Chapeuzinho Vermelho e o Lobo (uma releitura) - Capítulo 21

Um conto erótico de RedCap
Categoria: Gay
Contém 1936 palavras
Data: 14/06/2020 14:02:24

Entramos um quarto vazio rapidamente, Nicolas parecia mais calmo, porém estava bem sério. O que quer que tenha acontecido deve ter deixado ele bem perturbado, raramente eu via Nicolas assim, a última vez mesmo foi lá no galpão quando estava preso e fui resgatá-lo. Eu esperei com atenção até que ele se pronunciasse.

- Eu acho que aquele cara que seguiu a gente, lá na cidade da vovó, é um lobisomem. - disse ele e viu minha cara de espanto. - Na verdade tenho certeza que é um lobisomem. - falou.

- Ué, mas como assim? Onde você o viu? Você viu ele se transformar? Ele esteve aqui na cidade? - perguntei.

- Ontem foi lua cheia... - disse Nic mais pra si mesmo. - Sim, ontem foi lua cheia e você não se lembra de nada. - concluiu. - Eu fui até a clareira que vocês estavam pra checar se tava tudo bem. - começou a explicação.

“Logo que cheguei, estava com meus primos, eu desci do carro e fui ver os lobisomens, nisso foi questão de alguns minutos, sei lá, cinco, sete. Eu estava voltando pro carro, até que senti um bafo quente na minha cabeça, virei pra ver se era você, mas era um lobisomem enorme, maior que você, mas de pelo muito preto.”

“Ele não foi muito com a minha cara, então quando ele pulou pra me atacar você apareceu de lado e mordeu ele.” - quando Nicolas disse isso eu fiquei em choque. “Então ele ficou meio desnorteado, tempo que fui puxado pelos meus primos pra caminhonete, e saímos dirigindo vazados. Porém, ele alcançou a gente, e quando pareou com o carro eu olhei na cara dele e reconheci pelos olhos. Os mesmo que vigiavam a gente lá na cidade...” - terminou Nicolas.

- Nossa, sei nem o que dizer. - falei pensativo. - Na verdade sei sim. Você volta lá pra lá, e vê se tá liberado e se cuida. Quando tiver, você me envia uma mensagem pra gente marcar de se ver e falar mais sobre isso. Preciso fazer algo urgente. - disse pra Nicolas e rapidamente sai.

No caminho para casa, eu liguei pra André e Lola me encontrarem em casa o mais breve possível, já que Nicolas falou que avistou aquele homem, precisávamos agora investigar tudo da vida dele. Eu começava a achar que ele seria uma peça fundamental pra entender a história que investigávamos, e de quebra saber se existe uma outra matilha além da minha.

- Oi pessoal, entra, entra. - falei apressando os dois que chegaram juntos comigo em casa. - Me espera aqui enquanto eu troco de roupa e tomo um banho rápido. André, liga pra sua tia que a gente precisa ir pro cartório agora. - falei já subindo as escadas pro meu quarto.

Desci em uns quinze minutos já pronto pra sair. André já havia avisado a tia dele e então seguimos para o cartório. No caminho expliquei aos dois que o Nicolas tinha visto o cara disfarçado lá como um lobisomem, e que aquilo poderia ter ligação com alguma das pontas soltas que a gente ainda tinha. Portanto, precisávamos pesquisar tudo da vida dele.

- Eric, escuta! - disse Lola. - Por mais que você ache que ele possa ter a ver com a investigação, por onde a gente começa? - perguntou ela perdida. - Vocês não têm nem um nome... Não dá pra surgir do nada com informação assim. - disse Lola por fim.

- Eu sei, eu sei. - falei angustiado. - Tá, a gente procura primeiro pelo registro dos policiais da cidade, se ele for mesmo vai tá lá. - disse a eles dois.

Logo após isso, procuramos por alguns minutos os registros de todos os policiais lá daquela região, encontramos muitos registros e olhamos um por um. Como Lola e André não tinham visto o homem, selecionamos uma faixa etária de 30 até 45 anos, achamos que seria suficiente. Embora depois de olhar todos os registros da polícia civil e militar, não encontramos nada.

