Coisas Disso ou Daquilo. (Recordações e Sexo)

Um conto erótico de Contador de Causos
Categoria: Heterossexual
Contém 8824 palavras
Data: 13/04/2021 14:38:54
Última revisão: 24/11/2021 11:38:11

Boa tarde amigas e amigos leitores.

É sempre um prazer, quando sinto inspiração, e vontade de colocar em palavras algumas das aventuras que vivenciei ao longo de minha vida.

Se cheguem, sentem por aí mesmo… passe o tereré adiante, e vamos lá!

Pois bem, isso me aconteceu quando estava com meus 16, quase 17 anos. Minha vida era bem agitada, apesar da pouca idade, as responsabilidades e meus ofícios diários me davam a sensação de ser um homem mais velho.

Naquela época, as pessoas tinham que saber se virar. As coisas não eram tão fáceis, e para garantir os cobres, só com muito trabalho e esforço. Muito mesmo, não havia espaço para fraqueza!!!

Meu tio sempre arrendava pastos de outras propriedades, e no término de um dos contratos, fui ajudá-lo a juntar o gado. O sítio onde ele havia colocado 250 cabeças de boi, contava com 54 alqueires. Quase todo formado em pasto. Braquiária era o que se encontrava nas 5 divisões do antigo retiro de leitaria.

Chegamos cedinho no sítio arrendado, e ao encostarmos os cavalos na frente da casa, fomos recepcionados pelo proprietário. Era um senhor de bastante idade, antigo cafeicultor, que por conta da malvada geada de 1975, derrubou toda a roça e formou em pastos os seus 54 alqueires. Havia deixado uns dois alqueires no entorno da antiga sede da propriedade.

Além da casa, mantinha preservados os velhos terreirões de secar café e duas tulhas para guardar sacarias.

Aquela propriedade era um museu da cafeicultura da primeira metade do século XX.

Após derrubar seus cafezais, formou pastos, comprou vacas leiteiras, e foi se aventurar no instável mercado de laticínios. É um ramo cheio de voltas, enroscos e alçapões. Vi muito homem sério e seguro, quebrar financeiramente com o tal de leite, refém dos laticínios!

Leite é bom no copo, e lucro mesmo, só para os atravessadores. Os tais compradores de leite dos laticínios. Estes, como sanguessugas, vivem explorando os pobres retireiros.

Vida ingrata, acordar todos os dias antes dos galos. Todos os dias!

Para quem lida com essa atividade, não existe feriado ou dia Santo. Ficar doente? É luxo!

Se o sujeito não tirar o leite (ordenhar) no horário certo, por qualquer motivo, corre o risco de adoecer os úberes da leiteira. Pode causar inchaço, e disso vem a febre, que pode virar uma mastite…

A tal mastite gera pus, diminui o volume de leite, a vaca pode perder apetite, fica amuada, e nas piores hipóteses, pode morrer.

Bezerro de vaca leiteira então, é mole de tudo. Tem que acudir ao nascer, pois do contrário, não consegue mamar sozinho, e pode ficar doente pela falta do colostro. Ou, se mama demais, pode ter curso (diarréia), e essa mata e infecta os currais.

Na época das águas (chuvas), o pasto é abundante, gasta-se menos com ração, e nessa breve alegria, o preço do leite despenca. É assim até hoje, essa putaria.

No inverno, o preço dispara, como que amarrado em rabo de foguete. Cheguei a ver 35% de acréscimo nos valores.

Então, o frio judia das criações, falta o pasto, precisa gastar uma boa grana em medicação e tratos… o lucro do pobre retireiro vai pelo ralo.

É uma judiação.

Nem vou entrar nos detalhes das químicas que colocam nos leites. Uma imundície de soda cáustica diluída em pequenas proporções, mas não deixa de ser soda. Os bicarbonatos de sódio para tentar regular a acidez do branco líquido. Vi com meus olhos, corrigirem o leite com tais produtos, e logo após, testarem com o "alizarol". Esse produto muda de cor conforme a acidez positiva ou negativa do leite.

Após as alquimias no lácteo, ministraram o teste de alizarol, e vi, como por mágica, um leite que servia apenas como lavagem de porcos, tornar-se puro, branquinho, como se tivesse tirado aquele momento da vaca. Sacanas!

Por essas e outras que o povo está fraco hoje em dia. Os hormônios (ocitocina) para evitar a mastite e aumentar os fluxos do leite pelos tetos da vaca. Enfim, química pura.

Vi homem sério perder o juízo com fazenda de leiteria. E quando uma vaca boa leiteira perdia a capacidade de produção, não havia outra solução. Era vender a coitada para o açougue, em preço de arroba de vaca magra. Prejuízo só!

Já o gado de corte é diferente. A vaca nelore quando está chegadinha para parir, desce o mojo (o úbere fica inchado), rabo meio esticado, aquele desconforto, e sempre desgarrada das demais da manada. A gente conhece só no olhar de longe.

Se tiver capão de mato, é ali que a nelore vai se amoitar para ter sua cria em paz. É um instinto ancestral da raça. Acho que lá no país de origem delas, a coisa devia ser feia. Parir em meio aos gritos dos pavões, macacos, leopardos e tigres. Precisava de valentia!

A vaca se deita, tem umas contrações, e logo aponta a cabeça do bezerrinho. A valente sopra e faz esforço. Às vezes até gemem. Eu ajudei em muitos partos de vaca e égua, sei como é!

E assim que aquele bezerro lindo, branquinho igual um floco de algodão atinge o solo, balança as orelhas, sopra as ventas… A mãe já está de cima lambendo. É coisa de pouquíssimos minutos. Cheguei a contar em relógio, não mais que 3.

O bichinho recém nascido se levanta, meio trêmulo, e vai esbarrando na mãe, como que guiado por uma força invisível, até alcançar as tetas. Estas nas nelores são mais finas, o que possibilita uma amamentação mais segura, sem dificuldade para o bezerro. O leite delas também é em pouca quantidade. Só o suficiente para o bezerro!

E quantas vezes fiz esse teste. Passados uns 5 minutos da primeira amamentação, me aproximava com o cavalo, e a vaca, brava igual uma onça, investia contra minha montaria, e depois corria para o lado oposto de onde estava o bezerro.

A danada tenta afastar os perigos para longe de seu nenê.

O bezerrinho, por sua vez, com menos de 10 minutos de vida, deita-se encolhido no meio do capim, e nem pisca. Fica imóvel, e se o peão não for cavaleiro experiente na lida, passa por cima da vitela sem nem perceber. É toda a beleza da natureza dos imponentes nelores.

Gado rústico, sem muita frescura. É um pasto bom, sal mineral e água limpa, o bicho se cria sozinho.

Já curar umbigos de bezerros nelores é uma bela aventura. Os danados são bravios em tenra idade. Experimente pegar um desses com 4,5 dias de vida pelas orelhas. Berram em desespero, e não tarda, todas as vacas chegam furiosas bufando e distribuindo chifradas em defesa do novo membro da manada.

E tem outra, se for curar bezerros em lida de curral, não demore muito em aplicar a medicação na boca ou umbigo. As vacas nelores, quando passam por um estresse desse, podem enjeitar os filhos. Depois tem que criar na mamadeira o bicho. Vi isso acontecer. Coisas de vaca!

Por essas e outras rusticidades, que muitos preferem lidar com gado de corte em grande escala, e não com gado leiteiro.

