Meu Loiro! - Capítulo 20 - Consequências.

Um conto erótico de Léo Hanz
Categoria: Homossexual
Contém 4772 palavras
Data: 18/07/2019 16:10:02
Última revisão: 23/07/2019 23:23:20

O que acharam dos últimos capítulos? Alguém tem algum palpite de que vai acontecer? rs. Obrigado por acompanharam a história e peço que comentem o que estão achando. Boa leitura.

***

Era pra ser o dia mais feliz de sua vida.

Seria o dia mais importante na vida de um homem.

Porém, se sentia completamente vazio por dentro.

E a culpa disso era exclusivamente sua!

Humberto estava no auge de seus 25 anos de idade. Era um executivo muito reconhecido e respeitado. Um ícone no mercado financeiro. E iria se casar dali algumas horas.

Respirou profundamente triste e saiu da frente do espelho de seu quarto. Foi até sua cama e se jogou nela, colocando as mãos no rosto. Pegou seu celular e discou para o primeiro número de sua agenda, aquele que havia machucado além do possível: seu primo Fred.

Frederico era dois anos mais novo que ele é não era somente seu primo; na realidade, era seu melhor amigo, seu confidente, seu porto seguro. Alguns amigos diziam que eles eram alma gêmeas!

Mas não igual aqueles enredos de novelas;

E sim no sentido de encontrar alguém que fosse parte dele, assim como ele era parte do primo.

Seus lindos lábios viraram de novo uma fina linha, cheia de amargura quando o número pra qual ele estava ligando, entrou de novo na caixa postal.

Fred estava evitando ele.

Também, não era pra menos, depois do que tinha acontecido.

Fechou os olhos e mais uma vez a cena mais triste de sua vida veio à tona em sua mente.

(Flashback)

"Humberto chegou na casa de seus pais por volta das 18h da tarde. Tinha ficado atolado de tanto trabalho depois do ano que passou, ocupando o cargo de presidente na empresa da família. Não via a hora de ver ser primo, que estava fora há exatos 60 dias. Fred havia se tornado um estilista importante. Os dois trabalhavam na mesma empresa, mas Fred comandava outra pequena empresa no escritório que um dia foi de seu pai.

Estava louco de saudades do primo, e também tinha novidades para contar.

O problema era o que Fred iria achar delas.

Tentou deixar esses pensamentos pra lá, pois o que realmente importava era que ele estava de volta, são e salvo.

Quase pulou do carro e voou pra porta de entrada. Quando abriu, viu seu primo abraçando Samantha, presumindo que ele havia acabado de chegar também, e quando o loiro o viu, sorriu. Seu sorriso iluminou a vida de Humberto novamente, que parecia estar no escuro há exatos 60 dias. Caminhou até Fred, que se soltou de Samantha e virou pra si, de braços abertos.

Quando se abraçaram, Humberto sentiu seu coração bater novamente. Fred está ali. Finalmente!

-Que saudades de você! - disse Fred sem se soltar do abraço.

-Nem me fale. Parecia que o tempo nunca iria passar. - respondeu Humberto de olhos fechados.

-Como você está? - perguntou o mais novo se afastando e olhando para o perfeito rosto do primo, que agora estava com uma barba evidente, trazendo um ar mais velho.

-Estou muito bem. E tenho novidades! - disse o mais velho sorrindo.

- Que tudo! Pode ir me contando então!

-Olha, eu sei que estão com saudades um do outro e tudo mais, mas você tem mais pessoas pra cumprimentar, Humberto! - cortou Ariel, com ar de ofendido, mas brincando.

-Desculpa Ari… vem cá… - chamou Humberto abraçando o amigo.

-Aliás, você tem eu e seu pai pra cumprimentar também, Humberto. Não é porque vai se casar que vai deixar de ter educação. - disse Pillar, revirando os olhos e indo abraçar Humberto, contente por ter dito aquilo.

O sorriso de Fred sumiu no exato instante.

-Como assim casar? - perguntou o loiro cruzando os braços.

-Valeu mãe, valeu mesmo! - disse Humberto quando percebeu o olhar sério do primo.

