Borboletas sempre voltam II Capítulo 24

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 5049 palavras
Data: 22/06/2021 22:04:56
Assuntos: Amor, Gay, Mistério, Sexo, Tesão

LCapítulo 24

Neide interrompeu a varrida do chão para sorrir com a chegar a de Bruno.

_ Olha só! Você voltou, Bruno! Esta casa fica tão sem graça sem você.

_ Bom dia, Neide. Eu não voltei e nem vou voltar. Só vim buscar as minhas coisas. Algumas delas. O resto eu vou pegar depois.

_ Ah, mas que pena! Eu não me conformo com tudo isso! Vocês sempre se deram tão bem! Olha, eu trabalho pro Jonas há anos. Ele sempre gostou de você... Quando você sumiu, há anos atrás, eu via um monte de caras correrem atrás dele, mas o coração do Jonas sempre se manteve fiel a ti.

_ Fidelidade e Jonas são duas palavras que não combinam.

Neide apoiou as mãos na vassoura.

_ E olha que eu te avisei sobre aquele japonês maldito! Te disse que sentia que ele não era boa bisca, mas você não acreditava em mim.

Bruno estava detestando aquela conversa e interrompeu a empregada, pedindo que o ajudasse a armar as malas.

Enquanto arrumava as bagagens, sentia vontade de chorar, mas conteve-se, promentedo a si mesmo que encararia a situação com dignidade. Evitou olhar as fotos do casal para que a tristeza não aumentasse ainda mais.

Despediu-se de Neide com o coração apertado. A mulher o abraçava com força.

_ Eu sinto tanto por tudo isso. Você não merece toda essa safadeza! O Jonas errou, mas ele está arrependido. Vive chorando pelos cantos. Eu acho que você não deveria dar esse gostinho para aquela cobra de olhos pequenos. Não deveria entregar o seu marido de bandeja.

_ Neide, eu preciso ir. A minha mãe está me esperando para almoçar.

_ Eu vou senti tanto a sua falta.

_ Não seja por isso. Você pode me visitar na casa da minha mãe._ Bruno a olhou sorrindo._ Você sabe que eu amo a sua comida. Vai que, futuramente, eu te roube do Jonas e você vire a minha secretária do lar?

_Olha só! Que proposta tentadora! Eu vou acabar aceitando. Eu vou te confessar uma coisa: que Jonas não me ouça, mas eu prefiro a ti como patrão. Ah, aquele menino é muito bagunceiro! Vive deixando as coisas espalhadas pela casa. Agora sem você aqui para pôr um freio nele...hum! Isso aqui vai virar uma zorra! Vou ter um trabalho danado.

Bruno a abraçou sorrindo, sabendo que Neide era das perdas que mais lamentava em perder, pois, tinha por ela um carinho muito grande.

Bruno entrou na casa da mãe portando as malas. As depositou no chão da sala. Mal pode respirar e Rose já pôs as mãos na cintura.

_ Bruninho, o que significa isso?_ ela perguntou apontando para as caixas de móveis que haviam chegado há poucas horas de uma loja.

_ É a mobília do quarto de hóspedes. Ainda bem que elas já chegaram. Eu vou agora mesmo passar uma mensagem para o montador particular. Estou com pressa demais para esperar o da loja. Quero dormir no meu quarto ainda hoje.

Bruno começou a digitar no celular, mandando uma mensagem para o montador.

_ Filho, por que você fez isso?

_ Isso o quê, mãe?_ Bruno perguntou sem tirar os olhos da tela do celular.

_ Tudo isso. Por que comprou tudo isso?

_ Ah, e a bonita quer que durma onde? No chão?

_ Não se faça de bobo, Bruno! Já se passaram duas semanas desde a briga que você e o seu marido tiveram. Já tá mais do que na hora de vocês se acertarem!

Bruno a olhou sério.

_ Oh, mãe, eu não sei se você tá sabendo que eu e o Jonas não tivemos uma briguinha conjugal, que se resolve com um DR e uma noite de amor. O Jonas me traiu! E não tem mais conversa. Eu já conversei com ele e já tomei a minha decisão.