O dono do sítio todo educado veio nos recepcionar:

-Bom dia meus amigo, apeia e vamo achegando pra um café… o rancho é simples, mas de gente cristã e honesta…

Eu adorava a forma como as pessoas da minha região se tratavam no passado.

Sinto muita falta!

Estávamos em 5 cavaleiros, e assim que boleamos as pernas, amarramos a tropa embaixo de um velho pé de manga bourbon, que devia medir uns 15 metros de altura, se não mais.

Entramos no alpendre da antiga casa, e logo a esposa do velho sitiante nos trouxe um café bem feito, muito cheiroso, acompanhado de uma lata de uns 10 litros, cheia até a tampa, com bolachas de nata bem moreninhas no embaixo, crocantes, que derretiam na boca. Santa fartura interiorana!

Meu tio estava indo para acertar o último aluguel e tirar os bois, pois estavam em ponto de abate, e assim que bebeu o café da caneca, falou ao gentil senhor:

-O compadre me descurpa eu não te vindo onte, mai tava enroscado com a trabaiera na fazenda, e sorte o fio (eu) tá aqui com nois hoje…

Sorrindo o velho respondeu ao meu tio:

-Quisera Deus, que tudo homi fosse guniadu e apreucupado cas obrigação iguali o compadre… farta ainda dois dia pros acerto meu jovem!

Eram assim, meu tio e o meu pai. Nunca deixaram atrasar suas obrigações. Nunca!

Coisas de gente honesta!

E ficamos conversando por mais de duas horas com aquela simpatia em forma de pessoa.

Assim que meu tio olhou no relógio, viu que passava um pouco das 8:00hs, pegou o dinheiro que levava na capanga de couro, pagou o sitiante, que nem quis conferir o dinheiro, pois como ele mesmo disse: - nem carece de oiá, sei que tá nos conforme os cobre! Coisas de fio do bigode!

Fomos nos despedindo do velho, que todo simpático dizia, que no brotar dos pastos, depois das águas, a preferência seria do meu tio, ou do meu pai. Coisas de Palavra!

Meu tio agradeceu muito a confiança, e foi se despedindo do senhorzinho, que ficou em pé na beira da varanda, nos olhando seguir para a velha porteira de madeira que dava acesso aos pastos onde estava o nosso gado.

Lembro que aquela propriedade, tinha uns 3,5 a 4 quilômetros de comprimento. E fomos subindo pelo pasto. Pois no horário da manhã, o gado sempre está nas cabeceiras das invernadas, descendo para beber água, só em hora de sol mais quente.

Fomos devagar, conversando, dando risada, contando nossos causos, e sempre abordando nosso assunto favorito. Mulher!

Lembro do meu tio falar que estava com intenção de comprar um caminhão com gaiola boiadeira, mas isso nunca aconteceu. Ele achava que ia ficar mal acostumado demais se fosse dirigir um caminhão.

Gastamos pouco mais de hora e meia, e logo estávamos descendo com a boiada em passos lentos. Os bois estavam bonitos e gordos. Coisas de zelo!

A fazenda do meu tio ficava a uns 20 quilômetros do sítio, motivo esse que nos motivou a levar aquela ponta de gado tacada. Não passariamos por nenhum trecho de asfalto, só boiadeira de areião.

Assim que atravessamos com o gado pela curralama leiteira do sítio, me posicionei na ponteira da boiada e já assumi ofício. Repiquei o berrante em acordes de estradão. Coisas de ponteiro!

Aquele nosso modelo de transporte estava quase no fim de sua era naquelas paragens. Era cada vez mais raro se deparar com uma boiada tocada por terra por aquelas velhas boiadeiras. Meu tio e pai às vezes comentavam: -gosto de fim de festa!

Lembro de ver o velho sitiante encostado em um mourão do velho curral, chapéu de pêlo de lebre marrom encobrindo seus olhos. Estava visivelmente emocionado em ouvir o som do berrante.

Isso acontecia com muita frequência, e se tiver oportunidade, eu conto em outros causos, algumas situações tristes que presenciei, vendo velhos emotivos por conta do som de um berrante. Era saudade!

Sai acenando o chapéu para o velho, que só deu um toque na aba do chapéu e foi voltando para sua casa, meio que se escondendo por entre uns mamoeiros. Coisas de gente!

Assim que saímos na boiadeira, meu tio mandou eu seguir, e junto comigo na ponteira, um velho peão do meu tio, o João Roque. Era italiano também!

Uns 200 metros seguindo adiante, deixando o arrendamento e um velho magoado de coração partido, fomos dando rotina ao gado. Lá da ponteira eu ouvia os arreadores estourando suas piolas. Pareciam tiros. Coisas de chicotes!

Uns 3 quilômetros adiante, havia um cafezal sem cerca na frente. Já avisei em corneta aos companheiros, e logo um dos culatras veio se juntar ao João Roque na rebatida dos marrucos.

O povo daquele sítio estava terminando serviço de ruação na lavoura. E assim que os meus companheiros foram se aproximando, pediram para não fazer barulho, que logo a boiada passava por eles.

E fui repicando o berrante, chamando os bois, avisando que eu estava ali com eles, era só me acompanhar e logo estaria tudo bem.

Em frente aquela roça, todos se abaixaram atrás dos pés de café, espiando por entre as folhas, vendo bois berrando, peões passando, poeira vermelha levantando...

Quando olhei, mais adiante, no alpendre da velha casa de tábuas daquela propriedade, em pé, ao lado de uma velha roseira alta, uma senhora, bem velhinha. Tinha um lenço branco prendendo seus cabelos grisalhos, o rosto marcado por seus anos avançados, me acenava as mãos de forma triste, como que em último adeus.

Percebi tristeza em seus olhos, e já imaginei do que se tratava. Saudade dos velhos tempos de boi na estrada. Quem sabe, talvez fosse filha ou esposa de algum peão boiadeiro.

Acenando a mão, dei um toque de corneta no berrante, e fui deixando para trás uma senhora escondendo o rosto com suas mãos fraquinhas. Com toda certeza, ela também sentia saudades!

Seguimos adiante, e depois de uma curva à direita, boiadeira ladeada por cercas de arame liso das fazendas, logo a gadaria de ambos os lados vieram correndo e berrando. Talvez querendo nos dizer um oi! Ou quem sabe, também sentiam saudade, mesmo sem saber, do som do berrante.

O estradão foi inclinando, lombadas altas pela frente, os barrancos foram ficando altos, e logo os bois e vacas das fazendas perderam nossa comitiva de vista. E só ouvi berros de adeus. Talvez invejando os bois do meu tio, que caminhavam em liberdade pela velha boiadeira, sendo conduzidos em transporte elegante, bem à moda antiga. Coisas de comitivas!

Descemos por um trecho de cascalhos, e logo alcancei com minha montaria a ponte. Me lembrava quando havia uma velha ponte de madeira naquele lugar. Mas por capricho de um aguaceiro nas águas de 1981, rodou e acabou sendo substituída por ponte moderna de cimento e aço. Coisas de engenharia!

Os toc toc 's compridos dos cascos dos cavalos e bois faziam uma melodia bonita, bem sincronizada. E quando um boi berrava em cima dela, ou comigo esticando o fôlego no acorde do berrante, fazia eco por baixo da armação. Coisas de pontes!

Subimos a ladeira da velha boiadeira, deixando para trás o rio, ponte, bois e vacas, meeiros nos cafezais, velhos e velhas sitiantes, todos saudosos de nossa comitiva, peões, bois e berrante. Coisas de saudades!

