se voltou para nós duas - Vocês voltam com a gente? Almoçamos lá.

- Claro, Gabi. - concordei na hora e a Melissa fez o mesmo.

Deixamos a nossa mesa e ficamos do lado de fora do restaurante, esperando o Evandro ir falar com o gerente responsável e esperar os nossos pedidos ficarem prontos. O shopping estava lotado e haviam algumas pessoas na fila, aguardando a sua vez para entrar e almoçar.

- O restaurante vai enviar a conta para o escritório do pai de vocês na emissora. Já acertei tudo - ele voltou com as mãos ocupadas com duas sacolas de papel pardo onde estava a nossa comida - Vamos?

- Você pediu alguma coisa também?

- Tudo bem, Gabriele, eu como mais tarde. Vamos logo.

Impressionante o modo como eles se tratavam. Realmente as aulas de teatro fizeram bem à ela. Gabriele era uma ótima atriz.

Saímos do shopping rapidamente e seguimos para o condomínio o qual eu amei ter conhecido dias atrás. Essa devia ser a parte ruim de ser famoso: ser perseguido por jornalistas e fotógrafos em um simples passeio ao lado de amigos e ainda ter que desmentir boatos maldosos. Patrick, o meu namorado... Me peguei rindo daquilo.

No caminho de carro para a casa deles, Patrick permaneceu em silêncio todo o tempo. Talvez por ser domingo, percebi que o condomínio estava mais movimentado do que o normal. Mamães passeando com seus bebês no carrinho, moradores e os seus cães de estimação, casais de mãos dadas...

Estacionamos em frente ao prédio, Patrick foi o primeiro a sair, entrando veloz pela portaria e no elevador privado igual ao que tinha no prédio do Frederik. Ficamos em silêncio e quando chegamos na cobertura, ele novamente saiu a passos rápidos corredor adentro direto para o seu quarto.

A cobertura onde os irmãos viviam com os pais e a avó, possuía o mesmo tamanho da cobertura do Frederik com a diferença dos móveis. A mesma varanda, a mesma piscina... Mas sem tantos livros como forma de decoração.

- Crianças, o que houve? Já voltaram do restaurante? - a senhora que estava sentada no sofá vendo algo na TV veio até nós - Patrick! - ela o chamou, ele nem deu atenção e então ouvimos o estrondo forte de uma porta bater no fim do corredor.

- Ah, vó. Adivinha? - Gabriele suspirou triste - assédio de jornalista e o meu irmão você sabe... Essa é a minha avó, meninas.

- Olá, minhas queridas! - ela veio nos cumprimentar muito simpática - Como estão?

- Prazer em conhecê-la, Dona Raquel. Estamos bem - sorri sem jeito.

- Olá! - Melissa sorriu pra ela em cumprimento.

Ela era muito mais bonita do que na foto que eu vi do carnaval que o Frederik tinha me enviado e os cabelos possuíam um tom quase que prateado. Usava um pequeno óculos e roupas confortáveis de ficar em casa mas que tinha um ar elegante.

- O quê que está acontecendo? - ouvimos uma voz masculina e bastante conhecida vinda do corredor - Foi o Patrick que bateu a porta?

E então eles apareceram ali diante de nós. O casal do jornalístico noturno mais famoso da televisão. William Medeiros era um homem alto, moreno, tinha os cabelos castanhos bem cortados e mesmo com um olhar de que estivesse estranhando a situação, possuía um semblante sereno. E sua esposa, Natália Fernandes era tão branca como a filha, não muito alta e tinha os cabelos pretos de corte curto. Eles também usavam roupas normais para se passar um domingo.

Arregalei os olhos, surpresa ao ver os dois, pois não é todo dia que víamos pessoas famosas na nossa frente. Melissa também teve a mesma reação sem conseguir disfarçar a boca aberta.

- Meu Deus, são eles! - ela soltou, colocando as mãos na boca logo após se dar conta do mico por se espantar.

- Trouxe elas como vocês me pediram - Gabriele apontou para nós e o casal se aproximou.

- As meninas que não viajaram conosco no Carnaval - a mãe brincou sorridente e nos cumprimentou com um beijo - Que prazer em conhecê-las!

- Eu digo o mesmo, Dona Natália! - a ruiva não conseguiu segurar a euforia - Meus pais assistem vocês todas as noites!

- Ah obrigada, fico feliz em saber! E me chame apenas pelo nome.

- Como vão meninas? É um prazer recebê-las.

- Bem. O prazer é meu... William. - me senti melhor em chamá-lo pelo nome.

- Isso mesmo. Sem formalidades aqui. Agora contem, o que aconteceu?

- O mesmo de sempre, pai. A Camily Sales ficou sabendo de algum jeito que iríamos sair pra comer fora e apareceu do nada no restaurante.

- Mas como isso vazou? - ele questionou sério.

- Sabe que não podemos controlar isso, William. - a esposa o pegou pela mão - As informações correm.

- Eu vou conversar com ele e já volto - e saiu, em direção ao corredor de volta.

- Sinto muito pelo que aconteceu, meninas. O Patrick infelizmente não sabe lidar direito com a minha fama e a do pai.

- A Camily é até legal, acompanha os meus vídeos mas possui o mesmo veneno de todo blogueiro de fofoca.

- Nós entendemos, Natália. Deve ser chato mesmo.

Eu e a Melissa ficamos tão impressionadas em conhecê-los e observar que os dois eram pessoas normais sem estarem na televisão que não vimos o Evandro entrar e deixar a comida na mesa de jantar. Dona Raquel o ajudou a tirá-la das sacolas e depois foi até a cozinha pegar os pratos e talheres.

- Evandro se você quiser, depois de almoçar, pode ir pra casa. O almoço será aqui mesmo - Natália o autorizou.

- Preciso levar a Nívea e a Melissa em casa.

- Não se preocupe! O William irá levar as meninas. Na verdade, nem era pra você estar aqui pois é a sua folga. Mas coma alguma coisa antes. Fique a vontade se quiser pedir algo.

- Vou ficar na cozinha, estarei lá se precisarem.

- Obrigada.

- Precisa de ajuda, vó?

- Faltam apenas os copos e os guardanapos - avó e neta foram juntas para a cozinha.

- Mas venham, sentem-se! - Natália pegou pela nossas mãos, nos levando até o sofá onde nos sentamos - Não preciso dizer que estão convidadas para a festa deles dois em Junho não é? Se nem a Gabriele ou nem o Patrick convidaram, eu estou convidando!

- É claro que elas vão, mãe! - ela retrucou enquanto ajudava a avó com a arrumação na mesa - Mas ainda é cedo.

- Eles fazem aniversário no início do mês mas como é provável que vocês estejam estudando para as provas, marcamos a festa para o sábado depois do último dia das avaliações.

- No sábado? - tive certeza de que fiquei pálida e senti um chute de leve na canela dado pela Melissa.

- Sim, querida por que?

- Bem é que... Logo depois das provas, entramos de férias e... Eu viajo pra França um ou dois dias depois...