_ Você vai mesmo se manter duro como uma rocha? Olha, como você é teimoso!

_ Sim, mãe! Eu não vou voltar atrás. Inclusive já falei com o meu advogado e ele já deu a entrada nos papéis do divórcio.

Rose arregalou os olhos.

_ Bruno! Pare de agir como uma criança mimada! Casamento é algo muito sério! Mais sério ainda pra pessoas LGBT que lutaram tanto pra ter esse privilégio e você aí, jogando fora por puro orgulho.

_ Mãe, traição é motivo o suficiente para finalizar um casamento. O divórcio não é nenhuma tragédia. Em certos casos é até um alívio.

_ Bruno, o divórcio é um alívio quando o casamento é um inferno como o meu e o do seu pai foi. Mas, no caso de vocês é diferente! Vocês se amam! Precisam pensar bem e conversarem bastante. Tentar entender e consertar os pontos que erraram.

_ Erraram é uma ova! Ele errou! Eu fui uma vítima, mãe!

_ Os dois erraram! Ele errou por ter enfiado a cara no trabalho e te negligenciado, errou em ter transado com aquela bisca. Mas, você também errou e muito. Quantas vezes eu e a Neide te dissemos que o Daniel não era boa coisa e você ignorou, preferindo acreditar num estranho do que na sua mãe e na moça que trabalha na sua casa? Meu filho, como diz o ponto da pomba gira não "pra ser rainha não basta sentar no trono, tem que saber governar." E você abriu as portas da sua casa para um estranho, acreditando na ladainha dele sem nem ao menos verificar se era verdade! Você colocou a cobra dentro de casa! E ainda fez pior, deu ouvido ao rapaz que te envenenava contra o seu marido e o seu amigo Rafael. Chegando ao cúmulo de contratar um detetive para investigá-los! Ah, tenha dó, Bruno!

_ Eu fui enganado, mãe! O Daniel me tratava muito bem. Como eu ia imaginar que ele era uma cobra?

_ O Daniel não te tratava muito bem. Ele puxava o seu saco. E quem puxa saco puxo tudo, até tapete.

_ Eu errei! Você tá coberta de razão. Mas, acabou! Eu não quero mais falar neste assunto! A minha decisão está tomada e tentar me convencer o contrário será perda de tempo. Agora, mudando de assunto, eu estou morrendo de fome. O que você fez para o almoço? O cheiro está ótimo!

_ É né? Pelo visto será inútil tentar argumentar contigo. Eu fiz estrogonofe de carne. Bruninho, aquele quarto é muito pequeno! Não vai caber todas as suas coisas. Só os seus livros ocupam uma biblioteca. E as suas roupas? O seu closet era imenso. Quase do tamanho desta casa.

_ A minha estadia por aqui será provisória. Eu só comprei poucas coisas: um guarda-roupa, uma cama box, um criado mudo, uma cadeira de escritório, uma escravania e um pequeno livreiro com 5 nichos. Só para eu ficar provisoriamente. A partir da semana que vem vou procurar um corretor e alugar um apartamento.

_ E você chama tudo isso de pouca coisa?

Bruno foi andando para à cozinha digitando no celular.

_ Vem logo, mãe! Eu tô morrendo de fome e ainda tenho que passar na redação.

_ Tudo bem! Já vou indo! Porque você é um doce, mas quando está com fome fica amargo como um limão.

Jonas chegou em casa por volta das 23 horas. Para ele era doloroso chegar em casa e não ver o marido. Evitava dormir no quarto do casal, para não se recordar da noite que teve com Daniel, o que pesava ainda mais na sua consciência.

Neide o avisou, via Whatsapp, que Bruno esteve lá para pegar as suas roupas, o que deixou Jonas com o coração apertado.

Entrou no closet olhando triste para os cabides vazios das araras e das gavetas, que Bruno fez questão de deixar abertas para enfatizar a sua partida.

Jonas se jogou sobre a cama abraçando o roupão de banho que Bruno deixara no banheiro. Ainda tinha o cheiro do jornalista, e Jonas aspirava para senti-lo.

