Aqueles Olhos Azuis - Cap. 7

Um conto erótico de GuiiDuque
Categoria: Homossexual
Contém 4869 palavras
Data: 27/04/2021 03:12:34

~ continuando ~

#Pela última vez antes dos 18#

ㅤJá era Julho e faltava uma semana para o meu aniversário. Philip havia ido jantar lá em casa comigo e com meus avós que já sabiam que estávamos namorando e que também estavam muito contentes. Ele se sentia em casa e tratava os meus avós como se fossem os dele.

- Tem certeza de que não quer ir para Londres comigo e meus pais? – Perguntou ele.

- Eu adoraria, mas tenho que ficar, é meu aniversário daqui uma semana e meus pais me querem por perto só para dizerem que são presentes em minha vida!

- Eles se esforçam, Vini! – Disse meu avô.

- Ah. vô nem vêm, tu sabe que isso não é verdade!

ㅤEle se calou e olhou para a minha avó. Ela não disse nada.

- E outra Phil, você vai daqui a três dias, está muito encima da hora.

- É que eu queria passar contigo. – Disse ele.

- Teremos o ano que vem!

ㅤEle soltou um longo suspiro.

- Eu vi o Marcelo e o Bruno hoje, disse que é para você aparecer na casa deles antes de ir para Porto Alegre!

- Ok! – Concordei.

ㅤDepois de comermos, nos dirigimos para o nosso quarto e ficamos lá abraçados e deitados enquanto assistíamos televisão.

- Vou morrer nessas duas semanas sem te ver e sem sexo! – Disse ele rindo.

- Se tu vieres morto de lá saberei que não me traiu! – Ele me olhou com uma cara e eu ri.

- Já que amanhã você está indo para Porto Alegre... – Disse ele se aproximando e roçando seus lábios no meu pescoço me fazendo arrepiar por completo. – Acho que temos que nos despedir conforme a ocasião pede.

- E como seria? – Disse deslizando minha mão por seu braço até sua cintura enquanto colocava uma de minhas coxas entre as suas e esfregava em seu membro.

- Acho que você já sabe! – Disse soltando uma gemida, puxando minha camiseta para um lado enquanto beijava meu ombro e ia em direção a minha orelha.

- Não sei, não! – Menti.

ㅤEle pôs sua mão em minha cintura e me puxou enquanto me beijava.

- E agora? – Perguntou ele roçando seus lábios aos meus.

- Não faço à mínima!

- Sabe sim.

ㅤEle então veio por cima de mim e começou a me beijar lentamente enquanto deslizava seus lábios molhados até meu pescoço. Depois levantou meu blusão juntamente com minha camisa e ficou beijando meu abdômen até meu peito, dando leves mordiscadas. Depois de retirado, ele ficou de joelhos e tirou sua blusa e camiseta deixando a mostra seu corpo escultural, perfeitamente esculpido.

- Essa vai ser a nossa última noite antes de você completar 18 anos! – Sorriu.

ㅤDepois se deitou por cima de mim e começamos a nos beijar novamente. Suas mãos percorriam meu corpo de forma delicada, mas sabia eu que isso seria somente o início. Ele sabia preparar o terreno.

ㅤEu sentia todo o peso do seu corpo por cima de mim, ele não fazia questão nenhuma de aliviar. Queria me ter preso somente a si. Então quando chegou a minha cintura retirou minha calça e a jogou longe. Aí começou a lamber meu pau enrijecido por cima da cueca mantendo minhas mãos presas para que eu não fizesse nada.

ㅤEu estava enlouquecendo, principalmente porque às vezes ele dava uma pequena mordidinha. Depois retirou com certa dificuldade minha cueca com a boca e sem pensar duas vezes começou a me chupar. Tentei de todas as formas tirar minhas mãos que ele prendia. Com dificuldade consegui e pus em sua cabeça fazendo-o engolir todo meu pau.

ㅤPhilip me chupava com maestria e sua boca parecia ser feita de veludo. Ele chupava meu pau e de vez em quando lambia minhas bolas. Uns dez minutos depois pedi para ele parar, pois estava quase gozando.

