Chapeuzinho Vermelho e o Lobo (uma releitura) - Capítulo 10

Um conto erótico de RedCap
Categoria: Gay
Contém 2019 palavras
Data: 03/06/2020 12:32:41

A semana passou rápido. Pegamos o resultado de nossas notas no portal da faculdade, e pelo menos eu passei em todas as disciplinas com louvor. Lola e André passaram também, e por causa disso fomos comemorar o fim magnífico do período. Saímos da faculdade e fomos direto pra nossa sorveteria preferida, Bolas Açucaradas, que fica bem em frente à faculdade.

- Sempre achei o nome desse lugar meio estranho! - falou Lola. Rimos em uníssono com a piada.

- Bom, ninguém ainda falou o que achou sobre nossa ida semana passada no cartório… - disse André.

- Ué! E tem o que dizer? - falei surpreso. - Cá pra nós, não tivemos tantas informações quanto achei que teríamos né, mas é aquele ditado: “vamo fazê o quê?”. - dei uma risadinha estranha.

- Pelo menos agora com mais tempo, já que estamos oficialmente de férias, podemos dar uma de detetives e procurar mais dados sobre os Bragança! - falou André.

- É, acho que podemos ir sim! - Concordamos Lola e eu ao mesmo tempo.

Tomamos nossos sorvetes e logo em seguida nos despedimos. Fui para casa pensando em quais táticas utilizar para extrair mais informações sobre os Bragança. Com tudo que aconteceu nesses últimos dias, Nicolas sumiu, não encontrei com ele nem uma vez pelos corredores da faculdade, o que eu achei muito estranho. Posso estar sendo paranoico, mas acho que está me evitando.

No caminho para casa eu encontro com quem justamente estava pensando. Nicolas vinha em minha direção com ar tranquilo. Acho que no fundo estava meio errado sobre ele estar me evitando, senão ele simplesmente não estaria ali com aquele sorriso lindo me fitando enquanto ando. Balancei a cabeça tentando espantar os pensamentos sobre ele.

- Oi Eric! Tudo bom? - disse Nicolas sorrindo.

- Oi Nicolas, tudo sim e com você? Andou sumido esses dias… - quando vi já tinha soltado a pérola, preciso colocar uma fita na boca.

- Estou bem sim, er… Sobre estar sumido, bem, muitos projetos pra faculdade, fora algumas provas que tive que fazer, isso tomou todo meu tempo essas semanas. Você também esteve bem sumido! - explicou.

- Ah sim, pois é, muita coisa pra se fazer e estudar. - dei uma risada nervosa.

- Enfim… Eu gostaria de saber se não quer ir comigo semana que vem, er… Ao interior do estado, numa outra cidadezinha sabe, eu vou visitar minha avó… Mas senão puder eu entendo perfeitamente. - perguntou ele com olhar de desconfiança.

- Uau… quer dizer, nossa! - disse surpreso porque fui pego desprevenido. - Olha, não posso te responder exatamente agora, tenho que ver lá em casa, mas assim, eu te ligo ou envio uma mensagem pelo wpp, pode ser? - perguntei tentando não deixar ele desapontado.

- Okay, perfeito então, depois você me responde. - disse ele. - Bom eu preciso ir agora, mas fico te esperando. - disse ele que me pegou de surpresa num abraço.

- Ah okay, tchau! - respondi enquanto o via sair de lado por uma rua lateral. Agora preciso saber o que fazer da vida sobre o convite.

Cheguei em casa pensando no convite repentino do Nicolas. Aquilo foi muito estranho e suspeito, como ele depois de tanto tempo me chama assim pra viajar? De qualquer maneira eu preciso dar uma resposta pra ele, e há praticamente 99% de chance desta ser negativa. Vasculhei a casa procurando alguém que estivesse por lá, mas não encontrei.

Vanessa deve estar na faculdade ainda. Alex e meu pai estão trabalhando, minha mãe deveria estar em casa, mas enfim. Fui pro meu quarto pensar em como responder ao Nicolas, e preparar um roteiro de investigações pra me organizar na busca de informações. Primeiro eu deveria procurar por mais arquivos no cartório sobre os Bragança.

Uma boa ideia também seria pesquisar os endereços anteriores deles. Com esses endereços, eu teria mais possibilidades de encontrar alguma coisa, poderia ir nos locais investigar, perguntar, pesquisar em documentos nos respectivos cartórios, qualquer coisa que me ajude a desvendar as intenções dessa família que “voltou” pra tirar satisfações que até então não existem. Ouvi a porta bater, me levantei da cama e desci pra ver quem era.