_ Ah, meu amor! Que merda que fui fazer?

Mais uma vez tentou ligar para Bruno e foi ignorado. Bruno poderia bloqueá-lo, mas fazia questão de ignorar as ligações e as mensagens do marido para torturá-lo, o vendo se humilhar.

Há dias que Renata andava risonha e bem humorada. Caprichava no look e no perfume quando saía para trabalhar. Foi ao cabeleireiro fazer as unhas, hidratar os cabelos, fazer luzes nos cachos e depilação completa. Vivia sorrindo quando estava digitando no celular.

Patrick reparou a alegria da sogra e desconfiava que essa estava apaixonada, o que o deixava muito feliz. Ele gostava muito de Renata e a sua felicidade era muito importante para ele.

Naquele fim de tarde, Renata entrou na sala vestindo uma calça de couro preta, que valorizava as suas coxas e bumbum, vestia uma blusa de alças finas de mesma cor um pouco larga na cintura para disfarçar a barriga volumosa e possuia um decote contornado de renda preta que valorizavam os seus seios fartos. Nos pés, um par de scarpins pretos, saltos agulhas e nos lábios pintados de vermelho.

_ Nossa! Que produção, hein sogrinha! Você está maravilhosa!

Ela sorria, girando para mostrar o look, exalando o seu perfume pelo ar.

_ Estou bonita?

_ Claro que você não está bonita! Está maravilhosa! Linda! Diva! Icônica!

_ Ah, obrigada, meu amor!

Patrick sentiu vontade de perguntar qual era o destino da sua sogra, mas não achou apropriado cometer esse tipo de indiscrição.

_ Você vai ficar bem? Eu tenho que ir agora, mas o Matheus já está chegando aí e..._ Renata parou por um instante, se arrependendo do que disse._ Ah, me desculpe, querido. Eu juro que não fiz por mal. Eu sei que você é capaz de ficar sozinho e...

_ Tudo bem, Renata. Você não me ofendeu.

_ Você me desculpe mesmo?

_ Eu já disse que sim.

_ Ah, você é um anjo. Ai! Eu tô tão nervosa!

_ Por quê?

Ela o olhou sorrindo, querendo dizer algo. O que deixou animado com a possibilidade de saciar a sua curiosidade.

_ Então, menino, cá entre nós. Eu vou para um date!

Patrick bateu palmas de animação.

_ Que legal! E de onde é o gato? Do Tinder?

_ Na verdade...não! Você promete que não conta nada pro Matheus?

_ Claro!_ Patrick disse fechando o livro, que estava em seu colo.

_ Eu estou saindo com um aluno dele.

Patrick pôs as duas mãos na boca com os olhos arregalados.

_ Ah, mas não pense que é algum adolescente. O nome dele é Wilson. Ele tem 39 anos...é pouca coisa mais novo, que eu né.

_ Ah, que legal! Como vocês se conheceram? O Matheus te apresentou?

_ Não! Ele viu um comentário meu numa foto do insta de Matheus, aí ele entrou no meu perfil, curtiu todas as minhas fotos e me chamou no imbox. Menino, começamos a conversar. Saímos algumas vezes e você sabe, né?

_ Ah, então é por isso que você anda risonha?

_ Sim! Genrinho, nem te conto que delícia de homem! Olha, ele me leva a loucura!

Patrick demonstrava animação ao ouvi -la falar.

_ Ele me pediu em namoro.

_ E você aceitou, né?

_ Lógico! Hoje é o nosso primeiro date como namorados.

_ Aaaaah! Parabéns, sogra! Eu fico tão feliz por você.

_ Eu quero trazer ele aqui para vocês conhecerem. Mas, primeiro preciso preparar o Matheus, você sabe como o seu marido é ciumento e temperamental.

_ Não se preocupe com o Matheus. Eu vou cuidar para que ele não estrague a sua felicidade.

Renata olhou para o relógio.

_ Oh, eu tenho que ir. Beijos, amor. Mais tarde a gente conversa._ ela disse o beijando na testa, sujando a sua face de batom.

_ Vá com deus, querida. Divirta-se.

_ Com certeza.