ㅤNovamente ele veio para cima de mim e começos nos beijar até que eu pus a mão em sua bunda e ele a empinou para que eu retirasse sua calça de moletom. Estávamos nus, roçando nossos corpos com muito tesão. Depois ele ficou em pé na minha cama e me chamou com um dedo dando uma boa pegada no seu próprio pau.

ㅤCai de boca em seu pau que já estava babando. Primeiro comecei a lamber sua base e percorrer toda sua extensão com a língua. Ele tentou algumas vezes segurar minha cabeça e socar seu pau, mas conseguia me desvencilhar, deixando-o louco.

ㅤDepois comecei a lamber suas bolas até que pus as duas dentro da boca e a chupá-las. Ele socava o teto enquanto gemia, tanto que uma hora quase quebrou a luminária.

ㅤFinalmente comecei a chupá-lo, dessa vez ele parecia mais aliviado, mas muito mais excitado com seu pau duro como pedra. Devo lembrar que ele era todo lisinho o que me deixava mais louco. Eu também.

ㅤHoje ele me deixou comandar o ritmo dos movimentos da minha cabeça, ele somente a acariciava, dando, de vez em quando, pequenas pressionadas contra o pau dele.

ㅤQuando ele começou a se cansar de ficar naquela posição, se ajoelhou na cama e me fez deitar de barriga para cima. Em seguida pôs suas mãos por debaixo da minha bunda e a levantou, fazendo com que minhas pernas ficassem por cima de mim e meu cuzinho cara a cara com ele. Dessa vez ele fez um estrago. Ele metia a língua, os dedos, chupava, lambia, lambuzava o quanto podia, tanto que sentia sua saliva escorrer por minhas costas.

ㅤMinhas expressões eram as mais variadas possíveis. Eu gemia como um louco e quanto mais gemia, com mais vontade ele fazia seu cunete.

ㅤNessa mesmo posição ele pegou meus travesseiros e pôs por baixo do mim. Então ele pôs a camisinha e montou encima de mim enquanto se apoiava na cabeceira da cama. Ele socava, bombava, tirava o pau pra fora e colocava tudo de uma vez só. Ficamos nessa posição durante uns 10 minutos até que fiquei de quatro, posição que ele mais gostava e ficava doido de ver minha bunda empinada para ele.

ㅤEle me penetrava sem dó e sem piedade tanto que já estava acostumado e a dor que sentia se tornava prazer quase que instantaneamente. Algum tempo nessa posição ele me puxou pelo peito e ficamos colados um ao outro enquanto ele metia e rebolava e com uma mão batia uma para mim. Pouco tempo depois gozei. Foi porra para todos os lados. Ele levou sua mão até a boca e ficou lambendo e chupando os dedos com os restos da porra, e depois virando meu rosto para beijá-lo.

ㅤEle, por vez, se segurava para não urrar ou gemer muito alto por causa de meus avós, mas foram várias as vezes que não se aguentou. Depois fizemos um frango assado muito gostoso até que ele não se segurou e gozou dentro do meu cuzinho, mas com camisinha. Enquanto gozava, ele cerrava os dentes e mordia a própria mão para não gritar.

ㅤNo final, me puxou para si e nos beijamos até o banheiro onde tomamos banho juntos. Não acreditei quando vi. Seu pau ainda estava duro e ele me provocava fazendo o pau pulsar. Paguei outro boquete para ele enquanto sentia a água quente cair sobre nós. Ele já havia se escorado na parede e só com as mãos fodia minha boca com vontade.

ㅤQuando me levantei, fiquei de costas para ele e ele ficou esfregando seu pau em minha bunda e no meio das coxas. Ele encheu sua mão com saliva e depois passou no meu cuzinho até que me penetrou sem camisinha. Ele segurava meus cabelos com uma mão e com a outra me punhetava e eu me segurava na parede do box. Não demorou muito e gozamos quase que juntos.

