Negócio Arriscado 11 – Aves de Rapina

Um conto erótico de Kamila Teles
Categoria: Heterossexual
Contém 1575 palavras
Data: 29/10/2019 20:15:10

Paola acabara de chegar como passageira no Pálio vermelho quando se deparou com o Maciel na companhia de dois jovens do outro lado da via. O trio caminhava rápido e colado um ao outro. Pararam de repente ao lado de um Santana.

A ex não atentou que o Maciel estava como refém do casal. Também não reconheceu a garota porque só a viu ocasionalmente no passado. Ademais, Jessie era e continuava sendo uma especialista na arte do disfarce.

Enquanto isso a motorista do Pálio conduziu o carro para a entrada do estacionamento e nem reparou na cena que prendeu tanto a atenção da colega, em razão de não conhecer o ex da parceira de trabalho. Mas Paola o conhecia bem, deduziu que ele estava envolvido em algo ilegal. “E quem são esses dois com ele?” Pensava enquanto sua colega manobrava o veículo em uma vaga.

O Santana já estava em movimento e ganhando distância quando as duas saíram caminhando do estacionamento. No interior do carro, por detrás do banco, o Pedro em tom ameaçador cutucou as costas do refém com o cano da arma. Disse para não tentar nenhuma gracinha. Jessie estava ao volante e exigiu que o ex-comparsa, ao seu lado, lhe pagasse em dobro o valor conseguido no quarto do industrial no último golpe. Também exigiu em dobro os vinte mil acertados para que ela tirasse o Audi do estacionamento.

— E isso ainda é pouco pelo que vocês me fizeram passar — fiquei sabendo dos dólares no porta-malas, dinheiro não deve ser problema pra você no momento, né parceiro?

— Eu não fiquei com nada daquele dinheiro e quase morri com um tiro, ficou tudo com o Nordestino e não tive mais notícias do filho da puta. O cara deu um golpe na gente.

A seguir relatou todo o ocorrido desde o momento em que eles a apagaram. Ele tentava convencê-la de que o Rocha (Nordestino) era o único traidor e o havia ameaçado para tirá-la da jogada. Depois disse que tinha algum dinheiro em sua casa e daria pra ela. Pediu para seguirem pela rodovia Mário Covas rumo ao Sul.

— Sem armação, cara, não é lá que você mora.

— Estou morando provisoriamente na casa da minha mãe em Itapema.

A casa ficou abandonada depois que a mãe decidiu passar uma temporada com a irmã mais velha em Blumenau enquanto o filho estivesse trabalhando em Campinas.

Ao chegarem na residência ele disse que seu dinheiro estava escondido debaixo da pia. Quando agachou-se simulando que pegaria, o Pedro encostou a pistola na nuca dele.

— Para aí, você não!— disse o jovem.

A Jessie entendeu a preocupação do parceiro e se antecipou.

— Deixa que eu pego.

De cócoras ela examinou o local antes de tocar, viu um pacotinho revestido com plástico preto colado na parte inferior da cuba, também uma caixinha plástica com uma abertura lateral. Ela puxou o pacote o descolando, com cuidado tocou o objeto dentro da caixinha, o tirou após identificá-lo pelo tato; era um revólver.

— Muito esperto você, né?

Falou Jessie em tom de reprovação e apontando a arma para o concierge. A expressão dele foi de desânimo por ter perdido a parada e baixou o olhar demonstrando receio da reação dela.

A garota começou a abrir o pacote, com cautela, pois poderia ser uma armadilha. Continha dinheiro, realmente, mesmo assim Jessie ficou irritada com o valor, dez mil reais, ela esperava conseguir muito mais do que isso.

— Você só pode estar de sacanagem se acha que acredito que você só tem essa merreca.

Ele jurou que não tinha mais dinheiro e, como havia dito, não ficou com nada do golpe e gastou muito para cuidar do ferimento e voltar de forma anônima para Santa Catarina. A moça deu o revólver, um calibre 38, para o Pedro, depois prendeu os pulsos do Maciel com uma das abraçadeiras de nylon que trouxera consigo. Mandou ele se ajoelhar e imobilizou suas pernas dando voltas com a fita adesiva em seus tornozelos. Jessie retirou uma faca de caça de dentro de sua jaqueta e ameaçou o refém que continuava negando ter mais dinheiro. Falou para o Pedro segurar firme as mãos do Maciel sobre um banquinho de madeira. A garota apoiou a ponta da faca no banco e o corte sobre o dedo mínimo da mão direita do homem e falou demonstrando uma pseudocalma:

— Eu não quero me irritar com você e chegar a extremos — diz logo onde está sua grana e também como eu chego até o Nordestino.

A expressão dela mudou de imediato para demoníaca, isso ocorria em circunstâncias especiais, sua maldade assumia o controle a transformando assustadoramente em outra pessoa que aparentava curtir o sofrimento alheio. Fulminou seu prisioneiro com um olhar perverso, pois já havia deduzido o que ouviria dele. Apenas esperou a confirmação de suas expectativas.

O ex-comparsa jurou que não tinha mais dinheiro e que não sabia como encontrar o Nordestino.

— Resposta errada — disse sadicamente a carrasca.

No segundo seguinte ela moveu a faca como se fosse uma guilhotina de recortar papel e decepou parte do dedo mindinho dele. O homem berrou de dor e o Pedro largou o cara dizendo que ela não tinha a necessidade de ter feito aquilo.

— Qual é, cara? Tá com dó? Ele ia atirar em nós — você acha que vai conseguir algo desse tipo de gente só com conversa?

— Você está se igualando a eles agindo assim, o que vem depois disso? E até onde pretende chegar? — esbravejou o rapaz.

— Continue fazendo a sua parte segurando esse idiota e verá ele cantar igual um passarinho.

