A Pombagira me Salvou!!!

Um conto erótico de Cowboy
Categoria: Heterossexual
Contém 6232 palavras
Data: 25/06/2020 23:08:52
Última revisão: 03/03/2021 19:47:57

Conversando aqui no chat do CDC com algumas pessoas singulares, resolvi relatar uma aventura, se é que pode se chamar isso de aventura kkkkk

Abraços à queridíssima Pepper, Otávio, Ricardo, SF e outros...

Fato ocorrido no ano de 1998, lá pras bandas de Ipameri - GO. Faltavam poucos meses para eu completar 30 anos. Eu já estava envolvido com os rodeios, mas entre uma festa e outra, com espaço de 15/20 dias entre as viagens, eu prestava serviço ao meu velho amigo. O Fazendeiro que carinhosamente chamo de "Véio" em algumas das minhas histórias.

Esse fazendeiro foi mais que um amigo que tive. Depois que meus pais faleceram, ele teve um papel fundamental no direcionamento que dei em minha vida.

A contra gosto do Véio comecei a viajar acompanhando os rodeios, mais isso é um outro causo, que contarei uma outra hora.Ele queria que eu ficasse ajudando nos negócios,o patrão tinha filhos, mas só queriam gastar a grana dele. E eu queria viajar, conhecer o Brasil, e deixar algumas mágoas para trás, curar feridas profundas!!!

Desde pequeno havia viajado por muitos lugares com meu pai, avô e tios. Em uma época, meu pai chegou a ter 3 comitivas, e naquele tempo ainda se ganhava um bom dinheiro com esse tipo de empreita. Mesmo tendo fazenda, meu pai trabalhava pra outras pessoas.

Para os que não sabem, em uma viagem longa, dekm ou mais, o gado sofre menos sendo conduzido em marchas, do que embarcado em caminhão. O gado chega a perder 2 @ ou mais em um transporte de caminhão. Isso no caso de boi criado à pasto. Os touros de rodeio estão acostumados à essa rotina, e são as verdadeiras estrelas da festa.

Meus antepassados sempre lidaram com tropas e boiadas. E meu pai, quando pegava uma empreita pra transportar uma boiada, entregava a boiada gorda na porteira. Pois ia pastoreando e deixando o gado pastar, limpando os corredores das "boiadeiras" (as antigas estradas de terra). A passo lento, sem pressa, andando no máximo 18 km dia.

Por aí vocês façam as contas o quanto agente demorava no trecho para cortar 300 ou mais kms!

Aprendi o ofício de ponteiro na comitiva. Quando se assume esse ofício, você precisa aprender todos os toques.

A saída da boiada, o " baixão" estradeiro, quando a boiada está na rotina, a rebatida ou toque de perigo e alerta, o almoço/bóia, o recolhimento do fim do dia ou "pouso da comitiva" e o floreio, que é quando você "cantarola"alguma canção com acordes do berrante, fazendo graça quando entra ou sai de alguma cidade, currutela ou "patrimoniozinho"(vilarejos). Ia na frente com o berrante, chamando e acalmando a boiada, alertando os companheiros que vinham logo atrás sobre algum perigo, uma cerca quebrada, carro ou caminhão, carroceiro, crianças ou mulheres, lavrador na beira da boiadeira, ponte caída, porteira baixa, encruzilhadas... e quando aparecia alguma dessas situações, eu repicava o berrante em um toque parecido ao de uma corneta, bem alto. Aquilo ecoava sertão afora e me enchia de orgulho dizer que éra ponteiro de comitiva.

Mas vamos ao que me aconteceu.

O Véio queria comprar uma vacada solteira de um amigo de um conhecido dele. Esse gado estava lá no Goiás, na região de Ipameri, e naquela época só tinha um jeito de olhar o gado, indo até ele. Ahh tivesse o tal de zap!!!!!

Um dia antes da viagem pro Goiás, o Véio pediu para levar ele até uma "benzedor". Disse que não estava bem, que andava perdendo sono e tendo pesadelos. Eu sempre fui meio sismado com esse tipo de coisa. Quando passava na frente de algum cemitério ou encruzilhada e encontrava algum "despacho", "entrega" ou seja lá como aquilo se chama, eu me benzia em cruz. Ficava veiaco , sismando com aquelas coisas colocadas em uns tipos de vaso de barro parecendo bacia.

Bem, eu nunca negava fogo, e estava sempre a disposição do Véio pra qualquer parada.

Coloquei o Véio na caminhonete e fomos até o tal lugar que benzia o povo.

Entramos na cidade, e pegamos pro rumo de uma vilinha afastada do centro. Uns casebre bem simples, a rua éra de terra. Paramos no endereço que haviam passado pro Véio. A casa éra esquisita. A frente éra fechada com umas placas de madeira, o que impossibilitava de se espiar pra dentro.

Por cima das colunas do portão tinham umas palhas amarradas, uns vasos estranhos e umas plantas. Duas carrancas de madeira de metro e meio nos dois lados. Chegamos perto do portão e o Véio perguntou:

-- quer me acompanhar ou tá com medo?

-- ah véio, ja vi cada coisa, não vai se umas "macumba" que vai me assombra!

Bati palmas e logo saiu um homem de dentro que veio abrir o portão. Ele usava uns panos amarrados na cabeça, colar feito de semente. Sei que éra mais enfeitado que charrete de cigano.

Nos convidou a entrar. O Véio foi primeiro e eu no rastro.

Ali naquele coberto, que éra um tipo de garagem, tinha um bocado desses vasos, e uma catinga de incenso que sufocava.

Fechou o portão e nesse momento, o cowboy aqui, todo valentão deu uma piscada na tóba. Juro, fiquei sismado heim gente.

O tal feiticeiro pediu para acompanhar ele pelo corredor na lateral da casa.

Rompemos aquele lugar que mais parecia um cativeiro de bandido, e chegamos nos fundos da casa. Entramos em um quartinho, e ali que o trem ficou feio de vez.

Tinha um monte de imagem, vela de tudo que éra cor ,um cheiro forte da peste.