ㅤFicamos debaixo do chuveiro nessa esfrega esfrega por um bom tempo. Ele lavava meus cabelos com o shampoo e eu passava o sabonete em seu corpo. Depois nos secamos e fomos para meu quarto dormir pois antes do meio-dia ele me levaria ao aeroporto. Dormimos abraçados. Pela noite eu sentia ele me apertar com mais força contra ele.

ㅤQuando acordamos pela manhã, tomamos café no quarto e depois nos vestimos. Minhas malas já estavam prontas, despedi-me dos meus avós e depois Phil me levou ao aeroporto. No estacionamento, dentro do carro, ele não parava de me beijar fazendo-me prometer que eu ligaria para ele todos os dias, pois faria o mesmo.

ㅤEle me acompanhou até a hora do embarque, quando nos despedimos me lembrei de uma coisa.

- Esquecemos de passar na casa do Bruno e do Celo! Eles vão me matar!

- Liga para eles quando chegar em Porto e ai explica o que aconteceu! – Disse ele.

- Não vai precisar, viemos nos despedir! – Disse o Bruno parando ao nosso lado com o Celo. Logo depois vieram a Fe, a Flávia, a Manu, a Rafa, a Eve, a Carol e o William.

- Pensou que iria viajar sem se despedir de nós? – Perguntou a Carol logo vindo me abraçar.

- Bah, me desculpem, acordamos tarde e eu não liguei para ninguém e me esqueci de ir na casa do Celo e do Bruno!

- Não se preocupe, o que importa é que viemos! – Disse a Manu.

ㅤNos despedimos fazendo a maior algazarra e quando fui em direção ao portão de embarque já começava a sentir falta deles, principalmente do Phil.

(Fim da Parte 14)

-

#De volta à Porto Alegre#

ㅤEu pertencia a uma família de classe alta, em outros termos, rica, muito rica. Quando morei em Porto Alegre com meus pais, desde cedo estudei em uma das melhores escolas particulares da região. Fiz aula de violão, piano, aulas de canto. Frequentei os melhores clubes. Viajei para tudo quanto é parte do globo terrestre.

ㅤNão nego, eu tinha uma vida de príncipe. Tudo o que eu queria eu tinha, até mesmo motorista particular, para me levar a escola, à casa dos meus amigos, shopping e o que fosse possível. O meio em que vivia era assim, cercado de muito luxo.

ㅤEra bom, muito bom, mas minha vida tinha suas limitações. Amigos eu só podia ter se fossem do meu “nível”, que tivessem status. Crianças metidas e arrogantes que eu não suportava. Por isso que meus amigos mesmo eu podia contar apenas em uma mão.

ㅤQuando cheguei, desembarquei e segui para o saguão, esperava ver meus pais ou até mesmo a ingrata de minha irmã, mas a única pessoa que veio foi o seu Antônio, nosso motorista, ou melhor, motorista dos meus pais. Ele era um senhor de cinquenta e poucos anos e sempre que eu queria dar uma volta por onde eu não devia, ele me levava e nunca contava aos meus pais.

ㅤQuando me viu, abriu um largo sorriso e veio me abraçar.

- Vinícius, como está? Veja como você cresceu! – Disse ele.

- E ai, Tônio? Como está? E a família?

- Estamos todos muito bem, fico feliz em vê-lo novamente, seus pais não vieram, pois estão trabalhando.

- Como sempre!

ㅤDepois seguimos para o estacionamento e percebi que meus pais haviam trocado de carro, estavam agora com uma BMW. Outra coisa sobre eles, é que todo semestre ou todo ano deviam trocar de carro. Carro ultrapassado era quase que um ultraje.

ㅤQuase vinte minutos depois chegamos ao bairro Moinhos de Vento, onde meus pais moravam. Eu já não me sentia mais parte daquele lugar, nem mesmo que tentasse eu conseguiria.

