Eu estava distraído, quando o amor me achou - CAPÍTULO 40

Um conto erótico de Lissan
Categoria: Homossexual
Contém 2265 palavras
Data: 23/06/2019 15:03:24
Assuntos: Gay, Homossexual

Olá amigos, como vão vocês?

Eu devo dizer, que estou muito bem, pleno até. Porque ontem foi uma noite, que talvez eu escreva até um relato. Sério muito massa. E como eu amo os paulistas kkkk

Pois bem, mas hoje já é outro dia, certo? E eu vim para publicar mais um capítulo dessa história, hoje mais cedo por causa de ontem. Falha minha. Então espero que gostem,

um beijão a todos, e até amanhã. A e claro OBRIGADO, OBRIGADO, OBRIGADO. Pelas leituras, comentários, e apoio!!! Vocês são o máximo!

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UMA ÓTIMA LEITURA A TODOS

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Respiro fundo, sem soltar. E aos poucos vou deixando que o ar saia pelos meus lábios. Olho para a porta de vidro, através da qual vejo Artur, os dois homens de mais cedo e outro desconhecido, careca, barba cerrada. Fico a ponto de roer as unhas dos pés na falta das mãos. Espero que eles terminem a reunião, para poderem finalmente fazer uma aceno que eu entre. Atila vem com um copo de agua em uma das mãos e outro nos lábios. Respiro fundo uma vez mais e espero ele chegar com a agua, bebo tudo de um gole só. Minhas mãos e testa suam sem parar, brotando sempre algumas gotinhas, puro nervosismo...

Artur aparece em pé do outro lado do vidro me fazendo um gesto com a mão. Eu assinto e me viro para Atila.

- Eles me chamaram agora – digo.

- Boa sorte, - Atila beija minha testa – eu fico te esperando aqui, como orientou Artur. Boa sorte de novo por que nunca é demais...

Ele segura a gola da própria camisa que por falta de uma minha, peguei emprestada dele. E tão folgada como é, timbra até um charme em mim. Olho para meu reflexo escuro refletido por uma das portas de vidro no caminho. Estou longe de estar ridículo. Empurro a porta. Os homens me oferecem a cadeira ao lado da de Artur, sento-me ali e cruzo os dedos das mãos em cima das coxas.

Artur se aproxima de mim, enquanto o senhor desconhecido para mim murmura ao telefone algumas palavras, Artur me alerta:

- O helicóptero já está te esperando – ele diz entre sussurros – esse senhor é o procurador de justiça que está cuidando do caso. É dele que sai a autorização para você ir até o esconderijo e voltar, em segurança.

- O que tenho que fazer? – digo ainda para ele, e dou um pequeno rabo de olho por sobre os ombros para ver Atila logo ali. – Assinar alguma coisa? Ou?

O homem engravatado e barbudo diferente da minha imagem particular de um procurador de justiça impede qualquer raciocínio da minha parte, por isso mesmo. Ele finalmente arranha a garganta, e se vira completamente para mim sem dividir atenção com o celular ainda vibrando em cima da mesa.

- Boa tarde. Inácio não é? Você já está ciente do que precisamos? – ele bebe um gole de agua e eu assinto, mas com vontade de falar, ele me impede – me chamo Jairo Correa Lago, e sou responsável por essa operação toda, pelo menos no seu caráter constitucional... Sei que já lhe disseram isso, mas você é nossa única esperança para que esse caso não caduque aqui, já há essa altura.

Artur me passa um documento e vai listando resumidamente tudo o que depois eu mesmo com o papel entre os dedos leio com meus próprios olhos. No documento aceito não dizer nada a ninguém sobre o caso e me comprometo a ir a juízo caso necessário testificar o que fui fazer no esconderijo da testemunha em questão, no caso Robson. Aquelas letrinhas todas em fundo branco, vão me deixando um pouco zonzo e quando finalmente decido assinar, Artur segura o papel.

- Leu isso aqui? Lá você estará só com eles – ele aponta uma parte que dizia que eu seria levado sozinho para o tal esconderijo sobre custódia do estado e de boa vontade. Eles não me diriam para onde iriamos. Mas eu decidia a hora de retornar. Depois disso, teria uma escolta por alguns dias, por prevenção.

Assinto para Artur e escrevo meu nome nas duas folhas, o procurador rubrica a mesma folha e outra à parte. Ele pressiona as pontas dos dedos em cima do papel, e com os olhos por cima das hastes superiores dos óculos, diz:

- Esse documento aqui vai direto para a mão do juiz, ele é quem vai liberar sua escolta quando voltar – resfolega – eu em nome desse processo lhe agradeço pela colaboração ainda que não tenha nenhuma obrigação para conosco...

