Nosso Amor, Meu Destino (Kim) - Cap. 4

Um conto erótico de GuiiDuque
Categoria: Homossexual
Contém 3812 palavras
Data: 26/10/2019 18:58:36

~ continuação ~

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Passei o sábado trancado no quarto, chorando. Pensei em tanta coisa e tomei tanta decisão que nunca nem saiu da minha cabeça. As principais eram: eu ia esquecer o Rapha, já que ele esquecera de mim primeiro, e eu ia parar de chorar por causa dele. Aliás, eu ia parar de chorar de vez, mas só quando o fim de semana acabasse... Domingo não foi muito diferente, o que fez com que eu acordasse com o rosto bastante inchado no dia seguinte.

Saí de casa olhando pro chão, desanimado. Foi quando notei sua presença. Higor estava lá, encostado no muro de casa, braços cruzados, cara fechada. Era tão diferente do garoto sorridente que eu me acostumara a ver na porta da minha casa, era tão ruim. Quando nossos olhos se encontraram minha promessa de não mais chorar foi por água abaixo e junto com minha primeira lágrima se foi a sua posição defensiva. Fui em sua direção e ele me abraçou com força, deixando que eu chorasse e dizendo em meu ouvido que estava tudo bem. Eu segurava tão forte na camisa de Higor que quando a soltei senti meus dedos dormentes. Ele segurou meus ombros, nos afastando um pouco e pediu que eu olhasse para ele. Obedeci.

H: Kim, me desculpa.

Olhei-o confuso. Quem fizera tudo errado fora eu, porque ele estava se desculpando?

H: Me desculpa por me meter na sua vida. Eu não tinha o direito de falar sobre ela baseado no que os outros ficam dizendo. Eu fui um idiota. Você pode me perdoar?

K: Sou eu quem tem que pedir desculpas. Você se esforçou tanto esses dias e eu joguei tudo fora...

H: Então vamos nos desculpar os dois e tentar de novo?

K: Higor... eu preciso de ajuda. Me ajuda a esquecer ele? Não quero mais isso pra mim.

H: Ajudo. Claro que ajudo. Eu to aqui agora, Kim... Vai ficar tudo bem. Prometo.

Me deixei ser abraçado por ele mais uma vez e assim ficamos até que eu já estivesse mais calmo e concordasse em ir para o colégio. Ele segurou minha mão até o portão da escola e me levou ao banheiro para lavar o rosto antes de irmos para a aula. No recreio, sentamos afastados do resto da turma, Higor achou melhor. Ele não me perguntou mais nada sobre Rapha e eu também não estava inclinado a falar sobre isso. Comentávamos sobre o jogo que acontecia na quadra quando os gêmeos Gabriela e Daniel se aproximaram.

D: Oi, Higor. Oi, Kim.

G: Ai, Higor! Parece que vocês se entenderam, fico feliz!

D: Gabi!

G: Que foi? Sabe o que é, Kim? O Higor esteve lá em casa esse fim de semana. Ele nos contou sobre a briga de vocês. Estava tão tristinho... É bom ver que já estão bem de novo.

D: Gabi!!! Você não pode sair por aí falando da vida dos outros, garota fofoqueira.

Ri de leve e olhei para Higor. Ele estava envergonhado, olhando para as próprias mãos, que apertava uma na outra.

K: Não tem problema, Daniel. Ela só queria ajudar, não é? E é verdade... já estamos bem de novo e eu também estou muito feliz por isso.

Uma leveza tomou conta do meu corpo quando vi Higor sorrir verdadeiramente pela primeira vez aquele dia. Finalmente...

Os gêmeos passaram o resto do recreio conosco. Gabi falava tanta besteira sobre todo mundo que eu não tive tempo de me sentir excluído na conversa. Eu até me diverti com as discussões entre os dois, pois Daniel era mais sério e vivia chamando a atenção da irmã. O resto da aula correu tranquilamente e nós dois voltávamos para casa quando Higor parou de andar.

H: Kim, eu queria conversar com você. Pode ser na sua casa?

K: NÃO!

Ele se assustou com meu grito. Tentei me acalmar.

K: Digo... minha mãe não gosta que eu leve ninguém em casa...