-Bom, essa era uma das novidades! E a segunda é que eu quero que você seja meu padrinho de casamento, junto com o Ariel! - falou Humberto, sorrindo.

Frederico olhou para o tio, para Samantha, depois olhou para Ariel e por fim olhou para Humberto, tentando entender se tudo aquilo não se tratava de uma piada, de muito mau gosto.

Humberto estranhou a reação dele. Tudo bem que ele não era de tititi com a Alessandra, mas nunca tinha realmente dito nada contra ela.

- Humberto, tem certeza disso? Casamento? - disse o loiro se aproximando do primo e colocando as mãos no ombro do mais alto.

-Claro que sim! Que inferno, Fred! Não era assim que eu queria que você soubesse. - disse olhando feio para Pillar. Sabia que sua mãe tinha feito isso de propósito.

-A questão não é como eu soube, e sim isso tão de repente.

- Fred, eu gosto dela e você sabe disso!

-Vai se casar porque gosta dela? É você mesmo falando isso, Humberto?

-Nós vamos ser avós, Fred. Alessandra está grávida! - disse Pillar passando o braço pelo ombro de Humberto, tentando quebrar o clima que havia entre eles.

-GRÁVIDA? - explodiu Fred. - Nunca ouviu falar em camisinha, Humberto? Como pôde ser tão descuidado assim? E desde quando pra ser pai precisa se casar? Que inferno, falamos EXATAMENTE sobre isso há uns meses atrás!

- Fred, não é isso. Estamos juntos há quase um ano. A gravidez só me fez tomar uma decisão que eu já pensava há muito tempo.

Fred olhou incrédulo para Humberto.

- Humberto, você só pode estar querendo acabar com meu dia, não é? COMO ASSIM? Você mesmo tinha me dito que não pensava em nada sério com ela. Você mentiu pra mim? ONDE É QUE FOI PARAR O INFERNO DA NOSSA AMIZADE? - explodiu Fred, perdendo de vez a calma.

- Fred, calma. Isso não tem nada a ver com nossa amizade. - disse Humberto com voz baixa, tentando acalmar o loiro. Não queria entrar em conflito com ele.

-Sério mesmo? Então porquê não me contou nada? Sobre se casar e sobre ela estar grávida? Eu não fiquei enterrado dois meses debaixo do chão sem comunicação. Nos falávamos todos os dias enquanto eu estive fora!

-Estou te contando agora, não tô?!

Fred olhou extremamente sério para Humberto. O outro não desviava o olhar de forma alguma, tentando a todo custo entender a reação negativa do primo.

Na sala estavam Rogério, Pillar, Dante, Samantha, Ariel e Henrique. Ninguém ali se atrevia a entrar no meio, porque aquela era uma briga de cachorro grande.

- Fred, meu querido. Seu primo encontrou alguém com quem ele quer passar o resto de sua vida. Devia ficar feliz por ele, e não agir como uma criança mimada. - disse Pillar, se aproximando e colocando a mão no ombro de Fred.

O loiro no mesmo instante que sentiu a mão da tia o tocando, desviou. Se restava alguma dúvida que sua tia tinha algo a ver com isso, naquele instante foi comprovado.

Ariel olhou para Rogério, que também estranhou a atitude da esposa.

-Mãe, por favor? - pediu Humberto olhando de canto para Pillar.

-Só estou tentando ajudar, Humberto.

-Já ajudou bastante. - disse falando muito baixo. Claro sinal de perigo para quem conhecia Humberto.

-Sua mãe não fez nada de mais - disse o loiro com mais ironia do que queria. - Aliás, muito obrigado por me deixar atualizado sobre os assuntos. E me desculpe, mas eu não vou ficar pra jantar. - virou de costas e foi em direção à porta. Humberto arregalou os olhos.

-Onde é que você vai? - disse segurando o braço do primo.

-Vou pra minha casa. Não tenho mais nada pra fazer aqui.

-Fred, por favor! Pra quê isso? Por quê?

- Nao vou ser seu padrinho, Beto. O Ariel tem todo o direito se ele quiser, mas eu não vou testemunhar a maior merda da sua vida. - disse o loiro se soltando do primo e andando.