ㅤQuando entrei em casa a primeira pessoa que vi foi minha irmã e meu cunhado. Os dois estavam de saída. Minha irmã (Vanessa) era bonita, morena, cabelos compridos e muito bem tratados, magra e se vestia muito bem. Também tinha olhos verdes como os meus e também éramos um pouco parecidos, mas a antipatia a estragava. Meu cunhado era, simplesmente, meu cunhado. Não sei o que ele via na Vanessa. Em termos de beleza, era normal, não tinha nada a acrescentar. Moreno, cabelo estilo militar, 2º Sargento do Exército, filho de militar e de uma nutricionista. Carlos Eduardo.

- Olha se não é meu irmão quem acaba de chegar! – Disse a Vanessa me olhando de cima abaixo.

- Oi. – Respondi enquanto entregava minha mala para a empregada.

- Estava começando a pensar que nunca o mais veria por aqui! – Debochou ela.

- Acredito que você ficaria muito feliz, não é? – Perguntei.

- Tu não imaginas o quanto!

ㅤRevirei os olhos.

- Só para avisar, papai juntou seu quarto ao meu e lá fizemos minha suíte e do Cadu! – Disse novamente.

- Wow, para quem ia casar com um milionário e ter sua própria casa é um grande salto para o desastre ter que juntar o seu quarto com o meu e o Carlos Eduardo vir morar aqui depois de casados!

- Cala a boca, Vinícius! – Disse ela vermelha de raiva.

ㅤCarlos Eduardo não falava nada, mas eu sabia que ele estava louco para avançar em mim.

- Aonde será a Lua de Mel? Numa pousada!? – Sem dizer mais nada sai do hall e a deixei falando sozinha.

ㅤMeus pais haviam reformado um quarto de hóspedes e posto minhas coisas que sobraram lá. Pelo menos eu ainda tinha visão para os jardins de casa. O quarto era menor que o outro, mas eu não fazia muita questão de ter um grande espaço até porque quanto maior era meu quarto, mais atolado de coisas ficava e sendo assim teria que me controlar.

ㅤDepois peguei meu celular e liguei para Phil. Logo ele atendeu.

- Já chegou, amor? – Perguntou ele.

- Já sim. – Disse desanimado.

- O que foi?

- Não me sinto bem aqui, o clima é pesado demais!

- Entendo... E seus pais?

- Foi como te disse, trabalhando, mandaram como sempre alguém fazer o trabalho deles. Você está indo quando para Londres?

- Depois de amanhã!

- Certo, quando estiver embarcando me liga para eu lhe desejar uma boa viagem! – Disse.

- Está bem, não esquece que eu te amo!

- Eu amo mais! – Disse a ele.

ㅤFicamos mais algum tempo conversando e depois fui andar pela casa para ver como as coisas estavam. Nada havia mudado, a não ser pelas minhas fotos que haviam sido substituídas por outras. Qualquer um que entrasse ali diria que Vanessa era filha única. Eu tive que rir, não conseguia acreditar em como eles podiam ser tão desprezíveis. Era a única palavra que naquele momento eu conseguia descrevê-los.

(Fim da Parte 15)

-

#O Fim de Uma Fase, Começo de Outra#

ㅤJá estava anoitecendo quando meus pais chegaram em casa. Minha mãe foi a única que veio até mim e me abraçou e perguntou como eu estava, como havia sido a viagem e como estava os estudos, mas daquela forma automática que aqui eu não sei explicar. Talvez possam estar que eu estou sendo exagerado, mas não, eu os conhecia muito bem, na frente dos outros parecíamos ser a família mais perfeita, por trás, eles falavam mal de Deus e o mundo.

ㅤMesmo assim fiquei um pouco mais feliz com seu gesto. Meus avós ligaram durante a janta e então fiquei conversando um pouco com eles até meu pai se intrometer.

- Será que dá para você desligar o telefone e vir jantar? – Perguntou estupidamente. – Tu ficas um semestre inteiro sem nos ver e aí quando está jantando conosco vai conversar no telefone com teus avós!

- Desculpa se eu estou dando satisfações a eles uma vez que neste tal semestre em que insistes falar, foram eles que tiveram a boa vontade de cuidar de mim! – Retruquei.