Realmente com vocês não, mas com um amigo. Mais do que um amigo, irmão, não digo, mas penso comigo mesmo. Sou liberado para me despedir de Atila, e nos apenas nos abraçamos por bastante tempo, dentro do abraço quente e aconchegante dele. Recebendo o calor do seu corpo, seu cheiro já conhecido por mim, digo em um murmúrio:

- Perna tora – ele sorri, olho para a cara dele – quando eu voltar quero saber o porquê desse apelido. Irritadinho combina mais com você... – digo e beijo a ponta do nariz dele, Atila me tira do chão.

- Não demora lá... – ele beija meu ouvido – e você sabe muito bem o porquê desse apelido estupido... Puro bulling...

Sorrio para ele também, e sinceramente fico divido em ter de deixa-lo aqui, enquanto vou sei lá para onde. Mas enfim nos desgrudamos, não vejo Adelmo em canto nenhum, e os homens de mais cedo junto com mais dois sujeitos altos e vestidos com roupas da polícia federal nos acompanham no elevador. Fico olhando os números ao lado das portas, subindo, aumentando, subindo, subindo. Atento a isso, o barulhinho de chegada ao destino apita, as portas se abrem. Algumas pessoas também vestidas à social entram no nosso lugar, e eu acompanho os homens até o barulho.

O incrível barulho provocado pelas hélices dificulta qualquer tipo de comunicação, avanço com os homens para o helicóptero, eles me orientaram manter os ombros abaixados. E poderiam ter poupado fôlego, pois meus instintos de sobrevivência me fazem abaixar os ombros de modo natural. Fico no meio com os outros dois homens de mais, um à esquerda outra à direita. Os outros dois passam para frente, piloto e copiloto, talvez. Enquanto o helicóptero sobe, sem uma linha definida. E o topo do prédio do departamento de justiça, se afasta. Reteso um pouco.

Os homens parecem acostumados com tudo, é o único momento que me permito olhar melhor para eles. Cheiram a suor, como se por muito tempo não tivessem ainda tomado uma folga, para um banho pelo menos. Todos barbados, e com óculos escuros. Mas se usavam armas eu não as via, me mantive calado o percurso inteiro. Eles sim, em seus códigos sempre a lançar para o outro uma interrogação, um riso prolongado.

Desconfio pela área onde sobrevoamos que nosso destino seja Minas Gerais. O interior do estado pelo menos, suas extensas áreas verdes, eles se mantém calados. E só me avisam, pelos fones que iremos pousar. Grande merda nós nos metemos Robson, penso quando sinto o balanço do helicóptero estabilizar e as hélices pararem de vez. Sinto uma tontura ao descer do helicóptero.

- Você vai precisar usar uma venda – diz um dos agentes me entregando tampa olhos como os de dormir. E mais um óculos escuro. Onde merda nós nos metemos Robson? Pergunto para mim mesmo, com o nome do motivo de tudo isso, assinto e aceito usar a venda óculos. Um dos agentes segura minha mão e me conduz ao que parece um carro. Eles me fazem ficar no meio mais uma vez. – Já podemos ir. Você quer beber agua, comer alguma coisa? – ele me pergunta. Nego com a cabeça e o carro começa a andar.

Seguimos por mais alguns minutos, quase uma hora eu acho, até o carro parar. Uma parada abrupta, noto que não esperada. Seguro no joelho de um dos homens ao meu lado e pergunto.

- O que está acontecendo? – o policial fica em silencio e noto que as portas são abertas e fechadas logo em seguida, vou para tirar a venda ele segura minha mão.

– Não foi nada demais, pode ficar tranquilo. Um bicho está há alguns metros de distancia atravancando o caminho...

Puxo todo o ar que consigo e o prendo no peito o quanto posso. Eles voltam a abrir as portas, e as fechar, o carro recomeça o percurso mais uma vez. Meu nariz treme de insegurança, por alguma coisa fora do comum, não sei. Dessa vez o percurso dura mais tempo e por isso o sujeito em quem segurei o joelho pergunta se eu quero agua, continuo a balançar a cabeça. Enfim o carro estaciona mais uma vez, dessa é ele mesmo quem puxa a venda.

- Chegamos? – meus olhos doem desacostumados da claridade – aceito a agua agora... – digo para o policial.

- Tá, Gouveia – ele diz – toma. Escuta, você tem o tempo que quiser, mas por segurança, se quiser retornar ainda hoje, só pode demorar no máximo duas horas. Tudo bem?

Assinto e bebo na garrafa mesmo. Ao saímos do carro, minhas pernas dormentes demoraram a se acostumar, e formigam um pouco. O céu ainda está claro, mas pela hora que saímos só pode ser umas cinco da tarde, ou início disso. A casa onde estacionaram o carro bem a frente é cercada por verde. E ao longe consigo ver bem perto, pelo menos para quem olha altas montanhas, um lugar bonito eu diria. Arvores de Ipês amarelos, sorrio por ter chegado. Eles caminham para a casa, e eu sigo atrás com um dos policiais sempre perto.

