Borboletas sempre voltam II primeira parte do último capítulo

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 5432 palavras
Data: 17/09/2021 19:19:51
Assuntos: Amor, Gay, Mistério, Sexo, Tesão

Último capítulo 1° parte

A ligação de Paulo impedia que Matheus tivesse uma boa noite de sono. Passou a noite em claro formulando diversas teorias de qual seria o assunto que Paulo queria conversar com Patrick.

Enquanto o Ruivo dormia tranquilo ao seu lado, Matheus pegou o celular do marido e não teve dificuldade em acessar o aparelho, já que um sabia a senha do outro.

Procurou por Paulo nas redes sociais com a intenção de bloquea-lo, mas não o encontrou. Matheus recordou que Paulo não tinha nenhum perfil em redes sociais e isso o deixou mais aliviado.

Acordou indisposto devido a insônia da noite anterior.

_ Amor, você tá abatido! E essas olheiras? Já sei que não dormiu direito. Posso saber o motivo?_ Patrick perguntou sentado à mesa do café da manhã. Estava só com Matheus, pois Renata havia dormido na casa de Wilson.

_Não houve motivo nenhum. Só fiquei jogando no celular e perdi o sono._ Matheus mentiu para que Patrick não o interrogasse.

_ Você sabe que eu odeio quando você é negligente com a própria saúde! Sabe que tem que acordar cedo e fica até tarde jogando?! Sem contar que se alimenta muito mal: não come nenhum legume ou verdura, nos finais de semana enche a cara de cervejas! Tá na hora de crescer, Matheus!

"Aliás, isso vai mudar a partir de hoje! Eu te amo demais para te ver jogando a saí de fora por pura irresponsabilidade. Depois das 11 da noite, o seu celular será confiscado e eu mesmo vou cuidar da sua alimentação. E toda noite, vou te preparar um bom suco natural de maracujá. "

_ Hum! Eu tenho um pai e um marido no mesmo corpo gostoso? Essa pra mim é novidade.

_ Vai brincando! Eu tô falando muito sério contigo.

_ Meu bem, hoje eu vou chegar mais tarde. É aniversário de um aluno e ele me convidou para comemorar num bar.

_ Você nem dormiu direito e vai pra bar encher a cara, Matheus?_ Patrick perguntou olhando sério para Matheus.

O loiro acariciou o seu rosto, olhando-o de um jeito terno.

_ Eu não vou demorar. Até as sete horas estarei em casa para jantar com você. E prometo que não vou beber nada alcoólico. Só vou mesmo para fazer uma média para esse aluno.

_ Acho bom mesmo você não beber, já que vai pegar no volante.

Matheus bebeu muitos copos de café durante o dia para se manter de pé nas aulas.

Após o expediente, foi até à casa de Paulo. Tinha a intenção de exigir que ele nunca mais se aproximasse de Patrick.

Ficou surpreso ao encontrar as luzes da casa apagadas e uma placa no portão escrito "vende-se".

Ficou na frente da casa a olhando por alguns minutos.

Para obter mais informações, foi até um boteco que ficava em frente e perguntou ao balconista sobre Paulo.

_ Ih, meu consagrado, esse aí sumiu! Teve uns caras aí que vieram atrás dele. No dia seguinte, parou um caminhão de mudanças aí e Paulo meteu o pé com a família. Eu ouvi dizer que foi pra Pernambuco.

"Tenho pra mim que ele fez alguma merda. Aquele sujeito é todo esquisito."

Matheus se sentiu um pouco aliviado, cogitando a possiblidade do sogro nunca mais se aproximar de Patrick.

Matheus chegou em casa no horário que havia dito ao marido.

O que não esperava era encontrar todos da família reunidos na sala, com um bolo de chocolate na mesa e umas caixas de pizzas salgadas e doces.

Entrou olhando tudo surpreso. Deu um beijo na testa da mãe e avó, em seguida um selinho em Patrick.

_ Quem está fazendo aniversário hoje?

_ Não é aniversário que estamos comemorando, amor!

_ O que é então?

Patrick o olhou sorrindo.

Betinho parou diante dele, erguendo os braços e começou a girar.

_ Você está diante da nova gerenta da pizzaria. Eu fui promovidaaaaa, gata! Agora eu sou chefa!

Matheus deu um sorriso de canto da boca e sentou no sofá.