O homem pediu pra gente tirar as botas pra entrar...

Aí eu ja sismei.

O Véio tirou a bota e pediu para eu fazer igual. Fiz, mais fiquei de meia. O velho então sentou em uma cadeira para receber o tal "passe" e tirar as "coisa ruim" do corpo dele.

O homem tomou umas lapada de uma bebida estranha, cheiro forte, tipo pinga. Deu umas cuspidas em torno do Véio e quando chegou perto eu recuei.

Ele me olhou estranho, e voltou pro Véio.

Pegou umas ervas e umas velas e começou a falar umas coisas que não entendi o que éra. E começou tremer , balançar e partiu pra cima do Véio.

Eu já tava pra meter o pé e vaza dali.

O homem, ou sei lá o que, começou falar com o Véio e perguntar as coisas pra ele...

O que tava acontecendo, o que sentia, e foi perguntando...

Ahhh eu não aguentei e disse:

--- o Véio, fosse pra fazê isso nois fazia em casa. O homem não adivinha e sabe das coisa? Nunca vi isso...

A "pessoa" virou pra mim com os olhos virados e me mandou calar a boca, e disse que eu nem deveria estar ali...

Eu muito bocudo respondi pra aquela "coisa":

--- tô aqui pra não deixá o Véio sê engambelado...seu embrulhão...

Rapaz, o homem ficou bravo comigo.

Resmungou e veio pro meu lado querendo me pegar. Parou na minha frente e estatelando os olhos falou:

-- sai daqui, leva esses homem embora, saaaai daqui..

O Véio se levantou e perguntou o que tava acontecendo.

O "coiso" falou que éra pra eu e mais não sei quem sair dali. Mas que precisava terminar o trabalho no Véio.

O Véio pediu pra eu ter paciência e esperar la na rua.

Sai de fasto, sismado, calcei as botas e fui pra frente da casa.

O portão estava apenas encostado. Empurrei e sai pra rua. Fiquei fumando do lado da caminhonete. Ainda escutei o tal homem dando uns gritos. Demorou uns 20 minutos pra terminar a sessão.

Quando ouvi o Véio e o tal catimbozeiro conversando enquanto saiam da casa.

Pararam do lado de dentro e ouvi o homem dizer pro Véio.

--- o senhor me de mais um pouco de dinheiro pra comprar as coisas pra desfazer o trabalho... e foi falando.

Dei um tapa no portão e gritei pro Véio sair.

Quando abriram o portão, o homem falou para o Véio nunca mais voltar ali comigo. Que eu atrapalhava os trabalhos dos "guias" dele.

Ainda em tom de deboche falei que "guia" era o Dell Rey da Ford. (Os mais velhos vão entender). Kkkkkk

O homem me encarou e falou bem assim:

-- você não acredita, não é mesmo? Tome cuidado onde você vai. É um conselho que dou a você de graça.

Mandei ele enfiar o conselho vocês ja imaginam onde...

Já de saco cheio, falei pro Veio montar na caminhonete .

Ele meio temeroso, ainda pegou uma boa quantia de dinheiro e deixou com aquele homem estranho.

Saímos daquele lugar, e longe dali o Véio falou bravo comigo.

-- pra que falar daquele jeito com o homem, ele só tava fazendo um trabalho pra me ajudar a dormir.

Ai zuei o Véio dizendo que com metade daquele dinheiro, eu pegava ele no colo e colocava na cama cantando e ninando...

Como de costume, me mandou a puta que pariu e me mandou sentar o pé no acelerador.

Quase chegando na fazenda ele me advertiu para não brincar com as coisas do além.

Eu dei de ombro e nem me importei. Aquilo não me assustava.

Mas uma coisa eu confesso hoje, aquilo me impressionou bastante. Nunca tinha entrado em um lugar daquele.

Aquela noite o Véio foi deitar mais cedo, disse que estava se sentindo bem, e iria aproveitar o sono que se achegava.

Também fui pro meu quarto no alojamento e depois de um banho, fui me deitar.

Quando bateu 4:00 hs eu acordei. Levantei, arrumei a cama e fui fazer a barba.

Tudo pronto, fui filar um café no rancho. O Véio já estava acordado. Fizemos uma reunião rápida, combinamos o preço que eu iria ofertar pela vacada. Afinal aquela região éra meio fraca de pasto, o gado tava magro e por isso tentaria pagar um preço um pouco abaixo do que corria na época entre os negociantes.

Em outras épocas o Véio iria comigo, mas ele ja dava sinais de cansaço. Eram os janeiros cobrando o preço do meu velho amigo e patrão.

Regulava 6:00 hs quando sai da fazenda.

A viagem foi tranquila até certo ponto. Antes de atravessar o Rio Grande que faz a divisa de São Paulo e Minas Gerais, pra frente de Turmalina, parei em um posto pra abastecer e tomar um café.

Lavei o rosto no banheiro, dei uma mijada boa e fui pegar cigarros e uns Hall's cereja. Era de lei essa rotina no trecho .

Paguei o diesel e fui saindo pela estrada. Quando estava atravessando a ponte do Rio Grande senti uma coisa estranha. Um desconforto nas costas. Parecia que estava com formigas andando nas costas.

Atravessei e toquei viagem. Passei por Iturama, sempre gostei daquela cidade, e tive que parar outra vez.

Desci da caminhonete e fiquei na beira do acostamento. Uma sensação ruim, aperto no peito, coceira... não tinha lugar bom no mundo. Mas ainda assim eu éra e ainda sou tinhoso, cabeça dura, resolvi seguir viagem.

Sei que não foi fácil. Pra eu chegar em Catalão deu o que fazer. Demorei mais que o costume.

Parei para descansar naquela cidade. Achei uma pousadinha e fui me deitar.