-Me dê somente um motivo. Um só motivo e eu largo tudo isso. - pediu Humberto entrando na frente de Fred antes que ele saísse da casa.

-Como assim um motivo? Desde quando você precisou de um motivo pra me ouvir? - disse Fred, completamente arrasado.

Humberto se sentiu a pior pessoa do mundo. Fred não estava errado. Sempre escutou seu primo. Mas o jeito que ele estava agindo era bastante irracional. Ele era calmo e frio demais. Alguma coisa tinha que haver pra ele agir daquele jeito.

-O que você sabe sobre ela? Pode me contar, vou acreditar em você. Pode me dizer que eu aguento.

-Ela simplesmente não vai te fazer feliz. Ela não é a pessoa certa pra você. Você vai sofrer e eu não vou aguentar te ver sofrendo.

-Me loiro, por favor, não faz isso comigo! Eu preciso tanto de você. - disse Humberto começando a chorar.

-Se precisasse tanto assim de mim, não teria me excluído dessa maneira do jeito que você fez.

-Mas eu fiz isso porque sabia que não ficaria do meu lado. Você nunca gostou dela.

-E não passou nem um pouco pela sua cabeça me dar um pouco de crédito por tudo o que passamos juntos até hoje? Coisas que eu disse que não dariam certo, e você mesmo acreditando que daria, me ouvia e depois ficava provado pra você que eu estava certo. - disse o loiro limpando as lágrimas e continuou. - Você está cego, Humberto. E eu não vou fazer parte disso. Nem que pra isso significa eu me afastar de você.

-Frederico, acorda! Nada nem ninguém vai nos afastar. Acha que eu me casar ou ser pai vai me afastar de você? Acha… Acha que algum dia alguém vai ser mais importante pra mim do que você é?

-Se me considera tão importante assim na sua vida, me escuta, inferno!

Fred respirou fundo. Sua maldita intuição.

A mesa intuição que ele sentiu no dia em que seus pais morreram. O mesmo inferno de intuição que vivia salvando o pescoço dele e de Humberto nas mais variadas situações. Mas agora eram suas vidas.

O ódio que Fred demonstrava pela primeira vez sentir de Alessandra era da mesma intensidade do amor que demonstrava sentir por Humberto. O moreno arregalou os olhos por um momento e então voltou a encarar o olhar ferido e decepcionado de Fred.

Ele tinha razão. Como pôde ser tão cego?

- Fred, você não gosta dela, não é? - perguntou ele disposto a largar tudo se isso dependesse a felicidade do primo.

-O que? - perguntou o loiro tentando entender à que conclusão Humberto queria chegar.

-Você não gosta dela porque você acha que ela vai me roubar de você! É isso, não é? Por que nunca me contou?

"Me roubar de você."

Fred começou a respirar rápido, e sua vista ficou turva de tantas lágrimas que estavam chegando.

-EU ODEIO AQUELA MULHER! TUDO NELA É FALSO E PRETENSIOSO. ELA NÃO É A SANTA QUE TENTA MOSTRAR PRA TODO MUNDO, E PRINCIPALMENTE PRA VOCÊ. ELA VAI ACABAR COM A SUA VIDA. ELA NUNCA VAI TE FAZER FELIZ PORQUE ELA NÃO NASCEU PRA ISSO.

Humberto escutava os gritos do primo com o semblante assustado.

-E SE BOBEAR, NEM O FILHO QUE ELA ESTÁ ESPERANDO É SEU! - gritou o loiro.

Antes que o mesmo pudesse pensar no que tinha dito, Humberto deu o mais potente soco de sua vida em Fred. Toda a raiva, mágoa, frustração, junto com a decepção das palavras do primo "ajudou" na força. Fred era um tanto mais baixo que Humberto e bem magro, diferente do mais alto que tinha o corpo todo grande em seus um metro e noventa. A força do soco foi tão grande que Fred foi arremessado pela sala e caiu em cima da mesa de centro da sala. Foi vidro pra todo lado. Pillar gritou horrorizada. Ariel, Samantha e Dante foram até Fred quando viu o rosto de loiro todo ensanguentado e Rogério junto com Henrique correu na direção do filho para segura-lo, o que foi desnecessário, pois quando Humberto viu o primo desabar sobre a mesa de sua mãe, caiu de joelhos, chorando, completamente morto por dentro. As lágrimas desciam de seus olhos que estavam mais azuis em contraste com o vermelho do choro.