Além é claro, de me despedir do Eric.

- Ah Nívea, poxa... - Gabriele parou o que estava fazendo na mesa e veio até nós - Você não pode faltar na nossa festa! Tenta adiar a viagem!

- Gabriele, calma. - Natália pegou na minha mão - Se você quiser, eu converso com os seus pais, minha querida.

- Não, tudo bem. Se a última prova for na sexta e a festa no sábado, eu converso com o meu pai e viajo na segunda-feira de manhã. Só espero que tenha algum vôo.

- Você passa todos os dias das férias fora?

- Sim. Meus avós e tios paternos moram em Lyon. E nas férias de fim de ano a mesma coisa.

- Que bonito. - ela sorriu.

- Mas então! - Melissa me cutucou na cintura - Podemos ir ao banheiro? Eu quero lavar as mãos antes de comer, né Nívea?

- Vocês perceberam que aqui é igual onde o Frederik mora não é? - Gabriele apontou - Primeira porta do corredor à direita fica o banheiro.

- Tá legal - Melissa me puxou pelo braço e deixei minha bolsa no sofá - Já voltamos.

Caminhamos ligeiras até o banheiro, onde entramos rapidamente e trancamos a porta.

- Nívea, o Eric vai cuspir fogo quando você falar dessa festa - ela sussurrou para que ninguém ouvisse.

- Eu não posso deixar de ir, Meli.

- Claro que não! Um festão que vai ser, imagina só!

- Não vou poder me despedir dele. Ele vai querer passar uma última noite comigo... Mas eu vou viajar.

- Acha que o seu pai vai encrencar com a festa?

- O meu pai não. Ainda mais se eu conseguir viajar logo depois da festa. Ele nem falou nada sobre isso.

- O problema mesmo será seu professor gato.

- Pois é... Ele não vai entender...

Usamos o banheiro e lavamos as mãos. Quando voltamos e para minha surpresa, Patrick estava sentado na mesa, esperando a hora de se servir com um olhar ainda de chateação e o seu pai com as mãos nos ombros dele, em pé, atrás da cadeira.

- Você tá bem, Patrick? - me sentei do lado dele.

- Mais ou menos.

- Ele saiu do quarto só pra almoçar com vocês e não fazer desfeita, não é filho?

- Foi.

O cheiro da comida que pedimos no restaurante começou a dominar o ambiente e fez o meu estômago roncar. Depois de toda aquela agitação, entre ver de perto o que é ser famoso e conhecer pessoas famosas, a fome marcou presença e então começamos a nos servir. O espaguete à bolonhesa estava delicioso.

- Quer dividir comigo, vó? Tem penne ao molho branco o bastante. Eles servem porções bem generosas.

- Não minha querida, obrigada. - ela e o filho observavam tudo o que estava posto na mesa e ao me virar, vi a Natália andando pela varanda e falando ao celular - Eu comi alguma coisinha logo que vocês saíram. Mas e o Frederik? Volta hoje?

- Hoje de noite. - o irmão falou enquanto se servia de nhoque também à bolonhesa.

- Hum... Que bom que ele está com a Denise. Se ele não tivesse ido viajar pra se encontrar com ela, iria fazer questão dele aqui com vocês o final de semana todo!

- Mamãe!

- Só estou fazendo um comentário, William! Sabe que eu tenho o Frederik como um neto também.

- Eu sei. Mas ele está com a mãe dele.

- Ainda bem. E em Julho, quero que viaje comigo e com as crianças para Londres. Providencie as passagens para ele.

- Claro que sim.

Não entendi muito bem o tom ríspido daqueles comentários trocados entre mãe e filho. Fiquei com a impressão de que a Dona Raquel, além do carinho, possuía um tipo de preocupação a mais em relação ao Frederik.

- Vem, vamos deixá-los almoçar! - William saiu da mesa e Dona Raquel fez o mesmo - No fim da tarde eu levo a Nívea e a Melissa para casa.

Almoçamos tranquilamente e depois de terminar, Gabriele nos levou para conhecer o quarto dela. Era lindo, parecia um quarto de atriz de cinema. A cama de casal era bem espaçosa que tinha um edredom branco e estampado de flores e do lado, um criado mudo em tamanho maior com um espelho e lâmpadas em volta dele que pareciam um camarim e todo o equipamento que ela produzia os seus vídeos. De frente para a cama, tinha um outro espelho enorme que ocupava quase toda a parede e perto da janela com vista para a varanda, uma poltrona cor de rosa e uma pequena almofada da mesma cor. Do lado da porta de entrada do cômodo, ficava o seu gigantesco guarda roupa.

- Nossa Gabi, é tudo muito lindo! - a ruiva olhava para os lados e seus olhos verdes brilhavam feito faróis.

- Gostaram? Esse é o meu pequeno mundo.

- Podemos ver suas maquiagens?

- Claro, estão todas ali nas gavetas.

Me sentei onde ela falou e comecei a abrir as gavetas. Em cada uma delas, um tipo de item. Uma gaveta só para os batons, outra apenas para as bases, outra para os blushes... Tudo muito bem organizado e algumas das marcas pareciam ser importadas. Melissa veio pra perto de onde eu estava e também ficou impressionada.

- Mesmo eu não gostando muito, dá vontade de mergulhar e usar todas elas, Gabi.

- Podem experimentar o que quiserem, só tomem cuidado. Sou meio ciumentinha com os meus bebês. - ela brincou.

Eu e Melissa começamos a experimentar os batons, sentadas e dividindo a mesma cadeira.

- Você não tem computador? - perguntei enquanto me olhava no espelho, passando um batom cor de rosa.

- Ele fica no escritório dos meus pais. Faço por lá os trabalhos de escola. Só o Patrick que tem o dele no quarto. - ela explicou, deitada de lado na cama com o cotovelo e a mão apoiando a cabeça - Com essas competições online de jogos que ele participa, fica melhor.

- Ah, e ele foi classificado?

- Foi sim. A próxima etapa vai ser no fim de Maio, eu acho.

- Que bom.

- Podemos marcar um dia para eu fazer uma maquiagem em vocês duas?

- Se for pra maquiar, tirar foto e depois tirar, podemos sim. Detesto maquiagem!

- Meli, que feio! Eu aceito sim, Gabi. Viramos suas modelos.

- Perfeito. No caso da Melissa, vai ser um desafio maior por ser ruiva.

- Se você conseguir disfarçar todas as minhas sardas, vou te agradecer pelo resto da vida.

- Mas vocês não cansam, não? - Patrick apareceu na porta e entrou no quarto da irmã, indo se sentar na poltrona - Cuidado que o vírus da maquiagem vai contaminar as duas.

- E você vem aqui só pra implicar!

- Falei com o Frederik agora pelo zap - ele ignorou a irmã, olhando a tela do aparelho - O vôo dele de volta tá marcado para as seis e quinze da noite.

- Legal. Tomara que ele tenha se divertido - saí da mesa e me sentei na ponta da cama.

