Borboletas sempre voltam II último capítulo da 2 temp

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 7715 palavras
Data: 23/09/2021 16:43:32
Assuntos: Amor, Gay, Mistério, Sexo, Tesão

Último capítulo parte 2

Os meses seguiram como o curso de um rio. Estamos no mês de dezembro e as pessoas se preparam para as festas de fim de ano.

O shopping center estava decorado no clima natalino. Uma grande árvore no centro, alcançando os quatro andares do local.

Em volta dela havia um casa natalina, com decoração simulamdo neve, ursos polares, doendes, renas e trenós. Jovens mulheres usavam um gorro vermelho e vestidos vermelhos rodados com as bordas brancas, cinto e bota preta.

No centro de tudo, uma cadeira majestosa parecendo um trono, onde um homem gordo vestisdo de papai Noel estava sentado pousando para fotos com criançasem seu colo. Elas faziam filas, aguardando a sua vez.

Isabel aguardava ansiosa para conseguir que o pequeno filho fotografasse o mais rápido possível, para que ela pudesse fazer as compras sossegada.

_ Não sei o porquê fui inventar de deixar o Felipinho tirar essas malditas fotos com o papai Noel.

_ Criança gosta dessas coisas._ Bruno respondeu olhando para uma loja de roupas que ficava em frente onde eles estavam. Fitava como se tivesse visto algo desagradável.

_ O que houve, Bruno? Que tanto você olha para aquela loja?

Antes que Bruno pudesse responder, Felipinho foi chamado para ser fotografado.

Depois de fazer a vontade do menino, Bruno convidou Isabel para ir com ele até a loja que ele tanto observava.

Era uma loja de roupas de grifes. Estava tão limpa e cheirosa, que era convidativa para os clientes gastarem dinheiro.

Os vendedores eram belos e jovens, como se tivessem saídos de uma agência de modelos.

Bruno arregalou os olhos, numa expressão de que as suas suspeitas estavam confirmadas.

_ Eu sabia!_ Exclamou mostrando Daniel para Isabel.

_ Acho melhor irmos embora, Bruno. Deixa esse cara pra lá.

Bruno a olhou erguendo a sobrancelha, como se tivesse algum plano em mente.

A gerente da loja, que estava próxima ao balcão, deu um sorriso ao ver Bruno. Reconheceu-o pela grande repercussão da entrevista a Ricardo Policarpo.

Caminhou até ele em cima de seus finos e sonoros saltos.

_ Bruno Ferraz! É um grande prazer receber o senhor e a sua amiga em nossa loja!_ ela dizia com um sorriso gentil._ Fiquem à vontade. Os senhores aceitam um café?

O oferecimento foi recusado gentilmente por ambos. Bruno demonstrou interesse em comprar uma blusa social preta, pendurada numa arara próxima a eles.

_ Eu vou chamar um vendedor para atendê-lo.

_ Eu gostaria de ser atendido por aquele rapaz com traços orientais._ Bruno pediu direcionando o olhar para Daniel, que estava de costa, arrumando uma arara.

_ Ah! É o Daniel, o nosso novo vendedor. Eu vou chamá -lo.

A gerente se afastou, caminhando em direção a Daniel.

_ O que você está aprontando, Bruno?! Deixa isso pra lá e vamos embora antes que alguma confusão aconteça!_ Isabel exigia nervosa, ao mesmo tempo que tentava segurar o filho, que queria correr pela loja.

_ Daniel, há um cliente muito especial que fez questão do seu atendimento.

Daniel a olhou confuso.

_ Trata-se do jornalista Bruno Ferraz. Ele ficou muito famoso na internet, por causa daquela entrevista com o Policarpo. O homem tem muitos seguidores nas redes sociais. Atenda-o com muito esmero, para que ele não manche o nosso nome na internet.

Daniel semi cerrou os pequenos olhos, tentando ocultar a raiva. Engoliu a seco o sentimento de humilhação e foi até Bruno com um falso sorriso.

_ Boa tarde. Em que posso ajudá-lo?

_ Daniel?! Que surpresa te ver aqui! Eu não sabia que uma loja tão conceituada como essa estava contratando pessoas de tão baixo nível._Bruno respondeu com um sorriso e um tom de voz gentil.

Daniel sentiu o ódio latejar no seu coração. Desejou partir para cima de Bruno, mas deteve a vontade por medo de perder o emprego.

_ No que você está interessado? Temos ótimas peças vindas da Europa. Todas de muito bom gosto.

_ Primeiro, Vamos fazer um pequeno conserto no seu vocabulário. Não use comigo o pronome de tratamento "você ", esse pronome é usado em situações informais, o que não é o nosso caso.

_ Desculpe -me, senhor._ Daniel disse entre os dentes, com um olhar feroz.

_ Eu vou querer aquela blusa ali._ apontando para a roupa.

_ Pois não.

Daniel voltou trazendo a blusa. Bruno a olhou com dúvida.

_ Não sei...acho que vai não cair bem em mim.

_ Imagina. Tudo cai bem no senhor.

_ Eu não solicitei a sua opinião.

Isabel pôs a mão na boca para conter o riso. Daniel abaixou a cabeça, se sentindo furioso.

_ Vou querer aquela lá.

Bruno pedia as roupas e desistia delas toda vez que Daniel as trazia, o fazendo repetir o processo várias vezes.

A gerente se aproximou perguntando se Bruno estava sendo bem atendido.

_ Até estou. Mas o seu vendedor é tão lento.

Quando Daniel voltou trazendo a vigésima blusa, recebeu um pequeno sermão da chefe, o que o deixou mais bravo.

_ Acho que não quero comprar nenhuma roupa. Vou de sapato mesmo. Me vê aquele modelo ali, tamanho 40.

_ Não temos desse tamanho, senhor.

_ Temos sim, Daniel. Está no estoque._ respondeu a gerente, o olhando sério.

Daniel foi e retornou alguns minutos depois.

_ Demorou muito para trazer um par de sapatos. Eu não tenho o dia inteiro.

_ Peço perdão pela demora, senhor.

_ Você pode me ajudar a calçar?_ Bruno perguntou retirando o tênis e erguendo os pés para cima.

