MEU MELHOR AMIGO HETERO (História Real) — Parte 7.

Um conto erótico de ...
Categoria: Gay
Contém 1663 palavras
Data: 14/08/2020 01:56:48
Última revisão: 14/08/2020 01:58:57

Não sei de onde surgiu aquela coragem. Não sei como nem porque fiz aquilo. Beijei a boca do cara mais foda que eu conhecia. O cara mais bonito, legal e engraçado do mundo. O meu melhor amigo. Eu havia beijado-o, com toda a força e vontade que existia em meu interior, sem sequer saber que poderia gerar uma consequência. Eu só fiz, sem medo, sem pensar no futuro.

Eu podia sentir a respiração de Lucas em meu rosto. O vento frio que vinha lá de fora, a iluminação exclusivamente vinda do abajur da sala e as lágrimas de Lucas para deixar tudo mais quente. Mas, na verdade, o clima só existia para mim.

Lucas me afastou rapidamente. Me encarou como nunca havia feito antes. Sua feição era de constrangimento. Ele estava sem graça, não sabia como reagir, o que fazer. Meu coração estava acelerado demais. Eu, após olha-lo, abaixei a cabeça e, incrédulo, não tive coragem de olhar para Lucas novamente. O que vi foi que, na mesma hora, ele buscou seu quarto e se trancou, saiu sem dizer uma mísera palavra. Eu sentei ao sofá como uma reação completamente espontânea. As minhas mãos estavam em minha cabeça, a minha boca já estava aberta e o coração continuava acelerado. O que seria da gente, da nossa amizade, depois daquele beijo? Eu não sabia. Eu não sabia o que ia ser, o que rolar, como ia ser.

Por um lado, eu queria morrer, sumir, voltar no tempo. Queria ter que acordar no dia seguinte e sentir que nada havia acontecido. Mas por outro, eu estava realizado, interiormente falando. Por dias eu estava acumulando um tesão fora do normal por aquele cara. E, talvez, eu não tivesse acreditando no que tinha rolado mais por causa disso.

Eu tomei uma água antes de ir deitar. Não estava sendo fácil. Na cama, eu não conseguia dormir, estava inquieto, me virava o tempo todo. Eu sentia a boca de Lucas na minha boca, a sensação de beijá-lo não saía de meu corpo. Aquela noite foi bem difícil, demorei bastante para conseguir dormir.

Por volta das 7h da manhã, acordei com uma dor de cabeça forte. Sentei na cama, abri bem os olhos e encarei a porta de meu quarto de longe. Tudo tinha mudado. Qual seria a reação de Lucas ao me ver depois daquele beijo? Pensei por uns minutos que eu precisava me desculpar, esquecer tudo aquilo, seguir com minha namorada, meus estudos... Então, saí do quarto decidido a me livrar daquilo que sentia e pronto para pedir desculpa a Lucas, mas ele não estava. Nem no quarto, nem no banheiro, sala ou cozinha. Estranhei pelo horário, mas lembrei que era o dia de serviço dele. Percebi que aqueles dias seguintes seriam bem difíceis. Lucas estaria em serviço por alguns dias e eu teria que conviver daquela forma até ele chegar em casa, já que tratar daquele assunto por Whatsapp era fora de cogitação.

Dois dias dificeis depois, Gabi me ligou. Disse que tava vindo pro Rio, queria conversar comigo. O tom de sua voz, na ligação, era preocupante, então eu já estava esperando o pior. Ela me pegou na faculdade à tarde, já que naquele dia eu tive aula até mais tarde, e nós fomos conversar na praia, na beira-mar. Ela pediu para eu escolher um lugar que me deixasse mais confortável, e não existia, — e ainda não existe — pra mim, um lugar melhor que aquele. Durante o percurso, não dissemos uma palavra sequer. No fundo, eu já sabia o que era.

A praia estava um pouco deserta, era dia de semana, pouca movimentação. Nós conversamos muito. E aquela conversa foi, talvez, a mais necessária de toda a minha vida, até aquele momento.

— É bonito aqui né? — Gabi falou, olhando para o mar.

