Borboletas sempre voltam II capítulo 7

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 3589 palavras
Data: 28/05/2021 16:15:49
Assuntos: Amor, Gay, Mistério, Sexo, Tesão

O copo com água tremia nas mãos de Dani. O choro do jovem causava dó em Bruno.

Dani foi convidado para entrar e sentar no sofá da sala, onde recebeu um copo com água.

Bruno ficou muito preocupado ao vê-lo naquele estado.

O jovem se desculpou muitas vezes por ter incomodado o casal àquela hora da madrugada, mesmo o casal dizendo que não havia importância.

Dani relatou que foi brutalmente agredido pelo ex-padrasto, um homem extremamente cruel e violento que tinha por ele uma obsessão doentia.

_ É muito difícil pra mim ter que falar sobre esse assunto, mas... eu tenho muita vergonha...Ele...abusou de mim por muitos anos. Era horrível e nojento! Eu me sentia sujo, sabe? Eu guardei esse segredo por muitos anos. Foi um tormento. Até que um dia, eu tomei coragem e revelei a verdade para a minha mãe. E foi a pior coisa que eu fiz. Ela não suportou e... retirou a própria vida.

Dani se atirou nos braços de Bruno chorando.

_ Dani, eu sinto muito. Eu não fazia ideia de tudo isso. Você tá sempre alegre na redação, brincando com todos, eu jamais pude imaginar que você estava passando por algo tão difícil.

_ Ele me culpa pela morte da minha mãe. Diz que eu deixei os meus irmãos órfãos...Eu me sinto péssimo por isso. Mas, eu sofria muito. Apanhava e suportava os estupros calado. Era dolorido demais.

_ Você não teve culpa de nada. Ele quem foi o culpado de tudo. Deveria ser preso.

_ Você registrou um boletim de ocorrência?_ perguntou Jonas, cruzando os braços, tentando olhar no fundo dos olhos de Dani.

_ Não! O Cláudio é um homem muito violento. Eu morro de medo de ele fazer algo ruim a mim ou aos meus irmãos por vingança.

_ Onde estão os seus irmãos?

_ Como são filhos dele, estão com ele.

_ Mas, eles não podem ficar com aquele tarado! Que idade têm? Quantos são?

_ É um menino de 9 e uma menina de 12. O Cláudio está atrás de mim! Ele quer me matar! Me atacou, me deixando desse jeito! Por pouco, eu consegui escapar. Eu não tenho pra onde ir. Ele descobriu o endereço da minha casa e foi atrás de mim para me matar!

_ Não se preocupe! Você pode ficar aqui por enquanto.

_ Não, Bruno! Eu não quero incomodar! Eu me ajeito. Eu só preciso passar a noite aqui. Desculpe eu vim te procurar, mas você é a única pessoa em que eu confio. Me perdoe por ter te envolvido nessa confusão.

_ De maneira alguma será um incômodo.

_ Daniel, Você pode nos dar um minuto? Eu preciso trocar uma palavrinha com o Bruno.

_ Claro, Jonas.

Jonas levou Bruno até o escritório.

_ Você tá doido?! Como convida um estranho para ficar na nossa casa?!

_ Ele não é um estranho, Jonas! Eu conheço o Daniel. Ele trabalha comigo há um ano!

_ Você conhece a ponto do iceberg. Você sabe como ele é no ambiente de trabalho, mas não faz ideia de como é na vida privada.

_ Jonas, ele está precisando de ajuda! Eu já passei por algo parecido. Sei o que é sofrer violência doméstica. E olha o estado dele. O cara foi estuprado e a mãe cometeu suicídio. Eu não posso negar ajuda a uma pessoa que está passando por esse tipo de drama.

_ Você nem sabe se essa história é real. Você não acha estranho ele não ter registrado um boletim de ocorrência?

_ Não. Eu não acho. Você sabe que o Gustavo me espancava desde criança, a mim e a minha mãe e o nosso medo era tão grande que não demos queixa na polícia. Ele tá sentindo culpa pela morte da mãe e eu sei o que é isso. Eu também sentia culpa quando a minha era espancada e pela morte da Gabriela.

_ Bruno, o Daniel não é você! É um estranho contando uma história que nem sabemos se é verídica.

_ Ele está todo machucado! Você acha que ele teria o trabalho de se auto flagelar para sustentar uma mentira? Francamente, Jonas! Eu não vou negar ajuda a ele. Eu não ajudei a Gabriela e isso custou a vida dela. Não vou fazer o mesmo com o Dani.

