Celtic Love | 02

Um conto erótico de Junior
Categoria: Homossexual
Contém 2192 palavras
Data: 22/03/2020 15:46:37
Última revisão: 22/03/2020 15:48:16

Não me entenda mal, não é que eu seja um psicopata obsessivo, que logo na primeira conversa já quer dizer que ama e fazer juras de amor para o resto da vida àquela pessoa que mal conhecia. Mas realmente, depois de cinco anos, lembrando de tudo isso, até eu me preocupo com a forma que agi naquela época.

Bem, por mais que havíamos ido dormir tarde (e bêbados), eu e Ricardo acordamos cedo no outro dia. Eu ainda estava meio zonzo, normal depois de um porre; Ricardo estava melhor que eu, até porque ele saiu da festa já dormindo praticamente. Enfim, acordamos, nos arrumamos e fomos tomar café da manhã; sentados à mesa, sinto meu celular vibrar loucamente em meu bolso. Meu coração dispara, será que era ele? Eu logo pego meu celular, quase tremendo, e para a minha surpresa, o ícone do aplicativo está lá.

Era ele, com certeza!

- Que isso haha, eu tô bem, e você? – Nesse momento eu já nem via mais nada ao meu redor, estava tão absorto que aquele cara misterioso estava realmente conversando comigo, que nem sabia muito o que pensar.

- Tudo certo :D – Respondi, e completei. – Engraçado, acho que nunca te vi por aqui (no app).

Ele riu e me explicou que não morava na cidade, que estava única e exclusivamente a trabalho e que iria embora no dia seguinte. Aquilo de certa forma me deixou um pouco desapontado, à primeira vista ele me pareceu uma pessoa super bacana, mesmo não tendo conversado tanto com ele, mas decidi que iria tentar me encontrar, afinal, ele veio conversar comigo, algum interesse deve ter surgido.

- Entendi, que tipo de trabalho veio fazer? (Sou curioso mesmo, relaxa haha).

- Então, ontem teve uma festa lá na Cultura Inglesa, eu e minha banda viemos tocar. Acabei vendo o seu perfil por acaso lá perto, e pensei que talvez estivesse naquela festa.

- Putz, eu queria muito ter ido! Mas acabei que fui à uma festa de uma amiga, e não consegui ir até o evento =( Teria sido ótimo ver sua banda tocar!

- Foi bem bacana, deveria ter ido haha

E nisso conversamos e não paramos mais, a conversa com ele fluía de uma maneira tão natural. Ele me contou que é percussionista numa banda com temática celta, e eu já me interessei logo de cara. O fato dele ter visto meu perfil foi incrível, provavelmente foi bem na hora que reparei nele enquanto Ricardo e eu estávamos comprando as bebidas. Destino será?

Contei ao Ricardo sobre esse cara, e ele já ficou todo animado por mim.

- Vai dar, né safada? – Disse rindo enquanto eu o levava até sua casa.

- Migo não vou negar, quero. – Rimos e continuamos a conversa sobre esse cara misterioso até chegarmos em sua casa.

No caminho de volta para a minha casa eu só conseguia pensar nele e na conversa que tivemos. É incrível, foi tudo tão aleatório. Eu ver o perfil dele e me chamar atenção logo de cara, ele vir falar comigo horas mais tarde e principalmente o fato de que ele fazia parte da banda que eu queria ter visto naquele evento de St. Patrick’s Day. Eu fiquei muito impressionado no modo como as coisas estavam andando, e ficaria ainda mais com o passar dos dias.

Quando cheguei em casa, fui logo pegando o celular para falar com ele, agora ele não era mais tão estranho para mim, pois sabia que era músico, que estava a trabalho, que tocara no evento do qual eu queria ter ido, que temos gostoso musicais e algumas esquisitices em comum e que se chamava Fernando (nome fictício por motivos mais do que óbvios).

- Oi Fernando, tudo bem? Estava aqui pensando, topa sair hoje à noite? Aproveitar que vai embora amanhã já haha

Demorou um tempo até que ele me respondeu.

- Oi Ju! (Ele havia me perguntado se poderia me chamar assim, e eu disse que não via problema naquilo). – Pois é, infelizmente amanhã já volto para a terrinha haha. Gostaria sim de sair contigo hoje, tem algo em mente? – Aquilo me deixou com as pernas bambas. Eu não estava acreditando que finalmente iria conhece-lo pessoalmente. Estava mais do que feliz!

- Olha, na verdade não pensei em nada ainda hahaha, mas posso ver alguma coisa. Que horário fica bom pra ti?

- Lá pelas 21h eu fico mais livre, porque daí já termino de arrumar todas as coisas e consigo dar uma escapada do pessoal (da banda).

