O Diário - Capítulo 10

Um conto erótico de Dr. X
Categoria: Gay
Contém 1912 palavras
Data: 05/04/2020 00:42:55

Amanhã mais 10 capítulos!

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O Diário

Capítulo dez - Encontros e desencontros

Estava voltando de mais um dia cansativo e vinha ouvindo minha banda favorita no som do carro, (eu tenho mania de cantar acompanhando a cantora e juro que muitas pessoas já me taxaram de louco quando veem a cena! Mas, sabe de uma coisa? Danem-se as pessoas e suas mesquinhices, o importante é ser feliz!)

Cheguei ao meu prédio umas 20h00min horas e quando passei na portaria, o porteiro me avisou que um rapaz havia me visitado na tarde daquele dia. Perguntei-o se ele sabia o nome do indivíduo e sua resposta provocou um arrepio na minha espinha, "Leonardo" foi sua resposta.

Um monte de coisa me veio à cabeça com aquele nome e tudo se repetiu em minha mente, desde os passeios nas tardes de domingo, até o baile, a escola e o funeral. Despertei daquele transe com o porteiro me perguntando se estava tudo bem, respondi com um monossilábico sim , ainda meio desnorteado e entrei no elevador.

Passei a noite em claro. “Existem várias pessoas com esse nome, não poderia ser o mesmo, mas e se fosse ele?” Eu estava muito preocupado com o que poderia tê-lo levado a me procurar depois de tantos anos. Quando percebi lágrimas descendo pela minha face, decidi que deveria dormir e tomei uma bela dose de calmante e apaguei. Sonhei com ele... Era incrível como isso ocorria sempre que pensava nele.

Acordei alguns minutos atrasado, me arrumei e corri para a garagem, tropecei e deixei cair uns papéis, espalhando-os pelo chão. Perdi algum tempo juntando-os e por fim sai a caminho do trabalho, mas aquele definitivamente não era meu dia. O trânsito estava um caos e me atrasei. Cheguei ao hospital e entrei em alta velocidade, cumprimentei a todos e a moça da portaria fez que ia falar comigo, mas não ouvi o que ela disse pois estava praticamente correndo. Eu vinha apressadamente pelo corredor, quando avistei um homem de costas: alto e com costas largas, seu cabelo preto cortado bem curto e vestindo de camisa preta um pouco desbotada e calça jeans clara. Que corpo! Não sei o que deu em mim, me excitei na hora. “Que corpo lindo, que costas, cintura, e as pernas?”, pensei.

Eu precisava sair dali depressa, mas algo me chamou atenção: aquele corpo me lembrava algo familiar. Meio que magneticamente, eu estava andando a caminho do rapaz. Só que como vocês sabem, aquele não era meu dia e meu pé me traiu e eu tropecei, deixando minha pasta cair no chão. Nossa! sentia meu rosto queimar de vergonha. Me levantei rapidamente, peguei minha pasta e por reflexo olhei para o rapaz, que havia se virado devido ao barulho. Ele sorria, mas aquele realmente não era meu dia. O sorriso do rapaz era perfeito, mas eu já conhecia aquele sorriso e aqueles olhos verdes... Eles já me roubaram muitas lágrimas. Seu dono? Leonardo, que estava vindo em minha direção.

— Você se machucou? — me perguntou.

— Não. — Respondi, por sorte estava de óculos escuros, assim ele não veria o tão confuso que minha mente estava.

— Eu sabia que te encontraria aqui Felipe.

— Hm. O que você quer? —perguntei secamente.

— Meu pai está doente: câncer no esôfago. Eu vim acompanhá-lo, pois ele não tem ninguém além de mim — notei uma pontada de tristeza em suas palavras.

— Nossa! e sua mãe?

— Eles não estão mais juntos — me respondeu, sem graça.

— Não se preocupe, Leonardo. Seu pai está nas mãos de ótimos profissionais. Agora, se me der licença, estou atrasado.

— Felipe...

— Fala.

— Esquece...

— Minha especialidade. — Sorri sarcasticamente.