H: Ah... que tal irmos para a praça do Centro, então?

K: Tudo bem.

Chegamos na praça e nos acomodamos em um dos bancos de pedra mais afastados, Higor com as pernas cruzadas sobre o banco, de frente para mim. Eu observava a paisagem, quando ele chamou minha atenção.

H: Kim, eu estou me sentindo em dívida com você por ter me intrometido na sua vida. Quero te contar uma coisa sobre a minha vida pra compensar.

K: Mas é claro que não! Achei que já tínhamos resolvido isso e...

H: Mas eu quero falar! Eu acho que vai ser importante pra determinar como as coisas vão ser entre a gente daqui pra frente também...

K: Tudo bem, então.

H: Lembra que eu te falei do Thiago, meu melhor amigo? Então... Eu me descobri apaixonado por ele há alguns meses.

Ele parou e observou minha reação, que na verdade não existia, eu não via nada demais naquilo. Então continuou.

H: Resolvi que já que ia me mudar, valia a pena tentar e me declarei pra ele. No começo ele ficou furioso, mas depois veio dizendo que se fosse comigo ele tentaria. Rolou um lance entre agente que pra mim foi muito especial... Mas aí ele arrumou uma namorada e me disse que as coisas entre nós nunca iam passar daquilo. Que não tinha futuro porque éramos dois homens. Então o que a gente tava tendo acabou, e a amizade também. Pronto. É isso... Pode dizer, você está com nojo?

Ele olhava pra baixo, apertando as mãos de maneira nervosa, como fizera mais cedo na arquibancada. Toquei seus cachos negros pela primeira vez, sentindo sua maciez. Ele levantou o rosto e esperou pela minha resposta.

K: Eu não vejo razão pra você estar me contando isso, Higor, mas agradeço pela confiança para me dizer algo tão pessoal. E é claro que eu não estou com nojo. Eu tô aqui agora, Higor. Vai ficar tudo bem. Prometo.

Ele sorriu ao ouvir as mesmas palavras que dissera mais cedo saírem da minha boa e fez um pequeno carinho em minha bochecha.

H: Tem muita razão pra eu estar te contando isso, Kim. Mas ela não vem ao caso agora. Está ficando tarde, tenho que voltar pra casa antes que minha mãe fique preocupada. Vamos?

K: Vamos.

Higor me acompanhou até em casa, se despedindo de mim com um longo abraço. Entrei em casa cansado, fora uma manhã longa, mas que valera muito a pena. Agora as coisas estavam indo pelo caminho certo e eu faria de tudo para não estragá-las novamente.

As coisas realmente começaram a melhorar depois daquele dia. Eu ainda tinha dificuldades de falar quando estava numa roda com muita gente, sem contar que várias pessoas da turma me achavam estranho. Muitas vezes ouvi risadinhas pelas minhas costas ou até algum comentário maldoso que, se Higor ouvisse, rebatia logo de forma bem mal educada. Eu ficava feliz com aquela proteção toda da parte dele, mas sempre pedia que não fizesse mais, não queria que ele criasse inimizades por minha causa.

H: Kim, você acha mesmo que eu vou querer ter amizade com quem fala essas coisas de você?

Ele sempre respondia. Daí eu me calava, sorrindo sem jeito enquanto ele passava um braço de forma protetora por meus ombros e olhando de cara feia para a pessoa.

Os gêmeos passaram a ficar cada vez mais conosco. Gabi era a animação do grupo, Dani a maturidade, eu a timidez e Higor... Higor era a vida do grupo. Sem ele aquilo nunca iria pra frente. Lembro bem a primeira vez que ele me deixou sozinho com os gêmeos. Foi ao banheiro durante o recreio e nós ficamos sentados na arquibancada. Gabriela logo começou a falar comigo.

G: Kim, estou mesmo muito feliz por voltarmos a ser amigos como quando éramos crianças, você lembra?

Concordei com a cabeça, meio sem graça.

D: Nisso eu tenho que concordar com a Gabi, Kim. Fico feliz que possamos recomeçar essa amizade. Nós sempre gostamos muito de você.