Matheus andava desconfiado da alegria constante da mãe. Sempre perguntava o motivo da sua felicidade e ela sempre dava uma desculpa. Até que, num jantar, resolveu revelar ao filho que estava namorando o seu aluno. O loiro arregalou os olhos assustado.

A princípio, achou que se tratava de alguma brincadeira da mãe. Quando teve a certa a que Renata falava a sério, demonstrou a sua insatisfação.

_ Ah, pelo amor de deus! O Wilson! O cara é o meu aluno! E não é o dos melhores!

_ Eu não vejo mal algum! Wil me disse que vocês dois se dão muito bem!

_ Nós dois nos dávamos muito bem. O fato dele invadir o limite da ética da amizade, pegando a minha mãe, muda muito as coisas.

_ Ele não está me pegando, Matheus! Estamos namorando!

_ O que piora ainda mais as coisas!

_ Amor, pare com isso! Deixe a sua mãe namorar em paz!

_ Você fala isso porque não é a sua mãe!

_ Pare de palhaçada, Matheus! A sua mãe precisa ser feliz!

_ Uma mulher pode muito bem ser feliz sendo solteira! As feministas lutaram muito para que vocês fossem independentes e livres de machos.

_ Não diga bobagens, meu filho!

Renata anunciou que daria um churrasco para no domingo e que o apresentaria para todos os amigos e familiares. Matheus tentou relutar, mas acabou cedendo as insistências da família e prometeu ser cordial ao padrasto.

Rose entrou alguns minutos depois, repleta de sacolas e dando boa noite a todos de um jeito afobado, reclamando dos preços dos produtos do supermercado.

_ Menina, você entra no mercado e se sente assaltada! Sabe quanto está custando o quilo do feijão? Dez contos! Olha que absurdo! Esse presidente que tá aí, ainda quer se reeleger. Do jeito que anda, tá riscado aquela praga do Policarpo ganhar as eleições, por que o povo tá puto com esse presidente Inácio._ Rose dizia pondo as compras, que fez para Renata, na pia da cozinha.

Renata bateu três vezes na madeira da mesa.

_ Deus me livre esse demônio do Policarpo ganhar as eleições! Aquilo ali é um futuro genocida!

_ Que exagero, mulher! O cara é um nojento homofóbico, mas daí genocida é um exagero!

_ Pior que não é exagero, Rose. _ Patrick disse abaixando a cabeça tristonho, se recordando da noite em que sofreu um atentado dos militantes de Ricardo Policarpo.

_ Quer jantar, amiga? Eu fiz aquele franguinho com batatas que você tanto gosta e um arroz soltinho.

_ Hum! Eu vou aceitar sim. Estou o dia inteiro na correria e nem tive tempo de parar para comer direito. Estou só com um salgado que comi mais cedo. Pior que eu nem tive tempo de fazer nada para o Bruninho comer. Eu vou mandar uma mensagem pra ele mandando-o pedir alguma coisa...quer saber? Eu mesma vou pedir e mandar entregar lá em casa. Senão, ou ele pede besteiras ou dorme sem comer.

_ Amiga, leve um pouco de frango e arroz pra ele.

Rose destampou a panela, fechando os olhos para sentir com intensidade o aroma da comida, fazendo o seu estômago roncar.

Ao se servir, sentou à mesa e Matheus pediu licença para se retirar, alegando que estava com sono. Deu um beijo no rosto da tia e da mãe e um selinho no marido para se despedir.

Renata informou a Rose que já havia falado de Wilson para Matheus.

_ Graças ao Patrick ele não implicou muito.

_ E nem deveria implicar! Matheus já tá muito grandinho para ficar fazendo manhas. Você dá muita moleza para esse menino, Renata!

_ Mudando de assunto, e o Buba? Como ele está?

_ Menina, nem te conto! Está mesmo decido a se separar do Jonas!

_ Ah, não! Eles se amam! O Buba tá de cabeça quente. Daqui a pouco, os dois se acalmam e se entendem.

_ Infelizmente, não, amiga! Bruninho deu até entrada no divórcio!

_ Meu deus! Que pena, amiga!

