Todo o mundo desaparece quando encontro você

Um conto erótico de Você me pertence
Categoria: Heterossexual
Contém 530 palavras
Data: 17/04/2020 20:23:27

O desejo e a relutância se misturavam como água se mistura ao vinho até restar só o querer que foi aceso a tempos atrás. Foi esta sensação que acendeu depois de ler suas mensagens: tocar o sorriso no frio da tela, decorar cada detalhe do corpo e imaginá-lo ao seu alcance. E assim, o desejo, que era a água, mostrou sua força depois de lhe convidar a sorvê-la de entre seus quentes seios. Sua pele branca denunciava o caminho percorrido pela boca. As curvas das suas coxas convidavam-no a perder-se indefinidamente. Ouvíam sons desconexos ecoando pelo seu quarto, de ambos... os dela mais altos, guiavam seus dedos por todo o corpo que outrora lhe foi omitido, e suplicava a adentrar o seu prazer. O instinto o levou a saboreá-la enquanto as unhas se encravaram violentamente em sua nuca e arranhava-lhe as costas. Dentes o mordiam carinhosamente causando ainda mais arrepios enquanto era fitado como a presa que finalmente caiu na armadilha.

Como caçador perdido numa floresta quente e úmida, sorvia cada gota do seu sexo como se fosse uma nascente de água depois de meses na sequidão. As horas, minutos, segundos, não faziam mais sentido. A terra parou de girar em torno do sol, e para ele o mundo passou a girar ao redor dela. A Afrodite, a amazona, aquela que morava em seus sonhos estava ali. Mas a realidade foi implacável e insensível. Resolveu separá-los fazendo o tempo voltar ao normal, fazendo-os partir, mas com a marca do desejo tatuada na pele um do outro, com uma tinta que só ambos poderiam ver.

Mas, depois de tantos desencontros finalmente convergiram em um mesmo tempo e espaço novamente.

Havia muito a ser dito após o quinquênio de silêncio, mas as palavras pareciam inválidas quando a boca queria ser calada. Não precisaram de rodeios quando há muito se sabia o que queria fazer.

De costas pra ele, ela lhe oferecia a nuca pra ser mordida, as costas a serem acariciadas e todo resto a ser desbravado sem restrições. Estava entregue, lânguida e desarmada. Fato raro, improvável.

Quanto mais carícias recebia, mais a boca se enchia d'água e mais devaneios lhe preenchiam a imaginação. Os laços que tinham fora dali foram momentaneamente abafados para dar espaço a fantasias indizíveis e a vontades obscuras. Obscuras até estarem a sós. Pois a sós era como estar em outra dimensão em que tudo era claro, até mesmo os desejos que nunca haviam mencionado. Se houvesse multiverso, a porta para adentrá-lo estaria ali em algum lugar.

Esta foi achada quando, bruscamente, ele a virou. Frente a frente, na horizontal, fugir era impossível. Entregar-se era preciso e inevitável.

Multiverso adentro, perderam-se. Encontraram-se. Bocas, braços, pernas. Encontraram-se em todas as formas de encaixes. Naquela cerimônia antropofágica, comeram, engoliram, embriagaram-se do gosto um do outro na tentativa de reter o que prato principal oferecia de melhor. Nada mais importava. O suor denunciava a exaustão, o brilho no olhar, a satisfação. Sorrisos sem explicação de repente tomaram conta de ambos. Na boca o sabor do sonho realizado e no corpo o reflexo da recente simbiose. Nem mais, nem menos, mas exatamente o que seus corações incendiados de desejo ansiaram.

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Comentários

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Rebuscado e deliciosamente excitante. Tesão! Parabens pela escrita!

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