Bruno conduziu Dani até o quarto de hóspedes, depois de ter feito curativos em seu rosto.

_ Você pode ficar à vontade. Pode ligar o ar-condicionado e a TV. Quero que fique bem confortável.

_ Obrigado, Bruno. Você é um anjo. Eu nem sei como te agradecer._ Dani disse se ajoelhando aos pés do patrão. Bruno o puxou para cima.

_ Não precisa exagerar. E não há o que agradecer. Só espero que fique bem. Vou te deixar descansar. Boa noite, Dani.

_ Obrigado, anjo. Boa noite.

Quando Bruno fechou a porta. As lágrimas de Dani se converteram num sorriso.

Jogou-se na cama macia.

_ É...me dei bem.

Patrick despertou sentindo o seu rosto ser acariciado. Ao olhar terno de Matheus em direção a ele, o fez sentir-se seguro, como se nenhum mal pudesse assolá-lo. Demonstrou esse sentimento com um sorriso singelo no canto da boca. Fechou os olhos para sentir os lábios do marido sobre os seus.

_ Até que enfim a bela adormecida acordou.

_ Eu sonhei que estava correndo._ Patrick direcionou o olhar para a janela._ Eu podia sentir o vento bater no meu rosto. Eu corria numa alameda e sol emanava um calor fraquinho. Era tão bom sentir as minhas pernas.

Matheus abaixou o olhar. Desejou abraçar o marido e chorar nos seus braços. Contudo, sabia que precisava ser o suporte para Patrick e, para isso, teria que ocultar a sua tristeza, a fim de transmitir segurança.

Acaricou os cabelos do parceiro.

_ Eu vim te buscar. Já assinei os papéis necessários. A minha mãe e a minha avó preparam um almoço para te receber.

_ Eu já recebi alta?!

Matheus fez um sinal positivo com a cabeça. Levantou e foi em direção à cadeira de rodas. Sorriu.

_ Eu acabei de comprar. Ela é muito confortável.

Olhando para a sua eterna prisão, Patrick sentiu um desespero agonizante. O coração batia acelerado e um nó se formava em sua garganta. Desejou gritar para externar o horror que sentia, mas a única coisa que conseguiu foi ter uma crise de choro súbita.

Matheus o abrigou em seus braços.

_ Meu amor, vai ficar tudo bem! Eu prometo! Eu vou cuidar de você.

Matheus beijava a testa de Patrick. Travava uma luta interna para conter a vontade de chorar.

_ Não vai ficar tudo bem, Matheus! A minha vida acabou! Por que isso? O que fiz de errado? Eu não escolhi ser gay! Se eu pudesse escolher eu não seria. O meu pai me dizia que eu sou um sem vergonha e depravado. Mas, você acha que se eu pudesse escolher eu optaria por sofrer violência pelo meu próprio pai, ser expulso de casa, ser ridicularizado, humilhado e agredido? Você acha que eu escolheria ficar condenado a uma cadeira de rodas?

Matheus respirou fundo. Sentiu ódio por tudo que Patrick teve que suportar.

_ Como qualquer LGBT eu já sofri algum tipo de preconceito, mas eu sou uma pessoa privilegiada por ter uma família maravilhosa. Eu nunca fui tratado como se fosse diferente deles, nunca sofri nenhum tipo de violência por ser gay. O amor, a aceitação, a proteção e o carinho deles me fizeram sentir seguro para encarar a homofobia nojenta do mundo.

"A minha avó sempre me diz que o erro não está na minha sexualidade, e sim no ódio alheio por se meterem em algo que não é da conta deles. O meu tio me ensinou a brigar fisicamente para poder me defender dos garotos homofóbicos e a minha mãe...ela é tão incrível que eu nem preciso falar sobre ela, você a conhece.

"Amor, tudo isso que eu recebi da minha família eu quero retribuir para você. Eu sei que você sofreu muitas agressões na vida, e me envergonho muito de ter sido uma dessas pessoas, mas eu quero muito te dar o apoio, o carinho e a proteção que você não teve. Quero que saiba que você é muito amado por mim e pela minha família, que também é sua. Você não está sozinho. Eu tô nessa contigo. Vamos encarar o que tiver de encarar juntos.

"Eu não consegui te proteger do nojento do seu pai e daqueles seres demoníacos que te atacaram, mas eu vou te proteger de qualquer mal que vier daqui pra frente. Vou partir com tudo pra cima de quem quiser te fazer mal. Eu vou ser o seu abrigo, o seu porto seguro e as suas pernas."