Deitei e nem tomei banho. Apaguei na cama. Acordei ja ia alta a madrugada. Tive uns sonhos estranhos. Via o tal "feiticeiro" tentando me apertar o pescoço e junto dele umas mulheres feias, desfiguradas e cobertas de sangue. E nessa hora apareceu no sonho um homem vestido com as mesmas roupas que agente usava na fazenda me ajudando. Ele tinha em uma das mãos um laço, no outro um chicote. Também ouvia uma algazarra de peão tocando boi na estrada. Aqueles estalos de "arreadores" ( chicote medindo uns 4/5 metros, comargolas) que pareciam um tiro.

Beeeeem no fundo ouvia um berrante manhoso de fim de marcha.

Me via em um lugar escuro, sujo, e tinha um cheiro horrível o lugar onde estive no sonho/pesadelo. E eu caía e levantava, e esse "peão" me acodia dos ataques daquele lazarento dando nele com a "piola".

Aquilo éra tudo doido demais pra mim. Fui tomar uma ducha gelada.

Demorei quase uma hora debaixo d'água.

Quando terminei estava melhor. As dores do corpo haviam passado. Minha cabeça não doía mais. Então concluí que o homem que "benzeu" o Véio, tinha feito alguma coisa ruim pra mim.

Tomei um café magro e paguei o quarto.

Peguei a estrada e fui pro meu destino.

Cheguei na vila, liguei pra fazenda avisando que estava na cidade.

Quis saber como o Véio passou a noite, e ele disse que não foi boa. Teve uns sonhos estranhos com o tal "rezador", e me deu razão em ter sismado com o sujeito .

Nem contei nada do que passei, pois o Véio éra encucado com aquelas coisas.

Desliguei e fui encontrar o dono da vacada.

Cheguei na fazenda por volta das 10:30 da manhã.

Os cavalos estavam arreados, montamos e fomos correr a invernada.

A vacada estava fraca, algumas aparentavam falta de mineral.

O fazendeiro queria vender tudo. Eram 800 cabeças. Estiquei e puxei, e combinamos um bom preço pros dois lados.

Ainda combinei em deixar o gado por mais duas semanas na fazenda. Pois eu tinha que arrumar um pouco a vacada. Do contrário não aguentariam o transporte de caminhão.

Essa vacada ia pro Mato Grosso do Sul em uma outra fazenda do Véio.

Voltei na cidade com o fazendeiro, fomos no banco e de lá ligamos pro Véio, que estava com o guarda livros( contador) pra fazer a ordem de pagamento da compra.

Ainda mandou mais uma grana extra pra comprar vermifugo, vitaminas, complexo ferroso , farelo de milho, soja e arroz, sal branco e mineral.

Eu fazia uma mistura pra ajudar o gado a melhorar a condição da carcaça.

O fazendeiro goiano éra gente boa demais.

Me convidou a ficar na fazenda, pois tinha lugar no alojamento dos vaqueiros. Topei, afinal de contas, não perderia tempo na estrada todos os dias.

Chegamos na fazenda e fomos almoçar.

Ele me contando que conhecia meu patrão por nome. Que outro amigo dele indicou vender a ele a vacada...

Me relatou que andou apurado com algumas dificuldades de ordem financeira.

Mas que a casa estava em ordem, e depois que levasse a vacada, iria reformar os pastos e melhorar as cercas.

Sei que a prosa rendeu até a boca da noite.

Tomei um banho no alojamento e voltei pra jantar com o Fazendeiro.

Regulava umas 19;30 quando terminamos de jantar. O goiano vivia com sua esposa e um casal de filhos na fazenda. A menina devia ter uns 20 anos, e o rapazinho uns 15. O menino se apegou a mim. Era curioso e gostava de me perguntar sobre os rodeios, a vida na estrada tocando boiada...

Era curioso até o molecote. Saímos da mesa e fomos fumar na varanda. O goiano tinha um fumo bom... picamos uns nacos e fomos enrolar na "paia" pra pitá.

E a conversa foi pra um lado que nunca eu esperava.

O goiano me relatou que os problemas que teve foi por causa de um "trabaio" feito pra matar a filha dele. A mocinha tinha uma beleza discreta, cabisbaixa e muito tímida.

Disse o goiano que a filha dele estava para se casar com um rapaz da região, filho de um amigo de longa data. Tudo estava certo para acontecer em maio do ano anterior. Mas faltando 21 dias pro casório, a mocinha caiu de cama doente. Do nada ela perdeu apetite, teve febre e não dormia. E quando coxilava acordava aos gritos dizendo estar sendo perseguida pelo diabo.

Eu só escutei, pois éra muita coincidência pro meu gosto.

Seguiu dizendo que uma velha tia avó, sabendo do ocorrido, sugeriu procurar uma "benzedeira", que aquilo éra "coisa feita" pra menina não se casar.

Disse que levaram a mocinha a um lugar afastado onde umas mulheres fizeram umas "coisas" que ajudaram a menina. E disseram que ela não deveria se casar com o tal rapaz. E que o tal rapaz ia se casar com uma outra. Outra essa que mandou fazer uma magia negra das brava pra separar os dois e matar sua filha.

Ainda comentei com o goiano:

-- é... tem gente ruim nesse mundo!

O goiano tirou uma baforada do cigarrão de palha, uma cusparada, fez o sinal da cruz e prosseguiu:

-- Pois é peão, sei que a "fia" sarou, o noivo dela nem aqui apareceu pra se explicar, e foi embora pra Goiânia. Lá se casou com uma prima e por lá estão.

E cuspiu outra vez maldizendo aquele casal.

-- A menina ficou boa, mas a criação que pagou. Perdi mais da metade do gado. Esta vacada que vendi pro seu patrão, foi o que restou. As "mulher" das reza me disse que não morreria mais nenhuma rez, e que tudo ia melhorar. To confiante!!!

Cocei a cabeça, fiquei quieto e só observei.

Para finalizar, o goiano disse :

-- mas ocê peão, acredita nessas coisas? Eu não acreditava até acontecer aqui em casa.

-- olha companheiro, não acredio nem desacredito. Apenas sigo a vida e não penso nessas coisas.

Mas la no fundo eu estava sismado!