Fred olhava para Humberto completamente ferido. Não estava acreditando que Humberto tinha batido nele.

‐Pode me ofender o quanto quiser. Mas não ouse ofender a vida de um ser inocente por conta da merda da sua intuição. Isso não é justo, Fred!

-Gente, por Deus, CHEGA! - gritou Samantha aos prantos. - Já não se feriram o suficiente? CHEGA, CHEGA! - gritou ela.

Fred desviou o olhar de Humberto e olhou pra baixo. Sentia uma dor profunda na testa e uma forte pressão na cabeça.

- Fred, está me ouvindo? - gritou Ariel, já preocupado é percebendo o loiro aéreo.

-Se você parar de gritar, eu consigo te ouvir, baby! - disse o loiro bem baixo.

Estava vestindo uma camiseta preta e uma jaqueta vermelha por cima, onde tirou ela e colocou no local tentando estancar o sangue. Suas roupas, seu cabelo e o chão da sala estavam lavados de sangue. Precisava sair dali, antes que desmaiasse.

-Me ajude a levantar, por favor? - pediu para Ariel.

Ariel então puxou Fred pra cima e passou seu braço pelo seu pescoço. Fred fechou os olhos, ou cairia de novo.

Quando viu o primo levantar, Humberto tentou se aproximar para ajudar, mas foi impedido pelo loiro.

-Se você chegar perto de mim, eu juro pelo meus pais que esqueço absolutamente tudo o que você significa pra mim e acabo com você.

Pillar estava em choque com o que tinha acontecido. Nunca viu Humberto se comportar daquele jeito. E se permitiu sentir pena do sobrinho.

-Deixa eu te ajudar, Fred. - disse ela.

-Quer realmente me ajudar? Ajude o seu filho a recuperar o juízo. Saia daquele inferno de clube e seja uma mãe melhor pros meus primos e uma esposa melhor pro meu tio. Vai ser mais útil! - disse ele saindo de perto de Pillar. - Eu peço pra alguém levar meu carro depois. Tio, tia, me perdoem pelo estrago da mesa. Boa noite pra vocês.

- Fred, não… - falou quando o primo passou por ele se segurando em Ariel. - Porque simplesmente não aceita que eu gosto dela? Que vou casar e que torce pela minha felicidade?

Nesse momento, Fred virou, fazendo com que uma tontura o atingisse.

-Você não consegue nem dizer que ama ela! Como é que você quer que eu torça pela sua felicidade?

-Frederico, você sabe que existe somente uma única pessoa no mundo pra quem eu falo isso. - disse Humberto chorando muito.

Fred fechou os olhos.

Por um segundo quis mandar tudo à merda e correr para os braços do mais velho, mas estava magoado demais.

Estava se sentindo ferido.

Violado.

- Isso é ótimo pra ela. É melhor nunca ouvir um Eu te Amo de alguém do que ouvir, acreditar nisso com todas as suas forças e levar um soco.

E foi embora."

(Flashback)

Quando voltou para si, sentiu um carinho em seus cabelos pretos e viu que estava chorando. Abriu os olhos e viu que era seu irmão. Ele estava sentado na cama ao lado de Humberto.

-Beto, meu anjo, você tem que se acalmar. Precisa parar de chorar.

-Conseguiu falar com ele, Dan?

Dante negou com a cabeça. Estava morto de preocupação com ele. Com os dois na verdade. Fazia cinquenta dias desde aquele fatídico episódio que seu primo e seu irmão não se falavam. Humberto devia estar radiante. Era o seu grande dia! Mas ele não parava de chorar. Tinha emagrecido e estava muito abatido.