G:Sim! E vai ser como nos velhos tempos. Nós sempre juntos, fazendo trabalhos juntos, brincando juntos, rindo juntos, agora que já somos crescidos podemos sair juntos. Você já foi naquela pizzaria nova que abriu aqui perto, Kim? E numa boate, você já foi? Podíamos marcar de ir ao cinema também! Ou então você e Higor podem ir lá pra casa. A gente faz pipoca e compra um monte de coisas gostosas e muito refrigerante e assistimos um filme. Vai ser ótimo!

Ela falava tudo aquilo sem nem ao menos parar para respirar, chegava a me deixar assustado com todo aquele entusiasmo. Eu não sabia bem como reagir, acho que acabei me encolhendo um pouco e meus olhos vagaram pela quadra, logo encontrando o que buscavam. Higor vinha em nossa direção e ao ver minha cara assustada ficou logo sério, mas assim que percebeu que o motivo daquilo era a falação de Gabi começou a rir, mesmo assim apertando o passo. Ele se jogou sem a menor cerimônia entre Gabi e eu, abrindo espaço para se sentar e abraçando a nós dois, um de cada lado. Se inclinou um pouco em minha direção e sussurrou em meu ouvido.

H: Pronto, cheguei! Não precisa mais ter medo, estou aqui pra te proteger.

Disse aquilo de forma engraçada, que me fez rir. Trocamos um olhar de cumplicidade acompanhado de sorrisos travessos e Higor se virou para Gabi como se nada estivesse acontecendo e entrou na conversa com a maior facilidade. Era mais assustador ainda ver como aqueles dois interagiam, eu não conseguia acompanhar. Fiquei observando o jeito divertido com que Higor lidava com Gabi, gesticulando e falando asneiras que ela nem percebia por estar tão absorta em suas ideias. Quando desviei o olhar, no entanto, dei de cara com um par de olhos verdes e questionadores me olhando. Podia ser impressão minha, mas achei a cara de Daniel tão desconfiada. Logo me distraí novamente com a conversa dos outros dois e esqueci daquilo.

Passamos a sair os quatro com bastante frequência. Íamos a shopping, cinema, lanchonetes. Fui me soltando cada vez mais com os gêmeos, a casa deles era ponto de encontro na maioria das vezes. Aquela experiência era totalmente nova pra mim e eu estava adorando. Tentava tirar o máximo de proveito dela possível, apesar das reclamações de minha mãe sobre eu estar saindo demais e gastando o dinheiro que meu pai me dava. Eu não tinha o menor peso na consciência, pois passara aqueles cinco anos desde que ele fora embora sem gastar um tostão do que ele me dava como mesada, agora podia sim me permitir sair com meus amigos sem ficar contando os centavos. Amigos... toda vez que pensava neles assim não conseguia me impedir de sorrir, que sensação boa!

Teve uma vez que estávamos na praça de alimentação do shopping quando passa por nós um garoto bem bonitinho e da uma olhada para a mesa. Gabi logo começa a dar risadinhas e cutucar Higor, que estava sentado ao seu lado, de frente para mim.

G: Ih! Olha lá amigo. Tava te secando. E era um gatinho, hein. Por que não investe?

Elevei as sobrancelhas ao ouvir aquilo e mais pasmo ainda fiquei quando Daniel, com a maior calma, falou para a irmã não ficar dando opinião sobre com quem Higor deveria ou não sair. Então eles sabiam? E pelo visto aceitavam muito bem. Fiquei feliz com aquilo e entrei no clima da conversa, dando minha opinião.

K: Pode até ser Gabi, mas acho que aquele outro com quem ele está falando agora combina mais com o Higor. Tem um sorriso mais sincero. E está olhando pra cá, Higor!

G: Tá mesmo! Os dois não pararam de olhar pra cá e cochichar desde que chegaram. E não é pra ponta de cá da mesa que eles estão olhando não.

Ri da animação de Gabi com a situação e olhei para Higor. Ele estava com uma cara fechada de quem não gostara nada do que ouvira. Ele não se mostrara nem um pouco incomodado quando Gabi começou a falar do garoto, até dera uma olhadinha também. Então o problema só podia ser comigo, com alguma coisa que eu dissera. Fiquei refletindo sobre tudo que eu havia dito, tentando achar o ponto em que poderia tê-lo irritado, mas nada me ocorria. Vi que Higor enfiava o resto da comida rapidamente na boca, empurrando tudo pra dentro com ajuda do refrigerante e as vezes dava uma olhada de canto para os garotos. Quando terminou de engolir tudo, ele se levantou e me agarrou pelo pulso, me puxando pra fora da mesa.

