Anti Herói - Capítulo Onze

Um conto erótico de _alguemsolitario
Categoria: Homossexual
Contém 1533 palavras
Data: 20/02/2020 20:29:27

Acordei ainda de madrugada e o Pedro já não estava mais ao meu lado. Procurei meu celular afim de descobrir que horas eram e vi que já se passavam das quatro da manhã, logo mais o sol nasceria. Incrível como eu havia dormido por tanto tempo. Provavelmente meu amigo deveria ter ido para o seu quarto no meio da noite, mas a ausência do Marcos me deixou com dúvidas. Onde mais ele poderia ter dormido senão comigo? Ainda sonolento levantei-me da cama e saí do quarto descendo as escadas em direção a sala. Porém tudo o que encontrei foi o mais completo breú.

— Marcos? - sussurrei tentando localizá-lo, entretanto só o que recebi em resposta foi o silêncio. Caminho para a varanda, a noite fria e estrelada trouxe uma brisa gelada assim que abri a porta. No alto, a lua cheia no céu proporciona uma noite bem iluminada. Paro por alguns segundos para admirar aquele corpo celeste acima da minha cabeça e sinto meus pelos arrepiarem por conta do frio. Até que percebo haver alguém deitado em uma rede a alguns metros de mim.

— Marcos? - digo enquanto me aproximava lentamente, mas assim que cheguei mais perto da pessoa percebi que se tratava do Alex, dormindo coberto por um lençol fino com um livro repousando em seu peito — Alex? - chamo-o. Ele abre os olhos devagar.

— Vai para dentro cara! Aqui fora está muito frio! - sugiro em um tom preocupado.

— Oli? Que horas são? - sua voz saiu rouca e arrastada, se não entrasse e tomasse uma bebida quente com certeza resfriaria.

— São pouco mais de quatro. O que faz aqui fora? - ele se espreguiça e se levanta de modo a ficar sentado na rede.

— Bem, eu estava lendo.

— Que livro é esse? - pergunto.

— Ah... é só um de ficção. - diz me entregando para que eu pudesse ver o conteúdo. E para minha surpresa, era um dos meus livros favoritos.

— Pelo que vejo não é só um livro de ficção. É um dos melhores.

— Sério? Eu estou gostando bastante também. Você já leu?

— É claro que sim! O final é surpreendente.

— Só não me diga nada pois estou muito envolvido com isso. - pediu — Mas depois de saber que você gostou, significa que provavelmente eu vá gostar também.- ele sorri amigavelmente, na qual eu retribuo, porém com um sorriso mais tímido.

— Desculpa ter te acordado. - digo ao vê-lo bocejando.

— Não esquenta com isso! - tranquiliza-me — Mas o que veio fazer aqui fora no meio da noite?

— É que eu estava procurando o Marcos, não sei onde ele dormiu.

— Ah, sim! Você estava dormindo com o Pedro, então deixei que ele dormisse no meu quarto.

— Espera... como assim? - questiono confuso.

— Ele viu vocês ontem e não quis incomoda-los, e como o último quarto sobrando ficou para aquela sua amiga, eu ofereci o meu. - explicou.

— Então por isso que você veio dormir aqui fora? Cara, vocês deveriam ter me acordado. - não achei justo que o Alex tenha se prestado a dormir na varanda.

— Não, está tudo bem! Na verdade eu iria sair, mas acabei cancelando. E quanto a eu dormir aqui, eu costumo fazer isso sempre que venho para cá, logo não é incômodo algum. - respondeu me deixando mais relaxado. Mas independente de qualquer coisa, não deixei de pensar no por quê deles não terem me despertado. Só espero que o Marcos não tenha interpretado nada equivocadamente.

Durante alguns minutos um silêncio pairou sobre nós dois, porém não foi um daqueles silêncios que constrangem por ter acabado o assunto, mas sim um silêncio confortável. Agora junto com ele, eu admirava novamente a lua tão gigantesca lá no alto.

— Sabe... eu amo esse sereno. Olhar as estrelas, a lua... - disse Alex. Por alguns instantes parei para analisar o quão comum era entre nós dois o fato de valorizarmos coisas simples que facilmente passam despercebidas pela maioria das pessoas. — Sempre que eu olho para o céu, eu penso o quão insignificantes somos diante da grandeza do universo. - complementou ele.

— Talvez para o universo sejamos insignificantes. Mas para alguém que nos ama, somos a coisa mais importante. - respondo, parando para refletir no mesmo instante.

Ironicamente essa minha última frase serviu para me fazer questionar meu relacionamento. Eu gostava muito de estar com o Marcos, das nossas conversas e até mesmo da nossa química. Mas eu sabia que não tinha nenhum sentimento tão forte por ele a ponto de colocá-lo como minha maior prioridade, e acredito que ele também. Não seria certo nos prendermos um ao outro, perdendo a chance de talvez estar em um relacionamento com alguém que nos amasse de verdade. E era aí que o medo me vinha. O medo de nunca encontrar essa pessoa.

— Está pensando em que? - sou interrompido dos meus devaneios.

— Ah, sei lá! É tanta coisa. Mas eu não quero te encher com minhas bobagens.