- Não me respondas! – Disse ele alterando a voz e batendo com o punho na mesa.

- Faça-me o favor de parar com essa pose de pai de família!

ㅤMinha mãe, minha irmã e meu cunhado me olharam com a cara feia.

- Senta-te à mesa agora antes que eu tenha que me levantar e lhe fazer sentar a força! – Disse ele já irritado.

ㅤSentei-me, mas não por sua ameaça, mas por educação que ainda me restava. Jantei em silêncio. Quando me dirigiam a palavra eu respondia com monossílabos.

- Depois que ele foi para São Paulo, ficou impossível! – Disse meu pai para minha mãe como se eu não estivesse ali.

- Nem parece que é nosso filho! – Concluiu minha mãe.

ㅤSem falar nada me levantei da mesa e quando ia me retirando meu pai disse:

- Quem lhe deu permissão para se levantar? – Perguntou. – Esqueceu que tu só podes fazer isso quando eu me levantar?

- Eu me dei permissão desde o momento que vocês começaram a me tratar como um estranho e não como um filho, ou seja, desde sempre!

ㅤEle levantou-se e avançou para cima de mim. Quando ele estava levantando a mão para mim, eu gritei com ele.

- BATE! BATE! – Provoquei. – BATE COM FORÇA PARA DEIXAR MARCA! VAMOS! MOSTRE O MACHO QUE TU ÉS! MAS QUANDO FIZERES ISSO, IREI DIRETO PARA A DELEGACIA ACABAR COM ESSA TUA POSE!

ㅤMinha mãe estava horrorizada tanto que se levantou e foi segurar meu pai, bem como meu cunhado. Meu pai mais enfurecido impossível. Virei e fui para meu quarto e lá me tranquei. Deitei em minha cama e liguei a televisão. Fiquei assistindo até adormecer.

ㅤEu havia voltado para minha pacata vida de antes. Não via a hora de voltar para junto de meus avós, meus amigos e meu amor. Eu também estava decidido que antes de voltar a São Paulo eu contaria aos meus pais. Já estava mais do que na hora deles saberem sobre minha opção sexual, sobre meu relacionamento.

ㅤFaltava um dia para meu aniversário, Phil havia me ligado há alguns dias dizendo que estava embarcando. Durante todos os dias ele fazia questão de me ligar e eu a ele para saber como estava. Meus avós maternos haviam chegado pela manhã dizendo que já haviam comprado meu presente, mas só quando voltasse pra São Paulo eu saberia o que era. Minha mãe que pedira folga por esses dias andava de um lado para o outro organizando a decoração do meu aniversário de 18 anos, bem como o jantar e etc. Minha avó a ajudava. Meu pai mal ficava em casa, depois que brigamos, mal nos falávamos. Já podia até o ver falando em frente a todos que eu era um bom filho, que me admirava e amava, que eu era um exemplo a ser seguido.

ㅤMeu celular tocou novamente. Era Philip novamente. Será que havia acontecido alguma coisa.

- Phil? Aconteceu alguma coisa? – Perguntei logo que atendi.

- Já recebeu o presente que eu lhe enviei? – Perguntou.

- Não, por que?

- Ahh, que droga?! Tem certeza? Puts, o correio não entregou?!

- Não, eu estou falando sério!

ㅤNeste momento a campainha tocou.

- Ou melhor, pode ter chegado agora! Espera ai! – Disse enquanto me levantava e passava correndo pela empregada em direção a porta. Desci a pequena escadaria correndo e quando virei dei de cara com o Philip parado no portão com o celular no ouvido.

- Acho que já viu o presente! – Disse pelo telefone. Ele, então, sorriu.

- Eu não acredito que você deixou de ir para Londres e veio para cá! – Disse ainda sem acreditar.

- Viu o quanto você é importante para mim?!

ㅤEu abri o portão e apenas o abracei pois minha mãe já estava descendo para ver quem era.

- Quem é? – Perguntou ela.

- Ahn, este é o Philip, um amigo meu de São Paulo! Veio para o meu aniversário!