- Combinado. Passo aí para te buscar?

- Pode ser! =)

Finalizamos a conversa e eu teria que pensar em algum lugar para leva-lo. Não havia muitas opções aqui na minha cidade, principalmente por ser cidade de interior, sem muitos acontecimentos marcantes. Decidi leva-lo à um lugar chamado Pico da Neblina, que é um dos pontos mais altos daqui, e a vista é muito bonita. É um terreno vazio, não tem nada além de mato, mas naquela semana teria as instalações de mobiliário urbano que havíamos feito na faculdade. Havia bancos feitos de pneus, decks de pallets, entre outras coisas feitas para que o pessoal usasse mais o espaço urbano, então, como aquele lugar estaria mais seguro que o normal e teria mais gente visitando, decidi então leva-lo até lá.

As horas se arrastaram, parece que quanto mais ansioso ficamos para que alguma coisa aconteça, mais o tempo demora a passar. Eu já não estava me aguentando, nem me concentrar para jogar (que era a coisa mais natural para mim) eu consegui. Eu realmente iria me encontrar com o Fernando, mas o que fazer quando eu ficasse frente a frente com ele? Qual seria a sua reação? Inúmeros questionamentos me vieram à cabeça e eu só conseguia ficar cada vez mais nervoso.

Mandei uma mensagem para o Ricardo, dizendo que iria me encontrar com ele no Pico. Na verdade, eu sempre avisava um amigo (na maioria das vezes o Ri) quando iria me encontrar com alguém do aplicativo. Segurança que fala. (Nunca se sabe quando vai aparecer um louco por aí, e eu já sou paranoico com essas coisas o suficiente).

- MIGO! Vou ver o músico hoje! (Engraçado que disso eu me lembro perfeitamente, eu nunca falava dele citando o seu nome. Sempre o chamava de Músico quando conversava sobre ele com meus amigos).

- Mentira viado! Vão pra onde?

- Vou levar ele lá pro pico, ainda tem aquelas instalações que fizemos, acho que vai ser legal.

- Tu deu foi sorte que elas estão lá ainda, a prefeitura iria tirar semana passada, mas a Marcela (nome fictício da minha professora) conseguiu adiar por mais alguns dias.

- Mana eu to nervosa uahauhua

- Relaxa, tu só vai transar gay.

- É... talvez isso aconteça.

Eu estava em êxtase! E a conversa com o Ri conseguiu me acalmar um pouco.

Finalmente estava dando o horário que combinamos de nos encontrar. Fui tomar um banho, vesti uma roupa que não fosse tão produzida, afinal eu não queria transmitir tudo o que estava sentindo logo de cara, e fui me encontrar com ele.

Ele estava hospedado em um hotel próximo à Cultura Inglesa. Quando cheguei perto do hotel, mandei mensagem dizendo onde estava. Alguns instantes depois eu vi o que parecia ser ele.

Meu coração disparou. Ele era lindo!

Fernando era pouca coisa mais alta que eu, magro, branquinho, mega barbudo e tinha cabelos longos. O típico cara hipster por assim dizer. Seus cabelos eram castanho escuro e estavam soltos sobre os ombros, ele parecia um Legolas (personagem de Lord of the Rings) moreno! Hahah.

Ele entrou e se sentou no banco do passageiro, estava visivelmente nervoso e eu achei toda aquela timidez a coisa mais fofa do mundo.

- Oie! – Disse ele sorrindo assim que fechou a porta. Me olhou e eu vi o rosto mais lindo de toda a minha vida. Só conseguia reparar naquela boca, naqueles dentes perfeitos, e naquele olhar doce que ele possuía. Quando sorria, seus olhos ficavam pequenininhos e criavam algumas rugas nos cantos. Eu amoleci.

- Oi Fer! Tudo bem? =) – Disse me inclinando para dar um abraço e um beijo na bochecha.

- Tudo ótimo! Pensou em um lugar para irmos?

- Tô com um lugar em mente que acho que você vai gostar! – Disse ligando o carro e seguindo o caminho em direção ao Pico da Neblina.

Durante todo o percurso até o nosso destino eu fui puxando assunto, eu também estava nervoso, mas dirigir fazia com que eu pudesse disfarçar um pouco esse nervosismo. Mais que ele, que só conseguia ficar com as mãos entrelaçadas em seu colo.

Conversamos sobre diversos assuntos diferentes, sobre nossos gostos em comum, sobre sua estadia em minha cidade e como ele me encontrou no aplicativo.