Terminamos de pitar, matamos o café das canecas e fomos nos deitar.

O filho do goiano chegou na varanda um pouco antes de eu sair, e pediu pro seu pai se poderia dormir no alojamento, pois queria prosear um pouco mais comigo.

O goiano coçou a barba e me perguntou. :

-- o menino não vai "atrapaiá" ocê peão? isso fala igual papagaio se deixar.

Respondi que não haveria problema, pois ja fui novo e gostava de conversar com os mais velhos pra aprender as coisas.

O velho então concordou.

O menino agradeceu o pai, pediu a bênção e me olhou alegre dizendo :

-- o peão, me conta como é no pantanal, você ja viu onça, sucuri engole "gente", as piranhas... e os jagunços...

E fomos pro alojamento.

Era grande o lugar. O menino me falou que o pai chegou ter 15 peões trabalhando ali. E que só restou um velho peão que morava lá desde a época do seu avô.

Mas que o velho peão morava em uma cabaninha retirada uma légua da entrada da fazenda.

Arrumei a cama, me troquei e fui fumar sentado na porta do alojamento.

O menino não parava de perguntar, parecia uma vitrola kkkkkkk

Mas fui paciente e respondi tudo quanto ele me perguntava.

O sono bateu e falei pra ele se deitar. Pois no outro dia eu teria muito trabalho pra remediar a vacada que eu havia deixado presa na remanga do curral.

Ele se pronticou a me ajudar.

Agradeci o garoto, apaguei a luz e deitei.

Não demorou muito, ouvi o menino roncando. Eu demorei pegar no sono. Só pensava no pesadelo da noite anterior e na história com a filha do goiano.

Enfim peguei no sono, e outra vez o pesadelo com o maldito feiticeiro.

Desta vez ele não estava com aquelas mulheres horríveis. Haviam sombras negras com ele que tentavam me jogar no chão. E mais uma vez apareceram aqueles peões. Só que daquela vez, tinha um com uma capa azul, um chapéu tipo Carandá pantaneiro. Era alto, forte, cara de poucos amigos. Mas ele falava coisas que eu desconhecia. Em um momento eu fui pego por uma das sombras e a coisa me sufocava e tentava rasgar meu peito com garras. Foi uma coisa doida. Até hoje me arrepio quando lembro daquilo. O peão da capa azul deu um salto e montou na sombra, e no movimento que fez, cravou as esporas naquela coisa. As esporas brilhavam feito estrelas e emanavam uma luz azulada. Logo a seguir lembro que deu um estouro, e no momento seguinte me vi caindo no meio do nada. Aí gritei, e nisso que gritei, acordei assustado e sentindo o corpo banhado em suor.

Me virei e vi o memino com os olhos arregalados me encarando assustado.

-- o senhor ta bem peão, porque você tava gritando? Parecia até minha irmã...

Levantei sem dizer nada e fui lavar meu rosto.

Acendi outro cigarro, olhei o relógio que marcava 3:20 da manhã.

Logo o menino pegou no sono outra vez.

Havia perdido o sono, então fui tomar uma chuveirada. O alojamento tinha um banheiro bem precário. No lugar do chuveiro, havia um cano. Abri o registro e liberei a água que estava morna. Fazia um calor danado naquele lugar. Me demorei uma meia hora na água. Fechei o registro e fui me vestir.

Enquanto me vestia, ouvi um barulho vindo da cozinha da sede. Espiei pela porta e vi as luzes acesas.

Cutuquei o menino que acordou assustado e falei pra ele se arrumar que o dia já tinha começado.

Deu um pulo da cama saiu correndo agarrado no lençol que havia levado pra pernoitar no alojamento e disse :

-- vamos tomar café peão, a mãe faz pão de queijo e tem requeijão...'Vamo logo...

Cheguei logo atrás do menino. Pedi licença e me sentei na mureta que rodeava o alpendre da cozinha.

Não demorou o goiano chegou me saudando e perguntando meio que rindo, se o menino havia me deixado dormir.

Disse que sim, que éra muito bem educado, e que qualquer hora eles o perderiam para o mundão. Pois eu éra igual ele naquela idade. Curioso com tudo e todos.

Nisso o menino, de maneira inocente, sem maldade comentou com o pai.

-- sabe pai, o peão não dormiu bem não, gritou igual a mana gritava no ano passado.

Fiquei sem graça, sem saber onde enfiar a cara.

O goiano coçou a barba e disse :

-- óia peão, ocê parece se boa pessoa, foi recomendado pelo seu patrão, não sei o que aconteceu, mas acho bom você ir lá naquele lugar onde levei a fia minha.

Refleti um pouco, me lembrei dos pesadelos passados e tomei a decisão. Afinal de contas, que mal poderia me fazer? O que éra um peido pra quem tava cagado!!!

Falei pro goiano que iria sim.

Então ele me disse pra nem começar o serviço naquele dia.

Me garantiu que ele, o menino e o velho peão da fazenda começariam o trabalho com o gado. Que eu não me preocupasse com nada.

A esposa dele me olhava de rabo de olho.

Tomamos um café reforçado, e logo após o goiano me chamou de canto.

Me explicou como chegar no lugar. Que era so chegar que seria atendido.

Perguntei quanto me custaria a "consulta".

Ele riu e disse:

-- nada peão, não custará nada, apenas sua coragem.

Sismei mais gostei. Podia não ajudar, mas não me pesaria no bolso.

Sai da fazenda por volta das 7:00 horas.

Distribuí o serviço e como deveria ser feito, e vazei.

Peguei a estrada, e a certa altura entrei numa estrada de terra meio estreita. Rodei quase uma hora pelas curvas, passando por umas matas até que sai em um descampado.

Fui devagar procurando a tal casa. Avistei uma baixada onde tinha um ribeirão. Haviam umas árvores bem altas, e no logo atrás daquele Capão de mato estava a tal casa.

Dei uma buzinada antes de descer. Abri a porta e parei na frente de um portão de madeira simples, ladeado por uma cerca de arame farpado. O lugar éra simples, mas muito arrumadinhho.