Depois de passar três horas no hospital em observação depois do soco, Fred se fechou numa redoma inatingível. Nem mesmo Ariel nem Samantha conseguiam falar com ele. Humberto tentava de todas as formas falar com o primo, nem que fosse pra saber se ele estava vivo, mas não tinha sucesso. Ligava, mandava mensagem, mensagem de áudio, mensagem nas redes sociais. Tentou falar com Michelle e Gabriel, mas eles diziam que Fred só conversava com eles por e-mail. Só escrevia o essencial. Chegava todos os dias na empresa e subia direto para a sala do primo, mas ele não aparecia. Fred levou tudo o que precisava pra sua casa e trabalhou lá dentro. Não saia pra nada. Primeiro porque não ia ter paciência de explicar aquele hematoma gigantesco em seu rosto pra toda pessoa que perguntasse, e segundo que estando em casa, poderia controlar quem pudesse ou não subir até a cobertura. Ele literalmente se isolou em seu apartamento. Um dia Humberto chamou Michellel para almoçarem juntos, tentando de novo obter notícias do loiro. Mas Michelle, que era sua secretária dizia que ele não respondia nenhum e-mail com mensagens pessoais. E respondia somente se precisasse tomar alguma decisão. Segundo ela É Gabriel, Fred se transformou numa máquina fria de trabalho, coisa que ele nunca foi. Ele era animado, simpático. Foi uma noite até a casa de Ariel, onde o ruivo também lhe confessou estar preocupado com o amigo, mas confessou para Humberto que Fred respondeu uma única mensagem dele, dizendo "Estou bem!". Humberto passou aquela noite na casa do ruivo. Chorou, desabafou e chorou de novo. Se sentia incapaz. Ariel assistiu toda a cena do soco e ele mesmo levou Fred até o hospital naquele dia, mas depois o loiro não falou mais com ele. Seus colegas de empresa perguntavam quase que diariamente sobre a ausência do loiro na empresa, mas Humberto tentava desconversar.

-Dante, eu não aguento mais isso. Vou até aquele maldito prédio falar com ele. A culpa disso é toda minha, e eu vou consertar. - falou Humberto levantando da cama.

- Não dá tempo, Beto. Seu casamento é em menos de duas horas e você nem tomou banho.

- Eu não tô preocupado com isso. Fred é meu primo e nada nem ninguém é mais importante pra mim do que ele. Eu não sei onde estava com a cabeça de ter batido nele, mas eu vou resolver isso. As coisas vão voltar pro lugar que nunca deviam ter saído. - falou Humberto decidido e tirando a roupa, ali mesmo na frente de seu irmão.

Dante ficou meio sem jeito. Era seguro de sua sexualidade e já tinha visto seu irmão sem roupa. Mas ver aquele homem decidido em sua frente, fez ele ficar vermelho. Humberto era um puta homem gostoso. Alto, ombros largos, peludo.

-Desculpa, Dan, mas eu preciso que você fique aqui. Preciso que me ajude. - disse Humberto entrando no box do banheiro só de cueca preta.

-O que quer que eu faça? - perguntou Dante encostado na porta do banheiro.

-Faz o seguinte. Tira minha roupa do embrulho, coloca na minha mochila. Eu vou tomar um banho, me trocar e você me cobre. Vou até a cobertura e implorar nem que seja de joelhos o perdão de Fred. E se pra me perdoar ele exigir que eu desista do meu casamento, eu farei.

-Tá falando sério, Humberto? Iria tão longe assim por ele? - perguntou Dante, já sabendo da resposta.

-Fred é minha alma gêmea, Dante. Não é isso o que vocês falam pra mim desde que me entendo por gente. Pois então. Eu tenho uma novidade: ele realmente é. E eu não ligo nem um pouco para o que vai pensar ou achar sobre o que eu estou prestes a fazer. Eu só quero ele de volta. E se pra tê-lo de volta, eu tiver que apagar a Alessandra da minha vida, então que seja assim.