- A gente se divertiu muito na casa dele não foi, Ni?

- Foi sim, a Dona Norma e os pais dele foram muito legais.

- Se ela descobrir que vocês estão aqui e não foram lá visitar ela, vai ficar enciumada - Patrick zombou.

- Não tem ninguém na casa dele agora?

- Talvez só a Norma. - a irmã gêmea deduziu - já o Simon deve estar se divertindo - e começou a rir, fazendo uma cara de deboche que fiquei sem entender.

- Fica quieta, garota! - e jogou a pequena almofada na direção dela.

- AI, SEU CHATO! Qual o problema delas saberem? Elas também são amigas do Frederik!

- Saberem do quê? - Melissa imediatamente se virou, continuando sentada na mesa e nós duas trocamos nosso olhar de entendimento.

- Nada, Melissa. A Gabriele fica menos chateada que eu, mas é tão fofoqueira quanto essas blogueiras que cobrem a vida de famosos!

- Do que vocês estão falando? - perguntei tentando parecer indiferente.

- Quando vocês ficaram lá, perceberam algo estranho?

- Estranho? - a ruiva se levantou e veio sentar do meu lado - Não... Como assim estranho? - era óbvio que ela estava se fazendo de sonsa.

- Tem certeza?

- Calma aí! - Patrick interrompeu a conversa e se levantou - Deixa eu ver uma coisa - e saiu do quarto. Esperamos alguns minutos e ele voltou com a minha bolsa nas mãos, me entregando - A vovó tá na sala vendo televisão, aproveitei que a sua bolsa estava no sofá e peguei em disfarce. Tá tudo limpeza.

- E o papai e a mamãe? Tranca a porta!

- Saíram, estão por aí pelo condomínio - ele trancou e voltou a se sentar onde estava.

- Certo, então podemos contar.

- Contar o quê?

- Vocês duas precisam levar isso pro túmulo.

- Levamos sim. - Melissa falou calmamente, cruzando o seu braço no meu. Era engraçado vê-la tentando fazer a discreta pois por dentro eu sabia que estava a ponto de explodir.

- Vocês prometem?

- Eu já tô ficando assustada. Tá acontecendo alguma coisa com o Frederik? - perguntei um pouco aflita.

- Não é nada com ele, Nívea.

- Então o que é?

Gabriele se sentou do lado esquerdo da cama e ficou nos encarando séria. Patrick se aproximou de nós, se deitando e recostando a cabeça em um dos travesseiros, com as pernas esticadas. Eu e Melissa nos viramos e nós quatro ficamos de frente um para o outro. Senti o meu coração bater mais rápido.

- O Simon tem uma amante. - Gabriele soltou sem enrolação.

- É O QUÊ???? - toda discrição da Melissa durou poucos segundos.

Não sabia dizer o que estava sentindo quando ouvi aquilo. Tudo o que eu tinha visto sobre o que seria uma família perfeita era mentira. Eu olhava para a Gabriele e demorei a entender. O pai do Frederik tinha outra mulher além da esposa?

- Estão falando sério? Isso é brincadeira, não é?

- Claro que não, Nívea. E ninguém nos contou. Eu e a Gabriele vimos.

- Mas como assim vocês viram? Onde? Quando?

- Meli, calma - pedi à ela sendo que por dentro eu estava como se tivesse com várias pedras de gelo no estômago.

- Foi no ano retrasado - Gabriele começou a explicar - Eu namorava o Frederik tinha poucos meses. Era aniversário do Simon e ele fez essas reuniões chatas de adultos na casa dele e convidou nossos pais. Eu e o Patrick é claro, também fomos e éramos os únicos três adolescentes da casa.

- E aí - Patrick continuou - A reunião tinha umas pessoas, mas não muitas. Fiquei com vontade de ir no banheiro e então o Frederik falou pra ir na suíte do quarto dele porque o banheiro social devia estar nojento pois os convidados estavam usando.

- E eu fui junto pra lavar o rosto - a irmã emendou.

- Tá, continua! - Melissa pediu, fazendo gestos rápidos com as mãos.

- Quando estávamos no corredor e viramos na direção do quarto dele, começamos a ouvir uns gemidos de mulher nada discretos vindos da pequena sala.

- A porta do quarto do Frederik tem um pôster - comentei.

- Então, do lado fica o escritório e então nós vimos.

- Vocês viram...? - a ruiva incentivou os irmãos a continuarem.

- O Simon fodendo a secretária dele contra a parede, com as pernas delas em volta da cintura. Carina é o nome dela.

- Eu fiquei igual estátua quando vi.

- Eu também. A sorte é que a porta do quarto do Frederik estava aberta e eu só tive tempo de puxar a Gabriele pra dentro dele. E eles dois não viram que nós vimos.

- Meu Deus... - coloquei a mão no meu colo e a ruiva parecia hipnotizada ouvindo cada palavra - E depois?

- Entramos na suíte dele e ficamos dois retardados um olhando para o outro - ele começou a rir.

- E como vocês fizeram pra sair do quarto?

- Depois que a ficha caiu, fiquei na porta da suíte esperando o Patrick fazer o que tinha que fazer, e aí eu lavei as minhas mãos e o rosto e então saímos bem devagar do quarto. Nem olhamos de novo pro escritório, saímos quase que correndo. E eles continuaram lá.

- E nem pra fazerem de porta fechada! - a ruiva cruzou os braços inconformada.

- Pois é, o risco de serem pegos parecia ser a fantasia deles.

- Mas então vocês contaram para os seus pais, não é?

- Contamos - a irmã confirmou - O meu pai e a minha mãe não acreditaram no início mas nós convencemos eles porque vimos. E nisso, o papai fez uma reunião em família, até mesmo com as duas moças que trabalham aqui em casa, baixando uma ordem para que o assunto nunca mais fosse falado por ninguém.

- Claro.

- O papai deu essa ordem pensando no Frederik. Ele é praticamente um irmão nosso. Pra vocês terem noção, tem uma foto de nós três no bosque quando éramos bebês. Crescemos juntos, vocês entendem? - Patrick enfatizou.

- Então por isso que a Dona Raquel fez aqueles comentários com o seu pai durante o almoço.

- Sim, a vovó se revolta até hoje com isso, mais por causa dele ter feito dentro da casa onde mora com a esposa e o filho.

- Concordo, falta de respeito mesmo. Mas a avó de vocês fala com o Sr. Simon?

- Mais ou menos, Melissa. O papai deu uma bronca de leve, porque ela nem queria mais olhar na cara dele. Mas de novo, pelo Frederik e pela amizade de anos entre as famílias, ela se esforça.

- Nas férias agora do meio do ano, nós vamos para Inglaterra com a vovó e a nossa tia paterna que mora em São Paulo visitar o nosso outro tio que mora lá. Nós vamos todos os anos, sabe? Ficamos uma semana, dez dias... E ela faz questão de levar ele na viagem.

- Se a vovó pudesse, trazia o Frederik pra morar com a gente! - Patrick começou a gargalhar.