_ Não vai me dar os parabéns, invejosa?

_ Tá se achando, né língua de trapo? Tomara que você se comporte para não ser demitido.

_ Isso é impossível, meu amor! Eu e Brunosa agora somos best Friends. Com certeza ela não vai deixar o Jonas me demitir. Quem manda em tudo lá é a Brunosa, ela tem uma moral que você não tinha quando namorava Jonete.

_ É mesmo? Nossa que tristeza! Não vou nem dormir por causa disso._ ironizou Matheus, abraçando Patrick e o beijando no rosto.

_ Eu fico muito feliz por você, irmã! Você mereceu muito esse cargo. Sempre deu duro naquela pizzaria. Parabéns! Eu te amo muito!

Ao ouvir as palavras carinhosas de Patrick, o coração de Betinho se encheu de ternura e abraçou o amigo.

_ Eu também te amo, Patrick. Te amo pra caralho!

_ Iiih, Matheus! Perdeu Patrick pro Betinho._ disse Emily sorrindo.

Matheus caiu na gargalhada, erguendo a cabeça para cima.

_ Gentaaa! Tenho um recado importante para vocês. Jonete e Rafaelo mandaram entregar esses cards para vocês. Somente pessoas especias terão esse privilégio. Com esses cards vocês ganham 30% de descontos na consumação no dia da estreia da nova pizzaria.

Betinho entregou a cada um. Matheus se recusou a pegar. Mas, Patrick pegou e guardou no bolso.

Na cama preparados para dormir, Patrick envolve Matheus em seus braços, acaricia o seu rosto e diz:

_ Meu bem, todo mundo vai na estreia da nova pizzaria do Rafael._ Patrick não quis dizer o nome de Jonas para tentar aliviar na sua tentativa de persuasão. _ Eu adoraria ir.

_ Uh, é! Nada te impede de ir, amorzinho.

_ Mas eu queria ir com você.

Matheus mudou de posição, saindo dos braços de Patrick, ficando com a barriga virada para cima.

_ Ah, não, Patrick! Eu não tô nem um pouco preparado para isso. Não quero. Por mim é eu aqui e aquele casal bem longe. Vá você com o pessoal. A minha mãe, com certeza, vai.

_ Ela vai com o Wilson. Vai direto da casa dele. Mas, eu posso ir com as meninas...por mais que preferisse ir contigo. A sua presença é o que dar luz na minha vida.

Matheus o olhou sorrindo e tocou na ponta do seu nariz.

_ Você sabe que não resisto a sua fofura, né pilantrinha?

Matheus o puxou pelo queixo e o beijou.

_ Vamos fazer o seguinte: eu te levo de carro, na hora de vir embora, você me liga e eu te busco. É o que o que posso fazer.

_ Tá bom, príncipe! Mas, você me promete que vai sair comigo para jantar fora qualquer dia desses? Faz tempos que não saímos juntos.

_ Eu não te levo para sair porque estou economizando dinheiro para comprarmos um teto pra nós dois. Mas, quando eu receber, eu te levo para sair... Só não pode ser num lugar muito chique, porque não posso esbanjar.

_ Qualquer lugar com você é maravilhoso!

_ Maravilhoso é você, minha ferrujinha.

Entrelaçaram os seus corpos num abraço acolhedor e se beijaramConforme Matheus havia prometido a Patrick, ele se dedicou afinco a conseguir um emprego para o marido. Enviou via e-mail o currículo do ruivo para diversas agências de publicidades, e também, em diversas vezes, foi pessoalmente as agências para entregar os currículos.

Patrick conseguiu ser convocado para algumas entrevistas de emprego, mas foi rejeitado em todas. Ele sabia que o motivo da sua desaprovação era a sua condição como deficiente físico.

Esse fato o entristecia muito. No entanto, ocultava essa tristeza, demonstrando uma falsa esperança para que Matheus não fosse afetado emocionalmente.

_ O importante é não desistir. Uma hora eu vou conseguir. _ Patrick mentia sorridente. Mas, Matheus sentia que a perseverança do marido era falsa. Para que Patrick não tivesse que se preocupar com ele, Matheus fingia acreditar no marido.

_ Eu não quero mais trabalhar fora._ Patrick anunciou num jantar, fazendo Matheus o olhar surpreso.

