Diários de um viajante ༽ 02

Um conto erótico de Caliban
Categoria: Gay
Contém 1523 palavras
Data: 27/04/2020 17:45:28
Última revisão: 28/04/2020 14:03:27

Obra de ficção

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Voltei para casa extremamente exausto daquele dia. Entrei e avistei minha mãe cuidando do jardim como fazia de costume em quase todos os dias perto do anoitecer, eu dei um abraço apertado nela já que possivelmente àquele fosse minha última noite naquele inferno.

Aurora - Filho, seu pai teve que resolver algo na igreja mas disse que quando voltasse gostaria de falar com você

Lúcio - A senhora sabe sobre o que se trata ?

Aurora - Ele só me disse que o padre havia ligado e que tinha um assunto muito sério pra falar com ele.

Lúcio - ah, ok - Eu fui subindo as escadas e entrei no meu quarto ainda intrigado com o que meu pai falaria comigo.

Enquanto arrumava algumas coisas em uma velha sacola para minha fuga eu vi Otavio Junior parado na porta me encarando com um boneco do Batman em mãos.

O. Junior - Vamos viajar ?

Eu olhei ele assustado por alguns minutos até que respondi com a primeira coisa que veio na minha cabeça - Sim! - Teria que criar uma história plausível para àquela resposta

Lúcio - Vamos pra casa da tia eva

O. Junior - Mas, papai e mamãe não me falaram nada!

Lúcio - Eles não tê falaram pq era surpresa pra você né hahaha - Estava bem nervoso com àquela conversa e isso era nítido

O. Junior - Deve ser...vou ter fingir surpresa quando me contarem, seu estraga prazeres

Ele saiu indo em direção ao seu quarto me deixando sozinho, eu rapidamente tranquei a porta para que não tivesse que passar por àquilo novamente.

Eu fiquei no meu quarto repassando o plano várias e várias vezes porém uma coisa sempre aparecia na minha mente enquanto isso, o beijo de Miguel. Eu não conseguia tirar ele da minha cabeça e por mais que tentasse ele voltava com mais força, estava perdido em delírios até que minha mãe me chamasse para o almoço.

Eu desci as escadas para a cozinha com o pensamento no meu plano e em tudo que estava fazendo, tinha medo de causar sofrimento em minha mãe igual como Ícaro causou e deixar Otávio sozinho para lidarr com as monstruosidades de meu pai por mais que detestasse ele. Me sentia como um grande egoísta e tentava buscar mil motivos pra ficar quando na verdade me apareciam mil motivos pra sair, era doloroso estar naquela posição e não poder contar a ninguém. Definitivamente estava em uma grande enrascada

Cheguei na sala de jantar e só vi minha mãe e meu irmão sentados na mesa, nada do meu pai. Perguntei pra minha mãe o porque dele ainda não ter chegado e ela me respondeu com um simples "problemas na delegacia" eu acreditei e me servi da comida como sempre fiz; após isso eu terminei minha refeição e subi para meu quarto onde novamente olhei a minha mochila para saber se tinha tudo o que eu precisava, eu havia colocado bastante roupa dos mais variados tipos, varios cadernos já que sempre amei escrever, alguns calçados e outras coisas que julgava necessário, havia também uma sacola com vários alimentos que tinha pegado da cozinha e algumas coisas que tinham caráter emocional.

Eu adormeci por algumas horas até que fui acordado pelo meu "alarme de fulga" que era nada mais nada menos que um cachorro que latia todos os dias as 03:30 da madrugada na minha rua. Eu ne levantei e sem fazer muito barulho abri a porta e fui até um armário que só a minha mãe mexia, coloquei três cartas lá para minha mãe, meu irmão e Miguel. Eu andei pelo corredor até chegar perto da escada onde eu escutei uma voz roca e fria atrás de mim...era meu pai.

Otávio - Vai fugir pirralho ?

Lúcio - N-Não é isso - antes que terminasse a curta frase meu pai deu um tapa na minha nuca e me arrastou até o escritório dele que ficava na parte superior da casa perto do meu quarto.

Otávio - Quem você pensa que é ?? Acha que pode dar uma de viadinho pela cidade e fugir sem deixar rastros ??

Lúcio - Como assim ?

Otávio - PARA de fingimento garoto, eu sei que você forçou o pobre do Miguel a tê beijar

Lúcio - Eu não forcei ninguem!!

Otávio - PARA DE MENTIR - ele me empurrou tão forte que me fez cair no chão enquanto ele continuava a berrar - O MIGUEL FOI ATÉ O PADRE CONFESSAR ISSO, ELE TAVA MORRENDO DE VERGONHA COITADO!!!

Lúcio - FOI ELE QUE ME BEIJOU

Otávio - IMAGINA, EU O DELEGADO DA CIDADE COM FILHO VIADO E MENTIROSO - Ele me deu um tapa na cara, eu o empurrei e me levantei em direção a porta - FOGE VAI!!!