- Como se quisesse proteger ele...

- Isso mesmo. Querem apostar como agora nesse exato momento, o Simon está com ela?

- Não está em casa?

- Claro que não, Nívea. Ficar um fim de semana sem esposa e filho, acha que ele ia desperdiçar a chance de trepar com a amante?

- Entendo - baixei a cabeça, pensativa - Vai ser melhor se o Frederik nunca descobrir...

- Sim, ele tem o pai como um verdadeiro herói e uma voadora dessa, ia foder muito com a cabeça dele. Por isso, sempre que dá, trazemos ele pra ficar junto da nossa família.

- Mas agora contem pra gente! - o modo fofoca ativou na Melissa e eu a olhei de cara fechada - Porque assim, a Denise nós achamos ela linda. E essa Carina? É bonita também?

- Gata. - Patrick respondeu na hora - Loira, cabelos cheios de cachos, olhos verdes... Tipo aquela jornalista chata do restaurante mas é mais gostosa.

Enquanto a minha melhor amiga queria saber todos os detalhes sem a menor necessidade daquela revelação, eu tentava e não conseguia entender o motivo das pessoas trairem umas às outras. Se não tem mais amor então por que não se separam? E ao mesmo tempo um sentimento de angústia começou a crescer em mim pois pensei nos meus pais. Aqueles que eu tanto amava e que fazia de tudo para que se sentissem orgulhosos de mim. Será que alguma vez, o meu pai ou a minha mãe traíram um ao outro? Será que não se amavam mais? Começar a pensar naquilo me fez criar um bolo na garganta.

***

Voltei pra casa no fim da tarde, ainda me sentindo mal por tudo que a Gabriele e o Patrick contaram e a aflição de saber que poderia estar acontecendo o mesmo com os meus pais, cresceu em mim.

Estava tudo em silêncio e quando entrei no quarto, deixei a minha bolsa na cama e tirei os sapatos, colocando os chinelos e fui até o quarto deles. Não os vi e então a porta do escritório do papai estava entreaberta. Quando abri, ele estava sentado em frente ao computador lendo notícias de um site em francês.

- Papa? - o chamei e ele se virou na cadeira giratória.

- Salut mon chéri! - sorriu ao me ver, me olhando por cima dos seus óculos de leitura - Como foi o almoço?

- Foi mais ou menos... - me aproximei e sentei em uma cadeira do seu lado - Tivemos que sair do restaurante antes mesmo de comer. Uma jornalista veio na nossa mesa e o Patrick ficou irritado com o assédio.

- Não deve ser fácil pra eles.

- Tirando isso, foi tudo bem. Levamos nossos pedidos para viagem e comemos na casa deles.

- E conheceram os pais famosos deles?

- Sim! Eles são muito legais! Nos trataram super bem. Mas e a minha mãe?

- Chegou agora pouco e está relaxando na hidro - e voltou a olhar para a tela do computador.

- Ah... - continuei a observá-lo e me veio em pensamento todas as perguntas que surgiram depois de tudo que ouvi dos meus amigos. - Papa... Posso te perguntar uma coisa?

- Sobre o quê, mon chéri?

- Er... Quem trabalha com você no escritório?

- Bom, desde que eu fui promovido, eu lidero uma equipe com seis funcionários.

- Entendi... E só eles? Mais ninguém?

- Qual a sua dúvida, ma fille? - ele me olhava intrigado - O quê você quer saber?

- Tem alguma secretária que trabalha com você?

- Não se lembra mais do Ruan Carlos, o meu assistente que está comigo há anos?

- O Ruan? - sorri aliviada - É verdade! Eu lembro que quando era criança, ele sempre me dava um ovo de chocolate na Páscoa e você trazia junto do seu.

- Pois então. Ele cuida e organiza toda a minha agenda de trabalho.

- Você nunca mais falou dele...

- Sim, o que aconteceu - ele tirou os óculos, colocando os na mesa e esfregando os olhos - Foi que na mesma época em que estávamos nos mudando, ele passou por um problema de saúde muito sério na família e precisou sair de licença do trabalho.

- Poxa, que triste...

- Muito. Ele ficou o ano passado todo afastado e quando veio a minha promoção, entrei em contato com ele perguntando se ele voltaria.

- E ele voltou?

- Uhum. Em Janeiro deste ano, eu e sua mãe visitamos a mãe dele que ficou doente mas estava se recuperando. E felizmente ele disse que estava pronto para voltar.

- Que bom, papa - respirei profundamente mas mesmo assim não conseguia ficar tranquila. Comecei a esfregar minhas mãos uma na outra, sempre que ficava tensa.

- Tu vas bien, Nívea ?

- Hã? Oui, oui! Je vais bien! - respondi rápido e ele continuava a me encarar.

- Seja o que for, pergunte.

- Você já traiu a minha mãe? - na mesma velocidade que o respondi, fiz a pergunta de uma só vez e imediatamente tampei a minha boca. Meu Deus, eu perguntei mesmo!

- Mas que pergunta é essa, mon ange? - ele me olhava como se eu pertencesse a outro planeta - Como assim, trair a sua mãe? Que absurdo!

- Excusez-moi, papa! Não quis te irritar - e abaixei a cabeça completamente envergonhada.

- Vou te mostrar uma coisa - e pegou na minha mão.

- O quê?

Ele minimizou a tela do site de notícias e clicou em uma pasta amarela no meio da área de trabalho do computador. Ao abrir, surgiram várias fotos do dia da inauguração da clínica e então nós dois começamos a percorrer com os olhos as imagens até ele clicar em uma em específico que preencheu toda a tela. Era ele junto da minha mãe, abraçados de lado, com os rostos colados e a mão dela pousada no seu peito por cima do paletó. O sorriso dele sempre doce e discreto enquanto que ela sorria mais abertamente.

- Olhe bem para ela. - ele me pediu apontando para a foto.

- Vocês ficaram lindos.

- Oui, mas quero que a olhe.

- Minha mãe é a mais linda do mundo - eu continuava a olhar - Vou falar isso para sempre.

- Exactement! E agora eu te pergunto - se virou para mim com o mesmo sorriso da foto, fazendo um carinho terno com a ponta do dedo indicador pelo meu rosto e o queixo - acha que eu teria coragem de trair a dona dos olhos azuis mais lindos que eu já vi na minha vida? E que sou abençoado por vê-los todos os dias, há quase vinte anos, logo quando acordo pela manhã?

- Não. - balancei a cabeça negando, nós dois nos olhávamos e um sentimento de emoção tomou conta da conversa. Os olhos do meu pai brilhavam, confirmando o amor que sentia pela minha mãe. - Não teria coragem. E quando se conheceram, você nem queria sair de casa não foi?

- É - ele sorriu ainda mais - O seu tio e os amigos dele praticamente me levaram arrastado para aquela casa noturna. Mal sabia que seria uma noite inesquecível. Eu já morava e trabalhava em Paris mas pegava o trem até Lyon nos finais de semana pra visitar os seus avós.

