O NOVO NORMAL - A DESPEDIDA (PARTE 12)

Um conto erótico de Álvaro Campos
Categoria: Heterossexual
Contém 3695 palavras
Data: 10/02/2021 23:07:47
Última revisão: 29/09/2021 21:16:06

Fazia pouco tempo que a praia de Tambaba havia sido reaberta, depois de longos meses de fechamento. Quando, às oito horas da manhã, de uma quinta-feira, nós quatro adentramos no espaço daquela praia, vimos apenas um grande deserto de pessoas ou automóveis. Ninguém sequer para cobrar pelo estacionamento ou nos dar qualquer tipo de informação. Talvez fosse por conta do dia da semana, do horário, da quarentena, ou de todos esses motivos em conjunto, que Bia logo pressentiu que a praia seria completamente nossa e foi logo tirando a roupa. Na mão esquerda, ela levava apenas uma cesta de praia com protetor solar, toalha, água e um pequeno lanche; enquanto, na direita, trazia um adolescente intimidado, que não sabia onde esconder o rosto e, em vão, tentava avisá-la que aquele trecho da praia não era naturista.

Bia saiu percorrendo as areias, junto com Roberto, e fingiu que nada via quando um casal de banhistas começou a olhá-la e a rir ao mesmo tempo, apontando uma escadinha de madeira que ficava a cerca de 200 metros do início da praia. Em cima da escadinha, lia-se: “aqui começa a área naturista, proibido o uso de vestimentas”. Subimos a escadinha e eu notei que Roberto não despregava o olhar, visivelmente deslumbrado com a beleza daquela jovem que o havia retirado da tranquila barraca de cocos. Talvez ele sequer acreditasse naqueles fatos repentinos. Alguns minutos antes, a sua manhã se resumia à monótona obrigação de manter o pequeno comércio familiar e, agora, tinha diante de si uma garota completamente desvairada, despudorada, que andava nua na área dos vestidos e o arrastava consigo para a parte nudista da praia.

Subimos as escadas e eu e Gê fomos retirando as roupas. O jovem vendedor de cocos resistiu, não queria tirar a bermuda. Bia e Gê se aproximaram dele e o obrigaram. O motivo da vergonha foi logo descoberto: um pênis completamente intumescido, grosso, pulsante. Bia, então, comentou:

– Ainda não tem ninguém na praia e acho que a melhor solução é fazer esse membro gozar, o que acha?

O garoto estava visivelmente abatido, medroso, e pensou em correr para a água, livrar-se do incômodo. Minha filha, porém, não deixou, jogando-se com ele na areia branca.

– Calma, eu tenho um jeito melhor de te ajudar – disse Bia. – Eu vou te cobrindo de areia, até fazer o teu pau virar a torre da minha escultura. Não precisa se agitar, o melhor que poderíamos fazer agora seria transarmos, aproveitando que a praia está vazia. A gente retira do pênis os seus gozos e, se chegar alguém, corremos para água, o que acha?

Bia, sendo ajudada por Gê, começou a fazer uma escultura com aquele corpo. Depois, como duas crianças pequenas, elas se cansaram daquele castelo e foram desmanchando tudo, retirando a areia até fazer o membro duro reaparecer outra vez. Parecia ainda mais enrijecido do que antes. Minha filha comentou:

– Quando tá duro desse jeito, a única maneira de abaixar é uma boa surra de buceta. É o melhor remédio.

Enquanto dizia essas palavras, Bia foi se levantando, passando protetor no corpo e pedindo para que eu a ajudasse nas costas e nádegas. Ajudei a minha filha e fiz questão de garantir que todas as suas partes estivessem bem protegidas contra o sol. Minha pequena pediu, baixinho:

– Minha bundinha é muito branquinha papai, coloca mais nela, quero que ela fique bem protegida. E não esquece o meu anelzinho, ele precisa estar lubrificado, para poder receber o pau do Roberto.

Fui contornando aquelas nádegas, colocando o protetor e enchendo o seu cuzinho daquele líquido branco. Terminado o serviço, perguntei:

– Está bom, Bia, acha que já é o suficiente?

– Está ótimo, papai – disse Bia. – Estou vendo que alguém despertou ao ver o cuzinho da filhinha ser preparado.