_ Ah, Matheus!

Patrick o abraçou com força. Ergueu a cabeça olhando para Matheus, que acariciava o seu rosto, enxugando as suas lágrimas.

O gestos carinhosos que recebia o deixava mais calmo.

_ Pelo visto você gostou tanto das instalações do hospital que nem quer ir embora. _ Matheus brincou com a intenção de amenizar o clima de tristeza.

_ Eu estou com medo de sentar nessa coisa.

_ Medo por quê?

_ Essa coisa é a minha eterna prisão.

_ Claro que não, meu amor! Essa cadeira é a sua auxiliar para a sua independência. Você vai poder se locomover para aonde quiser. Podemos ir ao cinema para eu poder te obrigar assistir aqueles filmes da Marvel que você detesta e, para se vingar, você vai me obrigar a ir a eventos literários que eu detesto e no final vamos ficar felizes comendo um bom big mac, enquanto eu imito o seu Sérgio falando putarias e você tentar esconder o rosto envergonhado.

_ Não viaja, Matheus. Você acha que é legal carregar um deficiente pra cima e pra baixo? Muitos shoppings, restaurantes, clubes e outros lugares não são adaptados adequadamente para pessoas como eu.

_ Muitos são. E nós vamos pesquisar, encontrar e levar uma vida normal como fazíamos antes. Claro que com algumas adaptações.

_ Você não costuma ser tão otimista. Passou por debaixo do arco-íris, ou está mentindo para me tranquilizar?

_ Eu não estou sendo otimista. Estou sendo realista. E você ainda vai concordar comigo. E terá que me pedir desculpas por ter duvidado de mim.

_ Agora, eu terei que te pedir desculpas?

_ Eu não aceito com palavras. Terá que ser com aquele boquete maravilhoso, que só você sabe fazer.

_ Olha só! Que feio, hein seu Matheus! Se aproveitando de um deficiente!_ Patrick disse sorrindo.

_ Um deficiente gostoso desses, eu seria muito otário se não me aproveitasse.

Patrick gargalhou.

_ Você é muito safado!

_ Você é quem me deixa assim...todo safadinho._ após dar um sorriso malicioso, Matheus o beijou se sentindo um pouco feliz por ter conseguido fazer o marido sorrir._ Venha, amor, vamos embora para a nossa casa.

Patrick o olhou assustado.

_ Não precisa ter medo. Vai ficar tudo bem.

Matheus retirou o lençol, descobrindo o corpo de Patrick. Ajudou-o a trocar de roupas. Patrick fez questão de pôr a blusa branca de algodão e uma jaqueta esportiva vermelha. Matheus o ajudou a pôr a cueca, a calça de moletom preta, as meias e os tênis.

Pôs a cadeira ao lado da cama e o ajudou a sentar sobre ela. Patrick fechou os olhos e apertou a mão do marido sentindo-se muito triste. Em silêncio, as lágrimas escorreram, deixando Matheus ainda mais entristecido.

Depois de terminar, Matheus sentou na cama ficando de frente para ele. Com carinho, penteava os fios dos seus cabelos lisos e ruivos. Em seguida, beijou a sua boca de um jeito afetuoso.

Ao chegar em casa, se sentiu tranquilo ao ver que o apartamento estava limpo e arrumado, pois, como conhecia os desleixos do marido, temia que lugar estivesse uma desordem. Concluiu que aquilo seria obra da sua sogra.

Pela casa exalava o cheiro da galinhada que Marília preparava na cozinha.

Renata o recebeu de braços abertos e um sorriso acolhedor, que deixou Patrick feliz.

_ Seja bem-vindo de volta, meu amor!

Marília, Leninha, Marquinhos também o receberam com abraços e beijos no rosto. A adolescente Emily foi ordenada pelo pai a largar o Free Fire no notebook de Matheus para cumprimentá-lo.

Patrick reparou que havia alguns buquês de flores pela sala. Matheus explicou que foram enviados por amigos, junto com cartões.

Para acompanhar o almoço, eles compraram algumas garrafas de cervejas e refrigerantes, já que Patrick não consumia bebidas alcoólicas há 4 anos. Renata havia feito pudim de leite, a sobremesa favorita do genro.

Ele se sentiu tão feliz com o carinho e atenção que recebia de todos.

_ O pessoal quer vir te ver. Mas, eu achei melhor falar com você antes de marcar uma reunião aqui em casa.

_ Fez bem. Eu estou com saudades de todos, mas gostaria de descansar nos próximos dois dias. Não me sinto em condições emocionais para o agito do pessoal.

