Chapeuzinho Vermelho e o Lobo (uma releitura) - Capítulo 13

Um conto erótico de RedCap
Categoria: Gay
Contém 2026 palavras
Data: 06/06/2020 11:03:55

Chegamos na casa da avó de Nicolas no final da tarde. Uma luz alaranjada e crepuscular pintava o céu, e realçava as nuvens salpicadas como grandes flocos de algodão doce. A paisagem era magnífica. Assim que entramos nos limites da cidade, porém, fomos barrados numa blitz de trânsito. Havia uns cinco policiais em duas viaturas e paravam todos os carros.

Nicolas me olhou com uma expressão de dúvida. Mais cedo, durante a viagem, me contou que a cidade era pacata e segura, não tinha ocorrências de crimes, de nenhuma espécie, nem de pequenos furtos. O policial indicou aonde Nicolas deveria parar o carro, portanto, encostamos e descemos, Nicolas estava com os documentos na mão de prontidão.

- Boa tarde! - disse o policial a Nicolas.

- Boa tarde senhor policial, alguma coisa está acontecendo? - perguntou Nicolas educadamente.

- Sim, estamos com algumas denuncias graves, alguns assassinatos tem acontecido na cidade. O mais estranho é que todas as vítimas até agora são de fora. - disse ele entregando os documentos a Nicolas. - Tudo certo, podem ir. Boa tarde. - terminou o policial e seguiu para outro carro já parado.

Entramos no carro e continuamos viagem, não demoraria muito pra enfim estar na casa da avó de Nicolas. Ou demos muito azar, ou foi só uma infeliz coincidência da vida, que justamente viéssemos pra cá com isso tudo acontecendo. Mas algo me intrigava muito mais do que essa onda de crime, um dos policiais que estava no outro sentido, dos carros saindo da cidade, não parava de olhar de Nicolas pra mim, de mim para Nicolas.

- Muito estranho né? Você disse que aqui era bem calmo, e agora isso! - disse com a cabeça acelerada, mil possibilidades batiam na minha mente.

- Sim, eu mesmo nunca tinha visto algo assim aqui antes. - falou Nicolas.

- Bom, mas de qualquer forma não vamos deixar que isso abale nossa estadia aqui não é? - falei sorrindo tentando reverter aquele início de férias.

- Mar craro! - disse ele brincalhão. - Viemos pra descarregar as bad tudo, et voilá, chegamos! - anunciou Nicolas parando o carro e apontando categoricamente para o casarão à frente.

- Caramba, que lugar incrível, que casa maravilhosa! - falei maravilhado.

- É sim né? Do início do século XIX, acredita? - disse ele maravilhado comigo.

- MDS, preciso entrar, vamos logo! - sai do carro apressado e fui pra mala pegar a bagagem.

Entramos no casarão e Nicolas tratou de fazer algo que não esperava, ele simplesmente deu um grito de “vovó” que eu me assustei com um pulo. De repente uma senhora surgiu no alto de uma escada à frente da porta de entrada, e tinha um sorriso tão aconchegante, tão carinhoso, ela tinha aquela aura que todas as avós tinham, um amor que a rodeava e alcançava quem estivesse ao seu derredor.

- Nicolas! Meu filho amado, vem cá! - disse ela enquanto descia a escada de vagar. - Como está você? - perguntou enquanto o abraçava.

- Estou bem vovó, e a senhora? - disse ele beijando-a com ternura.

- Como estou, ora bolas, estou muito feliz por ter você bem aqui na minha frente. - disse ela para Nicolas, e ele acabou corando, foi fofo. - Mas espera, quem é esse rapaz bonito aqui? - perguntou se aproximando de mim.

- Esse é o Eric, vovó! - me apresentou Nicolas à senhora.

- Prazer vovó! - falei sorrindo pra ela que me puxou para um abraço. - Como a senhora está? - perguntei educado sentindo o calor do abraço dela.

- Estou bem querido, estou bem. - disse sorridente. - E quanto tempo vocês vão ficar aqui na casa dessa velha senhora? - perguntou.

- Ah vovó, mas já? - falou Nicolas. - A gente fala mais tarde, podemos ir lá pra cima? Digo, nos instalar? - perguntou ele apontando pra escada.

- Mas é claro, e você ainda pergunta? - disse ela. - Enquanto isso eu vou pra cozinha, preparar seu bolo preferido. Desçam rápido. - advertiu ela.

