No Entardecer - Capítulo 11, Parte 1 (Obrigado, Bete)

Um conto erótico de Kimi
Categoria: Homossexual
Contém 3034 palavras
Data: 05/10/2019 00:15:41
Última revisão: 05/10/2019 06:50:50

[10h]

Corpo dolorido, café meio amargo e minha casa completamente bagunçada. Como queria dizer que isso é normal mas eu sabia, no meu interior, que tinha algo de muito errado. Mas já fazia tanto tempo que estava nessa situação deprê que nem quis saber. Meus sentimentos rebeldes voltaram a fazer parte de mim e eu simplesmente abracei essa nova vida, esse novo eu... Eu acho que não era um novo "eu", era meu eu antigo, porque sempre fui assim, selvagem, nervoso, maldoso. Foi o ele que me fez ser diferente.

Sair da cama nunca foi tão difícil quanto hoje. Mais um dia sem tê-lo por perto e mais um dia em que eu seria obrigado a ir pra casa da Dona Elizabete servir os convidados da festa que ela estava fazendo. Nunca era um peso fazer nada pra ela, eu nunca poderia pagar o que ela fez por mim. Me lembro bem de como estava na noite em que levei um tiro, me lembro de como ardia, uma queimação infinita, puro ardor e agonia. Andei por quilômetros pra fora da cidade até, por simples acaso, achar um ranchozinho no fundo da minha visão turva. Ninguém me viu de imediato e eu nem conseguia gritar um simples "socorro". Minha ferida friccionava o barro, lugar perfeito pra ser atingido por uma infecção generalizada. Estava tão perto da ajuda, mas tão longe da vida. Só posso dizer que ver um senhorinha sentada do meu lado na cama do hospital, foi a coisa mais aleatória e maravilhosa da minha vida.

(1 ano atrás)

" — Tudo bem rapaz? — disse Elizabete.

Eu estava com dificuldade pra respirar por isso estava usando uma máscara de oxigênio. Não consegui responder à pergunta mas fiquei assustado com tudo o que estava ocorrendo, não sabia aonde estava, quem era aquela mulher, e como eu estava vivo? Ela percebeu meu pavor e segurou minha mão forte e tentou me acalmar fazendo carinho na minha cabeça.

— Tudo bem, tudo bem — disse calmamente — Tá tudo bem, quando puder falar a gente conversa, só descansa que eu vou chamar o médico — continuou e eu assenti com a cabeça, já mais calmo. Confuso, mas calmo. Lembrei vagamente do que eu tinha feito pra chegar ali mas não me lembro de propriamente ter sido levado até o hospital. Na minha mente a única coisa que se passava era como meu próprio pai tinha feito tal barbaridade. Por que? O que eu fiz?! Como um bebê pode ter sido tão odiado?

O médico entrou na sala e a dona Elizabete, como eu a nomeei desde que vi no crachá o seu nome. O doutor era super novo, devia ter uns 27 anos de idade, mas parecia muito seguro enquanto lia o prontuário.

— Eduardo Oliver Silveira Da Costa Martins, esse é seu nome certo? — perguntou apertando meu pé esquerdo e eu não respondi porque eu sentia muita dor em tudo — Ok, é normal ficar "mudo" mas você vai ficar bem, fica tranquilo, tá bom amigão?

Eu assenti novamente.

— A gente fez a cirurgia da retirada da bala em você, parecia um tiro bem fácil no começo mas estava bem encrava no teu tórax mas eu mesmo consegui retirar em 1 hora e alguns minutinhos, deu tudo certo, só vai ficar a cicatriz — explicou minha situação decadente — Eu só preciso que você responda sim ou não pra umas perguntas tá bom, só tenta.

— Tá..bom...— disse com a voz fraquíssima mas ele me entendeu.

— Ok, vamos lá! — disse — Tá enxergando bem? Tudo ok com a visão?

— Sim

— Você consegue mexer os dois braços direitinho?

Eu mexi bem devagar só pra mostrar que estava bem

— Beleza — disse anotando no prontuário — As pernas? Sentiu quando apertei deu dedo?

— Sim — respondi quase parecendo um zumbi falando

— Ok! — disse feliz — Então acho que está tudo bem! — colocou o prontuário na cabeceira da maca — Então, amigo, vou deixar você internado por alguns dias, tá bom, mas acredito que esteja tudo certo, fiz essas perguntas porque você levou um tiro pelas costas, certo?

Eu fiz de tudo pra tentar entender o que aconteceu na noite anterior mas não consegui visualizar a cena, não sei de foi de costas ou de frente... Respondi a pergunta com a famosa cara de "não sei".

— Tudo bem, o que importa é que está aqui — acalmou — Seus pais sabem? Quer que eu ligue ou sua vó liga?

