Glitter (parte 3 de 4)

Um conto erótico de Jader Scrind
Categoria: Gay
Contém 2001 palavras
Data: 11/05/2021 19:31:06
Última revisão: 12/05/2021 09:17:53
Assuntos: Gay, Homossexual

Jeferson só queria entender que magia era aquela, que poder era aquele que Daniel, um semi-desconhecido, exercia sobre ele. De onde vinha isso? nunca foi uma pessoa que sofreu, que teve algo que lhe faltasse nem era um homem carente, nada que explicasse como a sua boca não se rebelava, como a sua voz não saia em protesto. Ele sabia que era perigoso, sabia que qualquer um podia entrar naquele banheiro, e que aquilo podia ser um escândalo que abalaria a sua recém-recebida promoção, mas ali estava ele se deixando ser beijado até não ter mais folego, se permitindo ser encurralado contra a parede mesmo sendo maior e mais forte que o outro. Ali estava ele sussurrando no ouvindo de Daniel:

– Me come...

– Não, não vou te comer aqui, meu puto... vou te comer a hora que eu quiser, do jeito que eu quiser... – jogou as palavras na sua cara e saltou para o seu cangote.

Alguém girou a maçaneta da porta e isso deu a eles dois segundos para que parassem tudo, o tempo entre a porta e o corredor onde ficam as cabines e os espelhos, e Daniel o guiou para a cabine mais próxima, dando o tempo exato para fechá-la até que o homem do lado de fora ligou a torneira, lavando as mãos. Os dois espremidos naquele banheiro, colados peito no peito, se olhavam e era uma daquelas raras vezes em que só se olhavam, sem falar nada, sem se mover nenhum centímetro, e pareciam se conhecer mais quando vinham esses instantes, quando conseguiam respirar e o cheiro do outro entrava, intruso, nas suas narinas.

– A gente não pode fazer isso – Jeferson sussurrou para dentro dos ouvidos dele. – Eu sou casado agora.

– E tá aqui pedindo pra eu te comer – respondeu apertando a sua bunda, e aquele apertar de bunda estando os dois assim frente a frente, também era um abraço. – Relaxa, ela não vai saber se você não falar nada...

– Mas...

– Shiu... tá falando demais. Me beija aqui, vem.

Ele o beijou, e havia uma súbita e inesperada calma naquele beijo, como se as vezes as ondas em maremoto dessem uma trégua e Jeferson se sentisse boiando tranquilamente naquele mar suave. E o beijo foi se intensificando depois que a porta se fechou outra vez do lado de fora, mas não era Daniel quem fazia isso, o jovem sabia que se ficasse apenas parado e retribuindo, Jeferson é quem aumentaria a intensidade, aquele fogo não vinha só deles, longe disso, agora ali estava a língua de Jeferson invadindo sua boca com lascívia, aquele corpo se esfregando ao seu, se oferecendo, as duas mãos vieram até a sua nuca e agora se enterravam na raiz dos cabelos, se embrenhados entre os cachos loiros.

Daniel apertava as duas mãos nas bundas de Jeferson, como adorava aquela bunda. Era irresistível, ele inteiro era fora da realidade de tão gostoso.

Jeferson fez menção de se abaixar para chupar o pau do outro, mas Daniel não deixou, indo ele próprio um pouco mais para baixo desafivelando aquele cinto e deixando a calça do outro na altura dos joelhos. Empurrou-o com força contra a parede da cabine, e Jeferson gemeu recostado no azulejo frio, fechou os olhos e sentiu os dedos ágeis procurando seu cuzinho, dedilhando seu rego e o primeiro foi úmido rumo a umidade do seu corpo.

O gemido veio como um gritinho e Daniel tratou de tapar a sua boca “cu apertado da porra” sussurrou no seu ouvido enquanto afundava mais e mais, e depois voltou e foi outra vez, num ritmo cadenciado que deixava Jeferson fora de si. Tirou a mão por um segundo e aspirou o cheiro:

– Teu cu é sempre cheiroso assim ou se preparou pra mim, hein?

Voltou, agora com dois dedos, Jeferson de olhos fechados só conseguia se concentrar em uma coisa de cada vez, e agora toda a sua atenção era para abrir a bunda o máximo possível sem gritar de tesão.