— Que nada, Oliver! - repreendeu-me — Olha, embora eu te conheça apenas a alguns dias, saiba que eu sinto uma conexão muito forte por você. E eu quero que fique ciente que pode contar comigo para qualquer coisa. São raras as pessoas que conseguem enxergar, mas você tem algo em especial, Oliver. - Aquelas palavras dele naquele momento tiveram um peso tão grande. Eu tinha tido quase a mesma sensação quando o vi pela primeira vez, e após aquele diálogo ali, eu tive certeza de que ele era diferente dos demais.

— Obrigado. - agradeço. Ele repousa sua mão esquerda sobre minha coxa e sorri. — Ás vezes eu penso sobre o quão louca é a vida e em como ela sempre me rodeia de pessoas maravilhosas como a Júlia, o Pedro, você...

Ele me encarou por alguns instantes, depois tirou sua mão da minha perna e se levantou.

— Quero te levar para um lugar... - foi em direção aos seus sapatos que estavam próximo a porta e os calçou.

— O quê? Mas para onde? - pergunto ficando de pé.

— Você vai ver.

— Deixa só eu tirar essas sandálias. - digo indo colocar minhas botas.

Depois de pronto, acompanhei o Alex e nós seguimos a pé por alguns minutos durante aquela propriedade imensa e após cinco minutos de caminhada chegamos em um estábulo. Ele empurrou a porta abrindo-a e nós adentramos aquele local, que embora não fosse tão grande, tinha espaço suficiente para cerca de dez cavalos.

— Você sabe cavalgar? - falou enquanto selava um alazão.

— Só fiz isso uma vez, mas eu estava sendo guiado. Eu só fiz montar.

— Sério? Então eu vou te ensinar.

— Eu iria adorar, mas por hora prefiro ir de carona com você. - sorrio sem graça.

— Tudo bem! - ele subiu em cima do cavalo e me estendeu a mão. — Consegue subir sem dificuldade?

— Acho que sim!

Depois de conseguir me equilibrar, segurei em sua cintura e partimos. Não sabia ao certo para onde iríamos, porém confiava no Alex. Seguimos por um caminho que ia por dentro da mata e em pouco tempo não se via mais nenhum sinal de construção. Continuamos a seguir em frente e após passarmos pela lavoura, subimos uma colina, e assim que chegamos ao topo, só pude me encantar com o que vi. A vista dali de cima, era simplesmente incrível. Parecia que estávamos mais perto do céu. Ao longe conseguia ver as luzes do casarão e toda a imensidão da daquela fazenda.

— Caramba, isso é lindo! - estava simplesmente abismado com aquela paisagem.

— Eu venho aqui algumas vezes. É o meu lugar favorito.

— É fantástico mesmo. Obrigado por me trazer!

Ali, no topo daquela colina eu senti que podia ser livre. De repente todos os meus medos e barreiras sumiram e uma paz de espírito tomou conta de mim. Fecho meus olhos e respiro o ar puro, agora eu estava me sentindo vivo. Sento-me no chão junto ao Alex que também parecia viajar por entre seus pensamentos e durante todo o momento que passamos ali ficamos assim, apreciando aquele cenário e conversando sobre os assuntos mais aleatórios. E a cada novo coisa que eu descobria dele ficava mais impressionado do quão incrível ele era.

Assim que os primeiros raios de sol surgiram no céu, tratamos de voltar para casa.

— Mais um vez, obrigado por me levar lá! - digo enquanto eu desço do cavalo, o dia já começava a ficar claro.

— Eu que agradeço sua companhia. - ele também desmonta.

— Não vai levá-lo de volta ao estábulo? - pergunto.

— Vou pedir para algum funcionário alimentá-lo levá-lo. O garotão aqui merece. - dizia enquanto alisava o alazão.

— Então é isso. Até mais tarde. - estendo a mão para que ele pudesse apertar, mas ele só encara, me surpreendendo em seguida com um abraço caloroso.

— Até mais tarde. - respondeu e sorriu. Acho que ali começara o início de uma bela amizade

Entrei novamente na sede e tudo estava tão quieto como antes. Dessa vez já sabendo onde meu namorado estava, segui direto ao encontro dele e o encontrei dormindo. Parei na porta do quarto e apenas fiquei o observando. Por quê tudo tinha que esse complicado? Eu estava com um cara lindo e fofo e que gostava de mim, mas me sentia incompleto e vazio o tempo todo. Não tinha dúvidas que gostava dele, mas só gostar não era o suficiente. O Marcos merecia algo melhor do que eu. Deixei minhas loucuras de lado um pouco e cuidadosamente fui acorda-lo.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 12 estrelas.
Incentive Andy Christopher a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Essa história é, sem dúvidas, uma das minhas favoritas nesse site. Eu amo demais, e esse capítulo me deu muita esperança de que o Alex (por quem eu venho torcendo já há algum tempo), vá finalmente ter uma chance com o Oliver. Sério, eu estou muito ansioso, e mesmo que eles não fiquem juntos no final, pois imagino que o Oliver vá terminar com o Pedro, eu realmente quero, preciso e necessito nem que seja de uma única foda entre Alex e Oliver, porque eu amo muito eles. kkkkk No mais, estou ansioso para o próximo capítulo. Abraço!

0 0
Foto de perfil genérica

UMA AMIZADE OU UM NOVO AMOR. OLIVER, PEDRO E ALEX. QUEM? QUEM?

0 0