_ Eu sinto muito por isso. Sinto pelo Bruno também mesmo sem ter intimidade com ele. Mas, sinto mais pelo Jonas, que é meu amigo. Eu sei o quanto ele ama o Bruno e o quanto os dois lutaram para ficar juntos. Acho que vou ligar pra ele para dar uma força.

_ Ah, mas faça outro dia, Patrick. De preferência bem longe do Matheus. Você sabe muito bem como o seu marido é. Lembra de outro dia?

_ Eu tô ligado.

_ Renata, eu queria tanto trazer o Bruninho para o churrasco. Ele anda tão tristinho. Eu fico com muita dó.

_ Traz sim, amiga. O Betinho e as meninas também virão. Será bom para o Buba se distrair um pouco.

_ E o Matheus? Ele pode criar caso.

_ Quem manda desta casa sou eu. Pode trazer o meu sobrinho sim. E diga que eu faço questão que ele venha.

A princípio, Bruno relatou dizendo que não iria. Disse que estava irritado demais para lidar com os possíveis chiliques de Matheus. No entanto, cedeu as insistências de Rose e acabou aceitando o convite da tia.

_ É...quer saber? Eu vou sim! Se a minha tia, que é a dona da casa, faz questão que eu vá, eu vou! E Matheus que não se atreva a me encher o saco.

_ Veja lá, hein Bruno! Não vá dar barraco na festa da sua tia.

_ E eu sou lá homem de barracos? Essa baixaria é coisa dele! É claro que não vou abaixar a minha cabeça, mas não será aos berros e vexames. Mas, me curvar para o imbecil do Matheus, isso é nunca!

.O domingo estava do jeito que Renata pediu a deus: ensolarado com uma temperatura amena. O churrasco seria oferecido no terraço da sua casa e ela, contou com a ajuda de Marília, Leninha, Rose e Marquinhos.

Como a sua lista de convidados era longa, eles não deram conta dos preparativos e Patrick pediu a Betinho para que chegasse mais cedo para ajudá-los.

Betinho ficou encarregado de ajudar na cozinha junto com Patrick e Leninha. Ele não estava risonho e de bom humor como de costume. Estava chateado. Lamentava que o seu date da noite anterior foi um fracasso.

_ Por quê, irmã? Você tava tão empolgado!

_ É mesmo, Betinho! Você falava tanto nesse boy, disse que ia fazer promessa pra Santo Antônio para poder casar.

_ Ah, gente! Eu gastei uma nota num look bafônico, fiquei toda linda e perfumada, paguei um motel caríssimo...pra chegar na hora e o boy ó. _ Betinho mostrou o dedo polegar virado para baixo. _ Brochou!

_ Caramba! Coitadinho.

_ Como eu sofro, racha!

Matheus entrou na cozinha, pegando um pacote de salgadinhos, abrindo e comendo.

_ Claro que tinha brochar! Vendo uma baleia dessas pelada não há pau que pare em pé.

_Olha como ela é creula! Respeite o meu sofrimento, loira do banheiro!

Matheus inchou as bochechas, abrindo os braços imitando um gordo.

_ Acho que eu nunca vou encontrar o meu príncipe encantado! Eu nasci pra viver só.

_ Ah, não diga isso, amigo. Você vai encontrar sim. Vai encontrar um boy maravilhoso, do jeitinho que você merece.

_ Gordo desse jeito! Você não precisa de um namorado. Precisa de um personal trainer...ou melhor de um padre, porque no seu caso, só milagre mesmo.

_ Amor! Pare de praticar gordofobia com o Betinho! Tadinho, ele tá sofrendo!

Matheus saiu sorrindo, indo sentar no sofá com um pé sobre ele e o outro no chão. Jogava no celular, enquanto comia.

Leninha ficou abismada com a ousadia de Matheus de não fazer nada para ajudar. Ela pôs as mãos na cintura.

_ É isso mesmo? O Matheus vai ficar parado enquanto todos trabalham? Gente, ele é muito folgado! Alá, nem é com ele! Isso é culpa de Renata, que o mima.