ㅤEla sorriu para ele e logo se apresentou.

- Meu nome é Anelize! Espero que fique a vontade! Vini, leve seu amigo para dentro e apresente-o aos demais! – Disse ela esbanjando sorrisos. Falsa!

ㅤQuando entramos, minha irmã ficou de olhos arregalados. Não era por menos. Phil era um Deus Grego, até as empregadas ficaram estarrecidas. Meus avós quando o viram, o cumprimentaram como se já o tivessem visto.

- Espera aí, vocês...

- Aham! – Concordou meu avô piscando o olho sem me deixar terminar de falar.

ㅤEra óbvio, o Phil havia vindo com eles, se não ele nem saberia como chegar aqui. Depois de apresentá-lo a todos subimos para meu quarto e lá, quando fechei a porta ele me agarrou e começamos a nos beijar para matar ao menos uma parte da saudade.

- Cara, estava louco para te ver! – Disse ele mordiscando meus lábios.

- E eu? Já estava começando a me arrepender de não ter ido para Londres contigo!

- Na verdade já estava tudo armado entre eu e seus avós. – Disse ele.

- Bah, vocês três não prestam!

- Vai dizer que não gostou? – Perguntou.

- Eu amei! – Confessei.

ㅤFicamos nos beijando e fazendo carinhos um no outro durante algum tempo até que descemos e eu fui levá-lo para conhecer o bairro.

ㅤQuando voltamos, Philip jantou conosco. Meu pai já havia voltado, seu humor se transformara da água para o vinho quando o vira. Parecia outro homem, mais simpático, mais humorado, enfim, mais tudo. Mal sabia ele que Philip era seu genro, o homem que eu amava. Minha irmã se pudesse ter trocado o noivo por ele, teria feito sem pensar duas vezes.

ㅤA janta correu tudo muito bem, bem até demais. Depois ficamos conversando até tarde e eu insisti para que ele dormisse ali, mas ele achou melhor ficar num hotel que havia ali por perto e que pela manhã cedo viria me ver para que pudéssemos dar uma volta pela cidade.

ㅤEu dormi feliz e ansioso. Feliz por ele estar ali, a poucas quadras de distância e ansioso para vê-lo o mais breve possível, para tocá-lo mais uma vez, beijá-lo, fazer amor. Mal sabia eu que aquela noite, seria a última em que eu passaria ali naquela casa com meus pais. Mal sabia que seria a última vez que colocaria meus pés ali durante muitos anos.

ㅤEu e Phil passamos a manhã fora. Só voltamos para o almoço, pois minha mãe insistiu. Alguns parentes já haviam chegado e minha casa aos poucos ia ficando tumultuada, tanto por causa deles, como por causa dos decoradores e dos cozinheiros que andavam de um lado para o outro.

ㅤQuando chegamos, não acreditei quando vi Celo, Bruno, Manu e Rafa. Eles também haviam vindo para meu aniversário. Nos cumprimentamos e nos abraçávamos. As meninas haviam dito que Celo e Bruno eram seus namorados, mas mesmo assim, minha mãe não deixava de olhar feio para eles por causa do modo espontâneo que agiam. Conversamos durante algum tempo e depois subi para meu quarto com Phil.

- Você está querendo me matar do coração? – Perguntei a ele.

- Eu tinha certeza que você gostaria que eles viessem, os outros realmente não puderam vir, mas deixaram seus presentes na casa dos seus avós!

ㅤSem pensar duas vezes eu o abracei apertado. Ele pôs suas mãos em meu rosto e sorriu dizendo um “Eu te amo” silêncioso enquanto se aproximava e, por fim, me beijava. Apenas me afastei dele quando ouvi um estouro. Meu pai nos olhava parado na porta, que estava escancarada. Eu podia ver a fúria em seus olhos.

- O QUE VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO?! – Perguntou ele atropelando suas palavras.

ㅤPhil ficara totalmente sem jeito, envergonhado e assustado. Ele não sabia o que fazer, muito menos eu. Meu pai me pegara pelo braço e me levara até as escadas que davam para o térreo. Quando chegamos faltando uns quatro degraus para o térreo, o pessoal veio se juntar para ver o que acontecia.