Aquela era mais uma das noites em que o casal estava só em casa, pois Renata havia viajado para região dos Lagos com Wilson.

Matheus depositou o garfo no prato e tocou na mão fria de Patrick, que sempre ficava gélida quando Patrick estava tenso.

Matheus sabia disso e em silêncio, levou a cabeça do ruivo no seu peito, e ficou acariciando os seus cabelos, enquanto esse ouvia as batidas do seu coração.

Esse era uma das formas que Matheus usava para acalmá-lo.

_ Nós não podemos desistir.

Seus dedos se entrelaçaram. Patrick ergueu a cabeça para cima e o olhou sorrindo, levando a outra mão à sua face.

_ Eu não quero que te esgotar com essa história. Eu posso ficar aqui de boa. Tenho o dinheiro da aposentadoria e posso ajudar a dona Marília nas tarefas domésticas. Eu já estou me acostumando a minha nova vida.

_ Não é isso que você quer. Não precisa mentir pra mim. Procurar emprego para você não é nenhum fardo pra mim!

_ Emprego é algo que está difícil de conseguir. Ainda mais para um cadeirante. Eu tô de boa. Não precisa se preocupar.

Patrick sorriu e encostou os lábios nos de Matheus, dando um selinho demorado.

Afastou -se do marido, voltando a comer.

_ Você caprichou nesse escondidinho, príncipe. Eu amo quando você cozinha pra mim._ Patrick disse sorrindo, mastigando.

_ Eu amo cozinhar pra você.

Trocaram sorrisos ternos e sinceros, demonstrando amor nos olhares iluminados.

No dia seguinte, ao sair para trabalhar, Matheus se despediu de Patrick como sempre faz, selando um beijo e acariciando o seu rosto.

Assim que o marido fechou a porta, Patrick desfez o falso sorriso e o seu semblante ficou entristecido.

Sentia-se impotente. Perdia as esperanças de voltar ao mercado de trabalho. E, aos poucos, estava se conformando a sua vida rotineira.

A última aula antes do almoço era a mais cansativa tanto para Matheus, quanto para os seus alunos. Os estômagos roncavam de fome e os corpos imploravam por uma pausa.

O fim da aula foi um grande alívio para o loiro, que ao ver os alunos saindo da sala aula, sentiu como se um peso saísse das suas costas.

No entanto, a frustração bateu ao mesmo tempo, quando uma de suas alunas não saiu da sala, e sim caminhou em sua direção.

"Eu não acredito que ela quer tirar dúvida justo agora." Foi o que Matheus pensou, antes de formular várias formas de fugir das supostas perguntas da aluna.

Tratava -se de Gisele, uma mulher de meia idade, com um sorriso simpático e olhar inteligente. Ela tingia os cabelos curtos dois tons diferentes de loiros, dando um efeito de luzes.

_ Teacher, wuold you like to have lunch with me? (Professor, gostaria de almoçar comigo.)_ seus lábios pintados de vermelho se moviam de um jeito tão gentil, que Matheus não conseguiu recusar o convite.

Almoçaram, por indicação de Gisele, num restaurante de comida italiana, que ficava próximo à escola de idiomas.

Ela o assegurou que ele experimentaria o melhor nhoque de batatas que ele havia comido na vida. E estava certa, pois Matheus adorou o prato, prometendo voltar lá mais vezes acompanhado do esposo.

_ Eu tenho muita vontade de conhecer o seu husband (marido), Teacher. Você fala tanto nele. Creio que deva ser uma ótima pessoa.

_ Ótima pessoa é pouco para ele. Patrick é um anjo! Ele é daqueles tipos de pessoas que você sente segurança devido a sua sinceridade, sem ser sem noção, ele tem um sorriso acolhedor, uma meiguice cativante.

Gisele ouvia atentamente Matheus falar sobre Patrick e a conversa foi mudando de rumo.

Chegando ao ponto em que Gisele surpreende Matheus perguntando se ele estava satisfeito com o trabalho na escola de idiomas.

Matheus ficou paralisado, olhando para ela com a boca entre aberta, sem ter o que dizer.

Percebendo o desconforto do professor, Gisele sorriu de forma tranquilizadora e disse:

_ Me perdoe se pareci ser indelicada. Eu não fiz esta pergunta com a intenção de ser invasiva. Você me disse uma vez, que era formado em publicidade e propaganda, mas que nunca exerceu a profissão. Como além dessa formação, você é fluente em inglês e eu gosto muito de você, gostaria de te fazer uma proposta de emprego.