Bati palmas e logo apareceu uma mulher. Era uma mulata da minha altura. Usava um pano branco amarrado na cabeça. Um colar vermelho no pescoço e trajava um vestido rodado branco que quase raspava a barra no chão.

Reparei que estava descalça.

Da casa até o portão, devia ter uns 30 metros.

E lá vinha a mulata, quando parou no meio do caminho, colocou as mãos na cintura e deu uma gargalhada que me fez gelar o pé dentro da botina. Falou alguma coisa que não entendi e continuou vindo.

Confesso que tava pra sair correndo do lugar. Ainda lembro de ter pensado: puta que pariu... o que é que eu to fazendo aqui!

Então quando se aproximou pude ver ela direito.

Era linda a mulher. Nunca tinha visto uma mulata linda daquele tanto. Tinha traços bem desenhados no rosto. Lábios grossos bem carnudos e um sorriso perfeito com dentes da cor de um papel de tão brancos.

Fiquei até paralisado, afinal de contas sempre ouvia histórias de rezadeiras que eram velhinhas bem acabadinhas.

Aquela mulher éra uma modelo. Até aquela altura da minha vida, só tinha visto uma mulata linda daquele tanto em desfile de escola de samba na televisão.

Então aquela mulher abriu o portão, me saudou de forma muito reverente sorrindo e foi falando enquanto revirava os olhos:

-- entre meu cavaleiro (meu cavaleiro, como assim?), estava a sua espera a algumas luas(esperando quem?), pois soube que anda tendo problemas para dormir... mexeu com quem não devia...seu amigo velho que muito te ajuda não está nada bem...foi parar na fazenda onde eu e minhas "moças" ajudamos a limpar e salvar a vida de uma jovenzinha...e ria balançando aquele baita quadril.

-- seus "companheiro" me avisaram que você estava à caminho...

Entrei meio sem saber o que dizer. Como poderia saber tudo que eu estava passando?! Minha cabeça fervilhava com tantas perguntas.

Chegamos na porta da casa e fui conduzido pela mão por aquela mulher.

Passamos por uma cozinha e saimos em um quarto grande. Era simples, mas muito arrumaddo. Notei que haviam umas esteiras no chao, e no fundo havia uma porta. Estava encostada, e pelo vão puder ver muitas imagens e varias velas acesas.

Mas não sei se por conta da beleza daquela mulata, ou outra coisa, eu não senti aquela sensação esquisita que senti no luvar que levei o Véio.

Pediu para eu tirar o sapato e as meias, o chapéu, depois me deitar em uma esteira, mandou fechar os olhos e ficar em silêncio.

Fiquei ali deitado, imóvel, no cú não passava nem vento. Mas fique ali quieto...

A mulata pisava em volta, falava uma língua estranha, e ia falando da minha vida como se tivesse vivido comigo desde criança.

Um tempo depois mandou que me levantasse. Pegou minha mão, me deu uns trancos no braço, me pediu um cigarro, e depois começou a fumar e soltar fumaça em mim.

Dançava e ria dando voltas em mim.

Quando acabou o cigarro, disse para pegar minhas coisas e voltar para onde eu estava arranchado.

Também aconselhou não fazer mais nada durante aquele dia. Repousar e voltar mais tarde, por volta das 22:00 hs.

Pediu para eu levar umas velas vermelhas e brancas, cigarros e uma bebida doce.

Por fim falou:

- va agora cavaleiro, não olhe para trás e não conte o que fizemos aqui... tente não se atrasar, se possível for, sei que você nunca deixa uma dama esperando, não quero ser a primeira...apesar de você ter deixado muitos corações partidos por onde passou...

E sorriu de forma estranha.

--- AGORA VAAÁÁ... ordenou!

Eu eu fui ligeiro.

Rapei fora sem olhar para trás, montei na caminhonete e cavuquei de volta pra fazenda.

Nem pensei muito no assunto, so lembrava da beleza da mulata e comentei com meus botões : eh peão, mas nem com medo você deixa de pensar em mulher... e ri meio nervoso!

Quase uma hora depois cheguei na fazenda.

O filho do goiano veio correndo saber se eu estava bem.

-- tudo bem peão, tá melhor?

-- to sim menino, e vou ficar ainda mais.

Perguntei do pai dele e me disse que estavam no mangueiro remediando a vacada.

Fomos pra lá e então disse:

-- oh companheiro, pode parar o serviço, já fizeram muito por mim... deixa que amanhã eu coloco a mão na massa...

-- o goiano sugeriu soltar a vacada remediada em um pasto ali perto do curral e as outras mais adiante.

Concordei com a sugestão, e fomos soltar a vacada. Haviam trabalhado bastante. Na porteira contei mais de 200 vacas medicadas.

O goiano nos chamou pra casa para almoçar. E no caminho fui relatando o que havia me acontecido na casa das "moças" rezadeiras.

Perguntei quem éra a mulata linda que me atendeu.

Me disse que éra filha da dona da casa e braço direito da mãe.

E me tranquilizou, dizendo que eu estaria em boas mãos.

Disse que não tinha visto as outras mulheres.

O Goiano falou que as vezes elas iam atender pessoas em outros lugares. Que ajudavam muito ali na região.

Almoçamos, e depois fui tentar descansar um pouco. Deitei na cama do alojamento e nada. Era uma confusão na minha cabeça muito grande.

Sei que a hora custou passar. As vezes o menino aparecia querendo conversar, mas quando me olhava, perdia a coragem de perguntar qualquer coisa.

E fiquei nessa até quase a hora da janta. Quando o fazendeiro entrou no alojamento dizendo para eu ir na cidade buscar o que seria necessário para logo mais a noite.

Levantei e fui ligeiro pra cidade. Entrei num mercado e comprei as velas, um vinho doce, um champanhe e um licor cheiroso. Peguei um pacote fechado de cigarros e voltei pra fazenda.

Estava ancioso demais.

Parei na frente do alojamento e fui direto me banhar. Estava suando mais que tampa de marmita.