Vimos ela se afastar por uma porta grande em direção à cozinha. Nicolas foi me guiando por aquela casa incrível, e muito grande. Parecia um cenário de filme de época, um casarão enorme, com muitos quartos e saletas, tinha uma biblioteca! Ele me mostrou muitos dos cômodos do segundo andar, e me guiou pra o último quarto no final do corredor.

Entramos no quarto, e não pude deixar de ir involuntariamente para a sacada, a vista dos morros cheios de árvores era fantástica. Qualquer espaço de terra era ocupado pelo verde em seus vários tons. Nicolas também veio para a sacada, que na verdade era bem grande, uma varanda, e abrigava até uma pequena mesa com dois lugares à direita, e tinha uma rede do outro lado.

- Esse lugar é muito bonito, né? - perguntou Nicolas. - Eu venho aqui sempre quando quero sair um pouco de mim, deixar a realidade de lado um pouco, parece que entro em mundo lúdico estando aqui. - disse ele com os olhos desfoques, podia sentir o relaxamento vibrando pela sua voz, estava deixando se envolver por aquele ambiente calmo e natural.

- Verdade, muito lindo aqui! - disse olhando para todas as direções. - Mas, sem querer tirar você da vibe, a vovó nos espera, e eu tô morrendo de fome! - disse pra ele entrando pro quarto. Ele me seguiu de perto. - Espera, aonde eu vou ficar? Esqueci de te pergun… - me interrompi com a visão da minha mala também em cima da cama, ao lado da mala do Nicolas.

- Aqui neste quarto é claro! - disse ele com muita certeza. - Aonde mais pensa em ficar? Não seja bobo, vamos lá pra baixo! - disse ele saindo.

- Mas pera! Tem inúmeros quartos aqui, é claro que não há necessidade de ficar aqui, a não ser que queira me ceder o quarto com essa vista maravilhosa né, aí não vou recusar! - disse soltando uma risada alta.

- Uma das coisas que esqueci de mencionar, aqui é uma casa de… er… moças! - disse ele gargalhando. - E pode acreditar, todos esses quartos estão ocupados. - disse ele que viu minha cara de dúvida, e se apressou a explicar. - Hoje é sexta, elas devem chegar no domingo. Quando eu morava aqui, elas saiam na sexta e iam visitar suas famílias, eu acho, e voltavam no domingo, portanto, vai ficar aqui comigo sim. - disse ele me puxando pra descermos.

- Tá né, não posso fazer muita coisa então… - disse relutante.

Chegamos na cozinha e o cheiro do bolo de milho estava divino. Nos sentamos rapidamente e vovó tratou de por a mesa para um café da tarde, já tarde. Tudo era tão “de época”, até os talheres e pratos e copos tinham um toque de serem peças da época de Brasil colonial. Cada minuto naquele ambiente estava sendo uma experiência e tanto.

- Comam tudo! - disse vovó com ar de mãe que advertia o filho pequeno.

- Mas conta pra gente vovó, como vão as coisas aqui? Fazem quase 4 anos desde que fui embora pra estudar. - perguntou Nicolas enquanto comia.

- Ah Nic, vão como sempre foram. - disse ela risonha. - As moças ainda moram aqui comigo, mas claro, algumas foram embora como você pra estudar, porém sempre tem novas moças chegando e ficando por aqui. - explicou.

- E elas vão voltar no domingo mesmo? - ele, jogando a indireta pra mim, perguntou.

- Ah sim, certamente, talvez algumas cheguem amanhã mesmo. - disse vovó pegando um pedaço de bolo também, não conseguiu resistir, supunha.

- Vovó, esse bolo está maravilhoso! - disse me deliciando.

- Obrigada Eric, é o favorito do Nic aqui! - disse ela olhando pro Nicolas.

Depois que comemos, Nicolas avisou para vovó que iríamos sair para conhecer a cidade. Vovó pediu que não voltássemos muito tarde, porque as notícias não eram boas sobre os acontecimentos na cidade. Fixamos uma hora de chegada com ela e saímos para a cidade, e um detalhe, fomos à pé. O casarão ficava na outra saída da cidade, porém ainda dentro desta.

Andamos por uma rua principal larga, que servia de apoio para ruas laterais. Havia lojinhas coloridas com objetos manufaturados, era tudo muito artesanal, e os produtos eram riquíssimos em cultura. Andamos por diversos lugares, por fim, paramos para comer em um restaurante de comida típica da região. Quando entramos e sentamos em uma mesa, olhei ao redor e não pude deixar de notar a mesma feição do policial da blitz mais cedo, em outra mesa.