'Eu sou sócia de uma pequena agência de publicidade, que presta serviços para pequenas e médias empresas. Para mim, seria um prazer que você viesse trabalhar comigo. '

Gisele falou das vantagens de trabalhar na sua empresa, o que incluía um ótimo plano de saúde e um salário com um valor muito superior ao seu atual salário como professor.

Matheus ficou tentado com a proposta, pensou que teria a possibilidade de melhorar a sua qualidade de vida. Estava empolgado. No entanto, lembrou de Patrick, na sua ânsia de voltar ao mercado de trabalho.

Para ele, seria maravilhoso mudar de profissão e todas as vantagens financeiras que isso o traria, mas pensou na felicidade de Patrick em poder voltar a exercer a profissão que tanto amo. Imaginou o seu sorriso iluminando o seu rosto, com os olhos brilhantes e semicerrados, fazendo duas covinhas nas bochechas.

_ Eu agradeço muito pela oportunidade, Gi. Eu aceitaria de muito agrado se eu fosse a pessoa certa para ocupar esse cargo.

Gisele o olhou de um jeito interrogativo. Ao cogitar Matheus para o cargo, ela imaginava que seria certo ele aceitá-lo.

_ Eu não tenho experiência nenhuma na área e não poderia proporcionar a eficiência que você gostaria de ter. Mas, eu posso te indicar um ótimo profissional, muito qualificado.

Matheus falou sobre o currículo do marido, dizendo sobre suas formações acadêmicas, incluindo os cursos de pós-graduação e sua experiência no mercado de trabalho. Falou com tanta veemência da capacidade de Patrick, que convenceria qualquer um a contrá-lo. Gisele aparentava lamúria, franzino a testa e mordendo levemente o lábio inferior.

_ Realmente, tendo em vista todas essas qualidades do seu companheiro, ele seria o candidato perfeito para ocupar o cargo. Mas, temos um pequeno probleminha. Devido às condições físicas do Patrick, não sei se a empresa é um ambiente adequado às necessidades dele...não que eu tenha algum preconceito. Longe de mim. É que somos uma empresa pequena e não podemos oferecer a ele um ambiente confortável.

Conseguir um emprego para Patrick era algo muito dificultoso para Matheus, mas ele não estava disposto a desistir.

_ Na sua agência tem escadas?

_ Não. Nós trabalhamos no primeiro andar de um prédio comercial.

_ Então, não terá problemas para contratá-lo. Patrick é a pessoa mais independente que conheço. Ele consegue se adaptar muito bem. Ele é muito competente, Gisele! Sempre dar o melhor de si em tudo que se dedica a fazer. Por favor, dê essa chance a ele?

Matheus foi o mais persuasivo possível. Além das qualidades profissionais de Patrick, Matheus falou sobre a situação financeira do casal. Gisele acabou se convencendo e aceitou contratar o ruivo.

Ver o brilho dos olhos castanhos claros do marido, acompanhado de um sorriso esplêndido causou uma estranha alegria em Patrick. Ele não sabia o motivo da felicidade do marido, mas estava feliz também pela alegria do loiro.

Matheus segurou com as duas mãos na sua face e o beijou intensamente.

Olhou-o com ternura e anunciou:

_ Pode tirando as teias de aranha da carteira de trabalho, que amanhã mesmo você vai começar a trabalhar.

Patrick encolheu as sobrancelhas, olhando-o com espanto.

Renata entrou na sala, secando as mãos no avental. Da cozinha, ela ouviu a conversa é foi até a sala para se informar melhor.

_ Amor, eu consegui arranjar uma vaga de emprego para você numa agência de publicidade!

Matheus falou sobre Gisele e do trabalho. Disse que ela marcou uma entrevista para o dia o seguinte, às 10 horas da manhã.

_ Deus é pai! Meu querido, você vai voltar a trabalhar! Que notícia maravilhosa!_ Renata disse, abraçando Patrick.

O ruivo sorriu do jeito que Matheus amava. Olhou-o sentindo o coração aquecido e o amor o preencher por completo, até o transbordar. Abraçou Matheus com força. Beijando a sua face, o olhou com ternura e disse:

_ Você é o meu anjo! Te amo tanto!