Havia um longo trecho de areia fofa para cortarmos. E fui repicando o berrante a todo pulmão. Queria que meus acordes chegassem ao céu. Este estava azul, limpo, sem nuvens. Apenas garças voavam, e anus, dos brancos, faziam algazarra pelos taquarais. Penduravam nas pontas das varas, e eram tantos, que as balançavam com seus pesos. Olhavam os bois passando, e esperavam uma oportunidade para pousarem nos lombos e tentar encontrar algum carrapato gordo. Coisas de passarinho!

O sol das 10:00 hs estava castigando a todos, meu cavalo estava com sede, balançava a cabeça e abaixava a toda hora. Reduzi ainda mais o ritmo da marcha, e fui repicando o berrante de forma manhosa. Longos acordes…

Meu cavalo parece que agradeceu, soprou as ventas e alinhou o pescoço. Coisas de cavalo!

Era passado um pouco das 11:00hs, e vindo no meio de um poeirão dos diabos, um corcel II branco.

Repiquei na corneta, alertei meus companheiros. Logo o carrão foi matando a carreira, e estacionou do lado de uma velha grevilha à beira da estrada. A boiada receosa berrava, esturrava, orelhava, parecia até que temiam a máquina feita em aço. O condutor acenou a mão, acelerou, piscou o farol e deu um toque leve na buzina. Coisas de carro!

Logo o João Roque foi acudir o motorista, e colocou-se entre a lataria e a estrada, evitando de algum dos bois esbarrar na carroceria. Coisas de prejuízo!

Passei pelo homem, que devia ter seus 50 e tantos anos. Olhava com um brilho nos olhos, sorriso meio amargo, tirando o chapéu comentou:

-Ei menino, também fui ponteiro lá no Mato Grosso…

Respondi com um sorriso, um toque na aba do chapéu e um repique de "vamos-logo" aos bois. Pude notar uma lágrima discreta quase caindo, no canto dos seus olhos verdes. Aquele senhor sentado ao volante do seu belo corcel II branco, com toda certeza, também sentia saudade dos tempos das tropas e boiadas nas estradas. Coisas de mágoa!

Seguimos naquele passo lento, deixando um rastro de saudade por onde passamos. Eu, apesar da pouca idade, sentia aquilo tudo. Sempre ouvia dos mais velhos, que um dia, aquilo ia se acabar. Que toda aquela tradição dos transportes de boiada ficariam na lembrança, e muitos das gerações futuras, nem saberiam daquelas coisas sobre boi e berrante. Coisas de verdades ditas!

Passava do meio dia, sol a pino, encruzilhada larga, barrancos altos, repique de corneta e uns arrepios. Havia um tanto de velas coloridas e uns animais mortos sobre uns panos pretos e vermelhos. Era a entrega de algum despacho deixado no encontro dos caminhos. Berrante em acorde de rebatida, logo dois peões cercaram as bocas da encruzilhada, se benzeram e eu segui. Coisas de feitiço!

Os 250 bois nem se importando com meus pressentimentos, seguiram meus toques de berrante, e chegaram berrando por de trás do meu cavalo.

Seguimos por um quilômetro, e logo alcançamos um velho retiro abandonado. Era um terreiro cercado por uma velha cerca de aroeira em balaústres firmes, bem fincados. Havia uma velha casa de madeira, toda cheia de mato e ramas que subiam pelas paredes. Coisas de tapera!

O bom, era que havia um poço de água limpa e fria. Quem comprou aquele sítio, anexou suas terras em sua fazenda, mas deixou aquele local sem tranca na cancela, justamente para oferecer um refúgio aos viajantes. Um velho bebedouro em pedra e cimento, com água tocada por roda de vento, mantinha o recipiente sempre cheio, vazando pelo ladrão.

Coisas de água!

Encostamos a boiada naquele velho terreiro abandonado, e deixamos o gado e nossa tropa matar a sede, e descansar um pouco os cascos. Coisas de cansaço!

E por ali ficamos até quase às 14:00hs. Apertamos as barrigueiras, montamos e fomos seguindo viagem.

Chegamos na fazenda do meu tio, passava das 17:00hs. O sol ia sumindo pras bandas do oeste, o gado cansado foi colocado em um pasto próximo ao curral, onde haviam nos cochos, mistura de farelos com sal de engorda e água fresca nos bebedouros.

Tiramos as tralhas da tropa, deixamos os cavalos em piquete de grama estrela alta, e nos cochos, balaios de espigas de milho. Um prêmio pelo esforço do dia. Coisas de merecimento!

Chegamos na casa do meu amado tio, e ao adentrar o alpendre, fomos recepcionados por minha querida e amorosa tia. Sempre segurando o avental, seus longos cabelos presos por ramonas, os olhos rasos d'água, demonstravam o quanto lhe fazia falta um ou mais filhos. Coisas do destino!

Meu tio abraçava de forma carinhosa, olhava nos fundos dos olhos da sua companheira há quase 18 anos, não diziam nada, mas nem precisava. Ela estava feliz por seu sobrinho, eu, estar ali. Coisas de carinho!

Havia uma toalha limpa para cada um, ir se banhar. Abracei minha querida tia, pedi a bênção, e fui abençoado com todo amor. Motivo este, que deixava minha mãe ciumenta, muito tranquila. Pois sabia de todo carinho e cuidado que minha tia, querida, tinha comigo. Meu tio, todo satisfeito, suspirava, coçava o bigode, me olhava com ternura, coisa rara vinda daquele homem durão. Coisas de amor!

Após o banho, me encontrei com meus tios sentados à mesa, me esperando para um belo jantar boiadeiro. Arroz com batata doce, feijão tropeiro com muita linguiça, salada de beterraba, tomate e alface, ovos fritos, bifes imensos com muito alho e cebola, farinha de mandioca tostada, e para beber, jarras com sucos de seriguela e umbu, gelados e bem docinhos. Coisas de cozinha!

Jantamos em paz, os cachorros campeiros latindo do lado de fora, as cigarras fazendo aquele chiado manhoso, e nós, satisfeitos pela empreitada do dia cumprida sem acidentes e contratempos.

A sobremesa, sempre muito saborosa, era coalhada bem feita, grossa e geladinha. Colocava açúcar por cima, umas gotas de limão, e era só alegria. Coisas de família!

Todos de barriga bem cheia, minha tia foi arrumar tudo, eu e meu tio fomos deitar nas redes do alpendre.

Fomos fumar e beber um tereré gelado, para ajudar na digestão. Coisas de homem!

Meu tio disse que estaria mandando para o frigorífico aqueles bois, em poucos dias. Pediu para eu ficar e ajudá-lo nos trabalhos da semana. Havia momentos em que eu queria morar com meus tios. Mesmo amando muito meus pais. Coisas de adolescente!

E ficamos proseando, balançando nas redes. Meu tio me contando as histórias dele e do meu pai. Aventuras de uma época esquecida, onde os ponteiros do relógio moviam-se lentos, e coisa veloz, eram as Marias-Fumaças. Coisas de recordações!

Fomos dormir um pouco depois das 21:00hs. Dormimos com o sono dos justos.

No outro dia, às 5:00hs, todos estavam de pé, pois o dia seria de muitas obrigações. A mesa do café da manhã era um espetáculo. Leite com açúcar queimado, bem vermelhinho na caneca. Café meio amargo, broas de milho, pão que queijo, manteiga cremosa bem amarelinha, feita em casa, requeijão... Bolos de fubá e cenoura quase não cabiam. Sem falar nas bananas-maçãs, que perfumavam todo ambiente. Coisas de fartura!