Comemos uma comida muito saborosa e partimos de volta para casa, já iam dando dez horas da noite. Vovó devia estar preocupada a essa altura. Saímos do restaurante e seguimos andando pela rua principal, o casarão ficava ao final dela. Olhei de relance para trás, e pensei ter visto o mesmo rosto do policial entrando numa rua lateral. Será que ele estava nos seguindo.

Chegamos em casa e fomos recebidos por uma vovó irritada de jeito amoroso. Ela nos repreendeu por termos chegado àquela hora, mas logo em seguida abriu um sorriso deslumbrante, e como ela pareceu adivinhar que tínhamos jantado fora, nos chamou para comermos uma sobremesa, que ela mesma tinha feito pouco depois de sairmos.

Subimos pro quarto, era uma suíte, Nicolas foi tomar banho primeiro, enquanto isso eu fui pra sacada, chegando lá eu inspirei profundamente sentindo o ar frio com cheiro de natureza entrar pulmões adentro, expirei. Era muito relaxante mesmo aquele lugar, agora sozinho um pouco e pensando bem, ainda bem que não desmarquei com ele, teria me arrependido depois.

Ouvi a porta do banheiro bater e entrei no quarto, peguei minhas roupas na cama e quando olhei pra frente o vi. Nicolas só de toalha, ele não tinha músculos muito definidos nem marcados, mas ele tinha mais corpo que eu, seu abdômen tinha as linhas da definição bem tênues, e seus braços com músculos não tão grandes equilibravam bem com o peitoral definido, e ele era muito branco, acho que tinham mergulhado ele na tinta branca.

- Que foi? - perguntou Nicolas arqueando as sobrancelhas.

- E você ainda pergunta? - falei apertando os olhos pra ele.

Entrei no banheiro enquanto ele ficava lá com cara de quem não havia entendido nada. Tomei um banho bem quente, e fazia frio lá fora, coloquei uma roupa quente e sai para o quarto. A porta para a sacada estava fechada, todas as janelas estavam fechadas e com as cortinas puxadas. Nicolas estava deitado na cama mexendo no telefone.

- Você quer que ligue o aquecedor? - perguntou ele.

- Acho que não vai ser necessário! - respondi enquanto estendi a toalha num varal portátil ali perto. - Tem edredons suficientes pra gente? - perguntei.

- Sim, tem uns no armário. - disse Nicolas.

Ele levantou e retirou o lençol que cobria a cama, dobrou e levou consigo em direção ao armário. De lá tirou um edredom grosso azul, estendeu na cama e sentou nela com o telefone na mão. De repente ele se virou e me viu em pé do lado da cama, não entendo o porquê de estar ali assim, falou:

- O que foi agora? Esse edredom é bem quente, pode confiar. - disse ele.

- Não tenho dúvida, mas ainda não consigo entender por que tenho que dormir com você! - disse de sobrancelhas arqueadas. Nicolas se levantou, se pôs à minha frente e colocou as mãos nos meus ombros.

- Eric, é só uma cama, a gente só vai dormir não precisa se preocupar, eu não vou fazer nada pra te machucar, e você também não vai pra me machucar. Que tal um pouco de confiança aqui? - falou ele paciente.

- Tá okay, vou parar com a paranoia. - falei, me desvencilhei dele e fui apagar a luz, voltei pro meu lado da cama e ele ainda estava lá de pé. - Que foi? - perguntei enquanto olhava pra ele no escuro.

- Nada, eu só… - disse, a voz falhando no final.

Algo totalmente inesperado aconteceu naquele momento, ele me puxou pela cintura e me beijou, no início foi tímido, mas depois foi um beijo bem intenso. A minha reação foi meio retardada, mas acabei retribuindo. Ele me soltou e acabou indo rápido e desajeitadamente pro outro lado da cama, nos deitamos de costas um pro outro.

O beijo foi bom, ambos gostamos, mas ainda sim não podíamos nem pensar em começar aquela relação, aquilo não podia acontecer. Meus sentidos foram sendo desligados aos poucos, e me deixei invadir pelo sono, aos poucos fui deixando o mundo dos acordados, mas antes de ir, senti que Nicolas virava e me abraçava, mas podia ser apenas um sonho, um sonho-desejo.

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