Chapeuzinho Vermelho e o Lobo (uma releitura) - Capítulo 25

Um conto erótico de RedCap
Categoria: Gay
Contém 2159 palavras
Data: 18/06/2020 23:14:44

O silêncio voltou novamente na sala, então comecei a contar o relato das investigações e quando se iniciaram, que foi logo após a morte do tio Valter. Contamos ambos, André, Lola e eu, intercalando as vozes, e tentando abstrair os detalhes menos importantes. Até que concluímos toda explicação, chegando na parte que precisávamos formar uma aliança.

- Eu sugiro que, por hora, formemos uma aliança com os Bragança, porque assim a gente tem alguma chance de tentar se livrar desse tal ataque. – sugeri e esperei as reações.

- Eric, como alfa, eu não sei se isso pode ser muito vantajoso. - disse tia Mariana. - Os caçadores, como disse Nicolas, não sabem do plano de despistá-los por conta das luas cheias. E isso pode virar um problema ainda maior. - falou por fim.

- Na verdade... - disse de forma um pouco tímida a prima de Nicolas. - Perdão, eu me chamo Beatriz, eu dizia que na verdade, todos já sabiam do plano do Nicolas, e foi um consenso que isso deveria acontecer, a fim de tentar amenizar as relações entre ambas as partes. - revelou Bia deixando Nicolas surpreso. - Eu sei... - disse se dirigindo a ele. - O conselho chegou à conclusão que uma relação harmoniosa era melhor, sem conflitos. - terminou.

- Okay, então isso já abre margem para uma negociação. - disse bem certo. - Eu me disponho a ir falar com os caçadores, ninguém melhor que eu para isso. - completei. - E você vai comigo tia. - disse incisivo.

- Tudo bem, eu vou sim, querido. - disse ela, porém com olhar astuto.

- Você acha que eu sou burro, Mariana? - falei franzindo a testa. E todos se assustaram. - Já chega, você acha que eu não percebo as reações das pessoas aqui dentro dessa sala? Esqueceu que eu sou treinado pra isso? - falei em tom baixo, porém assertivo. - Você, como alfa, vai sim deixar seu orgulho tóxico de lado, e vai comigo falar com o conselho dos Bragança. Você não tem opção. - eu terminei por fim, e não fui contestado em nenhum momento.

Nós tiramos as dúvidas restantes de todo o pessoal que ainda estava confuso, e logo após todos foram para suas respectivas casas. O que ficou decidido foi que falaríamos no dia seguinte com o conselho dos caçadores, e que todos nos deslocaríamos para a rua graça opala 34, e lá confrontaríamos a matilha dos Cardoso.

No dia seguinte, pela manhã, fomos ao encontro do conselho dos caçadores, e por intermédio de Nicolas e Beatriz, acabou que todos os caçadores resolveram participar. Chegando na sala da casa de Nicolas, encontramos todos já acomodados e então expliquei brevemente o que Nicolas já havia passado para todos, e já falei da proposta de aliança.

- Eu propus uma aliança temporária com todos os caçadores. E acredito de verdade que isso vai beneficiar, não só o curto prazo, pois a lua cheia é daqui a dois dias, como depois que essa situação estiver toda resolvida. - falei.

- A gente concorda e aceita a aliança. - disse o pai de Nicolas. - Ontem quando Nicolas chegou e nos contou sobre essa situação, associamos diretamente com o caso do meu irmão, Rodolfo, que vocês já sabiam também do envolvimento dele nessa história toda. - falou Alberto.

- Exatamente, e há uma coisa a mais sobre toda essa situação que precisa ser revelada. - disse um senhor bem idoso que entrava à sala, e pude identificar como sendo Rodolfo Bragança. - Flávia Cardoso é uma lobisomem bem rara, nas minhas investigações, eu descobri que ela assassinou o próprio alfa da matilha dela, e isso a fez alfa, portanto, mas um tipo de alfa diferente, sem conexão com o resto da matilha. E tenho por mim, que é por conta disso que a matilha é tão dispersa na questão de liderança, pois existem diversos lideres, e os Cardoso são muito numerosos. - continuou. - Esse é o primeiro caso de uma múltipla liderança em matilha, não vista antes. - terminou.

Ao final da explicação de Rodolfo, todos acertamos o resto dos detalhes, e levamos a cabo uma sugestão de um dos primos do Nicolas, que era deixar que eles viessem a cidade antes, e assim nos deslocaríamos para a chácara, segundo ele, como todos estariam vindo para cá, não haveriam olheiros suficientes para descobrirem para onde nós estávamos indo, fora que ganharíamos tempo, pois enquanto eles estariam preparando as coisas aqui, nós já estaríamos chegando ao endereço do sítio.