Humberto saiu do chuveiro, se secou e saiu do banheiro com a toalha na cintura e começou a se trocar. Tinha calçado os sapatos e estava de calça, quando seu pai abriu a porta e se deparou com Dante aguardando com a camisa dele na mão. Rogério olhou no relógio e notou que ainda era cedo pra Humberto se arrumar, aliás, cedo demais… olhou para o filho e notou que ele estava determinado. O brilho no olhar dele tinha voltado. O mesmo brilho que ele perdeu no dia da briga.

-Você vai atrás dele, não vai? - perguntou Rogério fechando a porta pra ninguém ouvir.

-Vou. - respondeu simples.

Rogério cruzou os braços. Pillar faria um escândalo enorme se descobrisse pra onde Humberto iria nessa altura do campeonato. O jeito era fazer com que Humberto saísse de lá sem que ela percebesse.

-Dante, meu filho, me faça um favor. Corre até o quarto da sua irmã, explique tudo pra ela e peça para que ela rasgue o zíper do vestido. E então, você vai até o Ariel e peça pra ele subir aqui correndo.

-Tá bom pai. Mas o que pretende fazer com tudo isso?- perguntou Dante.

-Simples: Quando a Sá acidentalmente rasgar o vestido, ela vai correr até sua mãe que vai procurar o Ariel pra consertar, mas ele vai ter saído com seu irmão e sua mãe vai ter que dar um jeito. - olhou para Humberto. - O Ariel vai com você pra poder te ajudar com o Fred, tudo bem?

Humberto respirou fundo.

-Claro pai. E muito obrigado pela ajuda. Eu sei que o senhor deve estar decepcionado com essa minha atitude, mas eu tenho que fazer isso.

- Humberto, eu só me decepcionei com você no dia em que você bateu no seu primo. Não te reconheci aquele dia. E se for preciso que você não case pra ter ele de volta, eu estou aqui. Todos nós estamos. Vá correr atrás da sua felicidade. Só me avise mais tarde pra eu poder dar um jeito, caso você não apareça.

- Eu agradeço pai. Mas independente do que acontecer, eu serei homem suficiente pra ir pessoalmente até a igreja.

Rogério sorriu. Humberto era correto demais.

-Tudo bem. Então vai logo. Você tem menos de duas horas. - falou, ajudando Humberto a colocar o paletó.

Ariel bateu na porta e entrou meio incrédulo com o plano de Rogério. Escutou tudo e voltou pro quarto de hospedes onde estava e se trocou. Seria padrinho de humberto junto com Fred. Quer dizer, se o loiro aparecesse. Tinha pensado em falar com o amigo para combinar a cor dos ternos, mas como não conseguiu, pensou na roupa mais básica possível pra ele usar, coisa que de básico nem ele e nem o loiro tinham. Mas não quis arriscar. Iria usar um smoking preto, camisa branca, gravata borboleta e sapatos pretos. Torcia para que Fred, se aparecesse, estaria pelo menos vestido parecido. Algo dentro de seu coração dizia que seu amigo ia aparecer.

Tudo aconteceu muito rápido. Samantha adorou a ideia do pai, rasgou o fecho do vestido e foi correndo até a sala, onde Pillar estava com Marina. Pillar quase matou Samantha quando viu o vestido e andou pela casa procurando por Ariel, que nessa altura já tinha saído com Humberto. A sorte é que estava tendo um entra e sai tão grande ali que ninguém percebeu os dois saindo. Humberto agradeceu mentalmente seu pai e seu irmão, mas só conseguiu respirar quando estava dentro do carro com seu amigo, já longe de casa. Pillar subiu até seu quarto junto com Samantha, que colocou o vestido para a mãe arrumar. Rogério desceu a escada rindo com a situação e encontrou Thiago, que perguntou qual era o motivo da risada e também caiu na gargalhada com o plano do irmão.

Humberto estava com Ariel dirigindo até o prédio do primo. Chegando lá, desceu do carro e foi até a portaria. Ariel disse que estacionaria o carro direito pra ele. Fabrício, o porteiro do prédio o reconheceu e abriu o portão.

- Boa tarde Sr. Humberto, o Sr. Frederico não está em casa. Ele saiu.

- Nem adianta tentar me impedir, Fabrício, eu tô subindo. Aliás, se puder avisar que eu estou subindo, eu agradeço. É urgente. - disse ele correndo até o elevador.