- Não consigo imaginar você em boate, papa! - e comecei a rir.

- Eu também não me imaginava até aquela noite. Quando os meus olhos se cruzaram com os olhos daquela jovem estudante de intercâmbio.

- A história de amor de vocês é linda.

- É sim. E poucos anos depois, o nosso amor se tornou ainda maior. Quando sua mãe engravidou de um verdadeiro anjo.

Trocamos um longo e apertado abraço cheio de muito carinho. Era isso o que mais importava, mesmo tendo pais que pensam em trabalho boa parte do tempo: o amor sincero deles por mim. E eu iria agradecer a isso por toda a minha vida.

***

- Então temos a peça final do quebra-cabeça. E de fato, ela se encaixa nos dois pontos da história que o Felipe construiu.

Eric e eu estávamos deitados de lado na cama, frente à frente, com nossos rostos bem perto um do outro. Minha mão acariciava o seu rosto barbudo enquanto que a sua deslizava bem devagar pelas curvas do meu corpo até chegar no meu quadril.

- E o Evandro sabe não é?

- Com certeza, ma petite. Esse é o pacto. Um encobre o segredo do outro.

Me levantei da cama, ficando sentada, apoiando o meu queixo nos meus dois joelhos unidos, pensativa. Senti meus cabelos sendo colocados de lado e ele se encaixou por trás, envolvendo suas mãos na minha cintura, ficando bem junto de mim e sua boca deliciosa beijava e sugava a minha nuca me deixando ficar arrepiada.

- Eu sei que você não vai gostar do que eu vou falar. Mas eu tô sentindo muita pena do Frederik. Espero que ele nunca descubra.

- Tudo bem, princesse. - continuou a me beijar - Eu entendo.

- Sério?

- Sim. Mesmo você não acreditando, eu também sinto um pouco de pena dele. Não vai ser fácil se um dia ele descobrir que o próprio pai não é o homem que imaginava. - e me puxou para mais perto, me fazendo ficar aninhada no seu corpo, dando um beijo nos meus cabelos.

- Por que os maridos traem as esposas, Eric?

- Egoísmo, covardia... Vai saber.

- Se não se amam mais, então que se separem!

- No caso deles não é tão simples assim, Nívea - me explicou com toda paciência - São anos de casamento, um filho adolescente. Muita coisa está em jogo. Sem falar no patrimônio que eles construíram juntos. A batalha na justiça que os dois enfrentariam seria longa e desgastante. Preferiram se acomodar em uma relação que já está fracassada do que colocar um fim. E tem outra coisa...

- O quê?

- Quem garante que ela não sabe da traição do marido?

- Você acha isso? - sai do conforto do seu abraço e o encarei com curiosidade, envolvendo meus braços pelos seus ombros - Será que a Dona Denise sabe?

- Eu não me espantaria se soubesse. Por isso que ela mergulha no trabalho, chega em casa tarde da noite para não ser obrigada a sentir o perfume de outra mulher no paletó bem alinhado do marido.

- E se for assim, fica tudo muito pior.

- Fica. Pensa comigo: o que você e a Melissa viram foi uma família sentada na mesa tomando café da manhã e depois almoçando. Mas ali não tem mais casamento.

- E são coisas diferentes.

- Bem diferentes. Vivem de aparência por causa do filho, de status social... Mas é bom você não ficar pensando nisso.

Dei um selinho naquela boca que eu amava tanto beijar e senti meus lábios serem engolidos com rapidez. Eric me abraçou e o agarrei com força pelo pescoço correspondendo àquele fogo que esquentava cada parte dos nossos corpos. Uma das suas mãos entrou pelos meus cabelos, criando um apoio para a minha cabeça e nossas bocas se encaixaram, fazendo com que o beijo ficasse ainda melhor. Sua língua brincava com a minha e mesmo sentindo o seu coração bater acelerado, rompi o beijo sem que ele esperasse e o encarei segurando no seu rosto. Tanto Eric quanto eu estávamos respirando com dificuldade e pude sentir seus lábios roçando de leve nos meus.

- Você promete que nunca vai me trair?

- Vou fingir que não ouvi isso.

- Me promete Eric, por favor! - implorei olhando nos olhos - Se você um dia não me amar mais, a gente se separa! Mas não quero ser trocada por outra.

- Acha mesmo que eu iria - me puxou de novo para perto do seu corpo em um abraço - trocar uma buceta tão deliciosa e apertada como a sua por outra? - falou baixinho no meu ouvido.

- Você só pensa nisso! - empurrei seus ombros tentando me afastar - Só quer saber o que eu tenho entre as pernas!

- Não, minha princesa de rostinho emburrado! - e me abraçou com força, apertando a minha cintura - Cada vez que estou enfiado entre elas, eu tenho a certeza do quanto eu te amo e quero você comigo pra sempre.

Voltamos a nos beijar com muito amor e me encaixei, contornando as minhas pernas na sua cintura, como um claro sinal de que queria sentar onde eu gostava.

- Hoje vou te foder de um jeito diferente, ma petite...

- Como assim?

- Vem comigo - pediu me afastando o seu corpo do meu, me puxou pela mão e saímos da cama - Quero você aqui na varanda.

- Não, Eric! - puxei minha mão de volta e fiquei parada em pé - E se alguém ver?

- Quem ver vai ficar com inveja de me flagrar transando com uma garota deliciosa feito você - me pegou pela mão novamente - Vem!

Meu corpo nu tremia por causa da brisa fria da noite e pelo medo de ser vista por alguém. Eric me abraçou por trás, me colocando com as mãos agarradas na grade de ferro da varanda, enquanto que as suas começaram a percorrer pelo meu corpo me fazendo delirar com cada toque na minha pele e apoiei a minha cabeça no seu ombro esquerdo para ficar mais à vontade. Sua boca quente sugava o meu pescoço e a minha buceta começou a latejar tão gostoso que eu poderia gozar a qualquer momento. Senti seu membro crescer no meu bumbum e comecei a rebolar querendo ele dentro de mim.

- Aqui não, Eric... - sussurrava, ao mesmo tempo que estava amando aquela loucura ao ar livre.

- Aqui, princesse... - provocou, falando baixinho na minha orelha, sua mão pousou no meu ventre e seu dedo começou a circular e brincar com o meu grelinho ensopado e inchado.

Sua mão esquerda agarrava um dos meus seios e rapidamente ele tirou a outra do meio das minhas pernas, posicionando o seu membro duro na minha entrada úmida, me forçando de um jeito bom a empinar o meu bumbum.

Em pé, o corpo grande do Eric cobria todo o meu e ele me penetrava sem pressa e com desejo. Me sentia quente ao mesmo tempo que minha pele reagia com vários calafrios, meu coração batia tão rápido que poderia errar o ritmo com cada beijo, cada deslize da sua mão pelo meu corpo, cada vai e vem do seu quadril colado no meu.

- Ah, ma petite... Tão linda...