Betinho jogou a faca na pia e foi até a sala. Estava mau humorado demais para aturar a folga de Matheus. Bateu palmas, em seguida pôs as mãos na cintura.

_ Como é que é? Vai ficar pagando de madame, mexendo nesse telefone enquanto todo mundo trabalha? Levante esse cu daí e vem ajudar, caralho!

_ Iiiih, mas ela tá nervosa! Tá com fominha é? Tem que alimentar para acalmar.

Matheus jogou salgadinhos em cima de Betinho.

_ Coma, veado! Coma!

Patrick foi até a sala e pediu para que Betinho voltasse para a cozinha.

_ Ah, e a bonita não fazer nada?

_ Vai lá que eu vou resolver isso.

Betinho saiu contrariado.

Patrick envolveu os braços pelo pescoço de Matheus e o beijou.

_ Amorzinho, nós estamos precisando de ajuda . Dar uma forcinha, vai?

_ E tem como negar um pedido de um bebê lindo desses? Não tem como!_ Matheus o beijou.

Os dois entraram na cozinha e Matheus pôs um avental.

_ Então, o que tem pra fazer?

_ Descasque as batatas para fazer a salada de maionese. Só mesmo o Patrick para te convencer a fazer alguma coisa né, Matheus?

_ É, Claro, mais tarde vai ter rossação de bunda! Por isso essa puta obedeceu o Patrick.

_ Alguém tem que transar, né, baiacu inchado? E como o meu príncipe é lindo, com certeza eu não vou brochar.

_ Olha, como essa bicha é do mal! Rir da minha desgraça. Deus tá vendo!

_ Quero ver esse sorriso vai durar quando o Bruno chegar._ disse Leninha.

Matheus arregalou os olhos. Patrick temeu que o marido perdesse a compostura. Betinho sorriu satisfeito. Roçou a bunda em Matheus, rebolando como se dançasse funk.

_ A Brunete vem aí! A Brunete vem aiii!

Betinho caiu no chão com o impacto do empurrão que recebeu de Matheus.

_ Amor, você vai acabar machucando o Betinho! Não precisa disso!

_Deixa, Patricka ela é bruta assim mesmo._ Betinho disse se levantando._ Pra mim é patada, mas na priminha vai ter que dar beijinho._ Betinho debochava fazendo biquinho.

Matheus saiu da cozinha furioso.

_ Amor! Oh, Betinho! Você também provoca hein! Eu vou lá falar com ele!

Patrick saiu da cozinha empurrando a cadeira de rodas. Leninha se aproximou de Betinho sorrindo.

_ Betito, será que dessa vez vai ter treta?

_ Tomara, racha! Tô doido pra ver o mar pegar fogo para eu poder comer peixe assado.

Os dois sorriam e dançavam empolgados.

Quando Patrick chegou na escada do terraço, Matheus já havia subido feito um jato. Ele lamentou por não ter tido tempo de conter o marido.

Matheus se aproximou da mãe furioso.

_ Que história é essa de você convidar aquele Judas só pra me afrontar? Já não basta a palhaçada de namorar o meu aluno?

_ Ei! Abaixa o tom comigo, rapazinho! Eu convidei o Bruno sim. A Rose me pediu e eu não pude negar.

_ Você fez para me humilhar!

_ Não é nada disso, meu amor. Eu não vejo mais motivos para vocês dois ficarem com essa picuinha por causa de um macho que não vale nada!

_ O problema não é o Jonas! Eu tô pouco me fodendo com a traição dele! Levar chifre de namorado é super normal! Mas, daí traição de primo! Essa sim é imperdoável!

_ Você nem precisa falar com o Buba! Você fica de um lado e ele do outro.

_ Eu não vou ficar de lado nenhum! Nem aqui eu vou ficar. Divirta-se com o seu sobrinho judas!

Matheus desceu e Renata foi atrás tentando conversar. Ele entrou no quarto, trancando a porta ignorando as batidas e os pedidos dela para conversar. O loiro se arrumava no quarto, com a intenção de sair.

Ao sair do quarto, se deparou com Patrick na porta.

_ Aonde você vai?

