O Diário - Capítulo 12

Um conto erótico de Dr. X
Categoria: Gay
Contém 1363 palavras
Data: 05/04/2020 08:10:20

Lembrando que daqui a pouco chegaremos na parte inédita.

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O Diário

Capítulo doze – As pessoas mudam

Leonardo estava apreensivo com o pai. Não era de menos, uma cirurgia sempre é complicada. Eu estava cansado e queria ir para casa, mas fiquei um pouco com ele lá. Não aguentei muito tempo e acabei cochilando no sofá da sala de espera, despertei com ele tocando meu rosto e falando para eu ir pra casa descansar. Não discuti porque estava com muito sono. Passei na cantina e tomei um belo copo de café para conseguir dirigir até em casa, que ficava longe. Eu havia visto uns apartamentos próximos do hospital e já tinha financiado um, mas estava esperando a confirmação para me mudar. Naquela hora, dentro do carro, eu implorei para que não demorasse, porque era muito chato dirigir cansado do hospital até meu apartamento. Cheguei a minha casa e apaguei, nem lembrava como era dormir pesado daquele jeito.

Na manhã acordei sentindo cheirinho de café coado vindo da cozinha. Cheguei lá e encontrei o Leonardo todo atrapalhado no fogão, estava fritando ovos. Fiquei excitado vendo aquele cara ali na minha cozinha, sem camisa e de avental, afinal fazia um tempinho que eu não fazia sexo. Pigarreei e ele se virou sorrindo envergonhado para mim, desviei o olhar e o desejei bom-dia, ao que fui respondido com um “Ótimo!”.

— Não sabia que você cozinhava! — falei.

— Aprendi na marra enquanto fazia facul — Ele rebateu.

— Eu nem perguntei, você fez o quê mesmo?

— Engenharia agronômica.

— As minhas aulas de matemáticas serviram, então. – Falei rindo.

— As de biologia também. — Disse rindo.

Eu fiquei mudo com a fala dele, dei um sorriso amarelo e fui até o banheiro me higienizar. Era impressão minha ou ele havia flertado comigo? Eu definitivamente não sabia. Fiz o que tinha que fazer no banheiro e fui experimentar o café feito por ele. Até que não era tão ruim, o café era um pouco fraco, mas tudo bem, afinal nem todo mundo é viciado em café como eu.

Conversamos muito naquela manhã. Ele estava feliz pois a cirurgia de seu pai fora um sucesso. Eu disse a ele que estava otimista com o estado de seu pai, pois o tumor era benigno (menos agressivo). Ele começou a falar algo, mas meu telefone tocou. Era do banco avisando que o financiamento havia sido aprovado, fiquei tão feliz que saí correndo pela casa para dar tempo de passar no condomínio antes de ir para o hospital. O Leonardo pediu uma carona e eu avisei que teria que passar lá , ele disse que não se importava e pediu para que esperasse ele se trocar. Após isso, dirigi até o local onde meu apartamento ficava, era um prédio relativamente grande (18 andares). Meu apartamento cobria o oitavo andar, tinha duas suítes e um quarto, cozinha, sala e varanda (extensa por sinal). Além da área de serviço e duas vagas na garagem. Ele ficava de frente para uma grande praça arborizada, o que dava um charme ao local, só que era meio longe da praia. Leonardo ficou maravilhado, e rindo comentou que eu estava muito bem de vida. Eu lhe expliquei que pagaria uma parte, meus pais outra e financiaria o restante.

— Só estou preocupado com a mudança! — falei.

— Você tem tempo para pensar nisso.

— Nem tanto! Quero vir pra cá o quanto antes, nesta mesma semana.

— Tu continua o mesmo! Haha. Sempre correndo atrás das coisas que quer.

-Não! Eu mudei muito, sou outra pessoa.

Ficamos em silêncio, estávamos embaraçados de vergonha. Me virei e me retirei daquela varanda, afinal tinha que trabalhar. Passei o dia atendendo, depois faltei à academia para cuidar dos preparativos da festa, só faltavam alguns detalhes a serem acertados. Não consegui dormir à noite, então decidi arrumar as tralhas que levaria na mudança. A maior parte era de livros de todos os tipos, acabei envolvido com meu diário que encontrei na estante e peguei no sono em plena sala, acordei no meu quarto com o Leonardo me pondo na cama e me cobrindo com um lençol. Imediatamente lembrei do meu diário e me mexi assustado procurando por ele, ele disse:

— Relaxa, não li o que tava escrito no diário.