A dona Elizabete ficou o tempo todo parada observando, sem falar um "aí". Meus olhos começaram a lacrimejar e fui interceptado por uma dose de fofura da tia Bete.

— Então doutor, os pais dele estão por fora da cidade, deixa que eu resolvo isso tabom? — disse tentando desviar o assunto

— Ah, ok, então vou deixar vocês sozinhos — disse saindo da sala — Ah! Quase esqueci, visitas só 14h da tarde e entrada de duas pessoas no máximo!

— Obrigada, doutor...

— Rafael Lombardi

— Obrigada então, Rafael — sorriu pra ele e depois Rafael saiu da sala — Eu conheço esse olhar

Somente olhei pra ela, todo chorão.

— Brigou com os pais né? — perguntou e eu olhei pra baixo — Quando ele perguntou eu sabia que estava chorando porque teve algum problema com eles

— Você não sabe de nada — eu disse com minha voz fraca e cheia de ódio.

— Garoto, acha que eu não sei que tipo de gente você é? — começou com a mesma dose de ruindade no olhar — Acha que eu tô pagando de boa velhinha aqui porque sou bondosa? — disse ainda se aproximando de mim e eu a encarei com mais fúria ainda — O povo do seu bairro são um bando de vermes imundos! Riquinhos, vagabundos!

— Cala sua boca, sua vaca

Ela deu risada.

— Ou o que? — me desafiou — Vai chamar seus pais? Acho que não vão te ajudar muito...

— Eu não preciso deles

— Agora você falou algo correto

Continuei encarando o rosto dela, cujo ohar é inesquecível, conseguia meter medo até em mim, rebelde que sou.

— Eles não amam você — ela disse — Tudo o que você deve, está relacionado a mim agora

— O que você está falando? — perguntei

— Quando tudo isso acabar, eu quero que você trabalhe pra mim

— Eu nunca vou trabalhar pra você

— Direito seu! — respondeu rapidamente — Mas você sabe que as coisas pra você nessa cidade acabaram, acha que seu dinheiro vai te fazer feliz? Vá em frente! Mas eu sei o que tenho feito em todos esses anos, seu moleque! Resgatei várias vidas, acabadas, destruídas e agora todos estão livres desses problemas

— Você acha que é uma deusa? — perguntei tossindo feito um louco

— Eu só estou falando o que vivi — disse e sentou-se novamente — Eu tô cansada de ajudar esse monte de gente que chega com seus problemas perto do meu rancho, mas ao mesmo tempo não eu consigo para de ajudar cada um deles...

Minha impressão era de que era uma pessoa ruim mas consegui entender o que ela estava tentando dizer naquele momento. Ficamos em silêncio e ela segurou minha mão novamente.

— Eu fiz a minha parte, garoto, se precisar de mim, sabe onde me encontrar mas por favor na faça a cagada de voltar pra seus pais — disse com seus olhos brilhando de choro — Volte pra sua casa mas se quiser um lugar tranquilo e viver em paz, estou te esperando.

Ela me abraçou, como uma vó que eu nunca tive, uma mãe que eu nunca amei e uma uma pessoa que eu nunca admirei tanto em todos meus 19 anos de idade. Eu estava com tanto ódio do que ela me fez sentir, mas queria que ficasse. Meu orgulho não deixava eu dizer mas eu sabia muito bem que não queria voltar pra casa dos meus tios, não queria mais ficar perto de ninguém da minha família, absolutamente ninguém.

Quando pensei em falar pra ela ficar já era tarde de mais. A porta já havia batido e a tristeza também. Fiquei horas e mais horas esperando alguém aparecer naquele quarto mas só aparecia a enfermeira, que nem parecia tão amigável pra puxar um papo (como se eu conseguisse falar alguma coisa direito né). O barulho do oxigênio passando pelos tubos atrás da minha cabeça era coisa mais perturbadora que tinha naquele hospital com certeza. Além do som dos passos das enfermeiras, dos médicos, dos oficiais de segurança, das macas com rodinhas. Esses sons são minha nova fobia.

Já estava anoitecendo e eu não conseguia dormir porque estava agoniado demais pra fechar os olhinhos. Me estiquei lentamente pra conseguir pegar o controle da TV que ficava na minha frente na esperança de sair daquele surto interminável de tédio. Funcionou por algumas horas mas até os conteúdos dos mais diversos canais de televisão estão chatos hoje em dia...

Até que veio a brilhante ideia de chamar o médico que por acaso vem quando você aperta o botão de emergência. Não era uma emergência mas alguma coisa tinha que mudar porque não aguentava mais ficar sozinho ali. Demorou milhares de séculos pra alguém aparecer mas finalmente o doutor Rafael apareceu super desesperado, já com a equipe atrás dele. Uaaaaau que vergonha!