Eu estava enciumado e excitado. Meu membro dava sinais de vida e eu não sabia o que fazer. Bia, então, falou para a amiga:

– Gê, temos dois cacetes para abaixar antes que mais alguém chegue nessa praia. Acho que vamos ter que trabalhar em conjunto.

As duas garotas, então, resolveram criar uma competição chamada de revezamento de cacetes. Ela consistia em subir no meu pau, acostumando a xana a se excitar com um membro mediano, para, apenas depois, ir até o cacete avantajado do Roberto. Bia foi a primeira, ela ficou uns cinco minutos se movimentando em cima do meu cacete, para, apenas depois, dirigir-se até o Roberto e se deixar rasgar pela sua vara descomunal.

Quando o adolescente enfiou o seu membro por inteiro, Bia deu um grito de dor. Escutando isso, eu já estava pronto para expulsar o rapaz, quando ouvi minha filha falar:

– Não tira. Não tira. Dói, mas tá gostoso. Tá uma delícia!

Naquele momento, eu não sabia o que sentir. Os fatos me excitavam e me enciumavam. Eu me sentia como um instrumento, uma preparação, uma mediação que seria utilizada apenas para que a minha pequena atingisse os seus maiores orgasmos. Eu estava perdido nesses pensamentos, quando Gê subiu na minha pica e começou seus movimentos. Pressenti que também ela fazia do meu corpo um instrumento e ensaiei um protesto, mas Gê me consolou:

– Eu só quero sentir o diferente, mas meu gozo é contigo. O teu corpo é o meu esteio. É nele que habita o meu prazer.

Gê fez uma pausa e foi transformando a sua face, fazendo uma carinha de desamparo. Depois, perguntou:

– Você me permite ser penetrada por um outro macho?

– Não – eu falei – Sinto ciúmes.

Gê me viu olhando para Bia e resolveu utilizar-se de novos argumentos:

– Tudo bem, então. Nós nos distanciamos e deixamos a nossa querida Bia com o seu novo amiguinho. Ficamos apenas nós dois. Se não posso provar do doce, o melhor é ficarmos longe e você deixar a sua filha viver a própria vida.

Conversar com Gê, enquanto sentia o seu corpo cavalgar no meu membro e observava a minha pequena ser devassada por um membro muito maior do que o meu não era tarefa fácil. Eu continuava desejando com igual intensidade as duas mulheres da minha vida e sabia que, para tê-las, tinha que concedê-las os mesmos direitos que eu possuía. Por isso, a concordância de Gê com a minha negativa parecia deixar a situação ainda mais difícil. Eu ainda sentia Bia como a minha amante e não aceitava com facilidade ter que deixá-la sozinha com o Roberto. Então, resolvi aceitar por completo a troca que se anunciava:

– É melhor você ir lá, para o Roberto, já chegou a sua vez. Pode dar para ele. Eu permito.

Gê engatinhou em direção ao Roberto, como uma linda cadelinha, sentando no vazio que Bia havia deixado e pedindo que ele fosse devagar. Quando o membro do rapaz a penetrou por completo, ela deu um grito agudo de dor e depois foi se acostumando, rebolando, cavalgando nele como se fosse uma amazona dentro do seu alazão, domando o cavalo, amoldando o animal aos ajustes do seu corpo. E, ao mesmo tempo, aquele animal adolescente parecia querer emprestar parte da sua natureza indomável a fêmea que o montava, tornando-a mais aguerrida, violenta, numa pulsão de desejos que se misturavam. O grito de dor era também um desejo. O corpo que se ajustava ao membro descomunal aprendia a querê-lo ainda mais. Amazona e alazão se misturavam, enquanto, em mim, a excitação duelava com um ciúme incontido.

Ao meu lado, Bia engatinhava e lambia o meu corpo, nádegas, sacos, pênis, ela lambia tudo, como uma mulher primitiva. Porém, percebendo o meu olhar para Gê, foi afastando-se, como fêmea desinteressada. Ela engatinhava para longe quando eu a persegui e a segurei pelas ancas, como se em linguagem primitiva aquilo quisesse dizer que ela era minha e eu a desejava. Naquele momento, ela havia me vencido, transformando a amiga em um ponto distante.