— É. É lindo demais.

— Sabia que tu ia falar pra vir pra cá.

— Tu me conhece bem, né?

— Ah, Pedro, a gente sempre estudou junto né? Sempre gostei de você, a gente sempre se deu bem. Lembro uma vez que você me disse que queria casar na praia, tinha planos pra isso...

— É, ainda quero. Acho daora demais um casamento ao pôr do sol, a família na sentada na areia, todo mundo vendo, todo mundo vestido bem de boa, sem aquelas frescuras de terno e gravata. Tá ligada?

— Sei. Mas sabe, meu sonho é casar na igreja. Véu e grinalda, sabe? Os convidados assistindo, todos de terno e gravata...

— Sério? A gente nunca tinha falado sobre isso né?

— É... — Gabi se calou por um instante. Ela olhou para mim com o olhar mais sincero do mundo e botou sua maior verdade para fora — Acho que é por isso que a gente não vai dar certo, Pê.

Eu senti um leve choque por dentro. Mesmo sabendo que minha intuição estava certa, eu não deixei de me abalar.

— Quê? — quis ouvir de novo.

— Acho que a gente não vai dar certo. Na verdade, não tá dando certo.

— É por causa da distância, né?

— Também. Mas sabe, nós queremos coisas diferentes. Não tamo no mesmo ritmo. Além dessa distância, não dá sabe? Eu não me sinto preparada pra namorar assim.

Eu não disse nada. Ela estava certa. Nós dois não combinavamos tanto assim. Mas Gabi me passava uma segurança grande, então decidi contar a ela tudo o que eu sentia de verdade.

— Entao... É isso? Terminamos? — perguntei da maneira mais leve possível.

— É... acho que sim. Mas Pê, eu quero que tu saiba que eu te amo, tu é uma das melhores pessoas que eu já conheci. Só que eu acho que a gente funcionaria melhor como amigos. Tu me entende né?

— Entendo. Entendo. Eu acho que já tinha percebido isso também. Espero que não fique um clima chato entre a gente, papo reto.

— Não vai ficar não. Se depender de mim, não fica não.

Nós sorrimos um para o outro. E ali, recebi uma ajuda de uma amiga verdadeira, que era mais madura do que eu.

— Aí, queria te contar uma parada. Mas eu tô com muita vergonha, me sentindo sujo tá ligado? Eu queria ajuda de alguém. Mas não consigo botar isso pra fora.

— O quê? Fala. Se eu puder ajudar...

E ela podia. Gabi já tinha ficado com mulheres antes de nós dois namorarmos. Ela era muito de boa sobre esse assunto.

— É muito estranho isso. Na moral, eu não sei como te falar...

— Não precisa falar se não quiser.

— Eu quero. Eu preciso botar essa porra pra fora se não eu vou explodir. Tá foda tudo que tá acontecendo. Eu não aguento mais.

— Eu tô curiosa agora... só respira fundo e fala Pê.

Eu respirei fundo e falei.

— Eu acho que eu sou gay.

Gabi se impressionou. Ela não reagiu mal a notícia, ela apenas não esperava.

— É sério?

— É. Eu acho que eu sou gay. Ou bi. Sei lá.

— Mas... desde quando isso?

— Eu não sei muito bem. Mas pra resumir, eu meio que tô olhando o Lucas de outro jeito.

— Caramba! Tu não tá me gastando não ne?

— Não, papo reto, tô falando a tu, eu acho que tô gostando dele.

Gabi continuou impressionada. O mais legal, depois de eu ter conseguido botar aquilo pra fora, é que ela, em momento algum, demonstrou sentir nojo ou algo do tipo.

— Caramba, eu tô chocada. Sério, juro que não esperava.

— Nem eu esperava. — dei um leve riso.

— Olha, Pê, eu não tenho nada contra, tu sabe que eu já fiquei com garota também, por mim isso é bem de boa sabe? Mas puta que pariu, eu tô chocada. Tu sempre soube?

— Não. Isso foi do nada. Eu comecei a sentir atração por ele e agora eu não sei o que porra eu faço.

