Cap 52 - Jessica Albuquerque

Um conto erótico de R Pitta
Categoria: Homossexual
Contém 2259 palavras
Data: 11/09/2019 20:05:47

Não sei se a minha raiva era por ter sido acordada de um delicioso sonho, por não ter atendido minha ruivinha ou pela minha mãe que me gritava como uma gralha para descer e almoçar. Peguei o resto da paciência que havia em mim e desci. Ao chegar ao último degrau da sala já pude ver algumas as malas no canto da sala, o que indicava o fim de ano e a volta a rotina calorosa do Rio de Janeiro. Deu uma certa sensação de tristeza, pois sabia que voltaria a ter minha família reunida no natal. Ou talvez em algum casamento. Pois família é isso: podemos estar zangados um com os outros, mas na ausência a saudade bate forte. Pensava enquanto ia rumo a varanda onde Garfield estava parecendo um tapete todo esticado no chão tomando um banho no sol e logo a frente meu primo olhava para mim com uma lata de cerveja na mão.

- Já está pronta para voltar à rotina?

- Tudo que eu não estou é pronta.

- Nem para ver a amada?

- Nesse caso a coisa muda de figura, ne? – Ele deu uma risada – E você está pronto também?

- Para começar mais um ano ou ver o amado? Bem, independente para o que venha eu sempre estarei pronto. A vida é uma caixinha de surpresas, nunca sabemos o que veremos a seguir.

- Dependendo do canal que estiver assistindo mostra qual é a próxima programação.

Recebi um tapa na cabeça seguido de um “Idiota”. Continuamos a conversar coisas totalmente aleatórias e assim seguiu meu último dia na casa dos meus tios. Na despedida acabei ganhando um vinho do irmão de minha mãe, e após tive que correr para que não fosse roubado de mim. A estrada foi longa e cheia de paradas no decorrer da viagem e estava tudo indo às mil maravilhas até que, em uma parada, meu pai avistar um casal gay andando de mãos dadas, - ANDANDO DE MÃOS DADAS - o fazendo pirar. Ele reclamava falava que aquilo era falta de vergonha na cara e de uma boa surrar. Como se amar fosse errado. A cada palavra dele o meu ódio subia da ponta do dedo a raiz do meu cabelo, já estava quase respondendo até que...

- Graças a Deus não tem essa putaria na nossa família! Não quero fazer ideia do desgosto que é ter uma abominação dessa na minha família.

Me calei. Senti meu coração doendo e parecia diminuir a cada batida. Resolvi deitar para dormir agarrada com meu gatinho. Não sei quanto tempo depois, mas fui acordada pela minha mãe já na casa deles.

- Vamos, filha. Chegamos.

Acordei um pouco atordoada sem saber se o que tinha ocorrido era um sonho ou um pesadelo da vida real. Sai do carro e fui tomar banho. Ao tirar a roupa, já em frente ao espelho, percebi o quanto tinha ficado bronzeada do sol e a marca do meu biquíni estava realçando. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Mel perguntando onde ela estava. Mal a mensagem foi enviada, já foi visualizada e respondida informando que estava lendo um livro em seu quarto. – Hora da surpresa! – Apaguei a luz do banheiro e liguei por chamada de vídeo. Rapidamente fui atendida. Por conta do horário, o sol não estava mais no céu deixando o banheiro escuro. Mel atendeu com um belo sorriso que logo saiu do seu rosto com um olhar de dúvida na tela preta.

- Suponho que o intuito de uma ligação por vídeo é ambas pessoas poderem se enxergar. – Liguei a luz já com a câmera apontada para meu busto nu. Minha ruiva foi abrindo lentamente a boca. Quanto mais eu descia a câmera mais ela mordia os lábios.

- Gostou do meu bronzeado? – Melissa balançou a cabeça em sinal de positivo. Seu rostinho mostrava o desejo que ela estava por mim, o que foi me dando um tesão tão grande. – Está podendo sair?

- Estou sim.

- Se arruma. Em uma hora estou indo de buscar e te levar para meu apartamento,

Nos despedimos e fui tomar meu banho. Ficava feliz pela agua gelada nas minhas queimaduras e preocupada em pensar como iria aguentar aquela garota na minha cama essa noite com o corpo todo ardendo. Estava pouco me fodendo para as dores da queimadura, pois queria mesmo é esta muito fodendo com a ruiva. Estava tão ansiosa em revela que não sabia se queria sentir sua boca em meu corpo ou sentir o gosto dela na minha boca. E que gosto maravilhoso! Indescritível. Não posso dizer “incomparável” por nunca ter feito com outra mulher. Na pressa, mal deu tempo de me despedir de meus pais e muito menos buscar Garfield pela casa, sai ainda com minha mãe reclamando que estava tarde e eu deveria dormir lá. Uma noite de sexo com a pessoa que você gosta ou passar mais um dia, após 2 semanas consecutivas, com seus pais? Oh, difícil decisão!