Essa última, eu não resisti e falei me virando e seguindo meu caminho. Estava orgulhoso de mim! o Felipe de outrora gaguejaria ou deixaria lágrimas fujonas rolarem na sua face. Mas eu não fiz isso, fiquei meio desconcertado com tudo aquilo mas tentei me recompor. Minutos depois, sem conseguir tirar aquilo da cabeça, um dúvida me veio à cabeça: porque ele teria me visitado? Naquela altura seria muita coincidência se fosse outro.

Sabe, gostaria de dizer que o dia correu normal a partir dali, mas não foi bem assim. Era umas 16h00min, tinha acabado de atender um paciente e quem me aparece? Meu ex- sogro.

— Boa tarde, doutor.

— boa tarde, seu Wilson.

— Eu te conheço de algum lugar?

— Sim, sou Felipe Dias, filho do João.

— Não pode ser! Como você está diferente! Trabalhando de médico até! Rapaz, desse jeito já deve ter tomado juízo e arrumado uma mulher!

— Não, felizmente eu continuo do mesmo jeito, só que aprendi a aturar pessoas como o senhor!

— ENTÃO EU NÃO QUERO UM VIADO ME ATENDENDO, ISSO É UMA FALTA DE RESPEITO!

— Não misture vida pessoal com o trabalho. — disse tentando parecer o mais calmo possível — Aqui nessa sala eu sou apenas um médico e você meu paciente. Só vou pedir uns exames para confirmar seu diagnóstico e preparar sua admissão no serviço. No momento nem sequer tocarei o senhor, mas saiba que eu tenho todo o direito de processar o senhor pelo que acabou de fazer — Falei e, notando sua preocupação, completei — Mas, não se preocupe; Como lhe disse, já aprendi a aturar pessoas como o senhor. Se não se importa, já pode se retirar aqui está a lista de exames que precisa fazer.

— Mas você sequer me examinou!

— São exames de protocolo, precisamos deles antes de começar seu tratamento. A enfermeira da triagem já coletou seus dados vitais e eu já chequei o resultado da sua endoscopia e o laudo da biópsia.

— Quando fez isso?

— Enquanto conversava com o senhor. Sabe, Wilson? Eu gosto de eficiência no meu trabalho.

— Estou vendo. Seria um bom médico, pena que é boiola.

— Guarde sua opinião para si. — falei impaciente — Agora, se me permite, retire-se porque tem mais pessoas lá fora esperando para serem atendidas. — Apressei com medo de perder a postura e me exaltar.

Ele saiu sem se despedir.

No final do meu expediente fui chamado na sala do diretor e ele me pediu desculpas pelo constrangimento. Eu o agradeci por se preocupar e depois saí ainda meio sacudido por aquilo tudo. Passei na pediatria como fazia quando estava triste. Tinha um garotinho chorando, fiquei conversando com ele na brinquedoteca e quando adormeceu, me despedi de sua mãe e fui embora.

Aquele dia atípico precisava ser descarregado de alguma forma e então, na academia, descontei toda minha raiva nos pesos e malhei o dobro do que costumava. Depois fui para a praia. A noite estava clara, era lua cheia... linda por sinal! Fiquei na praia um bom tempo pensando no passado, liguei para meus amigos e pedi para que me visitassem em meu apartamento no dia seguinte, por sorte nenhum tinha plantão.

O dia seguinte correu normal. Acabando o trabalho fui para casa e uma hora depois meus amigos chegaram juntos. Naquela noite fiquei sabendo que o Henrique iria embora. Fiquei triste, afinal meu melhor amigo viajaria pra longe, mas era uma ótima oportunidade de emprego para ele, o que me confortou

O sábado seguinte foi cansativo e dei plantão durante o dia e a noite. Passei a metade da manhã do domingo dormindo e acordei com o toque da campainha. Quando fui atender, ainda de cueca, recebi uma surpresa: eram minha mãe e meu pai. Abracei meu pai, fazia mais de um ano que não fazia aquilo! Chorei muito. Depois de me acalmar os levei até o quarto para que tomassem banho, pois iríamos almoçar juntos. Fomos a um restaurante de frutos do mar que eu adoro e conversamos muito sobre tudo. Era estranho estar ali, com os meus pais, juntos, eles faziam um belo casal. Por fim, damos uma volta pela cidade e voltamos para casa, tomamos banho e fomos para a sala.