Sai e fui falar com o goiano.

Me desejou boa sorte e que fosse na fé. Tudo daria certo.

Regulava 19:00 hs, nem fome eu tinha. Fumava um cigarro atrás do outro. E água, parecia que meu radiador tava furado.

Olha, custou dar 20:00 hs, e quando deu esse horário, sai cavucando com a caminhonete.

Peguei a estrada, depois entrei na estradinha estreita de terra, segui firme. As mãos escorregavam no volante. Errava marcha... foi difícil. Mas uns 45 minutos depois, la estava eu na casa da mulata para ser "liberto" do meu mal.

Nos fundos da casa havia uma fogueira queimando alta. Pelos estalos concluí que estavam queimando algumas folhas verdes.

Estacionei na frente do portão, desci ressabiado e não demorou a mulata apareceu.

Estava com uma roupa diferente. Usava uma blusa branca com detalhes vermelhos, com um decote generoso, que deixava à mostra parte dos seios fartos, bem volumosos.

O cabelo estava solto. Era uma cabeleira negra muito volumosa, bem ancaracolados, amarrados com uma fita vermelha que os deixava bem armados apontando para cima.

Usava uma saia colorida rodada, que mais pareciam várias saias. Estava linda aquela mulher.

Bem, que remédio não! Fosse para ser socorrido, nada melhor que uma Deusa daquelas!!!!

Mandou eu entrar fazendo os mesmos gestos que fez pela manhã.

Entrei e ela sorrindo me comprimentou dizendo para eu não me preocupar, que logo sua "amiga" estaria ali para conversar comigo.

Meio sem saber o que estava acontecendo, perguntei a ela sobre qual amiga ela estava falando. Pois eu havia falado com ela mais cedo... e me enrolei todo e não soube explicar...

A mulata sorriu e disse para eu ficar calmo. Logo tudo seria explicado.

Ainda observou que havia sido bom eu ter chegado mais cedo. Pois assim daria tempo de me preparar.

Pediu as coisas que a "amiga" dela havia pedido para eu comprar.

Voltei correndo à caminhonete e peguei as velas, cigarros e bebidas.

Quanso viu aquilo tudo riu dizendo que eu éra exagerado. Que parecia que eu ia dar uma festa. E riu gostosamente me olhando no fundo dos meus olhos.

Mandou que eu entrasse e a seguisse até o fundo da casa.

Atravessamos o local das esteiras e por uma porta lateral saímos no terreiro atrás da casa onde a fogueira ardia no meio do cercado.

Tinha um tipo de cobertura encostada à casa feita com palhas de buriti.

Pediu para tirar as botas, chapéu e a camisa.

Pegou as velas e fez um semi círculo.

Acendeu e logo começaram a detreter. A fogueira também parecia ter vida própria.

Analisou as bebidas e depois de um curto tempo, parecendo ouvir alguém lhe falar ao ouvido, optou pelo licor.

Abriu e pediu para pegar duas taças que estavam em uma mesinha embaixo da cobertura de palhas.

Entreguei as taças e ela as encheu com o licor.

Pediu um cigarro aceso.

Entreguei um maço, mas ela pediu um dos meus... e sorriu dizendo :

-- minha "amiga" quer um dos seus cavaleiro.

Tudo bem, fuma do meu... afinal, é nosso, e sorri meio sem graça.

Ela colocou no chão o cigarro e uma das taças.

Fez uns gestos e desenhou umas linhas no chão.

Logo na sequência a mulata caiu estirada no chão.

Corri para acodir a moça quando de um salto ela se levantou deu uma chacoalhada de ombros e quadris. Fez um gestos no ar, comprimentou alguém que não vi quem éra e só depois veio falar comigo.

Balançando as cadeiras sensualmente, os olhos fechados e aquele sorriso lindo me mirando.

-- boa noite cavaleiro, que bom encontrá-lo aqui... sentiu saudades que eu sei... e riu gostosamente.

-- eu sou a "amiga" que estava a sua espera...

Eu só concordava!

E a "moça " prosseguiu.:

-- não vamos perder tempo... quero a outra taça cheia, outro cigarro do seu e um ponto de luz de cada cor (velas).

Entreguei a ela que dançou muito do meu lado. Girando e rindo, esbarrando a saia em mim e gesticulava de forma rítmica. Um detalhe , não caiu uma gota do copo...

Depois jogou o cigarro e pegou meus braços. Alisava quase arranhando.

Depois pegou as velas e as quebrou no chão dando um baita grito.

Eu só observava sem dar um pio.

Feito aquilo, se virou pra mim daquela forma se requebrando, e falou:

-- feito, você e seu velho amigo estão livres daquele maldito... dormiras em paz de hoje em diante... e... mais uma coisinha cavaleiro...

Se aproximou e alisou meu peito descendo até minha barriga.

-- te ajudei, e não costumo cobrar nada pelos meus serviços... mas de você cavaleiro, vou querer uma coisa.!

Perguntei o que eu poderia fazer em forma de agradecimento pelo que ela havia feito.

Afinal de contas eu me sentia bem melhor.

Ela sorriu dando uma rodopiada da saia, se abaixou e pegou em uma ponta da saia e a levou até a cintura. Enquanto ria gostosamente requebrando a cintura.

-- quero um pouco do teu calor cavaleiro... minha amiga também sentiu o mesmo por você... nada mais justo... a não ser que esteja com medo... e caiu na risada.

Era linda aquela mulher. A pele negra transpirando lhe conferia um brilho intenso no rosto e seios.

Eu estava enfeitiçado por aquela "entidade"...

Então chegou bem perto, aproximou aqueles lábios carnudos da minha boca e pude sentir um frio na espinha. Foi como um choque. Meu umbigo esquentou junto com a sola do meu pé. E como que por um passe de mágica, fui tomado por uma excitação intensa.

Não me segurei mais e envolvi aquela deusa de ébano nos braços e beijei aquela boca carnuda .

Ela tinha um cheiro diferente de flor nos cabelos. Até o hálito cheirava a rosas frescas orvalhadas.