Quando chegou até o andar, bateu na porta, tocou a campainha o quanto pode. Tinha esquecido de pegar sua chave que Fred tinha lhe dado. Estava no carro. Gritava o nome de Fred, dizendo que desistiria do casamento pra ter ele de volta, mas não escutava nenhum som vindo do outro lado da porta. Começou a perceber que Fabrício tinha dito a verdade. Ele não estava em casa. Desceu para a portaria.

- Aonde ele foi, Fabrício?

-Eu não sei dizer, Sr. Ele não me disse, mas saiu daqui muito bem vestido e com um buquê de flores brancas na mão. Não sei dizer ao certo que flores eram, mas o buquê era enorme.

-Você disse flores brancas?

-Sim.

Os olhos de humberto brilharam. Sabia onde Fred estava.

-Se muito obrigado, Fabrício. Me ajudou muito! - disse saindo portão a fora.

Humberto voltou para o carro e pediu para o amigo assumir a direção. Contou para Ariel sobre as flores. Fred estava no cemitério. Sempre que ia lá, levava flores brancas pros pais. No caminho, ligava sem parar para o primo, mas sem sucesso.

Chegou no cemitério e caminhou até o túmulo. Lembrou do dia que seus tios morreram. Fred não quis ir no velório, mas sempre que o primo ia até lá ele acompanhava o loiro. Chegando perto do túmulo, notou um enorme buquê de flores em cima dele. Fred tinha feito exatamente o que ele tinha pensado. Mas infelizmente ele chegou tarde. Com lágrimas no olhos, ficou de joelhos acariciando as flores. Estava tudo acabado. Não teria o perdão do primo.

Pegou o celular no bolso e tentou pela última vez ligar pra ele. A ligação entrou na caixa postal. Usou sua última chance e abriu seu coração com nunca antes.

"- Fred, sou eu. Estou aqui ao lado do túmulo de seus pais. Fui até seu apartamento e seu porteiro me disse sobre as flores e então eu corri pra cá. Fred, me perdoa. Eu sei que a culpa disso tudo é minha, eu não sei onde estava com a cabeça. - parou de falar respirando fundo e buscando forças pra continuar. - "Eu sinto tanto. Eu amo você. Nunca duvide disso, porque simplesmente isso não vai mudar. Apenas… me perdoe. Você é tudo pra mim." - parou de falar de novo. - "Vou ficar aqui te esperando, torcendo para que você ouça essa mensagem onde quer que esteja e me dê outra chance." - desligou o telefone e sentou no chão, vencido pelo cansaço. Começou a chorar. Não conseguia nem imaginar onde Fred estaria, pois sempre que ele estava com problemas, procurava por ele ou por Ariel. Noventa e nove por cento das vezes procurava por ele. Sentiu o celular vibrar e pediu a Deus que fosse Fred, mas Deus não estava querendo o ouvir naquela hora. Era seu pai.

"-Beto, conseguiu?" - perguntou preocupado.

-Não pai… infelizmente não. - perguntou o que já sabia. - Estou sem tempo não é?

"-Está sim. Estamos saindo de casa e sua mãe está quase chamando a polícia atrás de você. Mas eu e todo mundo dissemos que não sabíamos de vocês."

-Fez bem pai. - respirou fundo.

"-E o que pretende fazer?" - perguntou preocupado.

- Vou me casar. - disse Humberto triste.

"-Tem certeza?"

- Não há mais nada que eu possa fazer. Só quero que o senhor peça pra alguém pegar uma camisa preta, uma toalha e meu desodorante, pois eu estou suado. O senhor me encontra junto com o Ariel na parte de trás da igreja.

"-Está bem. Estamos te esperando." - e desligou.

Humberto olhou de novo ao redor do cemitério buscando encontrar Fred. Suspirou fechando os olhos. Precisava ser forte. Tinha culpa direta no rumo que sua vida estava e tinha que assumi-lá. Sorriu em pensar que seria pai em alguns meses. Esse era seu sonho de sempre. E sabia que não tinha que se casar, mas pra quê privar seu filho de ter uma família estruturada? Ele não tinha culpa. E também sabia que Alessandra seria uma boa mãe. Caminhou calmamente pra fora. Já estava atrasado, não tinha porque correr.