Seus gemidos saíam roucos da sua garganta e meu rosto virou de lado, buscando pela sua boca. A sensação do orgasmo crescia por dentro das minhas coxas e me agarrei com força na grade.

Minha buceta começou a apertar seu membro, seus braços envolveram a minha cintura pois ele sentiu que eu estava perto de gozar. Eric conhecia de verdade cada reação do meu corpo e continuou a socar, desta vez mais rápido. Além de ver as estrelas reais no céu, eu senti que poderia tocar cada uma delas.

- Continua rebolando, meu amor... - me pediu, levando uma das mãos na minha buceta que continuava a latejar e sentiu o néctar quente escorrendo entre ela.

Não demorou muito e Eric gozou dentro de mim, colando o seu rosto no meu, sugando a pele da minha bochecha e circulando a ponta da língua em forma de lambidas.

- Não tira - pedi e ele sorriu com a boca grudada no meu rosto.

- Acha mesmo que vou te trocar por outra? Seu corpo é o meu vício...

Para mim, vício era amá-lo de todas as formas. Não apenas no sexo.

E aquele ano letivo estava sendo perfeito. Minhas notas do primeiro bimestre foram todas excelentes, pelo menos em dois sábados no mês desde a primeira vez, eu e a Melissa passávamos a noite de sexta-feira e o dia inteiro de sábado ou na cobertura do Frederik ou na dos irmãos. E nos finais de semana que estávamos em casa, continuamos a ir para as aulas de dança no sábado de manhã e os rotineiros passeios ao shopping pela tarde. Depois de tantos segredos sendo descobertos, a nossa presença poderia fazer bem à família Bertrand. Dona Norma amava a nossa presença e ficava mesmo enciumada quando era a vez da Dona Raquel se alegrar com a nossa companhia.

Mesmo também sentindo ciúmes, Eric aceitou as minhas idas para a casa dos nossos amigos - no caso, ficava sempre enciumado com o Frederik - e ficou um pouco preocupado com o meu rendimento escolar que poderia cair. Mas como eu sempre me dedicava aos estudos nos dias de semana, durante à noite antes de ir dormir e dando uma pausa apenas para jantar, minha preocupação com isso era mínima. Minha mãe vivia dizendo que eu herdei naturalmente a inteligência dela. Talvez fosse verdade.

E falando em Helena Toledo, a nova filial da clínica dela estava se tornando conhecida e muito procurada pelas alunas e professoras da Universidade graças à campanha de propaganda que ela tinha feito com a ajuda do marketing do campus. Todo dia, chegava em casa com uma novidade sobre novas clientes. Vê-la feliz era maravilhoso!

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- Ah, não papa! É aniversário dos meus amigos! Por que eu não posso ir?? - questionei inconformada, com os braços cruzados no meio da sala, quase chorando e minha mãe do meu lado, tentando me confortar, acariciando os meus ombros - Por favor!

Era segunda-feira de noite e o fim do primeiro dia de prova do segundo bimestre. Melissa e Dona Cecília estavam presentes quando meu pai encrencou com a festa de aniversário de 16 anos da Gabriele e o Patrick. A ruiva nos olhava apreensiva roendo a unha do dedo indicador.

- Nívea chérie, não é isso! Não é que eu não queira que você vá. O problema é quem vai buscar vocês duas quando essa festa acabar?

- Mãe, vou falar com o Felipe e ele leva a gente! Pronto, tá resolvido!

- De jeito nenhum, Melissa! Seu irmão vai viajar na sexta-feira com os amigos dele em comemoração do fim do período. Nós vimos o quanto ele se afundou de tanto estudar e a última prova dele será na quinta!

- Que droga! - ela também cruzou os braços com a cara amarrada e bateu o pé no chão - Ele inventa essas viagens de propósito, tenho certeza!

- Papa... Por favor...

- Meu anjo - minha mãe interferiu - a questão é essa que o seu pai está colocando em discussão. Temos certeza que uma festa como essa vai acabar altas horas da madrugada e você sabe que não gostamos de dirigir esse horário. Como vocês vão voltar?

- E tem mais: eu vou confirmar o vôo para Lyon amanhã mesmo e o nosso embarque será no domingo à noite fazendo uma escala em Paris.

- Ah, não! Paris não! Não tem nenhum vôo direto pra Lyon?

- Tem. Na terça-feira de manhã. Mas neste dia o seu tio viaja para Praga com os seus primos e como em todos os anos ele apenas fica esperando por você. Quer ficar pra trás na viagem?

- Não... - abaixei a cabeça, triste.

- Eu já sei como resolver isso - meu pai pegou o celular no bolso da sua calça de moletom preto, começando a discar um número e foi caminhando em direção à varanda.

Fiquei abraçada com a minha mãe que me beijou nos cabelos e senti o seu perfume delicioso após o banho. Minutos depois da ligação, ele voltou com uma expressão mais tranquila no rosto.

- As duas hóspedes da família Bertrand, preparem suas bolsas como sempre - ele avisou - O Simon como eu já esperava, autorizou vocês passarem a noite com eles depois da festa.

- Aeeeeee - Melissa começou a vibrar e veio me abraçar. Junto do abraço começamos a pular e girar pela sala.

- Graças a Deus, vou dormir tranquila. - minha mãe suspirou aliviada.

- Vamos Ni! Vou te ajudar a fazer sua bolsa pro sábado.

- O Evandro vai passar aqui na quinta-feira e buscar a bolsa de vocês duas - meu pai avisou - Deixem prontas!

- Com certeza! Ni, agora sim, vamos comprar os presentes de aniversário da Gabi e do Patrick e as nossas roupas pra festa.

- Podemos ir no shopping na sexta-feira depois que eu chegar do colégio...

- Por mim, está ótimo.

- Sabe muito bem porque eu estou deixando você ir pra festa, não é Melissa?

- Sei, mãe! - e começou a me puxar pelo braço em direção ao meu quarto - Por causa da Nívea e dessa vez eu vou me sair melhor, prometo!

- Sobre o quê, Meli?

- Nada! É coisa de mãe e filha.

Entramos no meu quarto e peguei a bolsa que sempre levava para passar o fim de semana no Frederik, começando a colocar o básico de roupas.

- Agora você só tem um problema para resolver. - a ruiva me observava sentada na cama, enquanto eu arrumava tudo dentro da bolsa.

- É... - respondi séria.

- Vai falar com ele quando?

- Ainda não sei.

- Que tal agora?

- Ele não vai me atender, tá dando aula. Pior, dando prova.

- Acha que ele vai reagir bem?

- O Eric mudou, Meli. Tirando os ciúmes fofos que tem pelo Frederik, ele não está mais daquele jeito mandão.

- Que bom.

Terminei de arrumar a bolsa e fui até a minha mesa de estudos ajeitar o meu material e guardei o que precisava na mochila.

- Tá animada pra Nova York? - perguntei com um sorriso fechado, desligando o notebook.

- Pra caramba! Vou pra Curitiba na segunda-feira e de noite viajamos. Minhas primas que estão super animadas, é a primeira vez que elas vão viajar de avião.