Dois dias se passaram, e chegado era o dia fatídico que seria. Lola e André apenas poderiam nos dar apoio espiritual e moral da segurança da casa deles, por mais que eles se dispusessem a nos ajudar, eu implorei para eles ficarem fora dessa vez, já haviam feito muito por mim, pela matilha e pelos caçadores até, e eles aceitaram meio relutantes.

Alguns caçadores disfarçados monitoravam as entradas da cidade, e como tínhamos o plano dos Cardoso todo sob nosso conhecimento, às seis da manhã eles começaram chegando, grupos de aproximadamente 10 pessoas, vindos de diversos pontos, e ao todo seriam 7 grupos. E como resposta, saíam grupos da cidade mesclados de lobos e caçadores ao destino fixado.

Quando o último grupo chegou, era por volta de 8 da manhã, e com isso, saiu o último grupo, composto por mim, Nicolas, tia Mariana, e mais 4 caçadores e dois lobos. Pelas próximas três horas viajaríamos até a entrada do sítio. Mais ou menos duas horas de viagem tinham se passado, quando recebemos uma ligação.

“Alô?” - disse Bia. “Nicolas? Não importa. Eles descobriram, vocês precisam se apressar, já estão voltando, cuidado para não serem vistos.” - desligou.

- Precisamos nos apressar, eles descobriram o esquema, devemos tomar cuidado para não sermos descobertos. - avisei assim que desliguei o telefone.

Demos um jeito e avisamos o pessoal do outro carro. E continuamos com a viagem, por nós passaram alguns carros que conseguimos identificar como sendo dos Cardoso, alguns rostos reconhecidos, e até mesmo um carro dirigido por Ivan Norantes passou por nós. Estávamos quase chegando ao destino, mas paramos um pouco antes da entrada da cidade e seguimos por uma estrada lateral, até atingir a parte lateral da chácara.

- E por que isso agora? - perguntou tia Mariana.

- A gente desce aqui. - disse Nicolas. - Não podemos nos encontrar com os outros pelo caminho já pré-estabelecido, eles podem estar vigiando tudo, e você é alfa, não que seja nossa função te proteger, mas você não pode virar alvo fácil. - completou Nicolas.

- Aqui, vamos por aqui. - indiquei com um GPS na mão. - Em alguns minutos chegaremos até onde alguns já estão. - completei.

Entramos floresta adentro, e mata estava bem densa, demoramos mais para vencer os obstáculos de mato e galhos de árvores caídos, do que exatamente a distância, já que não era tão longe assim. Encontramos alguns rostos familiares de uma das posições estratégicas escolhidas, e não havia muito o que fazer a não ser esperar que todos estivessem ali, afinal de contas não queríamos atacar Flávia, queríamos acabar com aquela situação apenas.

Algumas horas se passaram até que todos os Cardoso tinham chegado ao largo descampado logo depois da entrada para o pequeno sítio, como nos foi informado. Todos apostos, esperando apenas a deixa do líder deles aparecer, e encararíamos de frente o problema, e não tardando saiu ao encontro de todo o resto Adalberto Cardoso.

Já era entardecer, por volta de 17h da tarde, ao sinal do pai do Nicolas, todos sairíamos ao mesmo tempo a encontrá-los na grande área aberta onde eles estavam. Alguns minutos e o telefone do Nicolas toca, e então saímos ao encontro de todos. Foram bem rápidas as ações seguintes, todos saímos da mesma lateral por onde eu havia entrado junto com o meu grupo, e nos reunimos no meio do local, encarando a matilha dos Cardoso.

- A gente não está aqui pra iniciar um confronto. - disse diretamente a Adalberto. - Você sabe muito bem que a gente só quer sair dessa situação sem que ninguém seja ferido. - continuei.

- E quem me garante isso? - perguntou Adalberto. - Vocês estão atrás da Flávia, eu sei que estão, querem acabar com ela, digam a verdade! - exclamou com alta voz.

- Claro que não, vocês que começaram colocando Ivan Norantes atrás da gente, vigiando cada movimento que fazíamos. - rebati.

- Você pensa isso? E por que então o clã dos Bragança está aqui? - perguntou com ar altivo. - Isso só indica o que já desconfiava, que vocês tem uma aliança para encontrar Flávia e até querer a morte dela. Eu não esqueci das investigações do velho Getúlio não, que logo após passaram ao Rodolfo Bragança. - disse Adalberto com ódio.

- Nós sabemos sim, de todas essas investigações, mas nada indica que ouve ameaça desse tipo contra Flávia. - argumentei. - Até onde sabemos, as investigações se conduziram assim porque ela foi registrada como desaparecida pelo próprio pai. Nada mais natural querer saber o que aconteceu com a filha. – finalizei o argumento com certeza.