Antes que Daniel pudesse responder, a Gerente concordou, mandando Daniel ficar de joelhos para calçar o sapato em Bruno.

_ Estou me sentindo uma Cinderela.

A brincadeira de Bruno despertou risos na gerente e em Isabel. E Daniel já não conseguia mais disfarçar a sua raiva.

_ Hum...acho que não gostei.

Furioso, Daniel pegou o outro par do sapato que estava em sua mão e jogou em cima de Bruno, deixando todos espantados.

_ Ah, o palhaço não gostou do sapato?! Não tá a altura do reizinho? Quer que eu mande fabricar um modelo exclusivo para a senhora?

_ Daniel!_ exclamou a gerente.

_ O que está acontecendo contigo, Dani? Eu não tô entendo esse nervosismo._ Bruno ironizou, fingindo espanto.

_ Ah, deixe de ser cínico, idiota! Você está querendo me humilhar! Sempre fez isso! Na redação queria ser o melhor, o fodão! Jogava na minha cara todo o seu sucesso, a sua vida perfeita! Até o meu homem você roubou! É a mim que o Jonas ama! Mas, você inconformado com o nosso amor, moveu os seus pauzinhos lá naquele terreiro de quinta, que frequenta com a sua mãezinha, jogou um feitiço no meu homem!

'Agora vem aqui no meu trabalho me humilhar? Vá à merda, sua bruxa feiticeira! Macumbeira de quinta.'

_ Daniel, já chega! Isso não são modos de se tratar um cliente! Me perdoe, Bruno? Deixa que eu mesma te atendo.

_ Não precisa me atender. Eu não esperava que uma loja tão bem conceituada pudesse contratar pessoas com desequilíbrio emocional.

_ Desiquilibrado é o seu cu!

_ Daniel, já chega! Nem preciso dizer que você está demitido.

_ Foda-se! Eu não gosto deste emprego mesmo. Não está a minha altura!

_ Daniel, eu sinto muito em te ver nesse estado. Eu jamais quis te humilhar!

_ Deixa de ser cobra! Por sua culpa eu perdi o meu outro emprego de jornalista, o idiota do Cláudio está me processando! Você acabou com a minha vida!

_ Eu não faço ideia do que você está falando! Eu jamais quis destruir a sua vida. Eu tenho até pena de te ver nesta situação. Posso até te ajudar. Me diz o seu endereço que eu mando entregar uma cesta básica.

Daniel sentiu tanta raiva, que partiu para cima de Bruno, mas foi detido pelos seguranças, que o arrastaram para dentro da loja, enquanto Daniel se debatia gritando.

A gerente, envergonhada, se desculpou de várias formas, chegando a oferecer um vale de compras a Bruno.

_ Eu não quero. Estou muito constrangido por tudo que passei nesta loja. A senhora deveria rever as suas contratações. Não voltarei aqui tão cedo...se é que vou voltar.

Bruno caminhou em direção à porta, deixando transparecer um sorrisinho no canto da boca.

No corredor, Isabel o olhou sorrindo, girando a cabeça.

_ Bicha, a senhora é destruidora mesmo. Quando é pra ser bom é um anjo, mas quando é para ser mal faz até o diabo perder o equilíbrio.

Bruno sorriu, piscando o olho.

....

Os vizinhos do prédio ouviam os gritos de Daniel e o barulho de objetos sendo quebrados.

Depois de ser demitido, Daniel foi para a casa furioso. Esbravejou e chorou por horas, até adormecer, deitado no sofá da sala.

Quando despertou, já era quase seis da manhã, e os raios de sol invadiam a sala pelas brechas da persiana.

Sentia o pescoço doer um pouco, devido à má posição que passou a noite.

Despertou muito mais calmo e a cabeça latejava de dor, sentindo-se arrependido por ter caído nas provocações de Bruno e perdido o emprego.

No decorrer dos dias, Daniel recebeu várias ligações do seu senhorio cobrando o aluguel atrasado. Daniel garantia a ele que até o próximo mês quitaria todo o valor. Mas, sabia que isso não seria possível, já que trabalhou por menos de um mês na loja.

Os aluguéis estavam muito atrasados e Daniel pensou em fugir para não precisar prestar contas ao senhorio.

Foi até à casa do seu ex colega de trabalho Josias com a intenção de pedir abrigo. Aguardou no portão até ser atendido.

Uma senhora idosa, gorda, de cabelos cacheados curtos e grisalhos, vestindo um vestido rosa claro estampado com florzinhas amarelas, veio recebe-lô. Era a dona Lurdes, mãe do Josias.

_ Boa tarde, dona Lurdes. O Josias está?

_ Iiih,meu filho, você não tá sabendo? Josias agora mora em São Paulo. Ele arranjou um ótimo emprego como jornalista, tá ganhando muito mais do que ganhava quando trabalhava para o Bruno.

_ Que pena!...não pena de ele está sendo bem remunerado. Digo pena pelo fato de eu não poder vê-lo. Eu estou com tanta saudade._ Na verdade Daniel não sentia nenhum pingo de saudades de Josias, o que ele lamentava era o fato de não ter mais a quem pedir ajuda.

_ Ah, quanto isso você não precisa se preocupar. Amanhã, Josias vem me visitar. Vai passar o fim de semana aqui. Você pode aproveitar e vir almoçar conosco.

_ Que bom! Pode deixar.

Daniel cumpriu com a promessa. No dia seguinte, estava na casa do amigo. O fato de almoçar lá, degustando uma deliciosa macarronada o deixou ainda mais animado, pois a sua despensa estava quase vazia.

Josias era um homem bonito, com um corpo atlético, cabelos raspados como um soldado, dentes bem alinhados e alvos. Vestia um short curto verde escuro e uma camiseta colorido decotada o suficiente para deixar a mostra o seu peito cabeludo.

Enquanto aguardavam o almoço, os dois estavam sentados numa mesa redonda na varanda, tomavam cerveja e comiam camarões fritos como tira a gosto.

Dona Lurdes estava radiante de felicidade, pois o filho havia lhe dado uma boa quantia em dinheiro.