Ao se tornar a minha presa, Bia não disse nada, língua sem palavras, sem verbos, língua remota, antiga, sexual, que fala com atos e gemidos. A sua boca se aproxima da minha, a língua me lambe, me suga, me oferece os seus sabores. Os dentes me mordem, nos lábios, no queixo, afiados, desejosos, quase me sangram. Bia está de quatro, as pernas fincadas na areia, quatro patas, cheirando-me, contornando o meu corpo, cumprimentando-me com a boca, lambendo-me, saboreando o meu cu, abocanhando as minhas bolas, bestial, ao meu redor, sondando o macho que vai possuí-la.

Terminado o ritual, ela vira as ancas para mim, apruma-se, movimenta o rabo, a linguagem corporal indicando que aquele é o momento do coito anal. Eu engato o meu corpo no dela, o meu membro inchado dentro do seu minúsculo buraco, forçando, preparando, ajudando aquele corpo para o futuro que irá chegar em breve e contra o qual eu nada podia fazer.

Eu sou o sexo que ela precisa naquele momento. Eu sou aquele que se deixou seduzir pela natureza feminina de um outro animal. Eu sou o ser primitivo e originário para quem as relações de parentesco nada significam. Por isso, eu penetro com força aquele cu, sem me importar com o fato de que se trata do cu da minha filha. Eu preparo aquele cu para que, em breve, um outro macho a rasgue, retirando todas as suas pregas.

A pequena loba geme, grita, mas não tenta retirar-se, sabe que estamos engatados e que o coito só terminará se o prazer produzir os seus gemidos. O gozo, dessa vez, não será o do macho, não é ele quem está no comando, e sim a fêmea, é ela que torna possível o engate, é o seu desejo que faz com que toda a cena seja possível. Quando ela gozar, tudo terminará. Tudo. Essa é a nossa despedida.

Eu penetro a minha pequena loba já sentindo milhares de saudades. Diminuo os movimentos, torno-me mais terno, procuro beijá-la, queria que ela não fosse embora nunca. Queria que ela fosse minha para sempre. Beijo com ternura aquele corpo que sabe se entregar por completo para mim. As ancas se mexem, rebolam, oscilam, afastam-se e se aproximam com ainda mais intensidade, abraçam o meu pênis e relaxam dentro dele.

Talvez nenhuma outra mulher consiga ser tão bestial como minha pequena Bia. Ela treme o corpo dentro de mim e começa a gemer, melando-me com o seu prazer. Depois, tudo se desata e o encanto se desfaz.

Bia já não é mais um pequeno animal, ela levanta-se e dirige-se para o seu homem. Agora, a sua língua não é mais primitiva, possui códigos, linguagens, e talvez rejeite o incesto que acabou de ser cometido. Um corpo ereto de mulher, no meio da areia desnuda, chama o nome do homem que deseja conhecer todos os seus desertos. Ela agora já se sente preparada e, por isso, chama:

– Roberto, Roberto!

Na minha direção, Ângela surge, o rosto fechado, mudo, como anjo caído de imensas alturas. Algo sucedeu e eu estou nervoso. Gê se aproxima de mim e confessa:

– Amor, eu sabia que aquela talvez fosse a única vez e vocês dois se afastaram...

Ela fica muda. A fala suspensa. Vejo um líquido escorrendo perto das suas nádegas e pressinto o que será dito:

– Eu havia adorado fazer anal pela primeira vez contigo, amor. Adorei a dor e o prazer do nosso primeiro momento. Por isso, quis sentir a mesma dor de quando você rompeu pela primeira vez as minhas pregas, então...

Coloquei as mãos nas nádegas da minha amada, percorri o seu ânus, estava dolorido, aberto, melado com a porra de um outro homem. Não sabia como reagir, aquilo não tinha sido combinado, eu é que deveria penetrá-la naquelas partes. Gê se ajoelhou ao meu lado, beijou-me novamente, e pediu:

– Você me perdoa, amor? Você desculpa essa putinha que deu o cuzinho sem a sua autorização?

– Devo perdoar? – perguntei.