Eu já não éra mais um garoto, mas aquilo éra novo, diferente, intenso e excitante.

Ela carinhosamente se afastou e conversando com não sei quem, pediu para que todos saíssem dali. Dspois olhou por cima do meu ombro e disse :

-- os senhores também... montem seus cavalos e nos deixem a sós... hoje eu cuidarei do cavaleiro.

Feito isso, se aproximou rodando a saia, dançou lindamente e me pegando pelas mãos me conduziu a um lugar mais escondido naquele terreiro.

Paramos em local onde ficavamos ocultos pelas sombras de uma árvore baixa.

Ela fez uns desenhos no chão em volta de onde estávamos e então me disse :

-- seremos um só cavaleiro, e nunca se esqueça dessa noite, pois te seguirei para sempre... guarde meu nome, sou a Pombagira 7... e me beijou de forma insana.

Não entrarei em maiores detalhes, posso dizer que de tudo que vivi em relação a sexo, nada se comparou àquela noite.

Foi incrível o que aconteceu.

Se vão mais de 20 anos essa história da minha vida. Mas sempre tenho sonhos com aquela noite.

Ela me falou muitas coisas naquela noite. Passado, presente e futuro...

Infelizmente ela acertou tudo sobre meu futuro... mesmo eu tentando mudar o rumo de algumas coisas...

E nos amamos por toda a noite até quase raiar o dia, sem me cansar...

Os galos cantaram e ela precisou ir embora.

Pediu para eu ir sem olhar para trás, pois minha trilha me levaria a muitos lugares distantes.

E que um dia, quando eu deixasse a matéria, ela estaria me esperando.

Voltei pra Fazenda sem olhar para trás.

Senti saudade? Senti!

Quis voltar lá? Ohhh se quis!!!!!!

Mas cumpri suas determinações.

Voltei a dormir bem, e o Véio também.

Tempos depois soubemos que o tal feiticeiro adoeceu e ficou acamado.

Cheguei na fazenda e nem dormi.

Tomei um café e fui pra lida...

Tudo correu bem, a vacada ficou pronta e depois de uns dias levamos o gado pra o Mato Grosso.

Me despedi do goiano e da sua família agradecendo pela ajuda.

Anos depois reencontrei aquele moleque em um rodeio. Tinha estudado e virado veterinário.

E voltei pra fazenda.

O Véio resmungando rabugento me falou :

O cowboy, nois podia ir num centro que tem lá em Prudente... diz que é bao lá heim....

Cai na risada falei:

--- larga mão de caçar sarna Véio.

Ele riu e sugeriu:

-- então busca um jornal e vamo pra São Paulo buscar um carro...

Tudo desculpa para passar no puteiro de Marília.

E vida que seguiu até aqui meu povo.

Acredite quem quiser acreditar, mas aconteceu... ahhhh se aconteceu!

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Comentários

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veio meu cumpadi , vc e impar em relatos , um autentico contador de causos muito bom

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Pois é... Há quem duvide que tive encontros com essas adoráveis entidades... Efim, acredite quem quiser!!!

E o amigo, também teve experiências com o "oculto" e sobrenatural? Conta pra nóis...

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Bom dia Jota, tudo bom compadre… já corri uns pastos hoje, cheguei a pouco no rancho, peguei uma caneca de café e um 🚬… hora de responder uns e-mails e umas mensagens…

Então, tem boiada sendo levada em comitivas, em dias atuais, lá no Pará, Rondônia, Acre e Nortão do Mato Grosso. Locais mais isolados, sem muito movimento de carros e caminhões. Isso também acontece na época das águas no Pantanal. Quando é fim de setembro, começo de outubro, é hora de tirar a boiada dos alagados, levando para os campos mais altos e secos… Na minha região, oeste paulista, divisa com o Mato Grosso do Sul, as últimas comitivas levaram bois tocados até meados dos anos 80. Até 1992, muito raramente se via uma boiada pelas velhas boiadeiras. Quanto à conter os bois em caso de pedestre, carroça, carro, ônibus ou caminhão, era deixar um ou dois peões no ofício de abrir caminho no meio do gado. Seguiam cutucando os bois com uma vara, abrindo aquele mar de cascos e mugidos. Fosse um ou dois carros, era atravessar a montaria na frente, e rebater os bois, não os deixando encostar nos automóveis. Vi muita merda feita quando algum apressado buzinava perto do gado. Cada estouro feroz rapaz… nem gosto de lembrar o Deus nos acuda que era!! Em alguns causos mais adiante, eu conto mais sobre as lidas com boi. O ideal era nunca andar mais que 20 km por dia. Para não judiar da boiada. Quando havia capim nos corredores, era deixar o gado pastar. A boiada sofre muito menos andando que embarcada!! Na hora da noite, se o pouso fosse no meio da estrada era emendar os laços e fazer a contenção com as cordas de lado a outro. Para dormir, era abrir a capa embaixo do arame da cerca, pois em caso de estouro, era só rolar pra dentro do pasto e rezar pro São Sebastião nos acudir kkkkk. Nesses casos, ficavam um ou dois na ronda, fazendo a vigia, e se fosse o caso, abrir as cordas e auxiliar alguém a atravessar no meio dos bois. Os pousos em fazendas ou chácaras, eram sempre nos mesmos locais, e quando se viajava muito, se aprendia os caminhos e atalhos. O oeste paulista foi todo aberto no início do século XX por boiadeiras, posteriormente por estradas de ferro. Muitos nem sonham, mas uns 95% das rodovias do nosso Estado, eram antigas boiadeiras. A civilização chegou depois dos tropeiros e comissários de boiadas. Quanto às mandingas, eu não gostava de topar com as "entregas" nas encruzilhadas. Em certa época da vida, devido às minhas putanhagens, a porteira da nossa fazenda era local de muitas e muuuitas entregas kkkkkkk. Mas para minha sorte, o velho Miguelito sempre limpava minha barra com o além!!!! Tive algumas aventuras com o "sobrenatural", coisas que fui entender só mais adiante na minha vida. Eu vi muita coisa por lugares onde passei. Pras bandas do Pantanal, lembro de ver em uma baixada, próximo de um rio, duas mulheres que se lamentavam por não conseguir salvar um garotinho do abraço fatal de uma sucuri… ambas morreram afogadas tentando livrar o bugrinho da cobra. Perto de Porto Murtinho, no pouso em uma fazenda antiga, à noite enquanto eu ressonava, pude ouvir tiros das escaramuças dos soldados do Solano Lopes contra as forças imperiais do Brasil. Ali era assombrado demais… muitos morreram, ribeirinhos foram massacrados… Pois é Jota, vi um bocado de coisas em minhas andanças… mas, como alguns teimam em dizer… são só causos "inventados"... Eu li em um livro kkkkkkkkkkkkkk

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Seus contos são danados de bão!