A cada piada boba que eu contava, percebia ele relaxando, não estava mais com o sorriso tímido. Ele realmente estava se divertindo comigo e aquilo para mim era a melhor coisa que poderia estar acontecendo. (Visto que até ano passado eu nunca teria toda essa coragem).

Finalmente chegamos no pico, e havia algumas pessoas sentadas em um ponto um pouco distante. O céu já estava escuro e cheio de estrelas, o clima estava limpo, um pouco frio, mas para mim tudo estava perfeito e radiante. Decidi escolher um pallet para sentarmos, e ali ficamos. Sentados ombro com ombro, pertinho. Eu pude me deliciar sentindo um pouco do seu calor corporal, e a tensão entre nós estava imensa.

Continuamos conversando sobre as coisas, sobre músicas e bandas celtas/irlandesas. Eu expressava meu amor a esse tipo de música e ele me olhava com brilho nos olhos, sorrindo sem emitir som. Mesmo quando eu não estava olhando diretamente para ele, pude sentir seus olhos em mim. Me senti visto como nunca sentira. Ele, que estava bem ao meu lado, estava me observando minuciosamente enquanto eu falava e falava sem parar.

Acho que percebendo que eu estava tão nervoso quanto ele, ele chegou mais perto e me abraçou pelos ombros. Eu congelei, as palavras pararam de sair da minha boca e eu olhei para ele. Dessa vez, ele não me olhava. Olhava para o céu, sorrindo com os lábios e apertando meu ombro com as mãos. Pude sentir ainda mais o seu calor. Aquilo varreu todo o meu corpo e toda a minha insegurança havia se dissipado, com aquele simples gesto eu já havia ficado entregue.

Ficamos um bom tempo nessa posição, conversávamos, mas até agora nada havia passado disso. Até que ele me disse uma coisa que fez eu reunir toda a coragem que possuía naquela hora.

- Este lugar é incrível! E a sua companhia aqui está fazendo toda a diferença. – Disse virando para me encarar.

Eu não consegui responder com palavras, mas fiz o que estava querendo faz muito tempo. Me virei de frente para ele, ainda estávamos meio que abraçados, coloquei minhas mãos sobre seu rosto, e fiz um carinho. Ele fechou os olhos. Me inclinei para mais perto dele, e o beijei.

Sua boca era macia, sua barba não me incomodava nem um pouco. Ele retribuiu o meu beijo e nossas línguas dançaram lentamente, se entrelaçando gentilmente uma à outra. Aos poucos, aquele beijo lento foi se tornando mais rápido, parecia que buscávamos desesperadamente um ao outro, que estávamos tão sedentos e desesperados por aquele momento, que nada poderia fazer com que nossas bocas se desgrudassem. Da mesma forma que começou, o ritmo do nosso beijo foi diminuindo até pararmos com pequenos selinhos.

Ele sorriu, me olhou com toda a ternura que ninguém jamais havia me olhado. Retribuí o seu sorriso e o abracei, enfiando meu rosto em seu pescoço, sentindo aquele cheiro maravilhoso de seus cabelos. Fernando me abraçou firmemente, parecia que estava me segurando enquanto eu beijava seu pescoço e sentia sua pele ficar arrepiada.

Aquele foi um dos primeiros momentos que tive com Fernando, e me pareceu uma eternidade que eu não queria que chegasse ao fim.

Decidimos então nos deitar, e ficamos ali, deitados em cima de um pallet duro, no meio da noite, sem nos importarmos com quem quer que estivesse olhando. Ficamos abraçados, compartilhando o calor de nossos corpos em mio à carícias e palavras tímidas de carinho.

Repetimos o beijo algumas outras vezes e me parecia que cada um era melhor que o outro. Nossas bocas estavam se acostumando com o toque da outra, e o beijo saía cada vez mais naturalmente.

Estava ficando tarde, e Fernando iria pegar a estrada de volta para casa bem cedo naquela manhã, por isso decidimos voltar. Quando deixei o Fernando na porta de seu prédio, ele me agradeceu pela noite e todo o resto, pediu para que eu enviasse mensagem assim que chegasse em casa, que ele iria ficar me esperando. E assim, nos despedimos com mais um beijo, e eu segui meu caminho para casa, extasiado, maravilhado e com o coração inflado de alegria.

Aquela foi uma noite que vai ficar guardada para sempre em meu coração, e na minha memória. E aquela noite deu início à tudo.

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Continua! - Ainda tem muito chão pela frente. Desculpe a minha narrativa detalhada, é a única forma que consigo descrever essa história na qual possuo tanto carinho. ♥

VALTERSÓ, obrigado pela nota e pelo interesse! Espero que continue se interessando. ♥

Até o próximo capítulo! =)

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