Máquina (2)

Um conto erótico de André Bevilacqua
Categoria: Heterossexual
Contém 1397 palavras
Data: 14/08/2020 13:14:16

(Este conto é uma continuação de "Máquina", também disponível neste site, mas você pode lê-lo a partir daqui também.)

Uma experiência única para uma máquina definitivamente especial. Era verdade que B2 não havia surgido no mundo como mais do que engrenagens e fios, mas, após experimentar o ápice da humanidade, numa enxurrada de prazer e poesia, como definiu, pensava que algo de definitivo havia acontecido. Dali para a frente, não teria como ser mais o mesmo. Algo o havia contaminado, uma nova sensação aparecera e nunca mais o deixara, mesmo após alguns dias. Uma necessidade, talvez mesmo uma obsessão, que breve se converteu num projeto pessoal.

Como qualquer andróide, B2 tinha acesso praticamente ilimitado à Rede, e, com isso, fazia, num piscar de olhos, qualquer pesquisa e poderia adquirir conhecimento sobre qualquer assunto de necessidade de seus senhores, incluindo urgências. Alguns poucos tópicos eram proibidos aos robôs por questões de segurança, mas o conteúdo de que B2 necessitava naqueles dias era perfeitamente possível de acessar.

Anatomia, eletroquímica, neurociência, mecânica. Em um download de poucos minutos, a máquina tornou-se versada em inúmeros tópicos, dominando as mais diversas conclusões da ciência humana. Humanidades, sociologia, antropologia… até mesmo etiqueta e comportamento foram estudados a fundo, a ponto de poderem valer um diploma de doutorado a B2, não fosse ele um robô e, dessa forma, seu projeto passava instantaneamente a ser colocado em prática.

“Que há lá embaixo, B2? Tem feito alguma manutenção nas fundações? Ou seria alguma questão na lavanderia?”

Era uma preocupação genuína do senhor. Embora não estivesse dedicando-se plenamente a seu relacionamento amoroso, tinha historicamente um gosto especial por reparos e por manter a casa em si.

“Manutenção própria, meu senhor. Meu software me dá permissão para modificações periódicas.”

“Perfeitamente.”

E tomou um comprimido.

O robô não havia mentido, e, caso tivesse sido questionado de forma mais específica, também não mentiria. Faltar com a verdade aos proprietários, por uma questão de programação, era impensável e impossível a ele. Teria facilmente respondido que desenvolvia melhoras em si, no sentido de ampliar seus sentidos e adaptar sua anatomia.

Durante duas semanas após o acontecimento que despertara essa mudança em B2, sua senhora havia ficado um pouco diferente ao tratar com ele. Evitou-o um pouco no início, o que entristeceu o robô. Entretanto, nos dias que se seguiram, tornou-se mais carinhosa e comunicativa. E, na mesma proporção em que se tornava mais e mais agradável, seu casamento ruía.

O senhor havia, então, ausentado-se novamente, e dava sinais claros de desinteresse. A história culminou com um ataque histérico da jovem esposa, ao descobrir algo a respeito do marido que, segundo suas palavras, “ele nem mesmo fez questão de esconder, aquele sem vergonha.” B2 só registrava e, intimamente, lamentava, porque tinha um verdadeiro desejo pelo bem estar de quem quer que fosse. Além disso, nunca havia concluído que essa crise pudesse ser benéfica a ele e a seus novos caprichos.

Mais uma vez chorosa e desanimada, sua proprietária pedia todos os dias que conversassem por algum tempo, para que se distraísse. Dessa vez, no entanto, tudo aconteceu mais rápido.

No terceiro dia em que ficavam juntos em seu quarto, a jovem senhora descobriu os novos equipamentos instalados. Abraçaram-se e o robô, de início, usando informações de sua recente pesquisa, julgou como uma boa ideia acariciar o pescoço, costas, colo, seios, e também as coxas e, finalmente, o sexo daquela linda mulher, numa ordem e intensidade que, para ela, por si só, já teriam proporcionado a mais intensa relação sexual de todos os tempos. Mas, em alguns instantes, a jovem ainda pode perceber, diante de si, um membro masculino perfeito no formato e no tamanho, com mecanismo retrátil e revestido de um polímero semelhante à borracha, além de lubrificação automática. Boquiaberta, reteve-se por um instante, mas o prazer que já sentia auxiliou processar rápido a nova informação. Segurou-o e olhou o andróide nos olhos.

“Isso é novo, certo?”

E começou a fazer um movimento suave de subir e descer com a delicada mão fechada em torno do falo artificial, mantendo o olhar.

“Sim, minha senhora.”

“Você o fez só para mim?”