Daniel explicou toda a sua situação, narrando desde a sua demissão até o ocorrido na loja.

Pediu abrigo ao amigo, que arregalou os olhos, pondo a mão no peito.

_ Tá louca, gay?! A senhora é furada. Bruno mesmo te deu abrigo e a senhora ainda trepou com o macho dele na cama dele. É ruim que eu te boto dentro da minha casa.

_ Josias! Você fala como se eu fosse uma puta!

_Ai me desculpe! Esqueci que a senhora é evangélica. A paz do senhor, irmã.

_ Como você pode negar ajuda a um necessitado? Eu vou ser posto no olho da rua! E fazendo uma correção, eu não trepei com o macho do Bruno. Eu trepei com o meu homem! Eu e Jonas nascemos um para o outro.

_Iiih! A louca!_ Josias disse fazendo biquinho e revirando os olhos para cima. _ Ele é tão "seu" homem que tá cansadinho com o Bruno.

_ Porque Bruno é uma bicha macumbeira, que jogou um feitiço no Jonas, que o impede de enxergar que me ama de verdade. Mas o Deus que eu sirvo é maior, ele vai pisar na cabeça da serpente.

_ Aaaah! Para de praticar intolerância religiosa! Deixa de closet errado. Para que tá feio, gata.

_ É verdade! O Jonas me ama.

Josias franzia o rosto como deboche.

_ Você vai me ajudar ou não? Você pode me arranjar uma vaga lá na redação que você trabalha. Assim eu tenho um salário, alugo um apartamento e meto o pé da sua casa.

_ Da última vez que eu te arrumei um emprego, você deu um jeito de se enfiar na casa do patrão, trepou com o marido dele e depois de toda a confusão que arrumou, foi lá no escritório e fez a louca dizendo que ainda tinha um caso com ele, levou uma facada na cara e me botou em maus lençóis. Sabia que a mãe do Bruno ficou desconfiada que alguém estava sendo o seu informante? Por pouco, não foi descoberto.

_ Saí do passado, veado._ Daniel disse estalando os dedos._ É pra frente que se anda. Não custa nada você arranjar um emprego pra mim nessa nova redação. Eu juro que vou me comportar.

Josias olhou para os lados para se certificar que sua mãe não estava vindo. Aproximou a cabeça do ouvido de Daniel e sussurrou :

_ Eu não trabalho em redação coisa nenhuma.

_ Como não trabalha na redação?!

_ Fala mais baixo, bicha!_ Josias ordenou, dando um tapa no rosto de Daniel._ E se velha ouvir, eu tô fodido.

_ O que você anda fazendo em São Paulo?_ Daniel perguntou baixinho, com a mão no rosto.

_ Eu trabalho numa sauna.

Daniel o olhou de um jeito interrogativo.

_ Você faz o que lá? É recepcionista?

_ Sim, recepciono as pirocas no meu cu. Para de fazer a inocente, que todo mundo sabe que a senhora é rodada.

Daniel arregalou os olhos e pôs a mão na boca aberta.

_ Você está se prostitundo?!

_ Lógico! Você acha que com um salário de jornalista eu conseguiria comprar aquele carro, usar roupas de grifes, frequentar clínicas estéticas e ainda morar num bom apartamento?

_ Geeeeente! Se a sua mãe souber ela vai ficar louca do cu dela! Bicha, tô chocada!

_ Meu amor, na sauna onde eu trabalho é movimentadissima! O que tem de clientes velhotes com grana pra gastar. Tem uns até que me chamam para viajar com eles. E eu vou linda e bela com tudo pago.

'Aí, a senhora pode ser uma safada, caloteira, mentirosa e pistoleira, mas é bonita pra Caralho. Com esse rostinho asiático vai fazer um sucesso na sauna. A gay exótica mais requisitada de São Paulo. Uma verdadeira gueixa.'

_ Deixa de ser ignorante! Gueixas são japonesas e não descendentes de coreanos.

_ Que seja! Tem tudo a mesma cara.

_ Bicha xenofobica.

_ Então, Vai querer ou não?

_ Claro que não! Eu sou homem de um homem só! Sou fiel ao Jonas.

_ Você pode tirar até 10 mil reais por mês...isso é o mínimo. Se fizer sucesso, tira até mais.

_ Quando eu posso começar?

_Vamos fazer o seguinte: você vai para sampa comigo e fica encostada na minha casa por um mês, durante esse tempo, bota esse corpinho lindo para ralar, faz uma boa grana e mete o pé da minha casa.

_ Fechado. Quando a gente vai embora?

_ Amanhã mesmo. Já pode ir comprando a passagem?

_ Com que dinheiro?

_ Gente! A gente dá a mão e ela quer o corpo inteiro! Tá veado, eu te empresto o dinheiro da passagem. Mas, você vai me pagar com juros e correção monetária.

No dia seguinte, Daniel acordou muito cedo, arrumou as malas e resolveu sair o quanto antes. O senhorio avisou que iria até lá para receber o pagamento e Daniel queria fugir antes que ele chegasse.

Desceu até a portaria vestindo um terno amarelo com uma blusa social preta, usava óculos escuros e caminhava com seu ar de superioridade.

Ao olhar para em frente ao portão do condomínio, viu o seu senhorio encostado no próprio carro, mexendo no celular.

_ Aonde você pensa que vai com essas malas, seu salafrário? Volta aqui! Você tá me devendo.

Daniel correu em direção ao táxi próximo, empurrando a mulher que ia entrar.

_ Arreda logo, motorista!

O carro saiu e Daniel respirava ofegante, em quanto o homem esbravejava.

Josias o aguardava na entrada do aeroporto.

_ Pague o táxi.

_ Hã?!_ Josias exclamou pondo a mão no peito.

_ Pague o táxi, gay! Bota na minha conta, que depois eu te pago.

_ Mas é muito abusada mesmo! Já estou até arrependida de ter sido caridosa contigo. Por que a bonita não veio de ônibus?

_ Porque tive que fugir do seu Rogério. O "Véio" tava na porta dos prédios me esperando.

Josias ergueu a cabeça para gargalhar.