Ariel estava dentro do carro já pronto. Quando viu Humberto voltando, deduziu que Fred não estava lá. Olhou para o rosto do amigo e conseguiu ler a dor que ele estava sentindo.

Quando Humberto estava chegando perto do carro, olhou mais uma vez em volta, procurando por aquele que tanto ansiava. Pegou o celular e fez sua última ligação como homem solteiro.

-"Fred, sou eu, de novo. Falta menos de uma hora pra eu me casar, e por mais que eu pudesse esperar você aqui pra sempre, não posso fugir das minhas responsabilidades. Fred, eu sinto muito. Me desculpe por ter te agredido fisicamente, agredido emocionalmente. Eu fiz tudo errado e por mais que eu saiba que posso ter perdido você pra sempre, saiba que mesmo casado, eu vou fazer de tudo pra ter você na minha vida de novo."

Humberto desligou o telefone, entrou no carro onde assumiu a direção do volante e seguiu para a igreja.

***

E aí, o que acharam? Ainda tem muuuuuuuita história por vir. Eu voltei com tudo! Se não conseguir postar o próximo nessa semana, eu postarei na semana que vem. Um beijo!

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Comentários

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Conto maravilhoso. Lembra-me outro que li no fanfiction "Mad Love", com a diferença que conta a história pregressa ao casamento. Um abraço carinhoso para ti

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Demorei dia e meio a ler seus contos ele está demais continua logo

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Eu torço pela felicidade do Fred e ainda mais pela infelicidade de Pillar ao ver o filho minguando na vida... quero ver ela correr atrás do perdão do sobrinho... Não demore a postar!

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MEU DEUS DO CÉU! O QUE ESSE TRASTE DO HUMBERTO TEM NA CABEÇA? QUERO AIS É QUE ELE MORRA NUM DESASTRE DE CARRO A CAMINHO DA IGREJA. É UM VERME. RASTEJANTE. AQUI TORCENDO COM TODAS AS MINHAS FORÇAS PRA FRED SER FELIC COM ALGUÉM QUE TB O FAÇA FELIZ. DEIXE HMBERTO E A DROGA DA SUA MÃE SEREM INFELIZES PARA TODO O SEMPRE. OLHEM SÓ QUE COISA MAIS RIDÍCULA HUMBERTO DIZ NO FINAL DESSE CAPÍTULO: MESMO CASADO EU VOU FAZER TUDO PRA TER VOCÊ NA MINHA VIDA. É SER MUITO FILHO DA PUTA MESMO. QUER DIZER, CASA-SE, TEM MULHER E FILHO QUE NEM SABE SE É DELE E AINDA POR TABELA QUER FRED. RSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS A MAIOR PIADA DA FACE DA TERRA SE PENSA QUE FRED VAI QUERER ISSO. FRED É HOMEM DE PALAVRA, DE FIBRA, TEM MORAL NÃO É UM SER RASTEJANTE FEITO BETO. AQUI ARRANCANDO OS CABELOS DO SACO DE TANTA RAIVA DESSE SER DESPREZÍVELCHAMADO BETO. E AINDA DIZ QUE NÃO PODE FUGIR DAS RESPONSABILIDADE. COMO SE FRED FUGISSE DAS DELE. ME POUPE. MINHA NOSSA SENHORA DOS CONTOS, ME AJUDE A CONTROLAR MEUS NERVOS. NEM ME DOU MAIS AO TRABALHO DE COMENTAR SOBRE AS ATITUDES DE PILLAR. NÃO VOU DAR IBOPE PRA ESSA COISA. CAPÍTULO SENSACIONAL. CONTINUE...

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Fred tem que cuidar da saúde mental, tirar férias, viajar e se divertir, tomara qur faça isso e dê a volta por cima. Pro Humberto eu desejo toda infelicidade do mundo e que ele sofra tudo que fez o Fred sofrer!

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