Antes de ler seus contos eu achava que esse negócio de tocar boiada já tinha parado lá pelos anos cinquenta. Imagino como deve ser essas viagens. Uma vez quando era moleque ainda, uns 4 anos eu acho, fui com meus irmãos buscar lenha (fogão lá em casa era de barro) e, dentro de uma fazenda que tinha lá topamos com uma boiada na estrada. Eu me distrai olhando os bois vindo e quando olhei em volta não vi mais meus irmãos, que tinham se embrenhado no mato e subido numa árvore. Só ouvi meu irmao gritar "Jota, seus estrupício! sai do caminho dos bois!". Corri pro primeiro barranco que vi e me enfiei no mato mas dei azar... era uma moita cheia de espinho. Até sabia o nome da planta mas não lembro mais... tajuba... alguma coisa assim. O fato é que um boi parou bem em frente a moita e ficou me olhando. E eu tentava ir pra mais longe mas era espinho demais. Me furavam pra todo lado que eu mexia. O resumo é quando a boiada passou meus irmãos desceram da árvore e sai todo rasgado do meio do mato. E tinha sangue brotando de vários lugares da minha cara, braços e até do meio do cabelo. E era dolorido... rapaiz... passei sufoco. E meus irmãos tbm porque ficaram com medo de apanhar por ter deixado eu me machucar. Mas passamos num rio que tinha lá e me lavei tirando o sangue dos machucados e deu tudo certo. Fico curioso como é que vcs faziam quando encontravam pessoas vindo e como continham a boiada durante a noite pra não espalhar tudo. Imagino que era preciso um espaço grande e vocês tinham que calcular a distância até o próximo espaço pra não anoitecer antes de chegar no lugar propício. Se puder me explicar como era isso fico agradecido.

Sobre essas macumba ai eu era bem medroso disso quando era moleque, você deve ter visto la no meu conto "rainha das trevas". Mas eu e o gafanhoto ganhamos "muito" dinheiro percorrendo as encruzilhada no sábado de manhã e catando as garrafas que deixavam na macumba pra vender para os donos de bar. Me lembro que era coisa de 1 cruzeiro cada garrafa e sempre tinha muita nas várias encruzilhadas lá perto de casa. Hoje em dia virou tudo bairro de rico (morumbi, panamby, shopping jardim sul...) mas era ermo e cheio de macumba ali quando a gente era moleque. Hoje sei que faltou visão pra nós. Se em vez de esvaziar a garrafa e vender como casco para os dono de bar a gente vendesse as bebidas e os cigarros que tinha na macumba a gente tinha ganhado muito mais. Era só não falar que era de macumba, montar uma banquinha no ponto final do ônibus e vender as doses de bebida e o cigarro solto. Tínhamos enricado.

Que baita estória essa sua! Acho que se vc morasse na mesma rua que eu tinha passado a rola nas macumbeira de lá! E tinha umas muito bem apanhada, viu! Eu sempre ficava de pau duro com aquela estátua de pomba gira, só de calcinha e com os seios de fora, nas portas daquelas casas de artigos religiosos, mas nunca peguei uma mulatona incorporada com a pomba gira. O mais perto que cheguei foi pegar a filha de uma mãe de santo, tia do meu amigo JC.

Baita estória essa sua, eu repito. Do tipo que a gente não esquece

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Parabéns, recebi esses convites algumas vezes e nunca tive a sua coragem. Tenho minhas Giras, meus Caboclos, minha sorte e minha sina....Axé, que a Luz de Oxalá nós guie pelo caminho do bem.

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Só pra quem é, show ,parabéns pela experiência única.

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Cowboy, que lance é esse de pombagira cara... vc transou com a médium encorporada é isso?????

Caraleo vc é foda

Nota 10

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Cara, que coisa maluca, doido, doido, doido...muito doido o que você fez cara.

Que vida intensa, quanto coisa... to pasma...passada...

Amei a forma como você escreve e descreve. Li algumas vezes para entender e captar os detalhes.

Amei ❤❤❤❤🔥✌👩

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Minha Nossa Senhora! Que conto é esse, Cowboy! Parabéns! Parabéns! Parabéns!!! Um dos melhores contos que eu li. Eu ri muito e a ansiedade de saber o final era tão grande que eu até atropelava a leitura. Você é muito bom mesmo! Saiba que agora você está na galeria de grandes escritores do CDC, pelo menos no meu Ranking pessoal. Pena que só posso dar nota 10 e somente 3 estrelas. Você merece uma CONSTELAÇÃO inteira!!!! Quero minha carteirinha de fã, viu?

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Muito bom seu causo.

Já me encontrei co a 7 tbm

Porém quis me desfazer do acordo é so me lasquei.

Hoje aprendi a respeitar e so

u muito satisfeito.vida q segue

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Nossa Beto estou imprecionada, amigo você escreve demais parabéns, merece avaliação máxima

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Ganhei a noite lendo esse conto, pois contos bons aqui tá escasso! Parabéns Beto Cowboy.

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Concordo e muito contigo meu caro, eu fico um tempão procurando contos bons. Esses do cowboy nao tem tanto sexo mas sao bons demais d eler.

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