- Será que ele pode ser policial municipal? - perguntou André.

- Não sei, até porque ele estava de farda da militar no dia lá. Mas não custa tentar não é? - falei tentando animar todo mundo.

Mais umas horas procurando nos arquivos e encontramos bem menos registros, o que já era uma vantagem. Olhamos um por um e eu acabei esbarrando em 4 homens bem parecidos com o cara misterioso, que agora também era lobisomem. Precisávamos cruzar essas fotos com o original, porém como senão sabíamos onde procurar o original?

- Gente, tive uma ideia, e se a gente repassar os funcionários lá da Cardoso LTDA? - palpitou Lola. - Assim, comparamos com essas 4 fotos e se bater já é um começo, certo? - disse por fim.

- Ótima ideia, Lola! - falamos André e eu ao mesmo tempo.

Repassamos os funcionários da Cardoso LTDA e pra nossa surpresa, dois dos policiais foram funcionários da empresa, um antes de virar policial, e outro ainda era funcionário, trabalha como vigia fazendo escolta do galpão. Agora só precisávamos saber qual dos dois seria o escolhido.

- Esse aqui que trabalhou e agora é policial, parece ser, não? - disse André.

- Não sei, porque se ele saiu da Cardoso LTDA, por que ainda prestaria serviço? - falei.

- Espera, você não tinha dito que o Branco praticamente acabou com os vigias naquela noite? - perguntou Lola.

- Sim, ele acabou com eles mesmo, e assim... acho que não sobrou ninguém vivo. - falei pesaroso.

- Tá, então isso faz um certo sentido. O homem larga a Cardoso, vira policial civil... e... - disse Lola vendo no computador rapidamente algo. - Aqui, Valdir Arantes, condecoração pelo bom trabalho na corporação, descanse em paz... bla bla bla... enterro dia tal. É isso gente. Entenderam? - falou Lola na expectativa pra mim, mas André falou logo.

- Eric, esse que morreu é o que continuava trabalhando de vigia lá. Então o outro que largou o emprego na Cardoso pegou de policial pra justamente vigiar quem entra e quem sai da cidade. - explicou André. - E isso é explicado justamente pelo início dos casos de crimes, que até então, não eram recorrentes na cidadezinha da avó do Nicolas. - falou André.

- Conferindo as datas aqui, elas batem sim. - falei. - Dia 18 de Setembro foi quando começaram as coisas lá, de crimes... E Nicolas e eu viajamos em dezembro, dois meses já que rolavam os crimes. - completei.

- Tá, vou jogar o nome dele aqui pra ver se aparece mais alguma coisa interessante. - disse Lola. - Ivan Norantes Júnior, o que você esconde da gente... - falou consigo mesmo.

- Ele deve estar vigiando alguma coisa de interesse do pessoal da Cardoso, não é possível que ninguém tenha descoberto ele ainda. - falei olhando pro computador onde Lola pesquisava. - MEU DEUS, CLICA AQUI! - apontei pra um link na pagina que Lola estava, e comecei a ler.

“Ivan Norantes Júnior vela corpo do pai Ivan Norantes, ao lado de sua mãe Maria Norantes bastante comovida. O senhor Ivan Norantes morreu na tarde de quinta feira, ele foi alvejado na região do tórax e infelizmente não resistiu. O laudo médico feito pelo doutor.” - Prestem atenção nesse nome. - pedi aos dois. “Saulo Cardoso explica detalhes do caso.”

“O caixão bem maior que o normal leva não só o corpo de Ivan, mas também objetos de grande apresso e valor, logo o túmulo não terá seu local divulgado, para salvaguardar o último desejo do velho senhor.”

- Essa data é um dia depois que a Roboalda matou aquele lobo enorme, será que... - disse André. - Ivan era lobisomem, foi morto por Roboalda, desenterraram o corpo e fizeram um velório pra ele. Com isso o filho deve ter ficado revoltado, sei lá, e se juntou aos Cardoso. - falou André.

- É quase isso, Ivan é Cardoso também, olha aqui, ele pegou o nome da esposa, Norantes, aposto que foi pra tentar encobrir a falcatrua de todos eles... - disse Lola.