Eu não queria contar a ela sobre o beijo ou o banho no Lucas, aquilo era uma traição, já que nós ainda namoravamos. Mas se eu queria ser ajudado, eu precisava ser sincero.

— Meu Deus! Tô chocada ainda... Mas vamos lá... O Lucas já sabe?

— Ele meio que sabe.

— Como assim?

— Olha, Gabi, me desculpa, na moral, me desculpa, eu nao sei o que deu em mim... Eu meio que beijei ele.

— Quê??? — Ela se chocou.

— É. Eu meio que dei um beijo nele. Tem dois dias que isso aconteceu.

Ela não disse nada. Levou uns minutos para que ela processasse tudo. Não quero alongar tanto a conversa, mas Gabi foi uma verdadeira amiga para mim. Depois de uns minutos, ela entendeu o que eu tinha feito, porque eu tinha feito, e me ajudou.

— ...espera ele chegar em casa, chama ele pra conversar e diz o que sente. Eu não sei como o Lucas vai reagir, não sei o que ele vai dizer, mas essa é a atitude mais certa que tu pode tomar.

Ela estava certa. Era aquilo que eu ia fazer. Depois daquela tarde, nós nos despedimos, eu agradeci pela conversa e ela agradeceu pela minha sinceridade. A melhor coisa foi ter me aberto para alguém. Fiquei bastante aliviado e, do nada, senti uma coragem que nunca havia sentido. Gabi me deixou em casa e, antes de ir, me desejou boa sorte, com todo o seu enorme coração. E depois, se foi. Naquela noite, pela primeira vez em alguns dias, eu dormi bem. Estava bem comigo mesmo, sem muita preocupação. Estava decidido sobre o dia seguinte.

No outro dia, depois que larguei da faculdade, fui o caminho inteiro do ônibus pensando em quais seriam as minhas primeiras palavras para Lucas assim que eu chegasse em casa. Mas não consegui pensar em nada. Talvez um texto improvisado fosse melhor do que um ensaiado...

Cheguei ao prédio, subi o elevador e, antes de abrir a porta, me enchi de coragem. Entrei no apê e percebi, de cara, que Lucas estava no banheiro, pelo som do chuveiro. Entrei no meu quarto, troquei de roupa e fui a cozinha tomar uma água. De repente, o chuveiro desligou. Lucas iria sair a qualquer momento. Eu estava pronto pro que tivesse que acontecer.

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Comentários

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Caralho, complicado isso cara, muito compreensível da parte da sua ex. Difícil encontrar pessoas assim

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Caramba... Tô ansioso pra saber no que vai dar essa conversa. Vivi algo parecido e não tive muitas oportunidades a sós como essa de morar juntos. E vou escrever sobre isso inspirado por essa leitura.

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Gabi é super madura, incrível isso. Agora vamos para o grande final

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Nossa meu coração está disparado aqui... parece que estou vivendo essa situação!

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Por favor não demora a postar o próximo capítulo da história to curioso pra saber o que vai rolar

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Estou com um pouco de medo do Lucas agora... Por favor não demora a postar não

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Reli o conto pela segunda vez. Completamente imprevisível o que se seguirá. Poderá haver repulsa de Lucas, ou simplesmente confusão. Muito dificilmente poderá haver correspondência imediata de sentimentos, pois o Lucas foi apanhado de surpresa. O pior seria ele sentir-se incapaz de corresponder aos sentimentos do Pedro, mas ficar condoído deste e sentindo-se mal por não sentir qualquer atração física por ele o que poderia provocar-lhe pena do amigo. Mais vale ser vítima do rancor do que da humilhação do pesar aliado à repugnância.

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Excelente. Só não demore tanto para postar o próximo

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Excelente. Só não demore tanto para postar o próximo.

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Por favor não demora a posta. Juro que todo dia eu entrava no site pra saber se já tinha um capítulo novo. Na minha humilde opinião acho que não vai ser facil para o Lucas, até pq o beijo como aconteceu, sei lá, talvez de cara ele não lide bem com isso. Espero está enganado, que tudo isso não estrague a amizade.

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