_ A seu Madruga teve que fugir do seu Barriga?

"Já chegou o disco voadoooor ".

_ Pare de deboche e pague logo! Se não vamos perder o vôo.

_Olha que abusada!

_ Moço, eu não tenho o dia inteiro._ reclamou o taxista, bufando de raiva.

Josias pagou com o cartão de crédito. Em seguida, os dois caminharam para a sala de embarque.

_ Quem vê com esse olho rasgado, vestido desse jeito até pensa que é um cantor de K-pop. Mal sabem que não passa de uma morta de fome._ Josias disse gargalhando, ajeitando os óculos escuros.

_ A senhora me arrasa, hein gay! Vou ter até que juntar os meus caquinhos daqui até São Paulo.

_ Pior sou eu que tenho que carregar duas malas, essa minha e você.

Eles entraram no avião e esse levantou voou.

Daniel segurou na mão de Josias, que a puxou de volta.

_ Tá com medo, puta?

_ Lógico! É a primeira vez que ando de avião.

_ Na hora de encarar o pirocão de Jonas a senhora não ficou com medo. Deixa de frescura. Se bem que agora, você vai esquecer essa história de uma vez por todas. Graças a deus!

Daniel o olhou sério, arqueando a sobrancelha.

_ Pode voltando para a realidade, meu amor. Eu nunca vou esquecer o Jonas. Ele é a minha alma gêmea. Beeem, eu vou tirar o meu pé da lama e voltar no salto 15 para pisar na bruxa do Bruno e pegar o meu homem de volta.

Josias olhou para a janela, abrindo o leque.

_ Tadinha dela! Tão iludida.

...

l

As luzinhas brilhavam coloridas em volta da árvore de natal. Patrick a olhava admirado por ter conseguido montá-la sem o auxílio de uma outra pessoa. Renata trabalhava o dobro no mês de dezembro, tanto na concessionária, onde era administradora, quanto na sua loja com Rose, pois naquela época do ano, o movimento era muito agitado. Matheus se concentrava nas aplicações e correções de provas. Sendo assim, Patrick decidiu não incomodar os demais e montou a grande árvore sozinho, no canto da sala, do lado do sofá, em frente a janela.

O que o deixava mais satisfeito era arrumar os pacotes de presentes que havia comprado para toda a família e amigos. Pediu a uma colega de trabalho que o acompanhasse para fazer as compras dos presentes, para que todos fossem surpreendidos com os seus regalos.

Quando Matheus chegou do trabalho, o encontrou de costas acabando de pôr os pacotes nos pés da árvore. Abraçou o ruivo por trás, que se virou para beijá-lo.

_ Olha só! Caprichou na decoração da árvore!_ Matheus disse, sentando no sofá, depositando a mochila ao lado.

_ Gostou? Eu amo montar árvores de natal! Eu adoro essa época do ano. Lembro da minha mãe. Ela adorava montar a árvore comigo e cozinhar para a ceia.

_ Você comprou tudo isso de presente, Patrick?_ Matheus perguntou espantado.

_ Sim!_ respondeu com um sorriso irradiante.

_ Mas você deve ter gastado uma fortuna! Não precisa esbanjar o seu dinheiro.

_ Pra mim, é um prazer presentear as pessoas que eu amo._ Patrick afirmou, tocando na ponta do nariz de Matheus, segurou com as duas mãos o seu rosto e o beijou.

_ A minha mãe já chegou?

_ Ainda não. Mas ela me ligou e disse que já está vindo.

_ Ainda bem. Nós temos que ter uma conversa: eu, você e a minha mãe.

O tom de voz sério de Matheus deixou Patrick preocupado.

_ Aconteceu alguma coisa? O que houve?

_ Quando a minha mãe chegar, você vai saber.

_ Ah, Matheus, você sabe que eu sou libriano, além de indeciso, eu sou curioso. Quer me matar de aflição?

_ Gente, que bicha dramática!_ Matheus disse sorrindo. _ Daqui a pouco a minha mãe chega e a gente conversa.

_ Você sabe que sou cardíaco. Daqui a pouco eu dou um troço de curiosidade.

_ Desde quando você tem problema cardíaco, Patrick?

_ Desde agora, que você tá me botando tenso fazendo esse suspense todo.

_ Calma, homem de deus! Daqui a pouco, a minha mãe vai chegar!

_ Então, por que você me adiantou? Esperasse ela chegar pra dizer: "Patrick, nós queremos falar com você." Você complica tudo, Matheus.

_ Eu?! _ Matheus caiu na gargalhada.

Ele levantou do sofá e deu um beijo na testa de Patrick.

_ Eu vou tomar um banho, enquanto a minha mãe não chega.

_ Sacanagem sua! Aí depois eu dou troço no coração e você vai querer chorar no meu buraco lá no cemitério.

_ É mesmo, Maria do Bairro?

Matheus saiu gargalhando.

Renata chegou uma hora depois se desculpando pelo atraso.

_ Menino, a loja tava lotada! Chega nesta época do ano, a mulherada fica doida para gastar o décimo terceiro.

_ Vocês comerciantes adoram, né sogrinha?

_ Oh! Graças a deus as vendas foram ótimas. Vou comprar presente pra todo mundo. Matheus já chegou, meu bem?

_ Já sim. Tá lá no quarto. Ele disse que vocês querem conversar comigo.

_ Ah, sim! Só me deixa tomar um banho, que tô nojenta de suada. Tá muito calor.

_ Eu tô aflito aqui de curiosidade! É alguma coisa ruim? Se for, fala logo para eu me preparar psicologicamente.

_ Que ruim, o que, menino! Muito pelo contrário. Eu vou tomar um banhozinho e já volto. Nem vou te dar um beijinho agora, que eu tô toda suada.

Patrick foi até o quarto e encontrou o marido deitado na cama, jogando no celular.

_ Amor, sua mãe chegou. Ela foi tomar banho e depois vai conversar comigo. Me ajude a fazer a mesa do jantar?

_ Claro, minha vida.

Enquanto Matheus arrumava os pratos, copos e talheres sobre a mesa, Patrick retirava do forno o escondidinho de batatas com carne moída, pondo-o no centro da mesa.