Logo no átrio da porta percebo que há mais dois homens estes sim, com armas visíveis. E bonitos como são, duvido da possibilidade Robson estar entediado. Eles se cumprimentam, e enquanto fazem isso a porta fica entreaberta, entro na casa e o cheiro de comida invade meus sentidos.

- Inácio! – viro para o lado, e o rosto abatido de Robson avulta de imediato – Não acredito que eles te trouxeram mesmo... – ele corre para mim e abraça meu pescoço. Fico um pouco paralisado por isso, porque alguns dias atrás eu cogitei que esse cara teria me traído. E a realidade disso, faz com que eu prenda os braços em volta dele e o aperte bem firme contra meu peito. – É tão bom, tão bom ver um rosto conhecido amigo...

- Desculpe – eu digo, tenho que dizer e digo – me perdoe de verdade, eu cheguei a pensar, cheguei a imaginar que você tinha alguma coisa haver com tudo... Ih, perdão amigo.

Nós abraçamos de novo, ele com o braço em volta dos meus ombros e me leva para dentro da casa. Só aí me dou conta do som, música tocando, música da comunidade aquelas bem provocantes, funk, mas sem ostentação ou putaria explicita. Olho para a cara de Robson. E ele devolve o olhar para mim, e isso basta, Robson despenca em um choro forte, copioso. Ele deixa o rosto afunda nas minhas coxas, cobrindo com as mãos o rosto, não diz absolutamente nada, seu choro quem diz alguma coisa.

Ninguém pode chorar assim, por qualquer coisa, não é dor de verdade, do tipo causado por Fábio, mas quem ainda se lembra desse traste? Pergunto a mim mesmo, temendo ao passar as mãos pela cabeça de Robson, consolando suas costas, para que continue a chorar o quanto preciso.

- A... a músi... ca... a... a música – ele começa balbuciando sem conseguir formar uma palavra sequer.

- Você não quer que eu comece a cantar boi da cara preta quer? – sugiro brincando com ele. Robson ergue a cabeça e seus olhos inchados e vermelhos me fulminam, mas sem raiva de verdade.

- Não ridículo – acusa de forma engraçada limpando os olhos – boi da cara preta? Não tem nada melhor não? Inácio eu estava com saudade da sua idiotice sabia? – sorrimos e paramos no mesmo instante – esses brutamontes apesar de lindos são calados, não interagem comigo. Fico sozinho a maior parte do tempo, pensando, pensando... Falei até que queria desistir... Aí pedi pra falar com alguém da família, minha mãe, ou meu irmão que deve tá preso... Pelo menos Fefito disse, disse, que Jogador não ia matar não... Eles não me dizem nada.

- Mas... – hesito – você é bem tratado aqui, porque a casa parece oquei, sei lá... Tudo é tão verde e tão bonito.

Ele assente, levanta e vai até a porta. A gente tá em um tipo de sala, com uma janela para fora, tudo bem aconchegante com tapetes bonitos e tudo. Parecendo até casa de gente rica, como a de inverno que Atila me levou, penso nele por esses milésimos de segundos e uma saudade inaudita invade meu peito na mesma hora. Robson, volta a se sentar perto de mim.

- Eles me servem de tudo, comidas diferentes, dão jogos, trazem pendrives com musicas e filmes que eu peço... Mas não deixam eu ter acesso a internet. Porque eu assinei uma merda de documento aceitando o sigilo absoluto até o depoimento final, que ainda demora um pouco... É esse pouco que não sei se aguento... E também depois disso tudo, como eu vou viver? Inácio meu irmão pagou a faculdade sabe... Sempre cuidou da gente... eu não sei, não sei...

Engulo em seco e percebo a enrascada na qual me meti. Como contar para ele sobre o irmão dele? Se mesmo sendo bandido como era, fez tanto por ele? Como contar a tira roupa que o irmão querido dele, morreu, e morreu da forma como foi feita. Talvez pelo próprio amigo de infância com quem dividia o comando do moro ou coisa do tipo. Quero roer as unhas, mas mais uma vez não acho nenhuma em que me amparar.

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Comentários

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Eu sou passivo 52a procuro um marido pra mora junto

Moro em SP ZS mande email droid1565@gmail.com

Skype. eddie

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Difícil hein! Situação do Inácio não é nada confortável; mas de qualquer forma, acredito que a intenção dos caras que levaram ele ali para ver o Robson é a de que Inácio conte o que aconteceu a Evandro; se não fosse assim eles mesmos já teriam contado que o irmão dele está morto. De qualquer forma, ainda tem muita coisa para acontecer para que Inácio se sinta realmente livre para viver sua vida livre de ameaças, eu acho.

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