H: Lembrei que tenho que ir. Vem Kim, eu te deixo na sua casa.

K: Tá bom... Tchau Gabi, tchau Dani...

Ainda pude ver mais uma vez o olhar desconfiado de Daniel antes de me deixar ser levado por ele sem entender o que estava acontecendo. Higor ainda mantinha a cara fechada enquanto andávamos calados por boa parte do caminho, até que eu resolvi me arriscar, falando baixinho.

K: Higor... eu disse alguma coisa que te deixou chateado? Foi por causa do que eu disse sobre o garoto do shopping? Olha... foi só porque eu notei que os gêmeos já sabiam e, bom, eles estavam mesmo olhando pra você...

H: Kim! Eles não estavam olhando pra mim! Estavam olhando pra você!!!

Fiquei surpreso com o modo exasperado como ele disse aquilo e também com o que ele afirmava. Olhando pra mim???

H: E você lá falando deles, apontando, rindo. Eles estavam achando que você tava interessado!

K: Pra mim? Higor, que bobagem...

H: Bobagem não, Kim! Como é que você não percebe quando as pessoas estão claramente interessadas por você e praticamente te comem com os olhos? Isso acontece o tempo todo!

Eu já estava ficando irritado com ele. O tom de voz que usava comigo era exaltado e eu nem sabia porque. Ele estava me culpando pelos garotos estarem me olhando? Senti meus olhos encherem d’água, odeio que falem alto comigo sem razão ou que me repreendam com grosseria.

K: Por que você tá falando assim comigo?

H: Ai Kim... Me desculpa, vai? Eu fico pensando em como seria se eu não estivesse lá e aqueles caras resolvessem te abordar. Fico preocupado.

K: Eu não sou criança, Higor. Sei me cuidar muito bem.

H: Eu sei, eu sei. Me desculpa. Só me promete uma coisa? Promete que você vai prestar mais atenção nessas coisas? Quando vir que alguém está te olhando, não fica encarando de volta, sai de perto. Por favor?

K: Tudo bem... vou ficar mais atento. Mas não quero mais você brigando comigo por causa dessas coisas, entendeu? Muito menos quase gritando desse jeito.

H: Entendi. Não faço mais.

Respiramos fundo, nos acalmando e ele me puxou para um abraço carinhoso.

H: Mas que eu vou ficar de olho em você, isso eu vou!

K: HIGOR!!!

Rimos durante o resto do caminho. Ficava cada vez mais claro pra mim o quando Higor se importava e se preocupava comigo e isso apenas fazia com que ele fosse ganhando mais e mais espaço nos meus pensamentos e no meu coração. Eu já não sabia sair de casa sem encontrá-lo parado no portão a minha espera com aquele sorriso dele, ou entrar em casa sem receber seu abraço de despedida. E eu gostava muito do fato de ele estar se tornando a cada dia mais especial para mim.

H: Kim... O que você acha de irmos ao cinema hoje?

Higor me perguntou um dia, enquanto voltávamos da escola. Ele parecia tenso demais para fazer uma pergunta tão simples e que me agradara bastante.

K: Acho ótimo, Higor!

H: Bom! Então eu passo na sua casa as 18 e nós vamos.

K: Até mais então.

Nos abraçamos quando chegamos em frente a minha casa e ele se foi. Almocei, estudei um pouco e quando estava próximo da hora que combinamos fui tomar um banho e me arrumar. Estava muito quente aquele dia, então coloquei uma roupa simples e fresca, jeans, uma regata branca e meus chinelos. Me surpreendi, no entanto, ao dar de cara com um Higor muito arrumado e perfumado. Ele usava uma calça jeans escura, sapatênis e uma camiseta preta com detalhes amarelos, com uma correntinha prata pendurada no pescoço para fora da camisa. Seus cachos ainda estavam úmidos e o cheiro de perfume era muito bom.