- Que bom.

Apesar de todo o assunto da festa estar resolvido, fiquei pensando em como o Eric iria reagir quando eu contasse pra ele. Certeza de que ficaria muito chateado porque não iríamos nos despedir um do outro do jeito que queríamos. Eu amava as férias mas depois que ele surgiu na minha vida, aquele período se tornou o mais difícil e triste pois ficávamos longe um do outro por várias semanas.

Melissa ficou mais um tempo comigo no quarto mas depois precisou ir para arrumar sua bolsa. Coloquei uma camisola de mangas curtas com estampas de patas e o rosto de gato e me deitei, ficando de bobeira no celular.

- Preciso muito conversar com você - digitei, pronta pra dormir após ver que ele estava online.

- Eu já imagino o que seja. Tô saindo agora do campus.

- Seria bom se fosse pessoalmente.

- Posso ir no seu prédio agora.

- Agora?

- Sim.

- São quase onze horas, Eric.

- Se temos que conversar e é importante não podemos adiar para o fim de semana.

- E como vamos fazer então?

- Seus pais já foram dormir?

- Já sim.

- Quando eu estiver na esquina do seu prédio, te aviso e você vem me encontrar. Acha que consegue sair sem chamar a atenção?

- Vou sair em silêncio.

- Tá bom.

Eu me sentia como uma fugitiva dos filmes policiais. Fazer certas coisas fora da minha rotina com o Eric estava se tornando comum. Depois de transar na varanda, eu iria me encontrar com ele no meio da noite um dia de semana.

Esperei mais ou menos uns vinte minutos até ele enviar uma mensagem dizendo que estava me esperando e ao invés de usar o elevador eu desci pelas escadas da saída de emergência até o estacionamento, usando a chave do meu pai para a abrir a pequena porta de ferro ao invés do portão automático de entrada e saída dos carros. Pela hora e por sorte, o porteiro já tinha se recolhido e então eu saí do prédio sem ser vista por ninguém. As câmeras de vigilância ficavam apenas na direção da rua e em frente ao portão de entrada.

Fui praticamente correndo por dentro da calçada até o seu carro que estava parado no início da rua na esquina e quando entrei, batendo a porta, senti minha testa um pouco úmida de calor e pela adrenalina de uma fuga, além de estar respirando acelerado.

- Vem aqui, senta no meu colo.

- Eric, o que eu preciso conversar com você é sério! Não é hora pra isso! - falei com a voz acelerada, de cara fechada.

- Eu sei, vamos conversar com você sentada no meu colo.

Virei o meu rosto na direção da janela do carro, não conseguindo acreditar que ele inventou aquela desculpa de conversar pessoalmente quando só queria mesmo era transar comigo.

- Tudo bem - ele me pegou pela mão, dando um beijo - Estou te ouvindo.

- É sobre sábado - virei meu rosto de volta - Não vamos poder ficar juntos.

- O seu pai já comprou as passagens?

- Sim, mas eu vou viajar no domingo de noite.

- Entendi. Então qual o problema?

- Sábado é a festa de aniversário da Gabriele e do Patrick e eu não posso deixar de ir.

Eric pousou sua cabeça no encosto do banco e suspirou, ficando sério. Deixou mais um beijo na minha mão e aquele seu silêncio estava me rasgando por dentro.

- Eu estou triste por não ficarmos juntos, Eric. Eu falo sério.

- A festa com certeza vai ser boa. Cheia de gente famosa...

- Eu nem tô me importando com isso. Vou pelos meus amigos.

- Tudo bem.

- Tudo bem? - certeza que tinha surgido um ponto de interrogação no meio do meu rosto quando o ouvi - Você não vai ficar chateado?

- Claro que vou. Mas se você quer muito ir, eu não vou te impedir.

- Você não se importa que eu vá?

- Se eu te falar que não quero que vá, como você vai reagir? - ele questionou e o silêncio surgiu entre nós dois por poucos segundos - Viu só? Vai achar que estou mandando em você.

- Então tá tudo bem mesmo se eu for?

- O importante é que você vai se divertir - ficou me encarando e acariciou o meu rosto de leve.

- Mas depois só vamos nos ver talvez no aniversário do Felipe.

- Paciência. São as suas férias.

Por mais que a nossa relação estivesse ótima, achei um pouco esquisito o Eric aceitar tão bem o fato de que não iríamos passar uma noite inteira nos despedindo. Mas o mais importante é que, mesmo estranhando, fiquei tranquila por ter aquela conversa.

- Obrigada - fiz um carinho no seu rosto - Vamos ficar longe mas vou contar os dias pra voltar.

- Eu também. Agora vem, senta aqui.

- Eric... Eu acordo cedo...

- Vai ser rápido, vem! - e me puxou pro seu colo, me encaixando bem por cima do seu membro que reagiu na hora dentro da calça social de trabalho.

Minha calcinha molhou na hora com aquele contato e comecei a me esfregar sem me dar conta, envolvendo os meus braços nos seus ombros.

- Aaaah, Princesse... - ele sussurrava e inclinava a cabeça para trás, com as mãos passeando pelas minhas coxas, por baixo da minha camisola, até chegarem nos meus quadris - Tira essa calcinha, tira...

Minhas mãos deslizaram pelo seu peitoral até o cinto que ele usava e comecei a abrir, desabotoando a calça e baixando o zíper devagar. Eric estava fervendo e pulsando dentro da cueca preta. Coloquei apenas minha calcinha de lado e peguei seu membro, depois de abaixar a calça, me levantando um pouco do seu colo e o encaixando em mim.

Nos agarramos um ao outro até sentir suas mãos grudarem no meu bumbum e comecei a rebolar, olhando nos seus olhos, gemendo loucamente, mordendo meus lábios. Eric colocou a ponta do seu dedo polegar na minha boca e deixei um pequeno beijo enquanto enlouquecia de prazer em cima dele.

- Goza pra mim... - o dedo que eu havia beijado chegou até o meu ponto mais sensível, circulando bem devagar.

Senti minhas coxas e a minha virilha pulsando e grudei minhas unhas nos seus ombros largos, chegando a um orgasmo intenso que me deixou tonta e com o corpo amolecido. Recostei a cabeça no seu peito, me aninhando e suas mãos me envolveram pela cintura.

- Você não gozou comigo... - falei baixinho.

- Não quero te sujar.

- Desse jeito não vale... - reclamei e ele riu, deixando um beijo no topo da minha cabeça.

- O importante é você, ma petite... Agora você tem que voltar. Já está mesmo tarde.

- Eu sei.

Eric me puxou devagar pelo rosto, me beijando lentamente e correspondi do mesmo jeito sem me importar com nada do lado de fora do carro.

- Matamos a saudade de novo das nossas segundas - feiras... - acariciou os meus cabelos sentindo o perfume dos fios.

- Sim. - me afastei dele, saindo de cima do seu colo e voltei a me sentar no banco do carona, ajeitando a minha calcinha ainda respirando com dificuldade.