— Então como você sabe que é um diário??

— Ah... O... O cadead.... o cadeado preso na capa.

— Onde ele está?

— No mesmo lugar onde você o deixou.

— Tudo bem, me desculpa.

— Fique despreocupado.

— Ah, é... Obrigado... P. por me trazer pra cá, eu acordaria com torcicolo.

— Disponha, eu tentei te acordar, mas você tava desmaiado — disse isso e sorriu para mim.

Desviei o olhar e me virei para dormir, peguei no sono rapidamente. Acordei atrasado, então não tomei café da manhã. No trabalho correu tudo normal e na volta Leonardo me pediu carona para casa, pois ele havia vindo visitar seu pai. Eu avisei que teria de desviar para passar no local onde faria a festa e ele disse que não tinha problema, então fomos.

Chegamos lá à tardezinha, o sol iria se por logo. Então tratei de reservar o local para a festa, que na verdade era um deck de frente à praia, a alguns poucos quilômetros da cidade. Acabou que ficamos lá até o sol se por no horizonte. Naquele dia a natureza caprichou, porque ver o sol sumindo nu borrão de nuvens vermelhas alaranjadas com o barulho do mar atrás de nós foi uma sensação mágica.

Por fim voltamos para casa e pedimos uma pizza, acabei de arrumar meus livros e entrei na internet para consultar uma transportadora. Achei uma barata e que parecia confiável, ela só não montava os móveis, mas não me preocupei tanto pois doaria a maior parte deles. Queria renovar a mobília porque era a mesma desde que vim morar na capital.

No dia seguinte era minha folga, acordei mais cedo que de costume pois iria consertar algumas coisas do apartamento novo e pintar a cozinha e o meu quarto. Preferi não acordar o Leo, fui sozinho mesmo. Comecei pelas lâmpadas troquei todas as queimadas e troquei também um soquete que estava quebrado. Troquei algumas tomadas e instalei uma ducha nova. Colei alguns vidros na vidraça que dava acesso à varanda e aproveitei e envernizei algumas portas no interior. O Leonardo me ligou preocupado, lhe falei onde eu estava e ele perguntou indignado o porquê de eu não o ter chamado para me ajudar, afinal ele me devia ajuda e estava sem nada pra fazer. Me expliquei e desliguei o telefone, mas minutos depois ele apareceu lá. Insisti que não precisava, mas ele não cedeu e praticamente tomou o rolo de pintura de minha mão e começou a pintar a parede. Confesso que sua ajuda adiantou muito meu trabalho. Paramos para descansar um pouco e ele me falou:

— Poxa, não sabia que você sabia fazer essas coisas!

— É, tive que aprender...

— Pelo menos se você deixar de ser médico um dia pode virar marido de aluguel!

— Duvido que alguém me contratasse

— Eu alugaria haha. Olha a bagunça que eu fiz!

Não resisti e ri muito. Continuamos com a nossa tarefa na maior descontração e terminamos a cozinha, agora só faltava meu quarto e foi bem rápido. Enquanto eu pintei duas paredes ele pintou uma e meia, faltando apenas uma parte da parede para terminarmos, então fizemos juntos. Só que ao me virar para pegar tinta acabei encostando a ponta do rolo no braço dele, melando-o de tinta. Ele notou e me falou “não deveria ter feito isso, agora vou ter que descontar”. Quando me virei para ele, o mesmo passou o dedo melado de tinta na ponta do meu nariz, ele ria e eu não deixei de gargalhar com a situação. Foi nesse momento que nossos olhares se cruzaram pela primeira vez depois de tantos anos, aqueles olhos verdes como esmeraldas ainda estava lá, hipnotizantes, mas agora não pertenciam à um garoto imaturo e supérfluo, e sim à um homem. E o que eles encontraram? O doce e perigoso dourado dos olhos de uma fera ferida, que pertenciam a um garoto franzino que cresceu e mudou, assim como todas as pessoas mudam. De fato muita coisa havia mudado entre nós dois, exceto uma: eu ainda o amava.

Continua...

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