Ele se aproximou de mim com um sorriso lindo e me abraçou, fazendo com que todos os pelos do meu corpo se arrepiassem ao deslizar a pontinha de seu nariz por meu pescoço. Senti meu rosto queimar com o comentário que fez em seguida.

H: Hmm... Que cheiro gostoso, Kim.

K: É só sabonete, Higor. Você é que está todo perfumado, estou até me sentindo desarrumado, espera um minutinho que eu vou trocar de roupa e já volto.

H: De jeito nenhum! Você tá ótimo. Vamos ou a gente perde o filme.

Fomo até o shopping num clima descontraído, conversando sobre nada em particular. Era incrível como Higor tinha a habilidade de me fazer rir. Eu percebia, no entanto, que ele estava um pouco diferente aquele dia, mais carinhoso. Sempre que podia ele encostava em mim durante a conversa, fosse fazendo um carinho no cabelo ou tocando de leve em minha mão enquanto caminhávamos. Quando chegamos ao cinema, ele fez questão de pagar as entradas, a pipoca e o refrigerante. Não gostei nem um pouco e já estava emburrado, discutindo com ele sobre isso quando escutamos uma voz conhecida nos chamando. Vimos Gabi e Dani vindo em nossa direção.

G: Oi, meninos! Nossa, que coincidência encontrar vocês aqui. Vão assistir um filme?

H: Sim, e já está na hora de começar, vamos entrar, Kim?

G: Tudo bem se nós formos junto?

D: Acho melhor não, Gabi. Deixa pra próxima.

Gabi fez uma cara tão tristinha que fiquei com pena. Não tinha mal nenhum eles ficarem e assistirem o filme conosco.

K: É claro que vocês podem assistir com a gente, não é Higor?

H: É? Ah, é...

G: Ótimo! Vamos comprar nossas entradas e nos encontramos lá dentro.

Percebi na mesma hora que tinha feito besteira. Higor estava claramente chateado, seus olhos pareciam entristecidos enquanto ele observava muito atentamente o carpete do corredor que levava à sala de cinema. Sentamos e ele logo se escondeu atrás do grande pacote de pipocas que tinha comprado, colocando várias na boca. Logo os gêmeos se juntaram a nós.

Eu não me lembro de boa parte do filme, pois Higor passou todo o tempo afundado na poltrona com a cabeça meio inclinada para o meu lado e eu podia sentir que seus olhos não saíam de mim. Senti um carinho leve nas costas da minha mão esquerda e pude ver que ele desenhava pequenos círculos nela. Olhei para seu rosto que estava virado em minha direção. Seus olhos azuis prenderam a minha atenção por um tempo, até que ela foi desviada para os seus lábios que se moviam, formando um pequeno sorriso que não pude deixar de corresponder. Higor se mexeu um pouco na cadeira, ajeitando-se para ficarmos mais próximos.

G: Meninos! Prestem atenção no filme! Deixem pra ficar cochichando depois, está tão interessante. Você acha que eles vão conseguir sair dessa, Kim?

Me assustei com a interrupção de Gabi e dei uma olhada para a tela, tentando entender do que ela estava falando, não adiantou muito. Higor também mudara de posição, sentando-se direito e cruzando os braços com cara de poucos amigos. Ri de leve de sua atitude antes de responder a Gabi.

K: Talvez... O que você acha?

A partir daí ela não parou mais de comentar sobre o filme e pedir minha opinião. Olhei para Higor mais algumas vezes durante o filme, mas ele mantinha sua atenção apenas na tela. Quando saímos do cinema, Daniel deu um jeito de me puxar para um canto afastado, enquanto sua irmã conversava sobre o que achara do filme com um nada animado Higor.

D: Eu até entendo que minha irmã seja lerda a ponto de não perceber o quanto está sendo inconveniente, Kim. Mas achei que você fosse um pouco mais esperto que isso. Abre os olhos! Tá na cara, pra qualquer um que quiser enxergar. O que você fez hoje foi burrice, está jogando fora uma oportunidade de conhecer melhor alguém que se importa muito com você...