No horário previsto estava estacionando na frente da casa dela. Peguei o celular e mandei uma mensagem avisando que havia chego. Comecei a suar, ficar gelada, até a unha do pé estava roendo. Parecia que estava indo para o primeiro encontro. Meu celular vibrou. Era uma mensagem.

*-Jess, aguarda um momento que estou sem as chaves do portão. *

Bacana, a pessoa fica trancada na própria casa. Repentinamente a porta do carona se abre me fazendo gritar e jogar o telefone para o alto.

- Garota, não faça mais isso! Deus! – Disse aos berros para a Melissa que me olhava sem entender nada. – Meu coração, estou parecendo um periquito.

- Eu só abri a porta. – Disse entrando no carro.

- Acabou de falar que estava sem as chaves.

- Sim, por isso pulei o muro.

Olhei de relance para o muro. Tinha em torno de 2 metros de altura e ela, com toda sua baixeza, estava longe de alcançar facilmente a parte de cima do muro.

- Pulou. Assim, simples.

- Sim, ué

- Pulou o muro. Aquele grandão ali? E me fala com a maior naturalidade.

- Eu faço luta e meu professor treina nosso preparo físico nos fazendo subir em muros, correr na areia... entre outros.

- Minha única luta é levantar da cama.

Ela gargalhou. Estava com tanta saudade daquele sorriso. Mais uma vez fui pega de surpresa, Mel me segurou pela nuca e me beijou intensamente. A cada entrelaçar de nossas línguas meu corpo se retorcia no mesmo ritmo. Nos afastamos com a respiração bastante pesada e trocamos sorrisos. Seguimos até meu apartamento onde, já dentro do mesmo, não falamos mais nenhuma palavra, apenas nossos corpos se comunicaram. A cada passo que dávamos entre os beijos era uma peça de roupa jogada sem destino em algum canto aleatório da sala. Subimos os degraus sem cautela e sem roupa. Suas unhas cravavam em minhas costas já judiadas da insolação, mas aquela dor chegara a ser prazerosa. Nossos corpos estavam tão colados que era possível sentir seus batimentos. Melissa sentou na beira da cama e bateu em sua coxa.

- Senta aqui. – E deu um sorriso safado que amo. – Vem.

Sentei-me em seu colo de frente e joguei as pernas em volta da cintura. Sua boca foi direta ao meu pescoço e suas mãos em minha bunda, me puxando mais para frente. Seus lábios desciam pelo meu busto fazendo meus pelos se arrepiarem com o toque daquela boca quente. Gemi e comecei a rebolar ao sentir Mel mordendo e puxando o bico do meu peito. Subitamente fui jogada na cama e, sem que eu conseguisse ter reação, minha ruiva segurou minhas pernas e puxou para a beirada da cama. Ajoelhada no chão, Melissa me olhou.

- Seu presente de natal atrasado.

Piscou mordendo os lábios em seguida. – Caralho – Foi o que consegui falar ao sentir uma língua me penetrando bastante sedente. Sensações inimagináveis as que ela tinha a capacidade de me proporcionar.

Foi uma longa noite e uma ótima maneira para matar a saudade. Meu corpo foi explorado em cada centímetro, cada canto... eu era inteira dela. Algumas horas depois dormirmos de conchinha. Acordei de madrugada, como de costume, e fiquei olhando aquela maravilha de ruiva nos meus braços. Garfield escalou minha cama e pulou em mim.

- Ela não é linda, Garfield? – Ele miou como se tivesse concordando comigo. Meu peito encheu de ar e parei de respirar por 3 segundos. – GARFIELD? Você não deveria estar aqui!

Olhei o relógio digital na parede que marcava 04:17 da madrugada. Levantei da cama e enrolei uma toalha no meu corpo ainda nu. Respirei fundo e fui descendo as escadas. Cada passo era uma dor no coração, e acabou acontecendo o que eu temia: meu pai estava sentado no sofá entre as roupas da Melissa e minha. Senhor Alcântara, com os cotovelos apoiados no joelho e as mãos tampando o choro compulsivo, bem ali na minha frente. Certeza que ele tinha ido no quarto e nos visto lá, nuas, agarrada uma a outra, não havia naquele momento nenhum tipo de desculpas para explicar aquela cena.

- Pai? – Dei um passo à frente – Pai...

Ele chorou ainda mais. Sentei ao seu lado e abracei com força. Ele me retribuiu e choramos juntos. Sabia que era uma situação muito complicada para ele, sou filha única de um homem machista e homofobico.

- Jéssica, desde quando isso?