- Na verdade para encobrir o segredo de que todos eles são lobisomens. Isso faz total sentido. - falei com pensamentos a mil por hora. - Roboalda matou um lobisomem da matilha dos Cardoso, e por vingança eles usaram ela como parte do plano pra incriminar o Rodolfo. Foi mais uma conveniência. - expliquei para os dois.

- E o caso do médico também fica óbvio, ele forjou o atestado de óbito, nem sei se posso falar isso, porque ele morreu mesmo com tiro no peito, a questão é que ele tava em forma de lobisomem, então serviu mais pra não fazerem uma perícia e descobrir o segredo dos lobos. - falou Lola.

- Gente, espera, não pode ter sido só isso... ai... não tô lembrando... – disse André fazendo força pra lembrar de alguma coisa.

- Nossa, se fizer mais força vai peidar. - soltei a piada sem nem ver, gargalhamos todos juntos. - Um minuto de descontração não faz mal pra ninguém. - tentei animá-los. - Não consigo pensar em mais nada, minha cabeça tá doendo, a única coisa que me veio na mente agora é como será que os filhos lidaram com a morte da Roboalda... e logo após o marido dela morrer... - disse.

- É isto, exatamente isto. - disse André de rompante. - O Getúlio foi morto por esse tal de Ivan Norantes, entenderam? - falou ele olhando pra nossas caras de interrogação. - Olha, o Getúlio estava investigando a mulher desaparecida, então foi morto porque tava quase chegando no final do caso. Com isso, os relatos da Roboalda não falavam que tinha um bicho enorme? - articulou André pra gente.

- Então... no caso era um lobisomem. - falou Lola. - Era um lobisomem, esse lobisomem. - apontou Lola de olhos arregalados pra foto do Ivan.

- Exatamente, portanto, o lobisomem matou o Getúlio, e logo depois a Roboalda matou ele, talvez ela fez isso sem nem saber, o que deu gatilho pra matilha colocar em prática o plano com ela. - falou André muito certo de si.

- E o real motivo disso tudo, obviamente sem dúvidas nenhumas, foi a proteção a essa mulher sumida, que provavelmente pode ser uma lobisomem também... - completei a fala do André.

- Se ela é lobisomem, a gente precisa descobrir ainda, porém fato é que tudo se encaixou e essa mulher é a razão fundamental dessa treta aí. - disse Lola com sorriso de vitória no rosto.

- Vocês vão achar loucura o que eu vou dizer, mas a gente precisa grampear o telefone do galpão, hackear e-mail sei lá. - disse bem certo.

- Você só pode estar de brincadeira! - exclamou André. - Tomou o remedinho hoje? Como a gente vai fazer isso, não temos equipamento, muito menos um hacker que nos ajude nisso. - concluiu.

- Não, tem razão. Mas temos um monte de caçadores com habilidades questionáveis bem ao nosso alcance, e com uma ponte chamada Nicolas. - falei para ambos enquanto me olhavam desconfiados.

- Nossa, você não era manipulador e interesseiro assim não hein! - falou Lola apertando os olhos pra mim.

- Nada a ver. - neguei tal reação. - Eu não estou sendo nada disso. É tanto quanto, ou até mais interesse deles agora, imagina outra matilha querendo dominar, seja lá o que for, pra eles se preocuparem? - falei.

- Você em parte tem razão, mas então pra isso você precisa falar com o Nicolas pra ver se ele ajuda a gente nessa missão. - disse André.

- Podem deixar eu falo sim, estou esperando ele sair do hospital. - falei. - Assim que ele puder me encontrar eu já pergunto isso pra ele e explico todas essas coisas que planejamos. Mas, de uma forma não tanto sugestiva que ele possa descobrir tudo que a gente tá investigando nesse tempo todo. - disse.

Resolvidas todas as questões, marcaria um encontro com Nicolas para poder passar pra ele tudo que a gente conseguiu, tomando cuidado claro, e pedir uma ajuda nessa parte dos grampos telefônicos e hackeamento das contas de e-mails e afins. A gente podia já sentir, e quase apalpar a solução desse caso, com certeza o motivo maior se apresentaria logo mais tarde.

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