_ Olha só! Como sempre, o meu benzinho caprichando na cozinha.

_ Eu amo cozinhar pra você. E também fiz aquela torta holandesa de limão, que você adora._ Patrick disse erguendo a cabeça, enquanto retirava as luvas.

Matheus sentou em uma das cadeiras da mesa, ficando de frente para ele.

Quando Renata chegou na cozinha vestindo um short de moletom cinza e uma camiseta rosa e os cabelos molhados, encontrou o casal aos beijos.

Patrick se afastou, envergonhado, limpando os lábios.

_ Ah, que maravilha! Chegar em casa, depois de um dia exaustivo de trabalho duplo e ter um escondidinho maravilhoso a minha espera! Isso não é um genro...É um anjo!_ Renata deu um beijo no rosto de Patrick, antes de todos sentarem à mesa.

_ Pronto, os dois já estão em casa e de banho tomado. Agora já podem tirar a minha aflição e soltar o verbo.

Renata e Matheus se olharam.

_ Você começa, mãe.

_ Então, Patrick, eu e o seu marido estavamos conversando sobre isso e chegamos a uma conclusão, mas, já quero deixar claro, que nada vai ser feito sem o seu consentimento. Ele é muito importante pra nós.

_ Sobre o quê?

_ O Matheus estava me dizendo do projeto de vocês de comprar uma casa. Ele me disse que vocês têm esse sonho desde que namoravam. Mas, o Matheus não era como é hoje. Ele não era centrado num objetivo e esbanjava dinheiro como se não houvesse amanhã.

'Aí, infelizmente, aconteceu o que aconteceu contigo e as coisas mudaram, todos nós mudamos. Matheus passou a juntar dinheiro com esse fim.

'Eu tive a ideia de no lugar de vocês comprarem uma casa por financiamento de um banco e demorar anos para quitar a dívida...o que pode acontecer alguma coisa no caminho e vocês não conseguirem dar seguimento no pagamento das preparações e o banco acabar tomando a casa...

_ Deus me livre, sogrinha!_ Patrick exclamou dando 3 soquinhos na madeira da mesa.

_... Então, no lugar disso, eu tive a ideia de vocês construírem um puxadinho aqui mesmo, em cima da casa, no terraço. Eu posso ajudar vocês nos custos da obra, contribuindo com o máximo que eu puder. Como eu transformei a escada em rampa, você não terá problema para se locomover.

'A meu ver, seria ótimo, vocês não demoraria tanto tempo para serem donos da casa e poderia construir do jeitinho que vocês quiserem.

'Mas, lembre-se que isso não é um ultimato. Longe de mim ser aquele tipo de sogra intrometida que fica dando pitacos no casamento do filho. Eu só tive a ideia, cabe a vocês dois decidirem juntos.'

_ Isso mesmo, amor. Nenhuma decisão vai ser tomada sem o seu aval. Mas, eu acho que seria melhor para nós. Já conhecemos a comunidade e nos damos muito bem com todos que vivem aqui, o IPTU não é tão caro e estamos cercado de amigos e familiares.

'Sem contar que, como a minha mãe bem disse, podemos construir a casa do nosso jeitinho. Podemos até construir um escritório/biblioteca pra você, com um cantinho de leitura aconchegante do jeito que você sempre sonhou.'

_ Ufa! Então, era isso?! E eu pensando que era alguma tragédia. Bom...Eu gostei da ideia. Pra mim, vai ser um prazer morar perto das pessoas que eu amo e aqui na comunidade, que gosto tanto de morar.

'Mas, tem uma condição, seu Matheus. Eu te amo muito, sogrinha, mas eu não quero que você seja explorada ao ponto de dar até as próprias calças. Eu não vou ser orgulhoso de recusar a sua ajuda. De jeito nenhum, e até agradeço por ela...muito obrigado mesmo. Mas, não quero que Matheus se encoste em você. Eu tenho o meu salário e mais a aposentadoria, Matheus tem o salário e o que ganha nas aulas particulares e nós temos umas economias na nossa conta conjunta. Então, nada de explorar a sua mãe e gastar o seu dinheiro com besteiras.'

_ Você sabe que eu não sou mais assim.

_ Eu sei, mas é bom deixar tudo de acordo.

Renata segurou nas mãos dos dois e as beijou.

_ Eu fico tão feliz de ter os meus dois piticos pertinhos de mim pra sempre! Eu amo tanto vocês.

_ Nós também te amamos, mãe.

Renata fechou os olhos para receber os beijos deles, que foram dados um em cada bochecha.

....

O Rio de Janeiro ardia sob o sol de dezembro, que bafejava um ar de fornalha na atmosfera, causando desconforto nos que ali habitavam.

Rose abana-se com um leque japonês, sentada na espreguiçadeira à beira da piscina da casa de Bruno. Vestia um maiô de fundo azul escuro e estampas de folhas de palmeira. Sobre a cabeça, usava um enorme chapéu de palha.

_ Tá na hora do rango._ Disse Jonas sorrindo, a convidando para ir à mesa da área gourmet.

Ela caminhou ao lado dele sem para de fazer as suas anotações.

Tanto Jonas, quanto Bruno vestiam calções de banho de cor preta.

No centro da mesa havia uma bandeja com vários sortudos pedaços de carnes assadas na brasa, arroz, saladas verdes, salpicam, farofa e molho vinagrete. Como bebida, uma garrafa de dois litros de Coca-Cola. Os pratos estavam postos com os talheres e copos ao lado.

_ Mãe, que tanto você anota aí?

_Os preparativos para a festa de réveillon.

Betinho saiu de dentro da cozinha, trazendo um vidro de azeite para temperar as saladas.

Sentou à mesa, ao lado de Rose, ficando de frente para o casal Bruno e Jonas.

_ Ah, falando na festa de réveillon, a Renatissima já conseguiu alugar um sítio babadeiro, que tem um alojamento ótimo. Agora só falta cada dar a sua parte para pagar o aluguel. Quando vocês vão dar?_ Betinho perguntou olhando para Bruno e Jonas.

_ Eu não vou dar nada, porque não vou.