— O que foi? O que ta sentindo?!! — perguntou

— Nada — falei bem baixinho com os olhos arregalados e ele não entendeu

— O que? — perguntou novamente

— Nada, só quero falar com você! — me esforcei pra falar mais alto e finalmente entendeu dando um suspiro de alívio mas ofegante porque devia ter corrido muito rápido até chegar na sala

— Oh Felipe, faz isso comigo não, rapaz — disse ofegante mas sorridente, parecia bem nervoso — Desculpa galera, alarme falso.

— Desculpa — eu falei.

A equipe saiu da sala indignada com que eu tinha feito porém ninguém reclamou de nada até porque quem tava sendo "cliente" ali era eu. O doutor sentou-se do meu lado, no sofá que a velhinha estava sentada.

— O que se passa meu jovem? — ele perguntou

— Eu só queria falar com alguém, tô meio sozinho

— Bom, hoje é seu dia de sorte, tô de plantão até amanhã

— Caramba, até a amanhã?

— Pois é, aí outro médico vai cuidar do seu estado depois eu volto de novo, e assim vai minha vida de médico...

— Cê deve estar acostumado já

— Pra falar a verdade, eu tô só começando — disse com um sorriso tímido — A sua cirurgia foi a minha primeira sozinho!

Por isso ele ficou tão feliz quando as minhas respostas foram positivas.

— Sério?! — perguntei espantado

— Calma! — se defendeu — Meu médico chefe estava olhando tudo, sou residente em emergência

— Ufffa! — alívio é a palavra pra esse momento — Aposto que é inteligente pra burro

— Ah que isso — disse meio envergonhado — Eu me esforço...

Me ajeitei na cama pra ficar sentado, ele me ajudou pra eu não fazer besteira como sempre faço.

— Cadê a sua vó?! — perguntou na maior inocência

— Ah...ela...ela...ela não é minha vó...

— Que?!

— Doutor, eu posso explicar...

— Rafael, por favor — me interrompeu com aquela cara séria de que eu estava em problemas enormes — Explique-se

Eu com a minha voz parecendo a de um cansado fui tentando explicar tudo o que tinha acontecido na noite anterior e torcendo pra ele não tentar encontrar o número dos meus parentes e conseguir ligar pra minha família, afinal eu não queria nunca mais voltar pra lá. Amo meus tios mas não quero que saibam de nada até tudo isso passar.

— Você tá me dizendo que não quer contatar sua família? Sem condições! — ele se levantou rapidamente

— Por favor, Rafael! — eu me estiquei, quase arrancando os dispositivos que estavam grudados na minha pele e segurei no braço dele — Eu tô te implorando

— Calma — ele viu que estava fazendo muito esforço e voltou mais rápido ainda pra não deixar eu fazer mais cagada na minha vida — Calma, fica tranquilo, não se esforça muito, ainda está com a ferida muito vulnerável

Me encostou direito na maca e voltou a se sentar mas nem falou uma palavra depois disso. Ficou pensando e claramente ele não queria se envolver nem poderia, na verdade. Sou um paciente como qualquer outro, nenhum dos meus problemas deveriam importar. Com ele foi diferente. Parecia muito preocupado comigo e sentia que deveria fazer alguma coisa.

— E o que acontece quando receber alta? — perguntou

— Eu procuro algum lugar pra ficar...

— Que lugar?

— Sei lá, um hotel, sei lá...

— Você tem que se cuidar, volta pra casa — a preocupação fluia no olhar do jovem médico e cada vez mais rebelde, involuntariamente selvagem como sempre fui.

— Não quero — disse nervoso porque eu já tinha certeza que não queria voltar

— A pessoa que mora com você com certeza está te procurando

— Que procurem, não quero falar com ninguém da minha família

— E se...— ele começou falar meio confuso, inseguro, pensativo é a palavra certa — ...e se...e se você passasse uns dias na minha casa? — silêncio — Só até essa ferida for bem tratada...

— Não, Doutor... não se dê ao trabalho de fazer isso, você não tem nada a ver com isso — eu jamais queria deixar nenhum peso daquele rapaz, já era demais pra ele ter passar noites e noites naquele hospital, na pressão dos dias e agora ter que cuidar de mim? Jamais!

— Isso será mais doloroso se eu descobrir que um paciente meu morreu por aí, por essas ruas... — olhou nos meus olhos decidido — Você vai comigo, tá decidido! — Levantou-se e saiu da sala

— O que? Doutor Rafael! Pera aí! — Não, ele não esperou e aceitei que aquela era minha melhor opção no momento embora eu tivesse um lugar pra ir. O rancho estava na minha mente o tempo todo mas não me imagina no rancho todo o tempo..."