Às 6:00hs, fui com meu tio até o mangueiro, local onde ele despachada as ordens aos peões. Meia hora de conversa, mais um café, dois cigarros, e tudo pronto.

Com as ordens distribuídas, acompanhei meu herói até a cidade.

Ele ia falar com um amigo dele e do meu pai, que estaria mandando os bois para o frigorífico em dois dias, se por acaso, ele não queria matar alguns. Pois havia perguntado ao tio, quando mandaria os bois para o gancho. Coisas de negócios!

Chegamos na cidade e fomos direto à casa desse amigo dos meus velhos. O homem não estava. Assim contou a moça empregada da casa.

Meu tio imaginou que ele pudesse estar na sua fazenda, e para lá nós fomos.

Uma meia hora, e lá estávamos nós. Meu tio estacionou a caminhonete na sombra de uma frondosa mangueira. O terreiro era de areia branca bem fina, rastelada com capricho.

Quem veio nos recepcionar, para minha grata surpresa, foram as mulheres da família.

Aquele amigo dos meus velhos era conhecido, não por seus bens materiais, e sim, por suas belas filhas e sobrinhas. Coisas de paquera!

Vieram nos cumprimentar, a dona da casa, as duas filhas e outras duas sobrinhas. Já me senti todo aceso.

A gentil senhora nos avisou que seu marido estava juntando um gado com a ajuda dos peões. Era para aguardar por ali mesmo. E fomos conduzidos para o alpendre do casarão, cercados por aquelas gentis criaturas.

A coisa estava boa para o meu lado, uma vez que as moças regulavam minha idade.

Logo chegou café, chá doce, beliscão de goiabada e bolachas de pinga. Assim que nos servimos, ficamos de prosa. A esposa do boiadeiro, muito educada, perguntava sobre minha tia, minha mãe e meu pai. Meu tio, pacientemente respondia a tudo, entre goles de café e docinhos, a hora foi passando.

As meninas me olhavam como se eu fosse um bicho. Torno a dizer, apesar da pouca idade, eu era mal falado, e tudo quanto era assunto de rabo de saia e safadezas entre os jovens, lá estava meu nome. Algumas meninas só me conheciam de vista, e pelas histórias contadas a meu respeito. E com aquelas quatro meninas, pouco contato tive. Mas confesso que me animei, pois de fato, eram todas belíssimas. Se falassem que eram irmãs, todos acreditariam.

Brancas, com um leve bronzeado nas faces, olhos e cabelos pretos igual um carvão. Lábios feitos da mesma forma, os quatro bem carnudos e vermelhos em tons de morango maduro. As espanholinhas eram uma tentação!

Eu era meio cabeludo naquela época, e ficava arrumando os cabelos a todo momento, rodando o chapéu nos dedos, balançando o pé, que por conta de uma pedrinha presa na sola da minha bota, fez meu tio, disfarçadamente me repreender:

-Fio, aquieta um pouco as perna...pelo amor de Deus...que até eu tô ficano aguniado com essa pedra riscano o chão (falou entre-dentes).

As meninas seguiam atrás da dona da casa, que muito desligada, tagarelava sobre coisas que meu tio fingia dar atenção. Coisas de carência!

E me olhavam, se entre olhavam, riam, disfarçavam, mexiam nos cabelos, mas em nenhum momento me perdiam de vista. E depois de um bom tempo de conversa, a gentil senhora tagarela vira suas atenções para minha desinteressada pessoa. Eu queria paquerar as gatinhas, não falar de coisas de casa:

-E você meu rapaz, a tempos não te vejo...Cresceu, é um rapaz bonito, já tem namorada?

Meu tio me olhou com aquela cara de cafetina, que só ele sabia fazer, as mocinhas riam, olhavam para o teto, demonstrando saber mais sobre mim, do que eu imaginava. A senhora me encarando, aguardava uma resposta, que só veio, após meu tio me dar com as costas de sua imensa mão, na minha coxa:

-Não senhora, tenho tempo pra namorar não, ando trabalhando muito, e quase não vou para a cidade!

E fiz cara de desamparado, obrigando meu tio a pedir licença, e ir fumar do lado de fora do alpendre.

A gentil senhora, achou uma judiação. Um jovem bem apanhado, na medida para arranjar um bom partido, solteiro.

Virou-se para suas filhas e sobrinhas e perguntou demonstrado indignação:

-Vocês não acham meninas?!

Elas concordaram com a gentil senhora, que sorridente, foi encher sua xícara com chá. Enquanto se servia, perdeu o rosto das moças de vista por um instante. Foi o suficiente para as quatro me olharem com aquele jeito de quem diz: - ah safado, quem não te conhece, que te compra!

Mas ficaram ali, me encarando, mexendo em seus cabelos, piscando os olhos vagarosamente. Aproveitando a segurança proporcionada pelos adultos presentes no local. Uma vez que, duvido, tivessem coragem de vir falar comigo na praça da cidade em sábados de missa.

Coisas de timidez!

Afinal, eu era safado com registro P.O.(puro de origem, raçudo), e meu nome era sinônimo de pecados fornicativos dos mais diversos. Um moço bandalho, gasto, degenerado!

As moças suspiravam por mim, mas nem todas tinham coragem de se aventurar. Elas tinham receios quanto às minhas carícias, e segundo corria à boca pequena, uma vez em meus braços, a moça estaria perdida. Até brincavam, que as teias da aranha estavam para as moscas, assim como meus braços estavam para as donzelas.

Coisas de fofocas! 😀

Meu tio só observava tudo por baixo da aba do seu chapéu. Ele se divertia com minhas paqueras, ficando todo orgulhoso de sua pequena cria de cafajeste.

A paquera estava gostosa, eu fingindo ter virtudes que jamais possuí, as meninas fingindo que acreditavam, a gentil senhora me elogiando, tencionando algum envolvimento com alguma das suas espanholinhas, e meu tio, bom, ele estava adorando meu desempenho.

A festa acabou quando ouvimos a peonada gritando com o gado. Era o amigo do tio chegando com a boiada no curral.

Meu tio me chamou, pediu licença às meninas e à senhora da casa, fiz o mesmo e fui acompanhar meu tio até o mangueiro. A poucos passos olhei para trás e pude ver as quatro me olhando e cochichando. Minhas orelhas queimaram na hora. Coisas de moças!

A caminho do curral, meu tio apelou comigo, e mandou eu avivar meus olhos, pois a gentil senhora estava tentando me arranjar com alguma das meninas:

-Vai besta, umas bichinha daquelas tem mai ranço e perigo que uma onça na croa (na impuca, na moita) e um sucuri no varjão, meu fio!!!

Meu amado e safado tio tinha razão. Nunca vi bicho mais perigoso e vingancista que mulher. Mas quem dá conta de viver sem elas? Eu não! Coisas do viver!

Chegamos na curralama, e logo o boiadeiro nos avistou. Foi uma algazarra daquelas.

O homem saiu para o terreiro com seu cavalo. Apeando, veio nos cumprimentar.

Ele gostava muito dos meus velhos, em tempos passados, era frequentador assíduo da casa de meu finado avô. Coisas de amizade!

Meu tio contou que havia buscado os bois no arrendamento, e mandaria para o frigorífico no outro dia, e se fosse do gosto do amigo vender os seus também. Para aproveitarem o bom preço negociado. Coisas de oportunidade!