_ Mas é aí mesmo que você deveria receber os seus amigos. Assim você vai poder se distrair e sorrir um pouco._ disse Marquinhos.

_ Ah, meu bem, a dona Chiquinha quer te ver. Ela queria ir ao hospital, mas Olivia e Jonas não deixaram. A mulher pegou um resfriado forte coitada! Mas, mesmo assim ela teimava. R

Imagina só resfriada ir a um hospital poderia piorar a saúde dela. Mas, ela já está boa e doida para te ver. Ela gosta tanto de você.

_ Eu também gosto muito dela, Renata.

Marília deu um copo de guaraná a Patrick.

_ Para você molhar a boca até o almoço ficar pronto. E sobre a velha, além de piorar a saúde ainda ia te passar um resfriado. Velho é tudo teimoso.

_ Verdade, Vovó. A senhora não fica atrás.

_ Eu não, Emily! Desde quando eu sou teimosa?

_ É pra citar todas as vezes ou só as mais marcantes?

_ Cala a boca, Matheus!

Todos agiram como se Patrick havia chegado de viagem. Ninguém comentou sobre o atentado ou sobre o estado dele. A intenção era que ele não se sentisse desconfortável e nem se recordasse de nenhum momento traumático.

Procuraram conduzir as conversas para assuntos mais leves e divertidos, o que fez Patrick se sentir muito bem por se distrair.

A primeira noite em sua cama foi um pouco desconfortável para ele. Sentia um pouco de vergonha por depender de Matheus para atividades mais íntimas, como tomar banho e ir ao banheiro.

Por mais que Matheus arrumou a cama para que ficasse a mais confortável possível, para Patrick foi muito incômodo passar a noite inteira na mesma posição.

Em silêncio, Matheus lamentava por não ter dinheiro para comprar uma cama apropriada para o marido.

Decidiu adiar a comunicação que eles iriam se mudar para a casa de Renata. Ele sabia que a ideia não agradaria Patrick e não quis deixá-lo ainda mais triste.

Dona Chiquinha foi visitá -lo alguns dias depois, acompanhada por Rose. Jonas pediu para que a sogra fizesse companhia a avó, pois não gostava que ela saísse sozinha devido à sua idade avançada.

Extremamente amorosa, ela abraçou e beijou Patrick com o mesmo carinho que tinha pelos netos e filho.

_ Que crueldade que fizeram com você, meu filho! Você não merecia isso. Me parte o coração te ver assim.

Falava acariciando o seu rosto, demonstrando tristeza pelo ocorrido com Patrick, o que o incomodou. No entanto, ele entendeu que esse era o jeito dela e que não tinha má intenção.

Ele sentiu-se aliviado quando Matheus entrou na sala trazendo os pães que foi buscar na padaria.

_ Boa tarde! Boa tarde!

Elas devolveram o cumprimento.

_ Como você está, Matheus?

_ Bem, dona Chiquinha. E a senhora?

_ Eu vou levando. Apesar das dores nas costas e eu estou ótima. Sabe como é velho, né?

_ Amor, prepare um cafézinho para nós?

_ Claro, meu bem.

_ Não precisam se incomodar comigo.

_ Não é incômodo algum, dona Chiquinha. Se tem uma coisa que o Matheus faz muito bem é café.

_ Eu passo num segundo.

_ Eu vou te ajudar._ disse Rose indo com Matheus para a cozinha.

_ O Jonas queria vir te ver, mas..._ ela olhou para a cozinha e abaixou o tom de voz_ Achamos que o seu marido não ia gostar.

_ Não se preocupe com isso. A casa também é minha. Eu gosto muito do Jonas. Ele é um amigo querido. Diga que pode vir me visitar.

_ Você tem certeza? Não queremos te causar problemas. O Matheus é um bom menino, mas tem aquele jeito que deus nos acuda!

Patrick sorriu.

_ Pode deixar que ele vai se comportar.

_ Você sabe o quanto te estimo. Mesmo que infelizmente, você não entrou oficialmente para a minha família, eu o considero como um neto. Então, meu querido, caso venha a precisar de qualquer ajuda financeira, não hesite em me pedir. Eu não sou rica, mas ajudarei com que eu puder.

Patrick agradeceu a boa mulher, mas recusou a ajuda, pois acreditava que não necessitava abusar da boa vontade de dona Chiquinha naquele momento.

Ele tinha conhecimento que ela não era tão bem sucedida financeiramente como o seu neto, mas que possuía uma vida confortável.