- E você sabe qual o motivo não é verdade? - perguntou com deboche.

- Sim... - esperei um pouco, pois não tive tanta certeza. - Ela cometeu um homicídio. - respondi.

- E por um acaso isso é motivo suficiente para querer tirar a vida dela? Sendo que foi apenas um acidente! - disse uma mulher ao lado, junto a outro grupo. - Adalberto, estamos perdendo tempo, a lua é daqui umas horas. – avisou.

- Você é bem hipócrita, tá se preocupando com a lua cheia, ao invés de se preocupar com sua prole que mata o próprio alfa. - disse Beatriz visivelmente furiosa.

Nesse momento algo inesperado aconteceu. O grupo da mulher que falara, cerca de 10 pessoas, se precipitaram para nós, e um momento de luta se seguiu, e por defesa acabamos lidando com esses 10 lobos onde alguns foram liquidados e outros apenas ficaram inconscientes. Aquilo não estava indo por um caminho muito bom.

- Acalmem-se todos. - falei elevando a voz. - Adalberto, você não vê onde isso tá indo? - apontei. - Você sabe que não temos nada a ver com essa situação toda, e está negando para si mesmo. - falei como um pedido para que ele tivesse lucidez.

- MENTIRAS! - exclamou. - Vocês sabem quem ela matou? - disse ele nervoso elevando a voz. - ELA MATOU O PRÓPRIO AVÔ! MEU PAI, ELA MATOU MEU PAI! - gritou com dor em sua voz. - Mas ela não fez isso por querer, eu sei que não... Ela fez isso num momento diferente, específico. - falou abaixando o tom de voz.

- A gente sabe que por conta dela ser do jeito que é, não poderia nunca ter feito aquilo por querer. - falou um homem ao lado.

- Como assim ser do jeito que é?! - perguntou meu pai.

- Ela nasceu com um distúrbio psicólogo. - começou Adalberto falando. - E a princípio a gente não sabia como lidar com essa situação. Portanto, resolvemos manter a Flávia afastada de tudo e de todos. E isso implicava em último caso, forjar um sequestro, dar um sumiço, qualquer coisa que nos permitisse a entender primeiro o caso dela. - explicou.

“Logo, a gente acabou levando ela para outro local, onde ela viveu muito bem até mais ou menos os 15 anos, quando aconteceu o assassinato do meu pai. Ela fazia terapia online, e estava lidando muito bem com o problema, mas teve uma crise muito complicada certa vez, e acabou tudo saindo do controle, com isso.” - disse Adalberto.

“Infelizmente, ela se transformou em lobisomem, e como vocês sabem a primeira transformação é a mais complicada, e meu pai chegou para tentar acalmá-la, mas antes que ele pudesse se transformar em lobisomem Flávia acabou atacando-o, e foi fatal.” - explicou ele. “Por conta disso, ela acabou virando uma espécie de alfa da matilha, mas ela não tem conexão com ninguém, como os alfas geralmente têm, isso fez com que todos na linha de sucessão do meu pai fossem tornados alfas.” - continuou explicando.

“Mas as ligações dos alfas são muito tênues, e aparentemente todos podem tomar as rédeas da matilha. Temos lidado com isso por anos e anos, e ainda não sabemos bem como funciona.” - terminou.

- Porém ainda ficou um único questionamento. - falei. - Por que vocês insistem em falar que queremos matar a Flávia? – perguntei com ênfase.

- Porque a Flávia não conseguiu voltar a ser humana, ela teve alguma espécie de trauma psicológico e não voltou ao normal, ela está assim desde seus 15 anos. E teve uma época que ela fugiu, e aconteceram muitos eventos ruins, por conta disso, pessoas perderam a vida. - disse. - Até que conseguimos capturá-la de novo e controla-la. - falou Adalberto.

- Entendi, e por conta disso, as outras matilhas passaram a querer a morte dela, já que ela é uma ameaça potencial para revelar o segredo dos lobisomens. - concluí para Adalberto.

- Exatamente, e isso coloca vocês onde estão nesse exato momento. - disse ele apertando os olhos e fitando todos nós.

- Não é verdade. - contestei. - Estamos aqui por conta das ameaças que vocês fizeram diretamente a nós. Estamos só nos defendendo. - falei em tom defensivo.

- Na verdade ainda não estão, porém vocês agora sabem de tudo, e não poderão sair daqui com vida, já que esse conhecimento pode escapar. Não posso dizer que foi um prazer conhece-los. - terminou Adalberto acenando um comando de ataque para todos.

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Continua logo, que ansiedade. Capítulo foda!

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