Rose interrompeu a anotação e olhou sério para o filho. Jonas coçou a cabeça, em sinal de desconforto.

Unida com Renata e Betinho, Rose planejava alugar um sítio para que todos da família pudessem passar a noite de réveillon e os dois primeiros dias de Janeiro.

_ Como assim não vai, Bruno?!

_ Eu não vou, mãe. Eu me recuso a ficar no mesmo ambiente que aquela pessoa por três dias.

_ Eu não acredito que você vai estragar o meu dia de domingo com essa palhaçada! Acho que você esquece que já é adulto.

_ Iiih, Brunosa, não faça a estraga prazeres. Já tá mais do que na hora da senhora parar com essa tretinha com a Matheusona. Até eu estou ficando entediada. Gata, esquece o passado e toca a vida pra frente, bonita.

_Eu concordo contigo, Betinho. Já tá mais do que na hora de você deixar as mágoas no passado. Um ano novo está vindo e você fica olhando para trás. _ afirmou Rose irritada.

_ Vocês falam isso porque não foram vocês que comeram o pão que o diabo amassou nas mãos dele. O que vocês estão querendo? Que Matheus me humilhe? Só pode. Por que vocês insistem em colocar nos dois no mesmo lugar?

_ Brunosa, eu não sou de defender a Matheusona. Eu sou seu amigo e detesto ela. Acho uma cretina, grossa, mimada e insuportável, mas tenho que dar o braço a torcer que ela mudou muito. Não é mais a desiquilibrada de antes. Lembra do dia da feijoada? Ela não fez barraco contigo e ainda perdoou o Jonete.

'Matheusona tá zen. A Patricka educou ela.'

_ Até parece. Eu não confio nele. Não vou.

_ Bruno, eu e a sua tia estamos animadas organizando a festa e você vai fazer essa desfeita pra a gente?

_ Sem dramas, mãe! Você fala isso porque não é você que tem que conviver com quem não gosta.

_ Engano seu. Eu não suporto a Leninha. Tenho vontade de degolar aquela galinha, mas ela vai ser convidada porque é cunhada de Renata e eu vou fingir que aquela puta nem existe. Ela vai ficar no canto dela e eu no meu. Vou até evitar falar com Marquinhos para não dar confusão. E você pode muito bem fazer o mesmo.

'Até porque Betinho tem razão em dizer que Matheus mudou muito.'

_ Eu já disse que não vou. No Natal vamos para à casa de dona Chiquinha e no réveillon vamos à praia de Copacabana jogar flores para a minha mãe Iemanjá.

Rose abaixou a cabeça chateada, o que deixou Jonas incomodado.

_ Rose, pode pôr o nosso nome. Nós vamos.

Bruno o olhou franzindo o cenho, em sinal desaprovação.

_ Vá você. Eu não vou!

_Iiiiiiih!_ Betinho exclamou sorrindo.

_ Vai sim! Eu não vou admitir que você faça essa desfeita com a sua mãe e a sua tia! Já chega dessa palhaçada! No natal, nós vamos para a casa da minha avó e no ano novo para o sítio.

_ Mas eu...

_ Já tá decido, Bruno! Fim de papo!_ Jonas foi tão firme nas palavras e na sua expressão séria, que Bruno não se atreveu a questioná-lo.

_ Agora, vamos comer logo, antes que a camida esfrie.

Rose abaixou a cabeça, tentando conter o sorriso.

....

Alguns dias se passaram e estamos no último dia do ano.

Patrick estava animado que passaria a noite de réveillon com Betinho, já que no Natal esse passou com os pais idosos, a irmã, o cunhado e os sobrinhos.

A presença de Betinho junto com todos os seus amigos eram muito importante para ele. Pensou com entusiasmos nos dois dias que passaria no sítio com Matheus, o restante da família, Betinho e Jonas.

Ele estava arrumando as malas em seu quarto, quando ouviu a voz de Betinho na soleira da porta.

_ Vai levar o guarda-roupa inteiro para o sítio, veado? Não sei pra que esse exagero todo. A gente vai ficar dois dias lá, não dois anos.

Quando Patrick olhou para Betinho viu que ele balançava a chave do carro do ar.

_ Vamos embora, bonita?

_ Eu vou com o Matheus.

Matheus entrou no quarto no mesmo instante. Aproximou-se de Patrick e beijou a sua testa.

_ Amor, eu esqueci de te falar, apareceu um imprevisto de última hora. Como a minha mãe já foi com o Wilson e a tia Rose, e o carro do meu tio já vai está cheio, você vai com o Betinho.

_ Uh, é! Aonde você vai em plena manhã de 31 de dezembro?

_ Vou resolver um probleminha. Mas, de lá, eu vou direto para o sítio.

Patrick pôs as mãos na cintura e olhou desconfiando.

_ Você não tá pensando em fazer todo mundo de bobo, né?

_ Como assim?!

_ Você não tá querendo fugir da festa de hoje porque o seu primo vai estar lá?

_ Claro que não, Patrick! De onde você tirou essa ideia de girico? Tá maluco?

_ Então, o que você vai fazer?

_ Você vai saber mais tarde.

_ Ah, mas eu não aceito isso! Você sabe muito bem que eu sou muito curioso. Pode abrindo o bico.

Matheus revirou os olhos para cima.

Irritado, Betinho entrou no quarto e foi empurrando Matheus para fora pelos ombros.

_ Iiiih, Vamos parar com esse papo furado. Matheusona, vai logo fazer o que você tem que fazer. Patricka, para de interrogatório e termina logo com essas malas pra a gente pegar estrada.

Matheus correu até Patrick e o roubou um beijo.

_ Amor, onde você...

Antes que Patrick terminasse a frase, Matheus correu para fora.

_ Você é muito mais curioso do que eu, Betinho. Estranho você não ficar interrogando o Matheus. Você sabe de alguma coisa?

_ Sei.

_ Então, me fala, veado.

Betinho passou os dedos fechados na boca como se tivesse fechando um zíper.

_ Até tu, Brutus? O que é isso? Um complô contra mim?

_ Para de drama e termina logo isso. Boraaaa!_ Betinho ordenou, batendo palmas.