- Ah! Oi pai, tudo bom? - perguntei pra uma figura de um pai cansado do batente.- Cadê minha mãe? Cheguei em casa e ela não estava aqui, e ainda não está pelo visto. - disse.

- Oi Eric, sua mãe teve que ir ao mercado, me ligou falando que iria demorar por causa da fila. - respondeu ele sentando no sofá.

- Hum sim, entendi. - falei sentando no sofá também. - Pai, você sabe alguma coisa sobre a família do Nicolas? Quero dizer, dos Bragança em geral? - perguntei com todo o esforço para parecer indiferente quanto à pergunta.

- Algumas coisas, mas nada que nos ajude a descobrir realmente o que os fizeram nos atacar aquele dia na clareira, e ainda mais, há um tempo atrás, eles conviviam em perfeita harmonia com meus avós sabe… - falou meu pai olhando para o vazio mentalizando a cena distante.

- Conta mais como era “perfeita harmonia” então. - falei mantendo o esforço extremo para continuar parecendo indiferente.

- Bom, como disse, foi no tempo dos meus avós, eles eram bem amigáveis conosco. Não existiam rixas nem nada, nem ódio “porque eles não eram cachorros”. - eu soltei uma gargalhada alta que fez meu pai rir também, uma paráfrase de Inês Brasil numa conversa séria dessa é de fazer rir.

“Mas voltando pra história, tanto seus tataravós quanto os do Nicolas viviam em paz. Esta cidade era bem menor do que é hoje, isto é evidente, então a gente pode inferir que eles eram praticamente vizinhos. Houve até um relacionamento entre membros das duas famílias, minha tia avó namorou por um tempo o irmão mais novo, do que eu penso que seja, o tio avô do Nicolas.

Porém, eles terminaram por algum motivo bem fútil, nada que envolve nosso segredo. Olha, posso até dizer que se temos um segredo, os Bragança também tem, ninguém em sã consciência sai por aí falando ‘Eu caço lobisomens, eles são reais, e ainda uso machados afiados como arma’. De qualquer forma, houve sim um acontecimento muito importante.

Houve um homicídio na família Bragança.” - pensei na hora no arquivo que encontramos no cartório sobre Roboalda. - “O mais misterioso foi que, o homicídio dessa mulher…” - tive a confirmação que era sobre ela mesmo. - “…caiu nas costas de um dos membros da família. Não sei bem no que deu, mas ele ficou preso por uns 10 anos, e depois saiu, é claro que quem me contou essa história foram meus avós. Mesmo assim é algo muito estranho.”

- Uau, que história… - disse surpreso pelos fatos contados. - Bom, como o senhor disse que colocaram a culpa nesse homem aí, podemos imaginar que então esse homicídio foi cometido por outras pessoas… O que nos leva diretamente a nossa família. - refleti enquanto meu pai levantava do sofá.

- Sim, e como te conheço, também chegou à mesma conclusão que eu, a qual é que a culpa recaiu sobre os lobisomens, e aí deu início a toda essa perseguição não é?! - concluiu o senhor Lucas. Meu pai me conhece bem mesmo. - Vou tomar um banho, qualquer coisa é só chamar. - disse.

- Uhum… - respondi.

Agora que as coisas começavam a tomar rumo. Essa situação toda foi criada por alguém, e com claras intensões de causar a discórdia entre minha família e os Bragança. Mesmo sabendo que Roboalda matou um lobisomen, ainda há uma lacuna enorme a ser preenchida, já que mesmo após ela matar esse lobo, as duas famílias ainda viveram tranquilamente os anos que sucederam, contudo, após a sua morte veio a contenda.

Com todas essas novas informações, eu não podia não contar pros meus cumplices de investigação. Fiz uma chamada de vídeo com Lola e André pra contar tudo e ver suas reações, aposto como ficarão bem surpresos pelo fato do meu pai abrir o bico assim tão facilmente. Mas é claro que se eu não tivesse mantido, na maior parte, a indiferença, ele não teria falado nada.

- Oi pessoal, não sabem da boa! - exclamei com um toque de suspense.

- O que aconteceu? Fala logo Eric! - disse Lola.

- Anda Eric, pela sua cara arrumou informações preciosas sobre aqueles que não devem ser nomeados. - ele riu através da tela do meu notebook.