_ Eu não sei. Venha comigo! A gente pode dar uma volta no shopping ou ir a um motel, sei lá.

_Príncipe, eu não posso fazer isso com a sua mãe! Ela é tão boa comigo!

_ Então fique, baba ovo!

_Amor, daqui a pouco, a casa vai estar cheia de gente. A Renata convidou até colegas de trabalho que eu não conheço. Você sabe que se eu ficar em público sem você, fico em pânico. Fique por mim? Por favor?

O jeito meigo de Patrick derreteu a sua dureza. Sentiu pena do marido ao ver o seu olhar suplicante.

_ Tá bom! Eu vou ficar, mas é por você.

Patrick o abraçou, apoiando a cabeça em sua barriga.

_ É só ignorar o Bruno. Finja que ele nem existe.

_ Você fala como se fosse fácil.

_ Eu sei que não é. Só te peço isso por mim.

Quando Bruno chegou a casa já estava cheia, a churrasqueira acesa e o aparelho de som ligado num funk. Primeiro cumprimentou a tia, depois se dirigiu à mesa onde estavam Cinthia, Isabel, Betinho, Patrick e Matheus. O loiro se retirou e Patrick pediu licença para se retirar.

Betinho sorria com o encontro dos dois.

Isabel percebeu a tristeza do amigo e o chamou para conversar.

Betinho entrou procurando por eles e descobriu que estavam no quarto de Renata.

Betinho correu saltitante em direção Mathues. O loiro estava conversando com algumas pessoas próximo à churrasqueira, que era comandada por Marquinhos.

_ Matheuzona! Matheuzona!_ Betinho chamava-o cutucando em seu ombro, o que deixou Matheus irritado e deu tapa na mão dele.

_ Pare de me chamar no feminino, baiacu inchado!

_ Ok, desculpe. Eu prometo que não te chamo mais no feminino, Matheusa. É que a Patricka me pediu para te pedir, para pegar um casaco pra ela, que ela esqueceu no quarto da sua mãe.

Matheus observava que Patrick estava um pouco distante, sentado à uma mesa conversando com Rose e Cinthia.

_ E por que ele mesmo não veio falar comigo?

Betinho parou por um instante, pensando em que resposta daria.

_ Ah, Matheus! Deixo de ser perguntativo! A casa tá cheia! Como que ele vai ficar circulando com a cadeira de rodas?

Matheus encolheu os ombros como quem diz "É...você tem razão. "

_ Vai ficar aí me olhando? Pega logo o casaco da sua marida! Quer que ele se transforme num picolé de veado?

Matheus saiu e Betinho pulou sorrindo, indo atrás.

_ Amigo, eu sinto muito por tudo que você está passando! Sério eu tô chocada com a safadeza daqueles dois!

Da porta do quarto, Matheus ouviu a voz de Isabel. Ao se aproximar, percebeu que ela é Bruno conversavam sentados na beira da cama de Renata.

_ Você não tem noção do quão doloroso é pra mim. Traição doi muito sabe? É um sentimento inexplicável e...

Bruno interrompeu a fala ao ver que Matheus estava sorrindo na soleira da porta. O jornalista sentiu uma raiva feroz, pelo primo testemunhar a sua tristeza e humilhação. A satisfação de Matheus irradiava em seu rosto sorridente e em seus olhos brilhantes, como se degustasse o delicioso sabor da vingança.

_ Olha, só! Então, a bonita está sofrendo? Ah, tadinha! Eu sinto muito pela sua dorzinha.

_ Gente, não vamos brigar. A casa tá cheia de gente. Vamos evitar o vexame._ Isabel dizia quase gaguejando. Temia um escândalo.

Bruno o fitava com ódio.

_ Eu? Brigar? Ah, não vou não. Esse gostinho eu não vou dar a esse Judas! Porque é isso que ele quer ao ter a coragem de vir na minha casa para me afrontar. Queria que eu armasse um escândalo, pra ele fazer essa carinha de Santo e eu sair como o demônio da história.

Matheus sentou numa poltrona enfrente a cama, erguendo a cabeça com o ar de superioridade.