....

Mesmo apreensivo, Patrick conseguiu manter a calma durante a entrevista, conseguindo o cargo.

Como a agência não ficava muito distante do emprego de Matheus, ele levava e buscava o marido em seu carro.

Recomendou a Patrick que fizesse as refeições na própria agência, devido a sua segurança.

_ Aqueles malditos ainda estão livres. Como você terá que depor no julgamento, é melhor ter cuidado para não ser assediado por aqueles demônios, ou alguém a mando deles. O que você notar de estranho, me ligue.

Patrick compreendeu que a preocupação do marido era para o seu bem e concordou em acionar Matheus quando fosse necessário.

Nos primeiros dias de trabalho, Patrick se sentiu um pouco de desconforto por ser o único deficiente, mas com o passar nos dias, foi se enturmando com os colegas de trabalho.

No domingo, Renata convidou Jonas e Bruno para a feijoada que serviria no almoço.

Bruno não recebeu o convite com agrado e disse ao marido que não queria ir.

_ Não é pela minha tia. Eu a amo muito. Mas, não estou nem um pouco a fim de dar de cara com Matheus._ Bruno dizia enquanto vestia o pijama.

Jonas estava deitado na cama usando somente uma cueca. Parou de digitar no celular, pondo o aparelho ao seu lado na cama. Olhou para Bruno e disse:

_ Amor, já tá mais do que na hora de você se acertar com o seu primo.

Bruno olhou furioso.

_ Você enloqueceu?! Já esqueceu todas as crueldades que ele aprontou comigo?!

Jonas levantou e abraçou Bruno por trás, apoiando o queixo em seu ombro.

_ Vidinha, nós somos uma família. A sua tia e a sua mãe são muito amigas. Elas sempre vão querer organizar eventos de família como essa feijoada e fica muito desagradável se você não comparecer.

_ Você sabe muito bem como o Matheus se comporta quando está na área dele. Por mim, eu fingia que ele nem existia e gostaria que ele fizesse o mesmo comigo, mas ele adora me infernizar.

Jonas o virou de frente para si, o segurando com uma mão pela cintura e a outra segurou o queixo.

_ Minha delicinha, vamos pela sua tia e pela sua mãe? _ Jonas pediu com jeitinho meigo, inclinando a cabeça para o lado.

_ Amor, eu não quero passar por mais uma situação constrangedora. Você conhece aquele imbecil...sabe como ele é deselegante e agressivo.

_ Pelo que o Patrick e a minha avó dizem, Matheus mudou muito_ Jonas retirou a mão do queixo de Bruno, a levando até mão do jornalista. Ergueo-a no ar e a beijou _ devido a isso, creio que ele não arranjará nenhuma confusão.

_ Esse Patrick, pelo que o Betinho diz, é muito apaixonado pelo Matheus. É normal que passe pano. Está cego de amor.

_ Patrick não é assim. É verdade que ele gosta muito do Matheus, mas não tem o hábito de mentir. A sua tia ficaria tão feliz se você fosse. Eu me sinto muito mal por ter te causado esse problema com o Matheus e com isso ter se afastado sua tia. Eu quero muito reverter isso.

Vendo a expressão de tristeza de Jonas, Bruno acabou cedendo e aceitando o convite de Renata.

A feijoada foi servida no terraço de Renata, onde ela junto com a família colocou mesas de plásticos, que alugou do bar de Alexandre.

Betinho e o restante da família a ajudaram nos preparativos.

_ Cadê a bonita da Matheusona? Ela não vai ajudar não?_ Betinho perguntou, vestindo um avental e com as mãos na cintura.

_ Deixa ele quieto, Betinho. Matheus está com o ovo virado. Nem quer sair do quarto.

_ Posso saber o porquê, Renatíssima?

Renata o olhou tristonha.

_ Por causa dessa maldita treta com o Buba.

_ É melhor nem encher o saco dele, irmã. Se não, depois eu que tenho que acalmar a fera._ Patrick disse, sem interromper o corte das couves.

_ Ah, mas isso já tá virando putaria! Eu hein! Uma bicha grande grande dessas de criancisse. A Brunosa tá cagando pra ela. Olha, eu se fosse você irmã, já ficava de orelha em pé. Não é possível que esse tempo todo, mesmo depois de vocês estarem tanto tempo casados, a poc fique com recalques de Bruno e Jonas. O cu tá piscando por Jonas? Só pode, pra ele ficar com essa palhaçada toda.