(Dias atuais)

A casa da dona Elizabete estava com uma renca de gente fazendo várias coisas, lavando o chão, limpando os móveis, lavando e secando pratos, aparando a grama, tirando o pó nos cantinhos quase invisíveis... E eu arrumava os quartos para os hóspedes que ficaram ali nos próximos 2 dias. Ficar no quarto do Felipe era a coisa mais arrasadora. Me lembro de quando passou mal e fez birra pra não tomar o remédio, daria de tudo pra ser chamado de babaca agora mesmo...

Pelo que eu sei, todos os anos vem algumas pessoas "importantes", cuja importância não sei de onde vem mas aparentemente tem a ver com as produções da fazenda e tudo mais e nós, funcionários e por coincidência moradores do rancho, devemos deixar tudo arrumado e passar uma boa impressão, do tipo: recebemos bem, estamos satisfeitos, aqui é um lugar confiável pra investir e blá blá blá Se o Lipe tivesse aqui ele ia morrer da desgosto porque ideia essas formalidades e nisso a gente pelo menos era igual.

Meus tios sempre me levavam nesses tipos de festas formais e eu sempre tentei deixar bem claro que eu não sou da linha fina, gosto do povão, de gente diferente e a famosa vida agitada que todo mundo diz. Meus primos e eu, na verdade, somos a ovelha negra da família rica que estamos imersos: sempre atrevidos e metidos em confusão. E era tão bom ser um problema, sentia que era importante. Quando não somos um problema, com certeza não somos importantes.

Porém a única coisa de real interesse agora era me apressar pois os convidados estavam chegando e faltavam alguns detalhes pra serem feitos. Esses eram meus melhores momentos, os detalhes, a perfeição, a lapidação. Meu doutor sempre isso quando estávamos juntos...

(1 ano atrás)

"— Você tem que buscar a perfeição, a melhorar nos mínimos detalhes — disse Rafael enquanto tirava o curativo e eu gemendo que nem uma criança — Desculpa, mas a gente te que lavar... bom, a ferida tá totalmente fechada

— Mas parece que tá rasgada ainda, ai! — falei mordendo os dentes mais forte do que podem imaginar, aquela aguinha gelada me incomodava toda as vezes.

— Relaxa, cê tá bem melhor agora

— Não é sempre que um eu tenho um médico particular né...

— Não se acostuma, eu ainda sou um residente

— Pra mim já é um mestre

Ele sorriu e foi guardar se kit de primeiros socorros, muito bem guardado por sinal, será que tinha alguma coisa preciosa ali dentro? (Risos). Fui até a sacada do apartamento e observei a vista maravilhosa da cidade de noite. Por um momento eu quis que aquela cobertura só pra mim. Rafael apoiu-se na sacada do meu lado e observou junto comigo.

— É lindo aqui em cima, né? — perguntou

— Lindo é quem teve a ideia de morar aqui — respondi

— Uou! Tá me paquerando?

— Tô te zoando — sorri dando um empurrão nele — Aposto que deve ser uma fortuna...

— E você ganhou a aposta!

— Agora eu vou tentar adivinhar quanto foi

— Vamos lá! — disse todo alegre — Ah! Mas você vai ter cinco tentativas, vamos lá

— Uhmm...225 mil

— Cê tá achando que eu sou milionário?! — disse espantado — Menos, amigão, bem menos

— Ok — pensei, pensei e pensei...mas só vinham valores altos, nunca tinha ido numa cobertura com menos de 200 mil — 100 mil reais?

—Vou te dar uma dica: eu não sou milionário! Que tal?

— Para de ser vacilão! — fiquei nervoso mas voltei ao raciocínio — Você mora no centro da cidade...as casas próprias normais são uns 30 mil por aqui...então... você pagou por volta de 70 mil nessa cobertura

— Bingo!

— Acertei?! Sério? Quanto foi exatamente?

— 78 mil reais, mas eu só paguei porque eu vou viver aqui por muito tempo, caso contrário eu teria ido pra um condomínio comum, tranquilo

— Eu entendo, meus tios compraram casa em todos os lugares em que eles viajaram, eles diziam que se alguma coisa acontecesse com o dinheiro deles a gente pelo menos tinha uma casa pra morar.

Ele deu risada.

— Seus tios são as melhores pessoas do mundo

— E são mesmo...eles realmente são...

Sentei do lado de Rafael e tomei a ousadia de deitar minha cabeça no ombro dele. Passar algumas semanas ali foram renovadoras, ele era realmente um irmão pra mim, uma pessoa que eu nunca deixaria de lembrar. Só de lembrar da manhã que eu me despedi dele pra ir pro rancho eu já encho meus olhos de lágrimas, porque eu sei como a ajuda dele foi foda na minha história. Acredito que algum dia eu vou poder voltar e agradecer mais uma vez a ajuda do jovem médico".

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Não para não que hoje tem dois capítulos de uma vez, vai logo pro próximo que o bicho ainda vai pegar

Kimi

S2

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