– Deve sim – respondeu ela. – Porque o sexo quando começa é como a linha de um carretel que se desata, a gente não sabe quando terminar. E você não estabeleceu limites definitivos, não estava lá, o meu desejo estava sozinho e eu deixei que ele me guiasse. Sou safada, você sabe disso.

– Pensei que você gostasse de dominar e não de ser dominada – falei.

– A culpa é sua – Gê respondeu. – Foi você que me ensinou o prazer da entrega. Aprendi que se deixar dominar é tão prazeroso quanto ter o outro na palma das nossas mãos.

– Eu perdoo com uma condição, quero que você me dê o seu cuzinho, quero que me deixe comê-lo agora.

– Mas ele está dolorido e cheio da porra de um outro macho – contestou Gê.

– É assim que eu o quero – respondi.

– Está certo, mas você tem que ir devagarinho, como se fosse a minha primeira vez – falou ela.

– Prometo que serei carinhoso – Falei. – Vou ser cuidadoso como a minha esposa putinha merece.

– Você quer que eu limpe o meu cuzinho na praia? – perguntou Gê. – Não se sente desconfortável sabendo que ele está sujo com a porra de um outro macho?

– Não, quero comê-lo da forma como ele está agora.

– Sente prazer em ser corninho? Ou é o prazer quase perverso de querer um cuzinho todo ardido e esfolado? Deseja aumentar a minha dor?

– Não sei – falei. – Sinto prazer em ter uma esposa putinha.

– O nosso sexo será o castigo de um marido vingativo ou a autopunição de um corno?

– Perversidade? Autopunição? Vingança? Passividade? – falei. – Será tudo isso e nada disso.

– Como assim? – questionou Gê.

– Será o sexo entre duas pessoas que se amam e os demais ingredientes entram no terreno da fantasia, como temperos do nosso amor.

– Então, vem me comer, meu amado corninho, vem me castigar.

Ângela fez uma pequena cama de areia, para aumentar a altura das nádegas, e ficou de frente para mim, com as perninhas abertas, na posição de frango assado. Ela repetiu o pedido:

– Me castiga, corninho.

Eu coloquei bastante protetor solar no meu membro e penetrei. O membro entrou fácil no cu esfolado e ardido de Gê. Ela gemia, pedindo para eu ir devagarinho. O esfíncter havia se alargado, retesado, e agora conseguia se contrair com facilidade, diante do tamanho menor do meu membro. Gê comentou:

– O meu cu está mais elástico, meu amor, depois de ter sido esticado pelo pau grande do Roberto, o esfíncter aprendeu a se abrir e a se fechar com mais força. Os músculos parecem mais soltos, ardem um pouco, mas se comprimem melhor, adquirem movimentos.

Aquilo era verdade, o cuzinho judiado, ardido, esfolado, parecia foder melhor, apertava o meu pau com mais força, pulsava dentro de mim. Todos os músculos anais se contraíam e esticavam, como se estivessem marcados por um movimento anterior, vazios deixados pelo membro descomunal do Roberto.

Gê, de forma proposital, fazia o cu se esticar e se comprimir dentro de mim, criando ritmos próprios. Ela fazia isso e se perdia em risos, safada, espevitada, cheia de meninices. Falou:

– Sente, meu amor, sente como eu consigo brincar com o teu pau.

O ânus de Gê movia-se livre, ritmado, até parecia que estava querendo tocar uma música, como se o seu cu fosse um instrumento de sopro. Cu ou flauta? E, no entanto, todo aquele alargamento era também a prova de que o Roberto tinha chegado antes de mim, a porra dele ainda estava lá, a grossura do seu membro, como ferro em brasa, havia retirado pregas, deixado marcas, abrasado aquele cu com as suas ardências.

Eu era o segundo, o corno, o que aproveita o prazer deixado pelos outros, o cu já ardido, rasgado, arregaçado. Eu era o corno e queria vingar-me. Resolvi meter mais rápido, mais forte, até sentir as mãos de Gê me segurarem, interrompendo o movimento. A minha amada mergulhou os seus olhos nos meus e pediu:

– Calma, meu amor, cuidado, meu cuzinho já tá todo ardido, não precisa me castigar tanto assim. O meu cu foi cravado com o pau do Roberto, mas é em você que estão cravados os meus pensamentos. É em você que o meu anel relaxa e se contrai e é com você que eu desejo me perder em gozos.