O homem já se animou, e nos convidou para ir até a cidade, na intenção de ligar para o escritório do frigorífico, e pedir visita do comprador de boiadas. Meu tio confirmou que iriamos com ele.

Antes, o bom amigo disse que precisava delegar umas ordens aos peões, pois haviam uns bois que ele apartaria do lote, estavam com pouco peso.

Nessa hora pensei ligeiro igual um cometa:

-Tio, me dá licença, mas se o amigo quiser, eu posso ficar e ajudar na apartação, assim adiantamos um pouco o serviço deles… somos amigos ou não?!

O homem muito surpreso e agradecido por minha disposição, disse que por ele, tudo bem. Ia depender do meu tio me liberar.

Olhei com aquela cara de cachorro comedor de ovo para meu tio, que sabendo tudo quanto estava se passando em minha jovem mente, fez uma recomendação olhando no fundo dos meus olhos:

-Se cuida então e fica veiaco, faz bonito pro povo daqui...hã, num nega tua raça meu fio!!!

Deu uma piscada, um peteleco na minha orelha e foi com o amigo para a cidade fazer a tal ligação.

Meu tio o chamou para ir na sua caminhonete, e antes de sair, o amigo do tio gritou para um peão mais velho que eu ajudaria na apartação, e que era só pra tirar os bois magros. Pediu para eu montar em seu cavalo, que era bom de rédeas, meio esquentado, ligeiro, mas bom na lida.

Saíram acelerando, me deixando na fazenda sob os olhares da dona da casa, e das quatro meninas, que vendo a movimentação, e minha permanência na fazenda, criaram coragem e foram se aproximando.

Percebendo as gatinhas chegando, me fiz de desentendido e fui pegar o cavalão branco do dono da fazenda.

Avisei pra peonada que logo estaria lá dentro com eles. E fui arrumar as tralhas no cavalo do pai das moças.

Assim que fui me aproximando, vi que o cavalo era ligeiro, meio assombrado. Tem animal que é assim, só fica bem na mão do dono.

Ouvi que as meninas comentaram, que eu era louco por montar aquele cavalo maluco.

Eu era novo, mas peão custeado nas lidas de arreio. E não seria um cavalo refugando e estirando no toco que me espantaria.

Arrumei as tralhas, e por ser meio pesado para a idade, apertei um pouco mais as barrigueiras. Alonguei os loros dos estribos. Essa regulagem se dá encostando o ombro na argola da travessa dos loros. O estribo tem que ficar na altura da palma da mão. Coisas de cavaleiro!

Feito isso, o cavalão com as orelhas murchas, tremendo igual um maleitoso (pessoa com as febres da malária), cismado de tudo, parecia querer fazer arte. O velho peão, que devia ser o capataz do seu patrão, sugeriu trocar de montaria comigo.

Dei risada da sugestão do homem, que não falou por mal, só queria ter certeza que eu não fosse me machucar. Mas ele não me conhecia!

Antes, prevendo que haveria rodeio, peguei as esporas que o boiadeiro estava usando. Estavam amarradas no arreio. As calcei, apertei bem as fivelas, bati as botas no chão e avisei:

-Moças, senhora, me dêem licença, mas vai fazer cerração daqui a pouco!

Soltei o cabo do buçal, arrumei ele no maneador do cutiano, que por sorte estava sem pelegos e baldrana, o que facilitava se firmar no lombo durante os corcoveios.

O cavalo abaixou a anca e foi de fasto até bater o rabo nos paus no mangueiro. A peonada já nem queria saber de apartação, queriam ver a folia com o cavalo do patrão.

Coloquei a ponta do pé esquerdo no estribo, um de lá do curral gritou:

-Firma o górpi peãozim...o trem vai fede… ui ui ui…

Segurei firme as rédeas junto com as crinas da cernelha, sentei no caco do arreio, e quando o cavalo me sentiu firmado na tralha com os dois pés estribados, a coisa ficou feia meu povo.

Esse cavalo desembuchou, peidou comprido e arrancou pulando no meio daquele terreiro limpo por baixo dos pés de frutas.

Para não cair, e ficar bem balanceado no lombo do pagão, travei as rédeas perto dos meus joelhos, e carquei as esporas igual um galo índio no brancão pulador bardoso.

Esse cavalo pulou de roda, dava pinote, soltava a anca nas alturas, tentava guardar a cabeça no meio das mãos, igual burro pulador. Estaqueava no lugar, tentava morder minha canela, mas nessas horas, eu riscava o maldoso, do vazio as ancas com as esporas, e lá ia de novo, cavucando, saltando e urrando debaixo das rosetas. Coisas de doma!

Ficamos nessa brincadeira, segundo uma das moças, uns 20 minutos. Mas confesso a vocês, parecia uma eternidade, e ao mesmo tempo, tudo parava ao redor. A concentração era de 200%.

Por fim, em uma última tentativa de me arrancar do seu lombo, o branco pulador foi saltando, não como no início, mas com maldade ainda, tentou me esfregar na cerca do curral. Foi em linha reta saltando para frente, jogando coice pro céu, e bem na frente das tábuas, negou e pulou furtado, tentando me largar de cara nos paus. Eu, acostumado com a mulada da comitiva do meu pai, achei até graça do beiçudo tentar me arrancar do caco com aquela covardia.

Quebrei a cana de rédea do lado direito, com força, tranco de arrancar esteio, e fiz o malino teimoso socar as fuças nos paus. Ali venci a batalha contra o cavalo.

O animal sentiu a pancada e acalmou o fogo. O galope virou trote, que logo virou passos largos, e quando é fé, estava obedecendo os meus comandos de rédeas. Até recuando estava.

Mas o bicho que dorme com lombo no sereno, não se pode confiar.

Risquei ele nas esporas com um pouco mais de força. Não fez nada.

Arranquei o chapéu e passei na boca do cavalo. Não fez nada.

Chamei as esporas nas paletas (pescoço). Não fez nada.

Só trotava, igual cavalo de velho.

Aí foi grito por parte da peonada, que estava na torcida pelo peão aqui.

Encostei na porteira do mangueiro, apeei do cavalo, e ao me virar para as meninas, o cavalo fez menção em me acompanhar.

Fiz uns carinhos no focinho do animal, que demonstrou respeito por mim. E sempre que isso acontece, o cavaleiro tem que corresponder o bem querer.

Ele me testou, eu o testei, e assim, ganhamos o respeito um do outro. Coisas de cavaleiro e cavalo!

As moças estavam de olhos arregalados, não acreditando no que eu havia feito a pouco.

Logo me vi cercado pela peonada, pelas mocinhas lindas e a gentil senhora, que estava suando mais que tampa de marmita. Secando as bochechas com um lenço, me falou aflita:

-Menino, seu maluco, esse cavalo podia ter te matado...que perigo...meu Deus do céu…

Tranquilizei a gentil senhora dizendo que havia nascido no lombo de um cavalo, e aquilo foi só um passeio. Eu havia passado coisa bem pior ajudando meu pai e um índio que trabalhava pra ele, um tal de Miguelito, domar umas mulas redomonas. Que o tal índio havia me ensinado uns segredos dos bugres domadores.

O Miguel, quando ia domar, esperava a lua certa, e nunca usava botinas nos pés. Só montava descalço. Nem chapéu colocava na cabeça, apenas uma faixa de ramas trançadas com penas. Coisas de índio!

Esse negócio de trocar atenção com os cavalos, e falar com eles, igual se fala com gente, foi o Miguelito que me ensinou!

