CAMINHOS DA VINGANÇA - O GADO

Um conto erótico de Ferraz
Categoria: Gay
Contém 757 palavras
Data: 27/06/2020 20:04:09

Os dias se passaram desde a chegada da carta, num ritmo lento e entediante. Até que, enquanto eu estava lendo na varanda, viajando em meus pensamentos, ouço de longe o barulho de motor, era um carro, o carro de meu pai, apesar de não sermos ricos, tínhamos alguns luxos que a fazenda nos proporcionava, ao todo temos dois carros, um para as viagens e outro para disposição da família que ficava na fazenda, haviam também caminhões pequenos de carga e alguns maquinários. Meu pai chega, e com ele sai do carro um homem alto, de cabelos pretos, pele parda, uma vestimenta simples, porém requintada, meu pai passa por mim, e de leve solta um sorriso, o senhor o segue, passa por mim e pensa em me cumprimentar, mas recua ao ver que meu pai não fez questão ao menos de nos apresentar. Fico do lado de fora, e não os vejo mais até a hora da janta.

Passam-se dois dias, e não ouvi a voz do meu pai se dirigir a mim, mas sei que é seu jeito, e me contento com os leves acenos que ele me dá. Na noite do segundo dia, enquanto eu aguardava o horário da janta, no meu lugar preferido, a varanda, o comprador sai pela porta com um charuto em mãos, vem até mej lado e finalmente ouço sua voz rouca dizer em palavras curtas

- Sei que não é da minha conta, tão pouco quero que seja, mas, porque tu jovem que és, te consola somente com a prisão dessa casa, com essa familia que te trata com sentimentos tão frios e amargos? - ele me pareceu invasivo de fato, mas não disse mentiras, eu mesmo me pego perguntando o mesmo

- É a família que tenho, e respeito.- Ele então olhou dentro de meus olhos e disse com uma certeza que martelou durante toda a noite em minha mente

- Um dia, você conhecerá o mundo, e se você agir como agi aqui, ele irá te engolir. - e entrou novamente.

Ele partiu no dia seguinte, meu pai o levou a ferrovia, ao chegar finalmente fez menção a mim

- filho - falou enquanto entrava em meu quarto - com está grande, um rapagão de fato - eu ri, era sempre assim

- Papai, ja tenho quase meus 18, é de se esperar que eu cresça - falei rindo

- verdade, e é sobre isso que quero lhe falar, o comprador que aqui veio, irá levar todos os gados que estão a venda, pagou adiantado e logo mais virá buscá-los, mas o fato é que quero que escolha um presente para você, o que quiser, o lucro foi ótimo, minha parte foi generosa, e quero lhe dar algo especial- olhei ao meu pai, e senti ali que apesar de tudo, da distância e falta de carinho, ele me amava

- na verdade não preciso de nada, sei que temos várias dividas, não quero que se preocupe comigo

- esqueça as dívidas filho, seu avô vai amanhã mesmo ao banco quitar tudo, graças a essa venda estamos livres dessa carga - falou meu pai rindo, depois de muito insistir eu aceitei relógio de bolso que havia visto na cidade em uma joalheira, meu pai se animou, pois disse que é uma ótima aquisição que eu poderei levar comigo sempre.

Passados duas semanas, faltando apenas 3 dias para a data que o comprador viria buscar o gado, uma notícia abala a todos na fazenda

- Um gado morreu, do nada, não sei o que se passa - ouvi o tio Sebastião dizer alto na sala enquanto eu estava na varanda

- Como assim? César você é o responsável pelo gado, o que houve? - exclamou meu avô

- Ontem estavam todos ótimos, não sei o que esta acontecendo.

Derrepente sobe as carreiras um dos empregados de meu avô, ele chama da porta por tio César que sai exasperado

- O que há moleque? Não vê que estou ocupado?- disse meu tio com arrogância

- Mais três siô, mais três gado morreu agora, caíram com vento, e sucumbiram- falou o jovem quase sem fôlego, meu avô saiu em disparada para fora, desce a escadaria que da acesso a varanda e corre rumo ao pasto

As coisas só pioraram dali em diante, minhas aulas pararam, minha avó salgava a comida, meus tios tinham discussões altas como nunca antes, meu pai apenas se prendia em seus pensamentos, e meu avô, ele agia como se nada fora do normal estivesse ocorrendo. No dia anterior a vinda do comprador todos os gados ja haviam morrido, e não se tinha idéia de como o problema seria resolvido.

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