Gê começou a tocar-se, um dedo no clitóris e outro percorrendo a buceta. Os meus movimentos diminuíam, mais ternos, eu me acalmava. Estava perto de gozar. Ao longe, eu percebia que o vendedor de cocos já tinha conseguido a sua terceira ereção do dia e parecia esfolar o cu de Bia. Não sabia o que sentir. Os ciúmes se duplicavam. Concentrei-me em Gê, beijei-a, fechei os olhos, senti os gemidos femininos do seu corpo, o estremecer da sua voz, continuei, o meu membro ainda mais intumescido começava a dar os seus avisos, penetrei fundo e parei os movimentos, beijei-a com mais intensidade, apertei-me contra ela, prolonguei aquela entrega, e gozei. Gê fez questão de verbalizar o meu último ato:

– Aí, meu amor, que gostoso, que quentinho, enche o meu cuzinho com o teu leitinho.

Levantei-me e vi que Gê abria as pernas com um pouco de dificuldade. Ela acocorou-se e uma quantidade abundante de líquido branco começou a sair do seu anel: protetor solar, o meu gozo, a porra do vendedor de cocos, tudo misturado.

– Olha, meu corninho – disse ela. – Olha como eu estou gozada.

Olhei ao redor e vi que Roberto ainda fodia a minha pequena. Ela o cavalgava com afinco, descendo o seu anel naquele membro. Tive ciúmes, queria desfazer tudo aquilo. Olhei ao fundo e vi que dois casais se aproximavam. Era a desculpa de que eu precisava. Fui até a minha filha e desfiz aquele coito, puxando-a pelo braço e a obrigando a se levantar.

– O que foi, painho? – falou ela. – Enlouqueceu?

Apontei para os dois casais que se aproximavam e vi que o vendedor de cocos já fugia para o mar, com a intenção de esconder a ereção. Bia o seguiu, reclamando:

– Deixa de ser covarde. Se quiser terminar o que começamos, você vai ter que me levar junto com você como uma dama, de mãos dadas comigo.

O rapaz voltou, segurou nas mãos da minha pequena e se perdeu com ela no meio das ondas, num espaço em que o sexo poderia se confundir com um simples namoro. Já não era mais possível ver nada, apenas intuir. A minha filha fugia dos meus olhos, adentrava terrenos em que eu não estaria mais totalmente presente. Gê segurou nas minhas duas mãos, mergulhou os seus olhos nos meus e fez declarações tão fortes que me emocionam até hoje. Nesse exato momento, o escritor que agora vos escreve sente o calor daquelas palavras e se emociona. Tento, com todo esforço, ser fiel a minha amada Gê. Pode ser que troque algumas frases, acrescente outras, mas, no geral, tentarei transcrever a essência do que foi dito:

– É o destino da sua filha, Álvaro. Ela já cumpriu o papel dela. Você estava preso num círculo infernal, numa vida sem sexo e repleta de culpas. Não conseguia se perdoar pela morte da esposa e havia se fechado para qualquer relacionamento. A sua viuvez atingia a carne da própria vida, numa privação absurda. Beatriz foi até o seu inferno, ela te seduziu, enfrentou as águas turvas do incesto e, finalmente, te libertou. Ela nos uniu, Álvaro. Foi ela quem te preparou para mim. Quando ela veio se reunir contigo hoje, foi isso que encenamos. Como numa peça de teatro, Bia representava o sexo no seu estado mais primitivo, animalesco, primordial, estado de entrega absoluta. Quando ela saísse, eu deveria substituí-la como a tua esposa, a mulher que te acolheria nos braços e te ensinaria a linguagem paradoxal do amor e da paixão. Nesse entretempo, cometi a falha de entregar-me em demasia para o vendedor de cocos e entrei em cena como anjo decaído, esfolado, ardido, conhecedor dos pecaminosos prazeres da carne. Nem por isso, eu fui menos mulher para você, nem por isso a nossa paixão arrefeceu. Foi o contrário. Eu vim como uma esposa de verdade, desejosa, carnal, e não te entreguei nenhuma pureza falsa ou aparente. Nunca menti para você, Álvaro. Por isso, posso dizer, das profundezas mais claras e límpidas do meu coração, que eu te amo. Eu te amo e acho que nunca sentirei a mesma coisa por nenhuma outra pessoa nesse mundo.