....

No carro, sentado no banco de carona, Bruno olhava para a estrada fitando o céu azul sem nenhuma nuvem e o verde das árvores.

_ Já estamos chegando, amorzinho._ Jonas disse acariciando o seu rosto com uma mão, enquanto dirigia com a outra.

_ Sabe do que eu estou lembrando? No começo do ano, eu estava vindo para esse mesmo sítio com a Cinthia e a Bel para o aniversário da minha tia. Eu estava muito triste naquele dia, porque você não estava comigo. Quase nunca estávamos juntos, porque você se dedicava demais ao trabalho.

'E hoje, tudo isso mudou. Sempre estamos juntos nas festas de família, voltamos a sair e viajar juntos. Até curtimos mais um a presença do outro em nossa casa.

'Amor, nós lutamos tanto pra ficar juntos. Tivemos que superar todos os obstáculos impostos pelos nossos pais e ainda teve toda aquela história com o Matheus. E quando finalmente, conseguimos ter paz e nos casarmos, nós deixamos o Daniel estragar tudo! O que fizemos da nossa relação, meu amor?'

Eles chegaram próximo à porteira do sítio. Jonas estacionou o carro, e olhou para Bruno de um jeito carinhoso, segurou no queixo do marido e o beijou.

_ Tudo isso é passado, minha borboletinha. Acabou! Nós fizemos muita merda sim, sofremos pra caralho com as conseqüências, mas aprendemos com os nossos erros. Agora, estamos fazendo diferente. Nada será como antes...a nossa relação amadureceu muito e ainda precisa amadurecer muito mais._ Jonas segurou em sua mão, entrelaçando os dedos com as alianças._ Nós vamos permanecer juntos para sempre.

Bruno o abraçou sentindo uma segurança jamais sentida.

_ Eu te amo muito, Jonas. Nunca deixei de te amar durante esses anos._ Bruno se declarou, apoiando o queixo no ombro do marido.

O momento do casal foi interrompido com Betinho batendo no vidro da janela do carro. Jonas abaixou-o.

_ Uma hora dessas e vocês no love love dentro deste carro? Deixa pra mais tarde!

Betinho estava molhado e vestia uma sunga preta com listras rosa e verde. Tinha em mãos um copo de plástico com cerveja dentro.

_ Vamos cair na pscina, "genta"! Aproveitar que Marquinhos tá agarrado naquela churrasqueira e com isso tem carne pra caralho pra comer.

O casal entrou no sítio e foi recebido com beijos e abraços por todos. Bruno sorriu ao perceber que Matheus não estava.

Puxou Betinho para um canto e perguntou:

_ É sério que o insuportável não veio? Eu não acredito que fui abençoado dessa forma.

_ Infelizmente, ele vem...ou não, do jeito que aquela bicha é estranha.

_ Ele deve vir sim. A alegria de gay de dura pouco.

_ Fazer o quê, né Brunosa?

O dia seguiu com todos na pscina comendo churrasco e tomando cerveja. Conversavam, riam e dançavam. Todos estava felizes, exceto Patrick, que olhava as horas a cada minuto, aflito por Matheus ainda não ter chegado.

_ Que aflição é essa, Patrick?_ Jonas perguntou sentado na espreguiçadeira, abraçando Bruno, que estava sentado no seu colo.

_ É que a "marida" dele ainda não chegou. Amiga, faz o seguinte: vá lá no banheiro, apague a luz, dê descarga três vezes chamando o nome dele, aí a Matheusona aparece no espelho.

Todos riram, exceto Patrick.

_ Ah, pare de falar besteiras, Betinho. Eu tô uma pilha de nervos e você aí fazendo piadinhas.

_ Não sei o porquê de você está nervosa. Daqui a pouco, a Matheusona tá aí. Sossega o facho, "mulher".

_ O Betinho tem razão, Patrick. Daqui a pouco, ele tá chegando. A estrada hoje está meio tumultuada mesmo._ disse Jonas, tentando acalmar o amigo.

A tarde foi chegando ao fim. Todos terminavam de arrumar as mesas com as comidas da ceia, penduravam as lâmpadas numa corda para melhorar a iluminação.

Cada casal teve direito a ter um quarto separado e os solteiros dividiam os outros quartos.

Patrick ficava cada vez mais aflito quando anoitecia e nada de Matheus chegar.

Ligou para ele, que não atendia. Em seguida, mandou uma mensagem perguntando se já estava chegando, mas não teve resposta.

_ Acho que ele não vem. Eu não acredito que Matheus vai fazer essa birra por causa do Bruno. Eu sou um bobo mesmo. Ele nunca vai crescer. Pra que que eu fui me apaixonar pelo Peter Pan?

O ruivo tomou banho e foi para o quarto vestindo o pijama. Estava tão chateado que nem desejava mais ir para festa. Queria ficar no quarto deitado. Se alguém o chamasse, ele mentira que estava com dor de cabeça para poder permanecer ali.

Deitou na cama e apagou a luz, ligando o ar condicionado para suportar o calor escaldante do verão carioca.

Sentiu o coração bater mais forte quando ouviu o barulho da porta se abrir. Levantou o troco de imediato e acendeu a luz da sua luminária de lua, que havia levado consigo.

_ Aonde é que você estava, que não atendeu as minhas ligações e nem respondeu as minhas mensagens?!_ Patrick tinha a voz trêmula e os olhos umidecidos. Tentava conter as lágrimas.

Matheus acendeu a lâmpada do quarto, entrou fechando a porta e se aproximou da cama.

_ Calma, amor!

_ "Calma?!" Você ainda me diz "calma". Você me deixou aflito o dia inteiro. Custava me atender? Porra, Matheus! Isso não se faz! Eu não mereço esse susto!

Matheus o olhava assustado, segurando o pulso.

_ Me desculpe, minha vida.

_ Nem me venha com desculpas. Isso não vai aliviar o que você fez comigo. Você estragou o meu dia...aliás você já estragou o meu próximo ano.

_ Eita! Mas que drama.

_ Não deboche de mim!