Escutei tudo quieto. Eu já tinha chegado àquela conclusão durante o filme, ele não precisava nem me dizer. Só que agora já estava feito, não tinha como eu reverter. Comemos algo e nos despedimos dos gêmeos, indo pra casa. Paramos no meu portão e ele me abraçou rapidamente, já começando a andar em direção a sua própria casa. Senti meu braço mais pesado que o normal quando o estendi em sua direção, mas mesmo assim consegui alcançar sua mão, segurando seu dedo mindinho com o meu indicador. Higor parou e me olhou, esperando que eu dissesse algo.

K: Desculpa por ter estragado a noite, Higor. Eu fiquei com pena de dizer não pra Gabi e acabei chateando você... Prometo que não faço mais isso. Da próxima vez vamos ser só você e eu.

Ele sorriu e se aproximou se mim, me fazendo involuntariamente dar um passo pra trás, me encostando ao muro de casa. Senti uma de suas mãos tocando minha cintura, enquanto a outra deslizava pelo meu pescoço, seu polegar passando por minha bochecha já completamente vermelha devido à minha pele muito clara. Foi chegando seu rosto cada vez mais perto do meu, até que eu pudesse sentir sua respiração diretamente na minha pele. Eu estava tão nervoso que acabei fechando meus olhos com força e retesando todos os músculos do meu corpo, apenas esperando por um contato que não veio. Alguns segundo depois abri um dos olhos, vendo que ele me observava com um sorriso divertido. Abri o outro olho e então ele me puxou pra perto dando um beijo demorado no meu rosto e apertando minha cintura.

H: Obrigado, gatinho. Espero que essa próxima vez chegue logo. Agora é melhor você entrar.

Concordei com a cabeça e ele me soltou, me lembrando que eu ainda tinha pernas, mesmo que elas não estivessem funcionando muito bem naquele momento. Com certeza eu estava com a maior cara de bobo quando entrei em casa aquela noite, pois minha mãe foi logo resmungando alguma coisa. Não dei atenção a ela e subi para meu quarto, onde passei a noite relembrando aquele breve contato e a forma como ele me chamara, “gatinho”. Podia jurar que ainda sentia o toque dos seus lábios na minha bochecha e acabei dormindo com a mão sobre ela.

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~ oii, gente, boa noite. vim mais cedo hoje e pode ser que eu volte mais tarde, espero que tenham tido uma boa leitura. religião é algo complicado nesse caso mesmo, cega as pessoas, causando muita dor e sofrimento para qualquer um! enfim... aproveitem o final de semana!!! ~

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Comentários

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Gabi? Amada? Minha linda, parabéns. Você conseguiu estragar o clima dos pombinhos.

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Vc super merecer o higor, e acho q vc combinam muito, é em casos com o seu q eu acho q ainda posso encontra a minha alma gêmea.

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DE FATO ME PARECE QUE NÃO EXISTE NINGUÉM MAIS BABACA DO QUE KIM. OU MUITO INOCENTE. PRECISA AMADURECER KIM. OU CORRE O RISCO DE SOFRER SEMPRE. ALGUÉM SEMPRE FAZ UM BABACA OU INOCENTE SOFRER. REALMENTE CREIO QUE AS INTENÇÕES DE HIGOR NÃO ERAM UM PROGRAMA A QUATRO E SIM A DOIS. MAS ACONTECEU. SEM CONTAR QUE PERCEBO KIM CHORANDO SEMPRE POR TUDO. NÃO É BOM ISSO. A VIDA NÃO SERÁ DOCE COM VC KIM. E DAI VAI CHORAR SEMPRE??? SEMPRE TERÁ HIGOR POR PERTO??? A RESPOSTA É NÃO. VC DIZ QUE NÃO É CRIANÇA MAS NÃO É O QUE PARECE. SE BEM QUE TER ALGUÉM PERTO DA GENTE NOS CUIDANDO É GOSTOSO. NÃO DUVIDO NADA SE DANIEL NÃO TIVER GOSTANDO DE VC TB. E TB ACHO QUE RAPHAEL DEVE VOLTAR LOGO. E DAI? COMO SERÃO AS COISAS??? SUPER CURIOSO AQUI.

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Amores vem e vão. Quem deve dar valor é aquele que te ama de coração.

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Faz muito bem de investir em uma relação com Higor, esquece o Raphael, ele sumiu, e suponho q desistiu de vc, então vida que segue!

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