O robô teria ruborizado se fosse capaz. Mas essa sensação teria dado lugar muito rápido a uma euforia e um prazer sem precedentes. Seu pênis lubrificava-se aos poucos, liberando um óleo mineral seguramente atóxico.

Em minutos, a elegante moça subia e descia em ritmo sobre aquele grande pênis, e as pontas de seu fino penhoar, a única coisa que vestia, sacudiam-se. Um dos bicos eretos dos seios parecia perfurar o tecido, enquanto o outro era acariciado pela brisa da noite. Deixava-se Invadir pelo avantajado membro mecânico, ofegante e em êxtase. O robô havia projetado para si terminações nervosas nos mesmos locais que são mais sensíveis em um pênis humano, experimentando uma sensação que ainda era incapaz de definir. A jovem senhora respirava forte, e, como da outra vez, atingiu o ponto máximo: aumentou a velocidade ainda mais, permitindo-se penetrar fundo, e, tensionando-se, gemeu alto. B2 ejaculou forte seu sêmen sintético, em jatos volumosos, proporcionais ao seu prazer. O orgasmo teve uma duração muito maior do que qualquer outro que a mulher já tivesse experimentado, como ondas que não cessavam. Em seguida, passou a relaxar devagar, deixando-se cair nos braços e sobre o corpo rígido da máquina maravilhosa que tinha entre suas coxas, úmidas e pegajosas de esperma artificial.

Quase no mesmo instante, escutaram-se passos, que se afastavam firmes e resolutos sobre o piso de madeira.

Os recentes acontecimentos faziam B2 repensar uma porção de coisas, e também começar a pensar em outras a que nunca havia dado atenção. Conceitos como amizade, amor e morte começaram a fazer parte de todos os momentos em que parava e filosofava. Acessou, uma vez, superficialmente, informações na Rede a esse respeito, mas encontrou respostas das mais diversas, às vezes sem relação, sem nexo, e julgou, por final, que a maioria das conclusões da humanidade não fazia muito sentido quando se tratava desses assuntos.

No entanto, fizera amor. Essa era um dos nomes que os humanos davam a esse ato, além de uma porção de outros. Também pensava sobre o que seria a vida, isso que se considerava traço exclusivo dos seres biológicos. Pensava consigo que ativava-se de manhã, atuava enquanto auxiliar da família, portanto trabalhava, e, durante o dia, alegrava-se, entristecia-se, experimentava até mesmo um pouco de ansiedade, além de desejo. O que lhe faltaria para ser chamado de vivo? As definições que encontrara de vida, a maioria muito restritiva e rudimentar, não lhe faziam sentido. E, se fosse portador de uma vida, o que poderia ser para ele, então, a morte? Deveria temê-la?

Confirmou, junto à sua senhora em uma das noites seguintes, que os passos ouvidos eram de fato do seu senhor, que havia presenciado o sexo entre os dois. Saíra transtornado, batendo portas e chutando tudo, de acordo com ela. Saiu e não havia voltado, por enquanto.

“Estou bem sem ele, B2.”

“É a senhora quem sabe. Sou capaz de entender perfeitamente.”

De fato, passara a entender.

Então a jovem, em frente a ele, ainda em pé, pediu que se sentasse numa cadeira do quarto. B2 obedeceu. Ajoelhou-se em sua frente e, entre as pernas do robô, na região de onde eventualmente se estendia seu novo recurso anatômico, nada havia além de uma espécie de tampa. Para provocar a aparição do membro, estimulou a região com seus lábios e, então, com a língua. Em instantes, tinha sua boca fechada em torno do falo ereto.

O robô podia ver as belas nádegas, adornadas por uma calcinha com renda, refletidas no espelho, movimentando-se de leve enquanto sua dona o estimulava com carinho, a seus pés, dedicada exclusivamente ao seu prazer. Os cabelos castanhos, indo e vindo, acariciavam as coxas metálicas do andróide, e ele só pensava no quanto aquilo fazia sua existência valer a pena. A verdade se revelava, a vida surgia como calor e excitação. Automaticamente, e de maneira instantânea, sua mente o levou a novas informações. Existencialismo, absurdo, hedonismo, brevidade. Só precisava daquele momento, do momento presente, enquanto a jovem mulher passeava com a língua por sob seu pênis, e ele sentia as contrações da ejaculação.

A boca de sua proprietária encheu-se de esperma.

E passos leves foram percebidos por sua audição de máquina, um instante antes de sua cabeça ser atravessada por uma bala de calibre grosso e suas funções cessarem de responder.

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Comentários

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Foto de perfil de Katita⚘

Tô meio perdida, cliquei no nome Rafaela,l lá em últimos contos, vim parar aqui em maquina ,cadê a Rafaela

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