_ Não diga besteiras, Betinho! O meu filho pode ter muitos defeitos, mas ele é muito fiel ao marido.

_ Então, por que raios ele ainda fica com essa palhaçada de não querer ficar no mesmo ambiente que Brunosa?

_ Porque o problema não é Jonas, irmã. O problema é outro.

_ É que então, gay?

_ É assunto pessoal. Agora pare de falar do meu marido e acelera logo isso aí. Daqui a pouco os convidados chegam e a senhora fica aí enrolando.

_ Huuum! Tá patroa ela!

Patrick piscou para Betinho e mandou um beijo.

Quando Bruno chegou acompanhado do marido, ele ficou aliviado ao perceber que não teria que conviver com Matheus, pois Betinho o informou que o loiro, por birra, não sairia do quarto.

_ Eu não esperava receber uma benção tão boa como essa! Não precisar olhar para a cara do Matheus é como tirar um peso das minhas costas._ Bruno disse a Betinho em tom de voz baixa, para que os outros não o ouvisse.

O som do pagode e funk embalava aquela animada tarde de domingo no terraço de Renata. Enquanto uns dançavam, outros comiam, bebiam e conversavam.

Aproveitando a distração de todos, Jonas se aproximou de Patrick, sentando ao seu lado na mesa em que estava só, concentrado na tela do celular.

_ Só no vício.

Patrick ergueu a cabeça para olhar para Jonas sorrindo para ele. O ruivo devolveu o sorriso.

_ A culpa é toda sua. Você que me viciou nesses joguinhos online. Quando eu ia na sua casa, você ficava jogando, acabei pegando o vício.

_ Olha, a calúnia! Quando você ia na minha casa, eu ficava era fazendo outras coisas contigo e não jogando._ Jonas disse com um sorriso e um olhar tão maliciosos, que Patrick abaixou a cabeça sério, sentiu o rosto aquecido de vergonha.

_ E o patrão? Nem deu as caras aqui.

_ Ele não quer sair do quarto. Como trabalha muito, quer descansar um pouco.

_ Ah, Patrick, nós somos amigos há anos, não precisa mentir pra mim. Eu sei que Matheus não quer dar as caras aqui por causa de mim e do Bruno.

Patrick não tinha palavras para responder Jonas, e optou por ficar em silêncio.

_ Eu quero conversar com ele. Você poderia me ajudar?

_ Te ajudar?!

_ Lógico! Nós dois conhecemos bem o Matheus, sabemos como é difícil o temperamento dele. No entanto, você tem um poder sobre ele, que nem eu e nenhum outro ex dele teve...aliás, acho que nem Renata tem. Você é o único que consegue domar a fera. Tu podia desenrolar com ele para poder ter um papo comigo... Aproveitando que tá todo mundo distraído.

_ Agora?!_ Patrick perguntou assustado, arregalando os olhos.

Jonas ergueu a sobrancelha e concordou com a cabeça.

_ Não é uma boa! Jonas, Matheus vai ficar furioso. Você sabe como ele é.

Jonas envolveu os braços nos ombros de Patrick, encostando a cabeça do ruivo no seu ombro.

_ Você tem um jeitinho todo especial de falar com ele. A sua meiguice é muito mais forte do que a braveza de Matheus. Faz esse favor pra mim? Convença a onça brava a me receber, por favor?

Patrick se sentia entre a cruz e a espada. Gostava demais de Jonas para negar um pedido quando esse o fazia de um jeito carinhoso, mas ao mesmo tempo temia que a ira de Matheus caísse sobre ele.

Resolveu se arriscar, devido às insistências do amigo.

O vento do ventilador balançava as cortinas e a ponta do lençol da cama. Matheus estava sentado sobre ela, com as pernas cruzadas, apoiando os cotovelos nos joelhos e as costas curvadas para segurar o controle do seu vídeo game.

Desviou os olhos da TV para olhar para o marido, que entrava no quarto trazendo uma bandeja com um prato com a feijoada, arroz branco, couve refogada, farofa e duas fatias finas de laranja. Ao lado do prato, trazia uma lata de cerveja e um copo descartável sobre a lata.