Aquele índio era cheio de mistérios, que vocês nem imaginam!! Coisas de amizade sincera!

Após receber os cumprimentos, ficando sob olhares de admiração por parte de todos, achei melhor continuarmos com os trabalhos de apartação. Montei no cavalão branco, agora mais calmo, entrei no curral, e fui ajudar os peões daquela fazenda nos serviços.

O cavalo era muito bom de rédeas, e sabia o que fazer na boca de uma porteira. Devia ter 400 bois naquele lote, e dos que apartamos, por não estar em condições e peso ideal, foram quase 100.

Era basicamente rodar o gado pelas mangas do curral, olhar, e quando aparecia um mais fino (magro), se gritava: - refugo. Os demais eram chamados de "boiada". Coisas de curral!

As quatro meninas, com idades em degraus, de 13 à 16, estavam paradas do lado de fora da curralama, prestando atenção em mim. Me senti devorado por oito olhos negros, e sentenciado por quatro bocas vermelhas como morangos, que sorriam balbuciando palavras...

As jovens descendentes dos espanhóis, eram encantadoras. Mas uma delas me encantou, a mais velha.

A moça possuía longos cílios , sobrancelha grossa, e algumas pintinhas pretinhas espalhadas pelo rosto alvo. Aquele cabelo que seguia liso até os ombros, para logo após, se torcer em voltas de mola larga, até quase a cintura.

Seu nariz era bem feitinho, e fazia um par harmonioso com aqueles lábios carnudos, vermelhos da cor de um morango. Coisas da tentação!

Eu rodopiava com o cavalo do seu tio, fazia poeira levantar. E a linda jovem espanhola, quando cruzava seus olhos negros com os meus, sorria discretamente, enchia o peito de ar, suspirava apertando com suas maozinhas brancas de dedos delicados, as tábuas rústicas do curral. Ficava ainda mais linda, quando a brisa, de forma caprichosa soprava, fazendo seus longos cabelos negros cobrir parte de seu rostinho lindo, grudando mechas em seus lábios.. Era um deslumbre o contraste de cores. Cabelo negro, boca vermelha, pele alva.

As outras três, tentaram a sorte, mas a prima mais velha, tal como fruta madura, ganhou minha atenção e dominou meus olhares.

Quando terminamos os trabalhos de aparte, os peões foram se dirigindo para o rancho dos trabalhadores para almoçar. Eu, logo após soltar o cavalo branco no potreiro, nem tive que escolher para onde ir. Fui convidado pela gentil senhora para acompanhá-las à mesa para o almoço.

As quatro meninas ficaram muito animadas por eu ter aceito o convite. E não havia o porquê de me negar aceitar um pedido tão atraente.

Passava um pouco das 11:00hs, quando tirei meu chapéu, pedi para lavar as mãos, logo apareceu uma toalha em fino bordado e um sabonete cheiroso. Era a moça mais velha, que sorrindo me entregava os utensílios de higiene. Quando estendi minhas mãos com as palmas para cima, na intenção de pegar a toalha, muito sutilmente, trocamos um leve toque de peles.

Vi aquele rostinho lindo corando. A bela e delicada donzela fechou seus olhos por um breve momento, pendeu seu rostinho, suspirou, e ao abrir os olhos, se deparou com os meus. Encarei a linda moça, sorri com malícia, demonstrando todas minhas intenções de rapaz vivido, jovem, porém conhecedor dos segredos de moças. Daqueles que se mostram em altas horas da noite em locais escondidos.

Coisas de namoro!

Após lavar minhas mãos, meu rosto, alinhar meus cabelos, sentei-me à mesa com as 5 da casa. O almoço, inesquecível, era pernil assado com muitas saladas e um arroz branco bem soltinho.

Fui servido com toda gentileza pelas jovens, que não sabiam o que fazer para me agradar. A gentil senhora, auxiliada por uma das filhas, a mais jovem das quatro moças, entravam e saíam da cozinha, buscando uma coisa ou outra.

A moça que tinha minha atenção, a bela espanholinha, perguntou se eu aceitava um suco de amoras. Aceitei!

Ela temendo não estar do meu agrado o sabor da bebida, provou antes de encher meu copo. Moveu a boca e passou a língua nos lábios, que ficaram ainda mais vermelhos por conta da coloração natural da fruta amora. Exclamou satisfação com seus lindos olhos negros. Encheu dois copos, mas antes de me entregar um deles, me adiantei e peguei o que ela havia provado o suco. Foi proposital!

Segurei o copo, o trouxe próximo de meus olhos, girei contra a luz, procurei pela marca de seus lábios. Quando encontrei as marcas de sua linda boca carnuda, trouxe à minha o vidro com a impressão, e antes de beber, beijei e torci o copo, deslizando por meu lábio inferior.

Essa atitude, causou outra vermelhidão em seu rostinho lindo. Mas ao invés de espantá-la, aquilo a conquistou de vez.

A menina havia caído em meu laço. E eu, em seus longos cabelos negros, enredado, cativo de seus olhos brilhantes, sedento por seus lábios em vermelho morango. Coisas de sedução!

O almoço transcorreu com alegria. As moças e a gentil senhora queriam saber mais a meu respeito. E fui satisfazendo a curiosidade das 5, dentro do possível.

Coisas de curiosidade!

Antes da sobremesa, a mocinha mais jovem, filha da gentil senhora, sorrindo maliciosa, fez um comentário, que no meu ver, hoje, considero e classifico como fora de hora. A mais jovem, tão linda e com as mesmas características genéticas das outras, comentou:

-Sabe Beto, ouvimos tantas coisas sobre você por aí, confesso que fazia um mal juízo da sua pessoa...você é muito legal, diferente e bastante corajoso...mas, conta o porque você não namora… se não quer mesmo ou o que… o que você procura em uma moça para namorar?

E mesmo jovem, ficou arrumando os cabelos, alinhando os ombros, em clara demonstração de interesse para o meu lado.

A prima mais velha, objeto dos meus desejos naquele lugar, nem me deixou iniciar as explicações:

-Sei bem o que é isso, PRIMA. Inveja, raiva, despeito e dor de cotovelo. Não é mesmo Beto? Conte aqui para nós, estamos entre amigos, pode se abrir, afinal, temos a MESMA IDADE, e creio que nos entendemos melhor, não é mesmo, BETO?!

Ficou um clima estranho entre as primas, a gentil senhora, vivida com tais assuntos de coração de moça, tratou de mudar o assunto, pedindo licença para retirar da mesa os talheres do almoço, dizendo para sua filha, a mais nova, porém tinhosa, auxiliá-la nos afazeres.

Antes de entrar na cozinha, a moça nova me olhou no fundo dos olhos, e de maneira direta, mandou no meu peito essas palavras:

-Foi um prazer recebê-lo em minha casa Betão, sempre que quiser, apareça, papai e mamãe vão adorar. Quem sabe, me leve para dar um passeio à cavalo, aqui mesmo, na FAZENDA DO MEU PAI!

E olhou furiosa para a prima mais velha, que devolveu as raivas com seus olhos negros para a prima mais nova. Era um belíssimo duelo entre faíscas e olhares. Duas moças, lindas, cabelos negros, olhos brilhantes, bocas vermelhas como morangos maduros. Coisas de ciúmes!

As primas do meio nem se atreviam a dizer nada, em clara demonstração de submissão às outras duas.