Com essas palavras, Gê me emocionou e, se eu tivesse uma aliança e aparecesse um juiz, juro que me casaria com ela naquele exato momento. No lugar disso, ajudei a minha futura esposa a caminhar pela praia, deixando que ela se apoiasse em mim. Devagarzinho, fomos para uma das piscinas naturais de Tambaba e ficamos ali, conversando com os dois casais que haviam chegado.

Gê sentava-se, as pernas abertas, fazendo com que a calmaria das águas ajudasse a relaxar as suas partes. Em segredo, ela me dizia que ainda sentia um despontar de dor e ardência no seu pequeno anel e que as águas do mar pareciam ter um efeito anestésico e curativo. Ela me dizia isso sem arrependimentos. Falava que mesmo que ficasse sem sentar direito por uma semana, como de fato aconteceu, repetiria tudo novamente. Gê parecia uma sobrevivente de guerra, uma pequena comandante, e eu era, naquele momento, o seu soldado, sempre solícito às suas ordens.

Por isso, quando Gê me pediu para que eu pegasse o celular para tirarmos uma foto, atendi de imediato o seu pedido. Peguei o celular, voltei para a piscina de pedras, e o entreguei para o casal que estava na nossa frente. Pedi para que tirassem a foto sem nenhum pudor, mostrando toda a paisagem que estava ao nosso redor. Na foto, intimamente nossa, é possível ver, no canto direito, eu e Gê abraçados e sorridentes, enquanto, no canto esquerdo, um pouco mais ao fundo, deixando-se balançar no meio das ondas, vislumbra-se um vendedor de cocos e uma moça branca vestida de sol. A moça, com as pernas ancoradas no quadril do rapaz, parece deixar-se invadir pelo torvelinho das águas, como se quisesse sentir, no interior do próprio corpo, a sensível bravura do mar.

FIM

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Aqui me despeço desta temporada.

Espero que todos tenham gostado desta sequência de doze partes.

Não deixem de ler os capítulos anteriores e participem.

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Comentem, deixem suas críticas e, se possível, brindem o nosso texto com estrelinhas!

A participação de vocês nos motiva a continuar escrevendo.

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E-mail do autor para contatos: alvaro__campos@hotmail.com

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Comentários

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Obrigado, Casanova e Hammond, o meu objetivo era criar uma sequência de contos que fosse docemente pornográfica. Uma sequência que tivesse bastante sexo, já que a vida tem também as suas obscenidades, mas que não deixasse de ter imaginação, pensamentos, sentimentos e reflexões. Pornográfico sim, mas sem perder a ternura e a poesia da vida. A fórmula é simples: Sexo + imaginação = erotismo.

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Em meio a muitos contos fantasiosos deste site contendo apenas sexo, é reconfortante ler um relato tão rico e detalhado como o seu, cheio de nuances, pensamentos, sentimentos, em que o sexo está intimamente ligado a tudo isso. Excelente texto, todas as doze partes!

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Excelente conto, com riqueza de detalhes.

Muito bom.

Parabéns pela narrativa.

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Maravilhoso! Parabéns!!!!!!!!!!👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏

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Rafa, obrigado pelos elogios. Cumplicidade, tesão, amor e quebras de tabus, esses são ingredientes que você já conhece muito bem. Eles estão bem presentes nos seus contos. Espero que a sua tia Fatinha saiba usufruir do que aprendeu com o meu e com outros relatos.

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Acn, muito obrigado pelos elogios. Os filhos amadurecem e levam os pais a terem que amadurecer também. Criamos nossos filhos para o mundo.

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Adorei a descrição do sexo anal. A Gê é muito corajosa.

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O conto poderia se chamar corninho em dose dupla, kkkkk

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O verdadeiro amor é aquele que não se faz refém de antigas convenções. Ele tem regras próprias.

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