- Volta com cuidado - me olhava com ternura e me deu um último selinho - Te amo.

- Também te amo.

Soltei do carro e fiz o mesmo caminho de volta, entrando pelo estacionamento e subindo as escadas. Entrei em casa e deixei a chave do meu pai no mesmo lugar de antes, em um móvel da sala. Minha primeira missão como fugitiva no meio da noite fora realizada com sucesso!

***

E então o sábado chegou.

Devidamente pronta, eu me olhava no espelho e fiquei admirando o vestido escolhido. Nunca pensei que usaria um modelo tomara que caia mas quando o vi na vitrine fiquei encantada. Era branco, estampado com flores bem pequenas, com o decote arredondado nos seios e o zíper na parte de trás segurava bem, chegando a apertá-los. Não era vulgar pois o comprimento dele ia até a metade das coxas. Fiquei na dúvida entre calçar scarpins de salto pequeno e sandálias mas por fim, decidi pela primeira opção na cor amarelo bem clarinho. Fiz uma maquiagem leve, colocando um batom cor de boca para não chamar muito a atenção. Sempre gostei de destacar mais o azul dos meus olhos.

Peguei uma bolsa emprestada da minha mãe também na cor clara e coloquei o de sempre que era basicamente celular, meu cartão de débito para alguma emergência e identidade. Tanto a minha bolsa como a da Melissa já estavam na casa do Frederik. Para completar o visual, usei um colar de ouro cujo pingente era a inicial do meu nome e o par de brincos também de ouro em forma de uma rosa.

Ao chegar na sala, todos os olhares se voltaram na minha direção e não consegui disfarçar o quanto fiquei envergonhada.

- Você está linda, Nívea.

- Obrigada, Frederik.

Ele e o pai vieram pessoalmente nos buscar e os seus olhos azuis e gentis percorreram todo o meu corpo.

- Está deixando sua amiga sem graça, filho - o pai o alertou.

- Desculpa, não quis te deixar envergonhada.

- Tudo bem. Por mim, podemos ir.

- Agora mesmo! - Melissa se levantou do sofá e não sei qual foi o milagre do dia em que ela resolveu ir de vestido para a festa. Quase não acreditei quando ela o escolheu durante o passeio no shopping. Era um preto simples, de alças mas que ficou bonito nela, pois destacou os cabelos ruivos.

- Divirtam-se, crianças! - minha mãe me deu um beijo no rosto e um abraço e calorosamente se despediu do Frederik - Cuide bem do meu anjo! - O alertou.

- Claro, Dona Helena. Até a próxima Senhor Jacques.

- Estou confiando minha filha em suas mãos - meu pai o alertou deixando ele ainda mais sem graça.

Os presentes que compramos para os aniversariantes já estavam no carro. Logo que chegaram para nos buscar, Frederik e Simon levaram nossas lembranças e colocaram no porta-malas. Gabriele e Patrick eram adolescentes iguais à mim e possuíam de tudo. Sendo assim, eu e a Melissa presenteamos os dois com roupas: duas camisas pólo para ele, um short e uma saia jeans para ela.

Dentro do carro, chegando no salão de festas de onde moravam, a movimentação de carros era enorme. Vários jovens da nossa idade chegavam em pequenos grupos e do lado de fora já podíamos ouvir a batida abafada da música que era contagiante.

O senhor Simon nos deixou em frente a porta do salão, após buscar os presentes e nos entregar e seguiu com o carro para estacionar.

- Podem ir na frente. Entra com elas, filho.

- Claro, pai.

Havia uma recepcionista em um balcão que era responsável por confirmar os nomes na lista de convidados e receber os presentes. Logo do lado, era a entrada em forma de um túnel e no final dele, as luzes do que parecia ser uma boate, se agitavam rapidamente.

Frederik estava entre nós duas e como ele chegou mais cedo, não precisou deixar o nome.

- Eu só saí da festa para ir buscar vocês.

- Você ajudou em alguma coisa? - perguntei enquanto esperava a nossa vez de entrar pois haviam alguns convidados na nossa frente formando uma pequena fila.

- Que nada! O Patrick que ficou estressado e com medo da área gamer que ele montou não ficar pronta a tempo. Vim aqui no início da tarde pra ver a organização e depois sumi - ele contou rindo.

- Uau, que legal! Vai ter área de jogos! - a ruiva se empolgou.

- Vai. Foi a única coisa que ele exigiu na festa porque os noventa por cento do restante foi tudo ideia da Gabriele.

- Boa noite. Quais os nomes? - a recepcionista nos perguntou com os olhos na lista em cima de uma prancheta.

- Nívea Caroline.

- Melissa Amorim.

- Ok... Ah, achei. As amigas que moram em Laranjeiras.

- Isso mesmo - e entregamos os nossos presentes que ela recebeu gentilmente.

- Curtam a festa!

- Obrigada! - agradecemos e ela sorriu, desviando o olhar e a atenção em direção a outro convidado que eu não vi atrás de nós, pois seguimos em direção à entrada.

- Boa noite, qual o seu nome, Senhor? - ouvimos ela perguntar.

- Eric Schneider.

Continua...

Nota da autora:

Rááááá!!!!! Esses momentos finais do capítulo foram uma verdadeira pegadinha do malandro não é meu povo????

Eu amo tanto mas amo tanto escrever essa história para vocês que me vejo atrasando prazos de publicação só para escrever capítulos do tamanho do Everest hahahahahahaha.

E agora eu que lute para fazer essa festa render não é mesmo?

Tu vas bien ? = Você está bem?

Je vais bien! = Eu estou bem!

Cidade de Praga = Capital da República Tcheca, país localizado no leste europeu.

Contato: a_escritora@outlook.com

Instagram: /aescritora_

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Foto de perfil de Ana_EscritoraAna_EscritoraContos: 62Seguidores: 166Seguindo: 33Mensagem "Se há um livro que você quer ler, mas não foi escrito ainda, então você deve escrevê-lo." Toni Morrison

Comentários

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São muitas emoções.

- Melissa á discreta. Muito engraçada. Estou sentindo falta dela com o Felipe.

- O Simon safado, trair não é legal, e dentro de casa é demais. Imagino que a Denise saiba. E quem sabe exista o chumbo trocado.

Agora essa festa promete. O Eric indo, e sem falar nada pra Nivea???????? Aí tem coisa.kkkkk

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Eu só não entendi o pq Eric não disse a Nívea q tbm iria na festa. O capítulo foi maravilhoso. Eu suspeitava da traição do Simon, mas ainda contínuo siuspeitando q a Denise tbm pula a cerca.

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Tanta coisa que fez minha cabeça ferver nesse capítulo que eu nem sei por onde começar a comentar. Mas vou tentar:

1) momentos quentes entre Eric e Nívea. Perfeitos como sempre;

2) Ri alto com a Melissa tentando fazer a discreta no quarto até a hora da revelação bombástica;

3) Amei a conversa entre pai e filha no escritório. Jacques é mesmo um homem incrível.

4) E esse final, meu Deus...

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