- DESONRANDO A SUA PRÓPRIA CASA, SEU VIADINHO DE MERDA! – Dizia ele apertando meus braços e me chacoalhando. – BEIJANDO OUTRO MACHO NA BOCA! – Dessa vez ele apontava para o Philip que estava parado a alguns metros atrás de nós.

ㅤEu estava sem reação nenhuma, muito menos Phil. Não o culpava de forma alguma por isso. Nunca esperávamos que meu pai aparecesse do nada e nos pegasse de surpresa.

ㅤMeu pai então me empurrou das escadas e eu cai rolando até o chão. Por sorte não me machuquei feio. Apenas cortei a cabeça, pois senti um filete de sangue escorrer pelo meu rosto, alguns arranhões e galos. Lembro-me até hoje. Meus tios tudo apavorados, meus primos mais ainda. Minha mãe e minha irmã sem entender.

ㅤQuando meu pai foi avançar novamente em mim, meu cunhado o segurou pelos braços e o prendeu. Philip desceu correndo e se agachou ao meu lado, pois sabia que em breve eu começaria a passar mal por causa do sangue, mas por sorte nada aconteceu. Eu estava tão apavorado que me esqueci totalmente desse “pequeno” detalhe. A Manu havia corrido até o banheiro e trouxera a toalha de rosto molhada para passar no corte e estancá-lo e a Rafa, Celo e Bruno seguravam Philip para que ele não se aproximasse do meu pai.

- O que está acontecendo? Pelo amor de Deus, Henrique! – Implorou ela.

- EU PEGUEI ESSES DOIS VIADOS SE BEIJANDO NO QUARTO! SE BEIJANDO! SEM VERGONHA NENHUMA!

ㅤEle tentava se desprender do meu cunhado, mas não conseguia. Phil se irritou tanto que começou a gritar com ele.

- CALA A BOCA! CALA BOCA, SEU VELHO RIDÍCULO! QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA NOS CHAMAR DE VIADO?!

- FICA QUIETO VOCÊ! VOCÊ ESTA SOB MEU TETO! – gritou meu pai. – É TU QUE COME O RABO DELE OU ELE O TEU? – Zombou.

ㅤMinha mãe já havia entendido tudo. Ela não falava nada. Apenas via suas lágrimas escorrem pelo seu rosto. Quando meus avós foram se meter no meio Philip conseguiu se desprender dos braços do Celo, do Bruno e da Rafa e voara contra meu pai dando um soco nele e o atirando para trás, contra uma mesinha que havia na parede com um vaso de flores e um espelho.

ㅤDepois levantei-me com dificuldade observando meu pai jogado ao chão. Meus parentes nada faziam, ficavam observando tudo. Aquilo me irritava, eu queria que eles fossem embora.

- VÃO EMBORA, BANDO DE FOFOQUEIROS DOS INFERNOS! VÃO EMBORA! – Gritei os assustando.

- FIQUEM! – Mandou meu pai. – E OLHEM BEM PARA ESSES DOIS! – Apontou para o Phil e depois para mim. – VIADOS! DESONRANDO O MEU SOBRENOME!

- Pai?! – Disse já chorando. – Por favor, entende. Eu amo o Phil e ele me ama... Por favor!

- EU NÃO SOU TEU PAI! – Disse ele me olhando nos olhos. Podia ver a fúria, podia senti-la emanando em minha direção. – NÃO CRIEI FILHO PARA SER PUTO DE OUTRO!

- Henrique, por favor, pare com isso! – Implorou minha mãe chorando enquanto minha irmã a abraçava.

- Vá embora! Suma desta casa! Não quero vê-lo nunca mais em minha vida! Prefiro a morte do que ter um viado debaixo do meu teto! – Ele levantou-se, mas quando foi avançar contra mim, meu cunhado o segurou novamente - SOLTA-ME PORRA!

- Não, eu não vou! Tu estás alterado demais! – Disse Carlos Eduardo.