– Responde! – exclamou dando um tapa forte, como se não houvesse risco de serem pegos a qualquer momento.

– HmmMhM – tentou dizer por entre os dedos do outro. E quando Daniel retirou a mão ele conseguiu falar: – Eu me preparei... me preparei...

– É... viu o macho no saguão e limpou bem o cuzinho, ne? Louco pra levar rola...

– Uhum... – deixou escapar, concordando, e tateou o corpo do Daniel, as pernas, até alcançar seu pau, que estava duro e inclinado para cima, tentando escapar da calça e chegar na altura do umbigo.

– Mas não vai levar, hoje não, hoje é teu dia de comemorar, patrão...

“Patrão” a palavra foi dita com uma malícia doída que fez o cu de Jeferson piscar várias vezes, e Daniel percebeu aquilo e acertou um tapa na sua bunda. Ele se abaixou e chupou aquele cu, chupava entre as enfiadas de dedo, e os tapas bem dados.

– Hoje vai gozar na minha mão, tá me ouvindo? – afrouxou a gravata num movimento de playboy de filme antigo e voltou a enfiar os dedos todos babados na bunda de Jeferson, que já não era capaz de se manter em silêncio, mesmo tentando se conter agora urrava feito bicho, fera no cio. – Vai gozar com meus dedos pra ficar na vontade... Vai, goza pra mim, chefão, goza pro teu macho!

Jeferson começou a bater uma, seu pau estava sensível de tão duro, e cada vez mais ele batia a sua punheta mais seu cu implorava por mais, apesar dos dedos longos e experientes queria mais, queria um pau, uma pica de 20 centímetros que ele sabia que Daniel guardava naquela calça, e Jeferson involuntariamente rebolava, empurrava o corpo para trás, querendo mais centímetros de dedos onde não havia.

– Isso, rebola, mostra que tava com saudade do teu homem. Assim! Assim! Tá gozando né, meu puto? Tesão nesse cu, gozando com dedada...

Jeferson sentia o corpo em espasmos, como se cada musculo estivesse entregando um pouquinho de energia vital para que aquilo fosse possível, para que aquele gozo saísse com aquela força toda do seu corpo, e veio feito um tiro, os jatos fortes de leite caindo no vaso sanitário, na parede, no chão. E Daniel se levantou abraçando-o outra vez pelas costas, o seu rosto encaixado no espaço entre o ombro e a lateral do rosto de Jeferson, seus cachos tocando na pele suada do outro que aspirava o perfume daqueles fios.

Respira. Respira. Ar. Fôlego.

– Tá tudo bem? – Daniel perguntou no seu ouvido, e agora era outra voz, quase outra pessoa.

– Uhum...

– Ótimo, vem vamos ali fora. – ele abriu a cabine sem se importar que o Jeferson estivesse com a bunda de fora, todo ofegante e gozado, e aquela bunda refletiu no espelho. Enquanto Daniel arrumava outra vez a gravata e se divertia vendo de canto de olho no reflexo enquanto o outro se arrumava lá atrás o mais rápido que podia. Daniel ajeitou o cabelo, aqueles cachos levavam muito tempo para ficarem daquele jeito, como se fosses desgrenhados naturalmente. – Eu vou segurar a porta para ninguém entrar, relaxa.

Daniel foi até a porta do banheiro e a segurou, o que dava tempo para que Jeferson viesse até a pia e se lavasse na medida do possível, e depois se arrumasse com o mínimo de compostura.

Do lado de fora ninguém tentou abrir a porta, o que era normal já que a maioria das pessoas no hotel preferia usar o banheiro dos seus próprios quartos.

– Já tá tudo certo, pode soltar – ele avisou e Daniel voltou para o corredor de espelhos.

Os dois lado a lado, dois reflexos no espelho, lavando as mãos como meros homens de negócio que por acaso se cruzaram por ali.

– Você não vai querer...? – Jeferson começou, mas desistiu no meio da frase.

– O quê?

– Gozar.

– Não, relaxa. – ele sorriu e modelos nas revistas do saguão deveriam pegar fogo naquela hora de tanta inveja que teriam daquele sorriso.

– Você trabalha mesmo na empresa? Que filial?

– A da capital.