Depositou a bandeja sobre a cama. Patrick estava tenso. Sentia um frio percorrer o seu corpo, e uma formigação na barriga, as pontas dos dedos das mãos estavam geladas, como sempre ficavam quando ele estava nervoso.

Aproximou-se de Matheus com um olhar apreensivo, pondo a cadeira de rodas, ao lado da cama, próximo a Matheus.

Matheus percebeu a aflição do marido e ficou preocupado. Pausou o jogo e pôs o controle na cama, para abraça-lo.

_ O que houve, minha vida? Aconteceu alguma coisa?_ perguntou Matheus, temendo que Patrick tivesse recebido alguma ligação do pai.

_ Me ajude a ir pra cama? Quero ficar abraçadinho contigo.

Matheus o segurou pela cintura, puxando-o para ficar sentado na cama.

Patrick encostou a cabeça no peito do marido e o abraçou, sentindo Matheus fazer cafuné na sua cabeça.

_ O que aconteceu, amor?

_ Nada. Só quero ficar um pouquinho com você.

_ Eu te conheço. Uma coisa que você não sabe fazer é mentir. Desenbucha logo, que tô ficando nervoso!

Patrick o olhou de um jeito meigo, acariciando a sua barba rala e fina.

_ Eu quero te pedir uma coisa.

_ Peça._ Matheus sentiu um pouco de alívio por descartar a possibilidade da aflição de Patrick ser Paulo.

_ Você promete que não vai ficar bravo? Por favor! Eu tô tenso demais para suportar a sua ira.

Matheus o olhou curioso.

_ Prometa, meu amor? É só um pedido. Eu estou muito nervoso de vir aqui falar com você. Veja como as minhas mãos estão geladas. Depois do que aconteceu comigo, eu não tenho mais estrutura emocional para suportar momentos tão tensos.

O seu olhar era suplicante, como de um menino frágil pedindo proteção. O olhar que Matheus não teria coragem de negar nada.

_ Fala, minha vida. Pode pedir._ Matheus respondeu dando um beijo na testa do marido.

_ Então... O Jonas gostaria de conversar com você.

Matheus ergueu a cabeça para cima sério e suspirando.

_ Amor, é só uma conversa! Você ouve o que ele quer te dizer e você diz o que quer dizer...tudo pode ocorrer de forma civilizada e pacífica...oh, meu bem! Você já tem tantos problemas, não precisa carregar mais esse peso do rancor! Me parte o coração te ver perturbado. Eu só quero te ver em paz, minha vida. Não há necessidade nenhuma de ainda carregar esse ódio. Já passou tanto tempo. Faça isso por mim? Eu quero muito te ver leve e livre de sentimentos destrutivos. Eu sei que isso te perturba e tudo que você sente, eu também sinto.

"Meu coração sangra ao te ver mal. Por favor, meu amor, converse com ele?"

_ Ah, Patrick...não sei não...é melhor as coisas ficarem como estão.

_ Meu amor, a sua história com o Jonas já acabou há muito tempo, e nós somos felizes juntos. Eu não vejo o porquê desse ódio todo.

_ Pra ser sincero contigo, eu não odeio mais o Jonas. Não morro de amores, mas também não odeio como odiava antes. Eu só não quero ter um contato.

_ Se você não o odeia, é melhor resolver logo isso. Por favor, amor, faça isso por mim?_ Patrick pediu, erguendo a cabeça para o lado, com um doce olhar suplicante.

_ Você vai deixar o seu marido ficar a só com o ex?_ Matheus perguntava em tom de brincadeira, fazendo carinho na cabeça de Patrick.

_ Eu confio no meu taco._ Patrick disse sorrindo, fazendo carinho no peito de Matheus._ Este coraçãozinho aqui é todinho meu. Só eu tenho a senha para entrar.

_ Você sabe que me domina, né? Sabe que sou louco por você e não há nenhuma possiblidade de conseguir te resistir.

Matheus pôs as duas mãos no rosto de Patrick e o beijou.

Patrick foi animado até Jonas para contar que Matheus aceitou conversar com ele.

Jonas bateu na porta do quarto se sentindo um pouco aflito. Contudo, manteve uma expressão serena.

_ Entre._ Matheus disse com frieza.

_ Boa tarde._ cumprimentou Jonas entrando no quarto.

_ Boa tarde.

_ Eu posso me sentar?