_ Tá bom, meu bem! Desculpe, o meu celular descarregou. Foi por isso que não te atendi. Mas, você não precisa ficar nervoso. Eu estou bem e aqui.

Patrick virou o rosto para o lado oposto, permanecendo sério e cruzando os braços.

_ Meu amor, me desculpe?

Patrick permanecia em silêncio, ignorando Matheus.

_ Eu não tinha a intenção de te deixar nervoso e nem de estragar o seu dia. Eu só queria fazer uma surpresa...Amor, olha pra mim.

Matheus esticou o pulso e Patrick arregalou os olhos ao ver uma tatuagem idêntica a sua, mas com o seu nome perto da âncora.

_ Você também é a minha âncora...é o meu porto seguro.

_ Oh, meu príncipe! Eu ainda morro contigo.

Patrick não conseguiu conter as lágrimas, jogando-se nos braços do marido.

_ Morre não, mô. Eu amo tu.

Patrick caiu na gargalhada.

_ E eu achando que você não viria por causa do Bruno.

_ Você acha que eu sou louco de perder a oportunidade de festejar o fim do ano com a minha família e o amor da minha vida por causa do Judas? E além disso, quero mais que este ano de merda acabe logo. O ano ruim!

Patrick segurou na mão de Matheus.

_ Foi um ano muito duro mesmo. Parece que um vendaval veio e destruiu tudo na nossa vida. Mas, nós dois, juntos, conseguimos colocar tudo no lugar. Foi um prazer ter você comigo neste ano.

_ E me terá para os restos dos anos da sua vida. Estamos tatuados um no outro...presos para sempre.

Patrick sorriu.

_ Eu amo estar acorrentado a você.

Encostaram as pontas das testas, um acariciando o rosto do outro. Olharam-se por alguns segundos, antes de se beijarem.

_ Até que enfim vocês desceram!_ exclamou Leninha ao ver o casal chegando na área gourmet.

Assim como a maioria dos convidados, ambos estavam vestidos de branco e Matheus empurrava a cadeira de rodas de Patrick.

Matheus olhou para Bruno, que estava sentado próximo a Betinho. Ele sorria mostrando algo no celular para o novo amigo.

Matheus recordou de quando eram amigos, de como gostava de ficar ao lado dele, de conversar e rir juntos assim como Bruno fazia com Betinho.

Observava que os dois conversavam descontraídos. Bruno erguia a cabeça para cima para gargalhar de alguma coisa que Betinho dizia. O loiro sentiu desejo de estar no lugar de Betinho, de ser ele quem pudesse provocar risos no primo.

Durante a noite, ele observava Bruno discretamente. Não sentia nenhum resigno do ódio que teve por Bruno durante todos esses anos. Já não o olhava com a feição pesada, respirando rancor e desejando agredí-lo. Não o via mais como o Judas que o traiu e sim como o primo amado, que sentia saudades.

Patrick se aproximou com um bandeja de sanduíches, o oferecendo.

_ Quer um, amor? Você ainda não comeu nada desde que chegou.

Ao olhar para o sanduíche, Matheus se lembrou dos gritos de Bruno quando viuum rato morto entre os pães. Lembrou de todas brigas e provocações que fez para primo, quando tinha ciúmes de Jonas.

_ Não quero. Estou sem fome._ disse sentindo-se emocionalmente mal.

_ Você precisa se alimentar. Não comeu nada.

_ Depois eu como, amor.

_ Vai comer mesmo?

Matheus confirmou com a cabeça.

Apesar do loiro não passar a noite isolado, sempre permanecendo ao lado do marido e família, ele quase não dialogava. Somente ouvia e sorria.

Sentia um incômodo. Uma vontade torturante de falar com Bruno. Esse fingia não perceber a sua presença. Estava radiante de felicidade, gargalhando, dançando e interagindo com os outros na festa.

_ Gente, já vai dar meia noite!_ gritava Rose. Ela estava sorridente com uma taça de champanhe na mão.

Todos foram para o terraço do casarão, onde seria possível ver a queima de fogos que ocorreria numa fazenda próxima dali.

Todos faziam a contagem regressiva para ver um espetáculo brilhando embelezam o céu estrelado daquele noite de verão.

Recebiam o novo ano com trocas de abraços e votos de alegria.

Ao se sentir abraçada por Marquinhos, Rose permaneceu por alguns segundos sentindo o seu cheiro e assumindo para si mesma que sempre o amara desde a sua juventude. Lamentava por ter sido ele o homem que a desposara. O abraço foi interrompido por Leninha, que puxou o marido para abraça -lo

Os casais se beijavam ao som dos fogos estalando no céu. Todos os presentes na festa depositavam no novo ano a esperança de dias melhores.

Matheus olhou para Bruno desejando abraçá-lo deixando para trás toda a mágoa que existia entre eles. Sentiu o coração mais leve, como se o amor que sentia por Bruno despertasse depois de anos de sono profundo.

Deu alguns passou em direção ao primo.

Bruno o olhou com uma expressão séria e acusadora. Imaginava que Matheus tentaria alguma agressão verbal e estava a ponto de responder da mesma altura.

O olhar sério de Bruno o intimidou de se aproximar, temendo sofrer uma rejeição.

_ Feliz ano novo, amigooooo!_ gritava Betinho para Bruno erguendo os abraços, dando-o um abraço giratório.

Matheus regrediu os passos, encostando-se no guarda-corpo do terraço, olhando para o céu.

Sentiu a mão se ser segurada por outra masculina e sorriu sentindo uma ponta de esperança de ser o primo.

_ Já tá na hora de comer alguma coisa, amor. Eu posso preparar um pratinho pra você. _ Patrick dizia com uma expressão gentil e sorridente.

_ Claro. Obrigado, meu amor.

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Comentários

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Foto de perfil de Viktor Gabriel

Seria tão bom se o Matheus se entendesse com o Bruno. Mas acho que o Bruno não vai querer.

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Foto de perfil de Ana_Escritora

Pensei do Daniel continuar na sarjeta financeira mas trabalhar como garoto de programa é bem a cara dele. Ficou muito bom esse capítulo final. Aguardando a próxima temporada. Parabéns.

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