Dona Chiquinha lecionou literatura e língua francesa numa universidade federal renomada. Era uma professora bem conceituada tendo no currículo mestrado, doutorado e vários cursos de especialização nas áreas em que atuava. Apesar da idade avançada e de ser aposentada, ela ainda publicava livros de teoria literária e dava palestras para professores e universitários, o que complementa a sua renda mensal junto com a sua aposentadoria e a gorda pensão do seu falecido marido, que trabalhava como juiz.

Patrick ficou feliz em receber a visita de dona Chiquinha, pois tinha nela um carinho da avó que nunca teve, já que não conheceu nenhuma de suas avós.

O dia de entregar as chaves do apartamento estava próximo. Contudo, Matheus não tinha coragem de revelar a Patrick sobre a mudança que eles fariam para a casa de Renata. Ele temia magoar ainda mais o marido.

Não possuindo coragem para conversar com Patrick, Matheus foi até a casa de Renata pedir a ela para que fizesse isso em seu lugar.

_ Você tem o jeito de certo para conversar com as pessoas. Sabe usar as palavras adequadas para não machucá-lo.

Apesar de achar que cabia a Matheus fazer isso, Renata concordou por sentir pena do filho, o que discordou Marquinhos.

_ Nem pensar! Matheus, é você quem tem que conversar com o seu marido! Você não é mais um menininho que a sua mãe fazia tudo pra você. Se não tem coragem para conversar com o seu marido, terá coragem para encarar as durezas da vida? Renata, não! O Matheus quem deve fazer isso.

Matheus entrou em casa reunindo coragem para conversar com Patrick. Sentia um misto de medo e dó.

Quando entrou em casa, Patrick o recebeu com um sorriso, que foi desfeito no mesmo instante em que percebeu a aflição expressa no rosto de Matheus.

_ Aconteceu alguma coisa, meu amor?

Matheus se aproximou e o beijou. Deu um falso sorriso para tentar amenizar a situação.

Olhou para a mesa da sala e viu uma caixa de pizza, com dois pratos, dois pares de talheres (garfos e facas), um cortador de pizza, dois copos de vidros pretos e uma garrafa de Coca cola zero.

_ O que é isso?

_ Como você me ligou avisando que já estava vindo, eu arrumei a mesa para te esperar.

O que desagradou a Matheus foi perceber pela caixa que a pizza vinha da pizzaria de Jonas.

_ E você resolveu pedir pizza daquele lugar com tantas pizzarias por aqui por perto?

_ Eu não pedi. O Jonas veio me visitar e trouxe pra mim.

_ Hum...muito bem! Que lindo da parte dele concluir que estamos passando fome e nos trazer pizza. Olha, estou emocionado com tamanha solidariedade do Jonas.

Patrick abraçou Matheus. Já conhecia o seu gênio e não queria vê-lo irritado.

_ Amor, não precisa ficar bravo. Ele só quis me fazer um agrado, porque sabe que o meu sabor preferido é de frango. Ele não quis nos ofender. Por favor, não crie caso em cima disso? Eu não estou bem para brigar.

Matheus se sentiu péssimo pela atitude infantil ao ver a súplica de Patrick. Beijou-o na testa, sentou ao seu lado e segurou a sua mão.

_ Me desculpe. Eu não vou criar caso por bobeiras. Prometo que vou melhorar. Tá bom?

_ Oh, tão bonitinho o meu bebê quando se comporta. Merece até um beijinho.

_ Que injustiça! Um beijinho só é pouco! Eu mereço vários.

Patrick sorriu e o abraçou, enchendo o seu rosto e boca de selinhos.

Para não estragar a tranquilidade de Patrick, Matheus esperou que terminassem de lanchar. Conversaram sobre assuntos triviais, em que ele mais ouviu do que falou, pois aproveitou esse momento para reunir coragem.

Após o lanche, disse que iria lavar a louça.

_ Você lavar a louça! Você detesta lavar a louça!

_ Como você vive dizendo: "às vezes, na vida, temos que fazer coisas que detestamos."

_ Sei._ disse Patrick desconfiado.

Ao terminar de lavar a louça, Matheus sentou ao lado de Patrick, que estava próximo ao sofá assistindo TV. Puxou a sua boca pelo queixo a beijou.

_ Vida, precisamos conversar.

_ Sobre?

_ Um assunto um pouco complicado.

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Comentários

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Então essa história do padrasto abusador do Daniel é caô? Kkkkkkk

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