_ Claro. Fique à vontade.

Jonas estranhou a gentileza de Matheus, mas resolveu aproveitar a situação.

_ O Patrick me disse que você quer falar comigo. Corre o risco do seu marido entrar aqui e fazer alguma ceninha ridícula de ciúmes?

Jonas se sentiu decepcionado pela gentileza de Matheus ter durado tão pouco tempo.

_ De jeito nenhum! Pode ficar tranquilo.

_ Que bom. Eu não quero guerra com ninguém. Diga logo o que você quer.

_ Eu sei que errei muito contigo e que você tem ódio de mim.

_ Ódio de você?!_ Matheus perguntou sorrindo._ Meu amor, eu tenho ódio é de acordar cedo, tomar cerveja quente e engarrafamento, você não tá com essa bola toda na fila do meu ranço.

Jonas sorriu, coçando a cabeça, envergonhado.

_ Bom...Se você não tem mais raiva de mim, já é um passo.

_ Passo para quê?

_ Para que você possa me perdoar? Eu errei muito contigo. Fui canalha e te magoei. Você não mereceu tudo que eu te fiz.

_ Eu não mereci mesmo. Se você ainda fosse apaixonado pelo Judas, era só lutar por ele e não me envolver nisso.

_ Quando a gente começou a namorar, eu não sabia que vocês eram primos.

_ Mas soube quando eu o te apresentei na festa de réveillon. Você poderia ter me contato, mas preferiu se calar e ainda me pediu em namoro.

_ É verdade._ Jonas concordou abaixando a cabeça._ Eu errei mesmo. Isso me incomodou por anos. Não quero mais ter uma convivência tensa contigo. Nós somos da mesma família. Você pode me perdoar?

Matheus o olhou por alguns segundos, tinha a expressão inexpressiva, deixando Jonas ainda mais tenso.

_ E por que você ainda Insite em me pedir perdão? Isso vai mudar alguma coisa?

_ Porque eu gosto de você. Acho que você é uma pessoa boa e admirável. Eu observo tudo que faz pelo Patrick e pelas pessoas que ama, admiro o quanto é trabalhador, honesto e esforçado.

'Quando namoravamos, você tinha as suas crises de ciúmes, isso é inegável, mas você era muito carinhoso e generoso comigo. Realmente, Você não merecia nada do que fiz. O seu perdão é muito importante pra mim."

_ Você me magoou muito. Tirou de mim uma das pessoas que eu mais amava e isso ainda dói. Você destruiu a minha amizade com o Bruno, que era tão importante pra mim.

'Mas, por outro lado, você foi tão generoso quando o Patrick sofreu o atentado. O fato de você ter prestado socorro a tempo, o impediu de morrer. E eu serei eternamente grato a ti por isso. Patrick é a minha vida. Você o salvou e todo o mal que você me fez se dissipou diante disso.

' Eu posso te perdoar sim, Jonas. Posso deixar toda a mágoa no passado. Mas, só não quero conviver com você como se fossemos grandes amigos, porque aí é forçar demais a barra. Mas, acho que podemos conviver numa boa. Cada um respeitando o outro e mantendo um clima pacífico.'

Jonas sorriu, se sentindo aliviado por ter conquistado o perdão que tanto desejava. Quis abraçar Matheus, mas se conteve para não parecer desrespeitoso.

Esticou a mão e Matheus fez o mesmo. Naquele aperto de mão ambos viraram a página, terminando um capítulo ruim de suas vidas.

Recado do autor.

Eu tive alguns contratempos e por isso, demorei muito tempo para publicar. Como o último capítulo da temporada está ficando muito longo, resolvi postar em duas partes.

Para quem não sabe, eu tenho um perfil no Instagram: @arthurmiguel5203, onde sempre os mantenho informados sobre os dias das publicações, falo sobre curiosidades do meu trabalho literário e interajo com vocês respondendo mensagens. Pra quem quiser me seguir, fique à vontade.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 15 estrelas.
Incentive Arthur Miguel a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Emocionante esse capítulo. Conte-nos mais...

2 0
Foto de perfil de Ana_Escritora

Adorei a oportunidade de emprego que o Patrick recebeu para trabalhar com o que gosta. E o Betinho gerente do restaurante, chances de isso dar certo? Hum? Hahahahahahahahha. Ansiosa pela próxima parte.

1 0