— Tô fora, faz isso sozinha se quiser. Me chama quando terminar.

O rapaz ficou visivelmente contrariado e também preocupado com a transformação ocorrida com a parceira. Saiu para os fundos da casa para recompor as ideias.

Jessie não retrocedeu nem um milímetro; assim que ficou sozinha com o concierge, postou-se por detrás do homem ajoelhado e que ainda choramingava em razão do dedo cortado. Com brutalidade ela segurou a orelha do prisioneiro com uma mão, ao mesmo tempo a outra movia-se ameaçadoramente empunhando a temível faca de caça .

— Diz logo o que eu quero ouvir ou depois das orelhas cortarei algo no meio das suas pernas.

O simples contato da faca superafiada com a pele dele já provocara um sangramento oriundo de um corte inicial. Chorando o homem pediu pelo amor de Deus para ela parar, disse que todas suas economias estavam escondidas nos fundos falsos das gavetas do gabinete da pia.

Jessie puxou o sujeito pelo colarinho arrastando a bunda dele pelo chão até encostá-lo ao pé de uma mesa antiga feita de madeira maciça. Enrolou a fita adesiva na altura do peito do homem unindo braços e corpo ao pé da mesa que mais parecia uma tora de tão robusta.

— Fica aí quietinho que vou dar uma olhada, e é bom que esteja falando a verdade.

O Nordestino chegou na casa noturna quinze minutos depois que o trio havia partido, localizou a Paola, mostrou rapidamente sua identificação inválida de policial e a fez sair com ele para conversarem. Fez ameaças enquanto mostrava a foto do menino e de sua mãe tiradas horas atrás, disse que um colega estava vigiando a casa e eles continuariam bem se ela o levasse de imediato até o Maciel. A moça ficou aterrorizada, pelas roupas das fotos certificou-se que realmente foram tiradas naquela tarde.

A stripper era uma das raras pessoas que tinha o conhecimento da volta do Maciel; preservou o segredo a pedido dele e só continuou mantendo contato em virtude do filho que os unia.

Chorando falou que viu seu ex saindo de carro com uma garota e um rapaz a poucos minutos.

— Acho que foram pra casa da mãe dele, pois seguiram em direção a Itapema.

Tenório segurou firme no braço da moça a arrastando.

— Vem comigo! Deixo você e seu pessoal livre quando o localizarmos.

Paola disse que faria tudo que ele mandasse, implorou para que não fizesse mal para seu filho e sua mãe.

Doze quilômetros depois eles chegaram próximo a residência em Itapema, ela apontou para o imóvel com o Santana de cor vinho estacionado na entrada.

— É aquela casa e aquele é o carro que ele entrou lá no centro. — Deixa eu ir agora, pelo amor de Deus.

O Nordestino sabia que os capangas a serviço do seu patrão chegariam até a Paola e ela abriria o bico dando a descrição dele. Concluiu que não poderia deixar evidências.

Passados dez minutos o Tenório invadiu a casa sorrateiramente. O homem treinado e experiente chegou até a cozinha sem ser notado e surpreendeu a Jessie enquanto ela se ocupava em retirar o dinheiro do fundo falso de uma gaveta. Apontou sua arma e mandou que se afastasse da faca e caminhasse em sua direção, devagar e sem truques. A jovem foi pega desprevenida e estando sob a mira de uma arma de fogo, só restou-lhe obedecer. Ele a dominou por detrás dando-lhe um mata leão.

— Cadê o outro cara? — questionou o Tenório.

— Cuidado! O moleque está nos fundos e tem dois revólveres — falou o Maciel na tentativa de agradar e ganhar a confiança do Nordestino para sair-se bem daquela situação.

O Pedro ouviu a voz diferente vinda da cozinha. Com a pistola em punho ele se aproximou com cautela da porta e apontou para dentro, manteve o corpo parcialmente protegido pela parede ao ver o homem usando a Jessie como escudo e mirando em sua direção.

Continua…

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Foto de perfil de KamilaTelesKamilaTelesContos: 174Seguidores: 107Seguindo: 0Mensagem É prazeroso ter você aqui, a sua presença é o mais importante e será sempre muito bem-vinda. Meu nome é Kamila, e para os mais próximos apenas Mila, 26 anos. Sobrevivi a uma relação complicada e vivo cada dia como se fosse o último e sem ficar pensando no futuro, apesar de ter alguns sonhos. Mais de duas décadas de emoções com recordações boas e ruins vividas em períodos de ebulição em quase sua totalidade, visto que pessoas passaram por minha vida causando estragos e tiveram papéis marcantes como antagonistas: meu pai e meu padrasto, por exemplo. Travei com eles batalhas de paixão e de ódio onde não houve vencedores e nem vencidos. Fiz coisas que hoje eu não faria e arrependo-me de algumas delas. Trago em minhas lembranças, primeiramente os momentos de curtição, já os dissabores serviram como aprendizado e de maneira alguma considero-me uma vítima, pois desde cedo tinha a consciência de que não era um anjo e entrei no jogo porque quis e já conhecendo as regras. Algumas outras pessoas estiveram envolvidas em minha vida nos últimos anos, e tiveram um maior ou menor grau de relevância ensinando-me as artimanhas de uma relação a dois e a portar-me como uma dama, contudo, sem exigirem que perdesse o meu lado moleca e a minha irreverência. Então gente, é isso aí, vivi anos agitados da puberdade até agora, não lembro de nenhum período de calmaria que possa ser considerado como significativo. Bola pra frente que ainda há muito que viver.

Comentários

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Verdade, VIC, minha protagonista adentrou um ninho de cobras. O ruim é que está sendo contaminada pelo veneno e tornando-se tão má quanto. Beijos e grata pela visita.

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