Meu pai me olhava sério, minha mãe tinha um ar de assustada / ansiosa. Ficamos algum tempo nos olhando até que meu pai quebra o gelo:

— Meu filho, nós temos um pedido sério a te fazer... — ele me falou.

— Queremos que você pense com cuidado antes de responder... — Minha mãe completou

— Não queremos que se magoe com o que vamos te pedir.

— Promete que vai pensar? ...

— Tudo bem, gente! Mas falem logo, estou ficando assustado! —Ri nervoso.

Então... — meu pai começou — Nós sabemos que você sofreu muito e que ele te fez muito mal, mas sou eu, seu pai, que está te pedindo. O Wilson se separou da esposa e acabou perdendo quase todos seus bens. Agora que descobriu que está doente, ela não quis saber: não vai ajudá-lo com nada. O dinheiro que sobrou depois da separação, ele usou para pagar a faculdade do Leonardo, então os dois estão aqui hospedados sem muito dinheiro para pagar algum hotel. O tratamento já vai sair caro e eles não vão conseguir arcar com custos adicionais. Então sua mãe e eu queremos que você aceite nosso pedido.

— Tudo bem, eu pago o hotel para eles — Falei apressado com medo do rumo que aquilo tomaria.

Não, Felipe — agora é minha mãe que falava — é muito caro pagar um hotel. Queremos que você o acolha aqui, em seu apartamento. Pelo menos até as coisas se resolverem.

— Aquele senhor me humilhou duas vezes e vocês querem que eu o coloque aqui? Nem pensar! — falei enfurecido.

— Não é o Wilson, é do Leonardo que estamos falando. — minha mãe concluiu.

— Não acredito que vocês estão me pedindo isso! — eu estava indignado.

— Você prometeu que ia pensar! Além do mais, ninguém quer que você case-se com ele, é só hospedá-lo aqui durante o tratamento do pai dele. — Disse meu pai.

-É verdade, filho! Eu conheço você e sei que você gosta de ajudar as pessoas! Se coloque no lugar deles... — minha mãe falou em tom de súplica .

— Ai, gente. Eu não estou com cabeça para decidir isso agora, depois dou minha resposta. - Falei já me levantando.

— Tudo bem — Ambos me responderam. — Mas pense com carinho —minha mãe completou.

Quando me deitei, fiquei pensando em que decisão tomar. Uma enxurrada de coisas passavam pela minha cabeça. Eu definitivamente não queria ele ali, porque não queria reviver tudo aquilo, nem sequer tocar naquelas feridas. Mas o orgulho me impedia de dizer aquilo aos meus pais, não queria demonstrar fraqueza e resolvi que apesar de tudo, os ajudaria.

Acordei na manhã da Segunda-feira sentindo cheiro de café da manhã pronto. Chegando à cozinha, vi meus pais sentados me esperando para tomarmos café. Como aquilo fazia falta! Ter o café já pronto assim me esperando pela manhã! Além do mais minha mãe tem mãos de fada na cozinha adora me entupir de comida. Me despedi deles, já que partiriam antes que eu chegasse do trabalho, e fui para o hospital. Estava triste por não saber quando os veria novamente.

O dia passou depressa. Fui para academia e em seguida para casa, jantei e me deitei. Quando estava pegando no sono, alguém toca a campainha (naquela hora me deu vontade de quebrá-la na cabeça da pessoa que tocou). Como estava de boxer, me enrolei com um lençol fino, que usava como cobertor, e fui atender a porta. Quase caí para trás quando vi o Leonardo passar por ela. Ele estava de regata branca, bermuda e chinelo. Desviei o olhar e fechei a porta ainda paralisado. Quando me virei, ele me surpreendeu com um abraço.

— Obrigado, mesmo! Você não sabe o quanto está me ajudando... — disse envergonhado.

Sentir seus braços quentes envolta de mim depois de tanto tempo, me fez perceber que aquilo não seria tão fácil como eu imaginara.

CONTINUA...

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Comentários

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vale a pena esperar por uma amor

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os dois irão deixar o amor vencer sem o tempo do medo e das dores da alma?

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O conto tá ótimo! Parabéns! muita saúde mental para não manda Dr todo. mundo se lascar

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