E eu, bem, confesso que estava amando ser objeto de disputa por parte das mocinhas lindas. E já sentia uma excitação começando me queimar por dentro. Partes adormecidas iniciando um despertar latejante.

Não sei como elas iriam resolver suas diferenças, nem me interessava. A única certeza, era que eu queria as duas, e na melhor das hipóteses, as quatro!

A gentil senhora, muito sorridente, tentando quebrar aquele clima ruim que se instalou no ambiente, perguntou se eu aceitava um doce, ou um café. Aceitei o café, dizendo que estava com vontade de fumar.

A senhora trouxe um café bem feito, quase sem açúcar, pediu licença, e foi entrando na cozinha para arrumar alguma coisa nas panelas. As primas estavam entretidas com as ajudas à dona da casa.

Bebi todo café, deixei a xícara sobre a pesada mesa em madeira de lei, e fui caçar uma sombra para fumar tranquilo, fazendo a digestão da refeição e das cenas com as moças.

Caminhando pelo terreiro, fumando tranquilo, admirando a beleza do lugar, as muitas flores plantadas eram magníficas. Rosas, margaridas, girassóis, beijinhos, cravos e onze-horas… tudo zelado com muito esmero. Parei ao lado de uma velha goiabeira de troncos retorcidos, com alguns balanços pendurados. Estava com meus jovens pensamentos longe, tentando acalmar meus instintos sexuais selváticos, quando ouço o ronco do motor diesel da caminhonete do meu tio.

Chegaram e já foram procurar por todos.

A senhora foi quem apareceu, e de onde eu estava, oculto por folhagens e moitas de azaleias, ouvi quando meu tio perguntou por mim.

A senhora, os chamando para o almoço, disse que eu estava fumando, andando pelo terreiro.

Me aproximei, chamei meu tio, que veio saber se estava tudo bem.

Disse que sim, estava tudo certo ao meu velho. E para o dono da fazenda, contei que apartamos quase 100 dos seus bois.

Agradeceu, me deu um meio abraço, uns tapas nas costas, muito agradecido por minha ajuda:

-Eita que sorte tem teu irmão e você meu amigo, pois um rapaz sacudido, nessa idade, é de muita valia em fazenda!

Sua esposa, nos conduzindo de volta ao alpendre, nos acomodou e foi relatando os acontecimentos para seu marido, e meu tio:

-Vocês não queiram saber o que aconteceu… Madre de Dios (se benzendo em cruz), você meu velho, deixou o menino Beto montar no seu cavalo, podia ter acontecido um acidente!

Os dois me olharam procurando alguma marca de machucado, meu tio coçando o bigode me pediu uma explicação.

A senhora, risonha, demonstrando admiração, continuou com seu relato:

-Esse seu sobrinho é um cavaleiro e tanto, apesar de muito moço, tem habilidade em domar… aguentou firme nos arreios… o cavalo até tentou, mas não conseguiu tirar ele de cima do lombo!

Meu tio todo orgulhoso, falou coçando o bigodão:

-Esse num nega nossa raça cumadre!

O fazendeiro, admirado, pediu desculpa pelo ocorrido. Sabia que o cavalo era ligeiro, mas não imaginava que fosse pular comigo.

As mocinhas só me olhavam de longe.

Os dois almoçaram, fizeram planos, combinaram coisas, riram, e no fim da refeição, me chamaram para ir olhar os bois no mangueiro.

Já passava das 13:00hs, quando chegamos onde estavam os bois. Meu tio e o amigo olharam, analisaram, e acharam boa a apartação daquele lote. Logo o velho capataz daquela fazenda se juntou a nós, e recebeu a incumbência de arranjar cavalos para ele e meu tio dar giro pelas invernadas. Perguntou se eu queria ir, mas preferi esperar por eles ali mesmo.

O capataz gastou uns 20 minutos, e logo os dois saíram com os peões para levar os bois que estavam no curral até um pasto mais próximo, facilitando o serviço na hora de embarcar a gadaria para o abate.

Eu fiquei por ali, sentado nas travessas do curral, fumando, distraído com a vida, quando uma das moças apareceu.

Era a prima de 15 anos, um pouco mais magra que as demais, porém, linda!

Disse que tinha um recado para mim!

Contou que a tia estava dormindo, como de costume, e as primas mais novas, estavam emburradas com a sua irmã, a mais velha, que me deixou interessado.

Me deu as coordenadas de onde encontrá-la, atrás da casa, descendo para próximo do galpão onde havia trator e alguns maquinários estacionados. Logo atrás havia um quartinho, e lá seria nosso local de encontro.

Antes de sair, avisou para eu não me demorar, pois a tia poderia acordar e dar falta da sobrinha.

Joguei o cigarro, agradeci, e do alto dos ripões do mangueiro, vi quando a boneca entrou na casa. Saltei ligeiro e fui caminhando, dando uma volta mais comprida, ficando oculto pelas flores e árvores espalhadas pelo terreiro.

Devo ter gastado uns 10 minutos para chegar ao local, que era bem afastado da casa da sede e da colônia dos peões.

Atrás do galpão, havia um tipo de cômodo onde guardavam sacarias com sementes, adubos, tambores de óleo, baldes de graxa… E muitas ferramentas.

Soube o que se guardava ali, pois quando cheguei, abri o trinco da porta, e constatei estar apenas encostada.

Confesso que estava com uma baita ansiedade, olhando desconfiado, mas o local estava bem escondido. Na frente da porta do quartinho, havia uns pés de carambola, mamonas e moitas de colonião bem crescidas. Perfeito. Coisas de amassos!

Abri um pouco a camisa, tirei meu chapéu... estava calor ali dentro. Meu membro dava claros sinais de animação.

Logo ouvi passos apressados, e pela fresta da porta, acompanhei a chegada de minha bela mocinha.

Empurrou a porta, me encarou com os olhos vermelhos, estava ofegante. Me encarou por um momento, seus olhos brilhavam, sua boca entreaberta, linda, tentava pronunciar alguma coisa, mas nada foi dito.

Deu dois passos em minha direção, para cair em meus braços. E permanecemos abraçados por um longo momento.

Seu corpinho estava quente, o tecido do seu vestido azul de flores amarelas estava colado à sua pele.

Após aquele abraço, olhou em meus olhos e pediu com sua boca vermelha um beijo.

Reclinei minha cabeça, com minha destra segurei sua nuca, com a mão esquerda, segurei em suas costas.

Boca macia, quente, molhada, hálito morno. Foi um beijo ardente! Éramos jovens, cheios de vontades, hormônios fervendo.

Matei minha sede daquela saliva gostosa de moça linda.

Meu corpo febril, a excitação, minhas mãos descontroladas percorriam todo o corpo daquela linda mocinha. Essa, totalmente entregue às minhas carícias, se contorcia aos toques de minha língua em seu pescoço e orelhas.

Tentei colocar sua mãozinha sobre meu membro pulsante. A moça assustou-se com o volume que se destacava sob o tecido de minha calça rancheira.

Toquei seus seios rijos, com volumes e dimensões de duas laranjas.

Me disse que aquilo estava indo longe demais, era para ter calma, ali não era lugar de fazer aquilo, poderíamos ser flagrados…

Parei com as investidas, olhei em seu rosto e pedi em tom de súplica: -vamos fazer gostoso, vamos!

Ela em desespero, querendo fugir do local, não me deixou outra escolha. Se não a possuísse da maneira que eu queria, pelo menos sentiria o sabor de suas intimidades.