- Não muito tempo.

- Eu só vim deixar esse gato que não parava de miar pela casa.

Ele levantou em silencio, se despediu e foi embora.

- Jess. – Mel descia as escadas – Ele viu?

- Sim.

- Se você quiser eu converso com ele.

- Não tem mais nada a fazer, Melissa! – Gritei.

- Por qual motivo está falando nesse tom comigo?

- Pelo motivo que minha vida acabou de foder de vez. Só isso.

- Calma, basta conversar com seu pai...

- Conversar com o machista do meu pai? – A cortei com um grito. – Você não entende metade das coisas que vou perder com isso agora.

-Perder? Tu estas preocupada com “o que vai perder”? – Seu olhar ficou cinza – Sua vidinha tranquila é o que importa para você?

- Melissa, para de ser idiota! Pensa um pouco em mim!

A ruiva fechou os punhos e dava para vê-la tremer.

- Primeiro lugar, pensar em tu és o que eu ais faço nessa vida. E segundo, não menos importante, nunca, Repito, NUNCA mais me chame assim.

- Eu a chamo como eu bem entender. A casa é minha. Não está feliz então vá embora.

- É o que farei.

Melissa começou a pegar as suas peças de roupa pelo chão e foi se vestindo. Ao pegar a calca seu celular caiu no chão e percebi que estava totalmente com a tela partida, como se algo tivesse feito forca sobre ele. E, assim como papai, Melissa saiu do apartamento sem ao menos olhar para trás. Subi para meu quarto e percebi que não teria como ela pedir um Uber com o celular quebrado e não passava das 4:30, ficava perigoso para caminhar uns 40 minutos até sua casa. Peguei qualquer roupa no guarda-roupa e corri. Peguei o elevador que estava aberto no meu andar e desci. O porteiro ficou me olhando assustado, mas me deu espaço para continuar meu trajeto. Na rua não tinha uma viva alma além da mim.

- Dona Jessica, que ajuda? – O porteiro foi ao meu encontro.

- Uma ruivinha passou aqui agora, para onde ela foi?

- Não passou nenhuma ruiva aqui.

- Como não, Hugo. Como pode um porteiro que não cuida da portaria?

- Está falando de uma ruiva baixinha que está de blusa preta?

- Sim! Para onde ela foi?

- Ela está passando agora pelo portão.

Virei e vi Melissa saindo cm passos lentos do condomínio.

- Como consegui chegar antes de ti?

- Vim de escada. O que está fazendo aqui embaixo?

- Estava te procurando. Vou te levar de carro.

- Não vai. Tenho duas pernas e sei andar.

- Para de idiotice e vamos.

- Segunda vez na mesma noite.

- Não falei por mal, vem.

- Não vou a nenhum lugar com você.

- E nem sem a mim.

- Jessica, você não manda em mim.

Nos começamos a discorri novamente, mas dessa vez no meio da rua com o porteiro parado igual a um 2 de paus, que olhava totalmente desorientado um pouco para Mel, um pouco para mim. Ambas exaltadas e estressadas e nessa altura da briga nem mais lembrava o motivo do início dela.

- Então vai embora e faça o que quiser da sua vida! Se quer morrer, vai!

- Morro, mas morro sem seu autoritarismo e meu orgulho de ter uma família que me aceita.

E mais uma vez em menos de uma hora vi a mulher que me faz tão bem virar as costas e seguir rumo a rua escura abaixo do quarteirão. Hugo e eu ficamos lá calados vendo com caras de idiotas a garota virar a esquina escura naquela madrugada que, incrivelmente, estava fria.

- Vamos entrar, dona Jessica.

Ele pôs as mãos no meu ombro e foi me conduzindo para dentro do condomínio. Pouco antes de entrar escutamos barulho de tiro e um carro escuro virou a esquina de cima passando na nossa frente bastante acelerado e dobrou na mesma rua onde Melissa tinha virado.

- Mel!

Gritei e corri na esperança de encontrar minha garota. Hugo me seguiu. Chegando na rua debaixo não havia nada nem ninguém. Nem carro, nem Melissa. Não tinha dado tempo para ela ter saído tão rápido daquela rua. O desespero começou a bater e o choro veio à tona.

- Sua amiga deve está bem, vamos voltar e esperar ela liga.

Ele colocou as mãos em meus ombros e foi me guiando ate o condomínio. Eu estava em transe sem saber o que fazer. Agora só me resta esperar.

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Comentários

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Nossa, o próximo cap pegará fogo. Espero. Posta logo, por favor, nunca precisei tanto disso. Rsrsrrsr

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Desculpa a sumida. Vida tá corrida agora kkk. Mas sempre que puder eu escrevo um pouco.

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Acho que dessa vez terár uma treta enorme.Adoro!

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