- Olha bem o que você está fazendo, Henrique! – Disse minha avó.

- Você não pode expulsar seu filho da própria casa! – Disse meu avô.

- VOCÊS SABIAM DISSO?! VOCÊS SÃO OS CULPADOS POR ISSO! SÃO CULPADOS POR CAUSA DESSA ABERRAÇÃO QUE EU CRIEI DENTRO DA MINHA CASA!

- Cala a sua boca! – Mandou meu avô.

ㅤMinha avó se aproximou de mim e me abraçou enquanto eu chorava. Manu ainda estancava o sangue da minha cabeça.

- Eu já disse para você ir embora e NUNCA MAIS APARECER AQUI! NÃO CONTE COM MINHA AJUDA, SE QUISER DINHEIRO, VÁ DÁ O CU, SEU VIADO DE MERDA! QUERO QUE TU E TEUS AMIGOS SUMAM DA MINHA CASA!

ㅤSem dizer nada, subi correndo as escadas e fui em direção ao meu quarto. Peguei minha mala ainda chorando e comecei a por todas minhas coisas ali dentro. Tudo o que podia. Philip subiu logo depois, bem como a Manu e a Rafa. Minha avó por último.

- Desculpa! – Dizia Phil chorando me ajudando à por as coisas dentro da mala. – Não queria lhe fazer passar por isso!

- Não foi sua culpa, eu já planejava contar para eles antes de voltar para São Paulo!

- Vini, se acalma! Não vá fazer nada do que vá se arrepender depois! – Disse a Rafa.

- Já estou decidido! – Disse olhando para ele enquanto secava minhas lágrimas.

ㅤMinha avó se aproximou de mim e depois me abraçou. Ela chorava também.

- Conte comigo para o que precisar, meu anjo, aqui não é mais seu lugar. Vamos voltar para casa. Se já está decidido, não vou fazê-lo mudar de ideia, só quero que saiba que estarei o apoiando em tudo, no que for preciso!

- Obrigado, vó!

ㅤNão demorou mais do que dez minutos para minha mala estar pronta. Quando desci as escadas com o Phil logo atrás de mim carregando minha mala e os demais, minha mãe se desesperou e veio em minha direção pedindo, implorando para que eu não fosse. Não parei. Passei por todos de cabeça erguida. Principalmente por minha irmã que não demonstrava nenhuma reação.

ㅤPor sorte não vi meu pai em lugar algum. Lá fora já estava meu avô, o Celo e o Bruno.

- Tem certeza disso, Vini? – Perguntou o Phil.

- Tu viste a forma que ele nos ofendeu? – Perguntei a ele. – Estou mais do que decidido! Vamos embora!

ㅤO Antônio veio em minha direção e então perguntou se eu queria alguma coisa. Pedi para que ele nos levasse até o hotel onde os guris estavam e assim ele o fez.

ㅤPor muitos anos, foi a última vez que pus os meus pés naquela casa...

(Fim da Parte 16)

-

~ ai ai, triste essa situação de aceitação, passei por algo parecido e foi foda. felizmente quando me assumi, já havia lido este conto e muitos outros, adquirindo, assim, mais maturidade pra enfrentar toda a situação, que não deixa de ser foda; e, felizmente, os tempos mudaram e hoje a aceitação e o respeito é bem maior que antigamente, aparentemente.

espero que gostem, meus bens. comenteeeemm! até amanhã ~

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Comentários

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Ah odeio gente homofobica, são uns nojentos e imundos isso sim. Você dois são perfeitos um pro outro e não vai ser a família tóxica do Vini que vai atrapalhar isso

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JÁ IMAGINAVA QUE ISSO FOSSE OCORRER. ESSE PAI DEVERIA SER PRESO E SERVIR DE 'MULHERZINHA' PRA TODOS OS DETENTOS. NOSSA OS CAPÍTULOS ESTÃO CADA VEZ MELHORES, IMPOSSÍVEL NÃO CONTINUAR LENDO E FICAR ANSIOSO.

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