Me abaixei, e não deixei tempo para ela pensar. Levantei seu vestido, colando minha boca por cima de seu sexo, que aquela altura, estava umedecido em excesso. Seu cheiro de fêmea jovem era forte, com tons ácidos, extremamente atraente ao meu faro e instintos de homem.

A linda mocinha de origem espanhola se contorceu, agarrou meus cabelos, gemeu com desespero, sentindo minha boca percorrer seu ventre, coxas, virilha e fenda úmida.

Fui abaixando sua calcinha azul, a deixei na altura das coxas. Eram lindas suas intimidades de contornos avermelhados, penugem negra rala, e mais adiante, no decorrer dos fatos, vim a descobrir sua virgindade.

Sugava todas suas partes, sorvendo seus fluídos perfumados…

A linda moça, totalmente fora de si, gemia alto, apertava minha cabeça contra sua xaninha delicada.

Pedi para ela se virar e apoiar-se no balcão de ferramentas. Nem titubeou, apenas obedeceu.

Com seus bracinhos esticados sobre a bancada, empinou seu belo bumbum redondo, ficando exposta, entregue as minhas safadezas.

Me abaixando novamente, com todo cuidado fui abrindo aqueles montes alvos, analisando sem pressa cada detalhe de sua anatomia perfeita.

Outra vez explorei suas intimidades com muita habilidade, indo e vindo, namorando de forma libertina seus recantos mais escondidos, perturbando o sossego de sua membrana virginal, com invertidas furiosas de minha língua.

Minha linda mocinha não se pronunciava, apenas gemia em demonstração de tudo quanto lhe ocorria em seu corpo.

E foi nesse frenesi, em meio a arrepios e frases desconexas, que fiz a linda mocinha ter um orgasmo. Literalmente sentou em minha boca, me fazendo beber todo néctar expelido por seu corpo perfeito.

Ficou agarrada à bancada, respirando com dificuldade, queixando-se de minha ousadia, sentido vergonha.

Tive que conversar muito com ela, acalmá-la, dizer que aquilo tudo era normal de se sentir…

Ao olhar aqueles olhos negros brilhantes, toda confusa, sentindo-se suja, uma pecadora, perdi a vontade de prosseguir com minhas intenções. A coisa teria que acontecer um outro dia. E aconteceu!

Arrumei a menina, abracei, beijei, a deixei ainda mais apaixonada por conta do meu jeito de ser. Cafajeste carinhoso. Coisas de safado!

Antes de liberá-la, combinamos de nos encontrar na praça da cidade no próximo final de semana.

E posso lhes garantir, que as coisas pegaram fogo entre eu e ela. Até cogitei namorar com a linda mocinha, mas a maldita perseguição, pegação no pé, ciúmes, me fizeram desistir de algo mais sério. Sem falar na sua prima, que passou a ficar mais na cidade, e acabei tendo um namoro rápido. Aquela sim era ciumenta e possessiva. Coisas de moça mimada!

Ela voltou para casa da tia, e eu para o curral. Meu tio e seu amigo estavam para voltar...

* * * * * *

São em dias como esse, tempo esfriando, que me pego lembrando das coisas que aconteceram em minha vida.

Das pessoas que conheci, os amores que tive, os lugares onde passei…

É, estou ficando velho. Aliás, velho não!

Estou com passado demais, e futuro de menos. Coisas de Véio!

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Comentários

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meu camarada se me permite, so vou comenta para que todos saibam que vc com certeza e o0 mio contado de causos deste site, chega mesmo inveja este teu jeito de marra seys casos , sensacional mem encontro palavras pra te dizer que somente fratidao por nos proporcionjar tao boa leitura abracos meu compadre

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O meu compadre, bondade sua. Saiba que o senhor é um excelente contista, dos mió!!! Sorte tive eu de esbarrar em teus causos cheios de safadezas, daquelas de fazer anjinho chorar no altar kkkkkkkkkkkk.

Obrigado pela visita e leitura!!!

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Garota Oculta, mesmo sedo uma moça, suponho de cidade, e grande, saiba que vivi inúmeras aventuras pelas várias capitais desse país. Aqueles perigos, eram deliciosos... E sim, procuro sempre tocar em alguns assuntos que fogem à temática do cdc. Espero realmente que tenha gostado! Um sincero abraço, e beijos bem safadosos !!!

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Bem pudera que eu fosse uma moça do interior, para viver esses "perigos". Lindo relato, recheado de conhecimento!

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Bem pudera que eu fosse uma moça do interior, para viver esses "perigos". Lindo relato, recheado de conhecimento!

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Falo sem receio que o compadre Dr. Wagner (Guinão), sabe das coisas. Sente com o coração e a alma as coisas que eu falo. Conto meus causos sem medo de agradar ou desagradar, esse ou aquele. Coisas de homem! Saudosos somos meu compadre. Saudade dos tempos velhos do boi na estrada. Quando o compadre ou outro leitor me contam que vêem pelos meus olhos os lugares e situações, me alegro. Vi de um tudo com meus olhos, hoje cansados, e quase sempre chorosos. Vi a mata florescendo na primavera, o amarelo dos Ipês, e sibipirunas, o laranja dos Flamboyants, o branco dos cafezais e algodoeiros. O azul brilhante dos rios grandes, o verde profundo das lagoas, o turvo barrento das corredeiras… barrancos multicores, pendões com mais de 3 metros do Jaraguá, touceiras do colonião, ramas da grama estrela. Bois e vacas brancas, pretas, malhadas e brazinas. Cavalos castanhos, pretos, rosilhos e tordilhos...todos! Burros e mulas petiças, do meio as de 7 palmos de casco a cernelha...todas! Das morenas tive o amor, das loiras tive a paixão, mas foi uma branca de cachos pretos, que roubou meu coração! Sofri e chorei, me alegrei e sorri. Vivi com intensidade. Amei a todas! Fui amado. Se pudesse fazer um pedido, coisa certeira. Pediria um coração maior, pois este aqui, já não cabe tanta saudade! Coisas da vida!!!

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Mais uma vez o compadre Betão me tira da cadeira e com ele vou para a lida de mato e gadaria ,coisas de escritor.

Vejo pelos olhos de quem escreve ,gentes,lugares, situações, saudades.coisas de leitor.

Sinto o cheiro,do mato,ouço o gado,e o tropel, o repique do ponteiro que com o berrante nas maos faz se maestro e condutor, coisas de artista.

Através de suas palavras sou mais um convidado na mesa da familia espanhola,fartura,respeito,prosa arrumada,sem falsidade ou malvadez,coisa de gente de casa.

Dos olhares furtivos e interessados das moças sinto o frio na barriga em pensar que alguma daquelas moças tambem me veriam e quiçá até me queressem bem,coisas de sonhador.

Do cavalo bardoso prescinto maldade e desafio de jogar mais um no chão,ledo engano o dele pois o compadre já se boleou sabendo que a empreitada era difícil mas não impossivel,coisa de doma e curral.

Da espanhola donzela imagino o cheiro dos cabelos o negrume dos olhos p calor do sangue,coisas de alcova

Do encontro escondido o coração disparado a boca seca as maos geladas, do primeiro beijo imagino as alturas das nuvens as borboletas no estômago,coisas que já não sinto mais.

O gosto do corpo da moça e de seu sexo imaculado teimam em me fazer lembrar de alguém que o passado encerra,coisas de safadezas de namorados.

O conto todo me faz lembrar,rir e chorar ,querer mais prosa desejar mais aventura,alegre ou triste. Coisas de companheiro e amigo.

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