– E como eu nunca te vi por lá?

– Acho que você devia se enturmar mais com os novatos do setor 2...

Fazia sentido, a empresa era gigantesca e Jeferson sempre foi muito atarefado com suas responsabilidades no setor 1, podia contar nos dedos as vezes que tocou os pés nos demais setores da sua filial.

– Não sabia que você morava na mesma cidade que eu – e olha que, apesar de tentar se enganar e fingir que não, tentou encontrá-lo depois nas redes sociais da vida, mas atrapalhava o fato de não saber o seu sobrenome, e além disso haviam se encontrado num quarto de hotel, o que significava que ele também não morava naquela cidade em que passavam o carnaval, e agora poderia estar em qualquer lugar do país.

– Eu não morava, me mudei para trabalhar ali – desligou a torneira, deixando as mãos secarem no ar quente. – Bem quando você está se mudando...

A ironia fria do destino. A filial do interior, a mesa diretora, a razão de estarem ali. Podia ser, desta vez sim, a última vez que se viam.

Ficaram em silêncio, imóveis. Não havia o que ser dito sobre isso, não havia o que trouxesse de volta aquela noite onde ambos estavam livres e sem preocupações, não havia o que retomasse aquela vida de carnaval, poder estar com alguém de corpo todo sem que ninguém tivesse nada a ver com isso, poder ter no próprio corpo o glitter do outro, o suor do outro. Não, não, eles tinham suas vidas, eles tinham o mundo que os obrigava a deixar aquilo tudo no passado, naquela noite descolada da realidade, e essa experiência aqui no banheiro de hotel. Talvez fosse melhor se não tivessem se visto agora, se tudo continuasse sob escombros em vez de terem reavivado esse sentimento todo tão somente para serem obrigados a enterrá-lo outra vez.

– Bom – Jeferson sorriu, amarelo, estendendo a mão, como se fossem meros colegas de trabalho. – foi bom te ver, Daniel... Daniel, como você disse que era seu sobrenome mesmo?

– Eu não disse.

Dois segundos de silêncio. Jeferson sabia que ele não dissera, lembrava de cada instante que tiveram juntos, mas jogou a pergunta no ar porque assim seria mais fácil de encontrá-lo nas redes sociais, de chama-lo algum dia quando por coincidência talvez acontecesse outra dessas confraternizações de empresa. Mas Daniel farejou na hora as suas intenções e não lhe daria a resposta assim tão de graça. Apertou a sua mão e o puxou para si.

– Quer ter meu sobrenome? Te dou até meu celular. Vai no meu quarto amanhã, quatro da tarde, e libera a tua agenda pro resto do dia.

– Eu não posso, a minha esposa está aqui, e o pessoal da empresa, eles vão me querer na festa de amanhã...

– Você que sabe, Jeferson. A escolha é sua.

Soltou a sua mão e deu as costas, mas nem chegou a dar o terceiro passo para ouvir a voz atrás de si:

– Que quarto é o seu?

Virou novamente, mexeu no cabelo, ajeitando o cacho que caiu sedutoramente sobre o olho direito.

– 413.

– Você vai me atender logo? Quer dizer... não posso ficar no corredor te chamando assim... as pessoas vão estranhar...

– Faz o seguinte, vou deixar a chave reserva do quarto liberado para você no saguão. Eu aviso o rapaz do check-in que estou esperando companhia – piscou o olho. – Você entra no quarto e me espera...

– O quê? Você não vai estar lá?

Daniel sorriu, se aproximando mais um passo, quase grudados outra vez.

– Confia em mim, vai, meu putinho?

Jeferson ficou surpreso e excitado com aquela voz, com aquelas palavras ditas assim, ali onde qualquer um poderia entrar ainda. Concordou, balançando a cabeça.

– Fala – Daniel insistiu. Ele sabia do poder que exercia, e não tinha receio de usá-lo.

– Confio.

– Ótimo – encerrou, ainda dando um selinho na boca de Jeferson, que ficou ali, estático, com os lábios entreabertos enquanto o outro se afastava. – Te vejo amanhã.

E saiu, restando apenas o silêncio.

***

Oi, gente, espero que estejam gostando. A última parte vai acabar ficando para amanhã.

Beijo.

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