Lúcio - EU VOU FUGIR!! MAS NÃO É POR ISSO ACREDITE - Eu estava perto da porta quando uma chama se ascendeu em mim e me fez encarar ele - Eu vou fugir porque não quero acabar como a Helena, ou como o Ícaro...

Otávio - EU JÁ DISSE NÃO FALAR O NOME DELES SOBRE O MEU TETO - Ele me segurou pelo braço com tanta força que me machucou mais ainda - O ÍCARO E UMA DESGRAÇA PRA MIM E PRA SUA MÃE E A HELENA...àquela mentirosa

Lúcio - Todo mundo sabe que a Helena não é mentirosa, todo mundo sabe o que você fez com ela e todo mundo tem medo do monstro que você é - Me soltei e corri pro canto direito da escrivaninha tentando me proteger

Otávio - Eu não vou deixar que você me insulte assim - Ele me encurralou ali, me olhava fixamente como um animal olha pra sua presa - Eu vou tê mostrar a respeitar o seu pai

Ele começou a me dar repetidos tapas no resto e ao redor da cabeça até que me fizesse cair no chão sem possibilidade de me defender, ele começou a me chutar e por alguns instantes eu pensei que não aguentaria àquilo. Eu derramava lágrimas de desespero e gritava pela minha mãe mas nada e nem ninguém intervia. Eu desmaiei no chão e quando acordei ele já tinha ido embora.

Minha mãe apareceu na minha frente como um anjo aparece pra um devoto, ela me olhava com um jeito triste e melancolico, ela não disse nada até àquele momento, apenas jogou minha mochila e sacola que teria usado pra fugir ao meu lado e me levou com dificuldade até a entrada da casa.

Aurora - Premeta que sempre vai mandar cartas de suas viagens até achar um lugar seguro

Lúcio - Prometo.

Ela me abraçou e me deu um beijo na testa, deixou algumas lágrimas cairem de seu rosto mas manteu a sua postura. Me ajudou a colocar a mochila junto com as outras coisas e me guiou até o fim da rua.

Eu estava extremamente machucado e até hoje não sei como consegui forças para me guiar...talvez alguém la de cima gosta de mim, penso nisso. A partir daquele momento eu sabia que estava sozinho, sem família, sem amigos, sem ninguém.

Fui ainda com dificuldade cheguei até o começo da estrada cidade que parecia vazia até àquele horário. Eu pensei em voltar mas sabia que não poderia por tudo que tinha acontecido, eu pensava na traição de Miguel e em como poderia ter mentido por medo de duvidarem da sexualidade dele. Eu estava muito assustado com tudo que tinha acontecido mas percebi que era tarde demais para voltar

Eu esperei ali por uma carona até que desisti e na minha mente de garoto de 15 anos eu poderia ir andando facilmente até...até...pra falar a verdade eu nem sabia pra onde eu iria, eu parei novamente perto de um cercado e fiquei ali esperando por uma luz no fim do túnel, e não é que ela apareceu!!

Um caminhão dentre tantos que haviam passado parou do meu lado e de lá de dentro eu vi um homem com um olhar de curiosidade pra mim.

Homem - Precisa de ajuda garoto ?

Lúcio - ...sim!

Homem - Quer uma carona ?

Lúcio - ...sim!

Homem - Tá indo pra onde ?

Lúcio - Você tá indo pra onde ?

Homem - Curitiba - Ele estendeu a mão um pouco suja pra mim

Lúcio - Então é pra lá que eu vou!! - Eu segurei na mão dele e subi no banco me ajeitando entre as minhas coisas e algumas coisas que já estavam lá.

Homem - Prazer. Alex, e você ?

Eu queria dizer meu nome verdadeiro, eu associei "Lúcio" há tudo àquilo que eu tinha passado, falar meu nome me lembrava da minha família, da minha cidade, do Miguel.

Naquele momento eu percebi que precisava de um novo nome, uma nova história, já sabia até qual nome usar; "Erick", esse era o nome de um dos meus personagens preferidos dos contos de fadas e a partir dali, àquele seria meu nome

Lúcio/Erick - Erick. Meu nome é Erick.

O caminhão saiu da estrada é daquele momento em diante o Lúcio havia morrido é o Erick havia nascido das cinzas dele.

Eu mal posso esperar pra contar sobre como o Erick viveu depois daquele dia.

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Obrigado por chegarem até aqui, eu sei que vocês gostam de coisas mais "sexy" mas eu queria iniciar o conto com esse estilo mais calmo e lento. Agredeço pela atenção e aguardem os outros contos do Diário de um viajante.

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Comentários

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devo confessar que estou ansiosompela continuação desse conyo.

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