_ Acho que se eu tivesse arquitetado uma vingança ela não sairia tão boa quanto esse castigo divino. Justo você não é, Bruno. O traíra, a putinha de quinta, que se fazia de meu amigo, que é o meu primo, sangue do meu sangue teve coragem de me trair dentro da minha própria casa. Agora, você foi o corno.

A gargalhada de Matheus deixou Bruno ainda mais irritado.

_ Você foi traído pelo mesmo cara que eu fui traído, e por uma bicha que se fazia de seu amigo, e que também tinha a mesma cara de sonsa que a sua.

_ Não me compare ao Daniel.

Matheus fez um sinal negativo com o dedo indicador.

_ Nã nã nã ni nã não! Jamais vou te comparar a ele...porque você é pior! Ele traiu um otário qualquer que abriu a porta da casa pra ele se hospedar. Você traiu o seu primo! O mais ridículo nisso tudo é sua carinha de bicha sofredora! Fazendo a Maria do Bairro, só pra esconder a Soraya Montenegro que você é! Cobra! Puta! Judaaaas!

Bruno abaixou a cabeça.

_ Matheus, por favor! Acho melhor a gente ir lá pra fora. Antes que vocês briguem, meninos.

_ E aí, pilantra? Não vai dizer nada? Já sei! Você derramar lágrimas de crocodilo para que todo mundo fique com peninha de você e caem de pau em cima de mim.

Bruno ergueu o olhar. Em seu rosto surgia um sorriso maquiavélico, que se transformou numa gargalhada.

Matheus, Isabel e Betinho, que ouvia atrás da porta, ficaram atônitos com a reação inesperada de Bruno.

Matheus sentiu sobre si o peso do olhar debochado do primo.

_ Você é mesmo um coitadinho, né Matheus?_ outra gargalhada._ Sabe, de uma coisa, priminho? O meu casamento com o Jonas pode até ter acabado. E vou te confessar que tive muitos benefícios com essa relação, seja financeiro ou sexual. Apesar de ter conseguido montar a minha empresa, ter uma vida financeira confortável, viajado pelo mundo e vivido muitos momentos felizes com o Jonas, nada foi melhor do que o prazer que senti em te enganar. Em rir da sua cara enquanto dava bem gostoso pro seu namorado, deixando ele louco por mim. E você, idiota como sempre, tava brigando com o Patrick por achar que era ele que tava dando pro seu namorado.

Matheus o olhava com ódio.

_Sabe o que era engraçado? Era você todo pomposo desfilando com o Jonas pra todo mundo, mostrando o namorado, que na verdade te comia desejando a mim. E você fazendo papel de idiota não teve preço.

"Ah, tá bravinha? Desabafa. Faz o você faz de melhor, um escândalo! Mostre pra todos o que já sabemos, que você é um pessoa baixa, histérica e principalmente, burro!"

Matheus o olhava se armando do ódio mais profundo que podia sentir.

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Comentários

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Eu amei esse capítulo, mais ainda mais imaginando a forma diabólica que o Bruno fez pro Mateuszinha ahhahahaha.

adorooo

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Concordo com A_escritora. E quanto ao Betinho, na primeira parte até tinha raiva dele pelas fofocas, mas agora gosto pq ele faz a história se movimentar. Ta realmente na hora de alguém abaixar a bola do Matheus, que ele tome pelo menos um soco bem dado do Bruno.

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Mesmo a Rose tentando fazer a cabeça do Bruno, eu não tiro a razão dele: traição pra mim é algo imperdoável.

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Betinho tem que se fuder também, algumas da tretas que acontecem ele que coloca fogo. Não tinha a necessidade dele fazer isso, principalmente ele conhecendo o temperamento de Matheus, e usou o nome do coitado do Patrick pra armar uma briga. Todos no ciclo de amizade deles percebem isso, no entanto, sempre jogam a culpa pra cima do Matheus, não que eu esteja defendendo. Mas já está na hora de alguém botar o Betinho na linha também, pelo fato de ele estar sempre ouvindo conversas e fazendo "leva e trás", bem como fazendo boa parte dos barracos acontecerem.

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