- Mas é claro que sim, mores! - respondi. - O meu pai contou pra mim uma história toda torta de tempos atrás, tempos dos meus tataravós. - comecei. - Ele falou que aquele homicídio da Roboalda, que a gente viu naquele dia no cartório, foi cometido por alguém externo à família, ou seja, alguém de fora matou ela e depois colocaram a culpa em um dos Bragança. - falei tão rápido que não queria perder nenhum detalhe ainda fresco na mente.

- YUKÊ?! - exclamaram os dois juntos.

- Então quer dizer que essa rixa toda entre sua família e a do Nicolas foi causada por um estranho?! - concluiu Lola

- Nossa! Bom, agora a gente tem alguma informação realmente boa. Podemos começar a procurar por aí então… Quero dizer, senão foi ninguém da sua família que matou Roboalda, alguém que vivia na cidade o fez. - disse André fazendo uma cara de força pra pensar.

- Descobriu o mundo André, parabéns. - falou Lola com tom irônico.

- LERDA! Depois eu que sou o lerdo né? Sabe quantas famílias moravam aqui há 3 gerações? - disse ele com tom sarcástico. - A cidade era pequena, não deveria ter mais que umas 10 famílias, isso ainda chega a ser muito. Agora que a gente pode reduzir a pesquisa, tudo fica mais fácil. - terminou ele olhando pra Lola e esperando sua resposta.

- Ah é verdade, fui bem lerda mesmo… A cidade era pequena, menos pessoas, mas a gente não pode excluir a possibilidade de alguém ter vindo de fora né?! - perguntou Lola mais afirmando do que indagando.

- Sim, verdade, piora se vieram de fora. Ou ainda, podem ter ido embora logo após o homicídio, o que faz muito mais sentido, podemos procurar sobre pessoas que saíram da cidade naquele período também. - disse e acrescentei.

- Aham, temos que ver isso! - disseram Lola e André quase juntos.

- Bom gente, eu vou desligar aqui, preciso pensar em algumas coisas, quando estiver com tudo pronto eu falo com vocês, beijos seus lindos! - despedi-me deles e desliguei.

Partindo desse ponto, agora vou arrumar um cronograma de coisas que devo fazer. Por onde começar, aonde pesquisar, quantos dias máximos permanecer em alguma pista não tão boa. Vendo tudo isso falo com André e Lola, assim, poderemos começar logo a fazer as investigações. E claro, quase esqueci, tudo no maior sigilo, não podemos ser vistos nem ouvidos.

A viajem com Nicolas era algo que me perturbava, não podia não responder a ele. Entretanto, se eu fosse com ele, possivelmente eu conseguiria tirar alguma coisa dele, mas era algo bem arriscado, será que ele responderia minhas perguntas? De qualquer forma preciso responder ele logo. Assim que terminei de me arrumar pra ir dormir recebi uma ligação dele.

- Alô? Nicolas? Tudo bem? - falei através do telefone onde ouvi umas risadas altas, ele não estava sozinho.

- Ah, Oi Eric, tudo sim e você? - respondeu ele. - Só um minuto que vou ali rapidinho. - ouvi através do telefone os risos se distanciando e depois sumindo e dando espaço ao silêncio. - Eu liguei pra saber se vai querer ir comigo ou não? Por favor diga que sim, nunca te pedi nada! - ele riu.

- Err… Eu não sei, realmente fiquei pensando nisso o dia inteiro, e não sei se devo ir, quero dizer, será mesmo que devo? - respondi meio inseguro.

- Ah vamos, vai ser legal, e não se preocupe, vamos só nós dois e ninguém mais está sabendo dessa viajem que farei. - disse ele muito seguro.

- Bom, sendo assim, acho que por enquanto eu aceito sua oferta, mas só por enquanto, até lá se acontecer algum imprevisto eu comunico. - respondi ainda inseguro da decisão tomada.

- Okay, eu aceito sua condição então, mas digo de antemão que não vai se arrepender. Estão me chamando, amanhã nos falamos mais, beijão! - disse ele enquanto eu ouvia os gritos chamando pelo seu nome.

- Tudo bem, beijos. - desliguei. Enfim, eu aceitei só por enquanto, o que deixa espaço pra eu mudar a qualquer momento. Mas, por hora eu vou dormir que é o melhor que eu faço, o dia foi longuíssimo.

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