Eu estava distraído, quando o amor me achou - CAPÍTULO 1

Um conto erótico de Lissan
Categoria: Homossexual
Contém 2235 palavras
Data: 14/05/2019 17:59:04
Última revisão: 15/05/2019 00:02:04
Assuntos: Gay, Homossexual

Olá queridos, peço por favorzinho para quem ler essa história e curtir os personagens e tals, comentar, porque é o que vai me dar animo para escrever os capítulos. Tudo bem? Sempre vou postar todos os dias, mais ou menos as 18:00 horas. Então, uma boa leitura, e paciência porque a parte do sexo / erotismo, vai demorar um pouquinho. Beijos e até breve!

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Aquela era uma ideia absurda, um garoto de vinte anos, sendo metade destes dedicados ao estudo acabar como meia colher em uma construção?

O capacete azul mal dava na minha cabeça, o macacão de zuarte, idem. Fora os risos de todos me olhando como um alienígena, meu tio merecia uma morte lenta e dolorosa, por me fazer passar por isso. Suspendi uma galeota de blocas, e os coloquei de quatro em quatro no chão ao lado do mestre de obras, seu Zaratustra ou como o chamava ali Zé do bloco.

De seu Zé do Bloco para Zaratustra, há uma pequena distância, certo? Pois é, foi o que pensei também.

A construção deveria ser entregue em uma semana, com isso a contratação de pessoal novo seria hoje. E o remanejamento de outro pessoal também, uma reforma no centro da cidade havia acabado fazia dias e os homens dariam uma força ali. A maioria do pessoal de seu Zé era igual a mim, sem experiência. Dentro do próprio seu Zé havia a força de dez homens, sozinho ele dava conta de um andar inteiro.

Era louco de vê como um senhor de cinquenta anos conseguia fazer tudo aquilo.

- Pode subir Inácio, cê vai ajudar no acabamento lá encima, hoje é seu primeiro dia na faculdade né não? – disse ele depois de terminar uma parede de blocos, ainda com a massa fresca.

- Sim, senhor, é hoje mesmo, o senhor lembrou?

Seu Zé sorriu amigo, e acenou com a espátula em uma das mãos para a escadaria.

Lá encima estava outro pessoal, terminando alguns azulejos e trecos assim. Não me interessava por saber nome de nada, segui meu caminho, dando graças por meus braços terem algum descanso.

Minha alegria durou pouco, quer dizer alegria mesmo não, mas a tranquilidade com toda a certeza. Descamisados os homens todos cantarolavam, enquanto o suor escorria por seus dorsos na maioria nu ou seminus. Contemplar aquilo fez minha garganta secar na hora. Todos aqueles machos juntos, reunidos trabalhando com o cheiro deles se misturando ao dos materiais para acabamento novinhos. Engoli em seco, e fui procurar serviço.

Ocupar um pouco a mente, pensar na faculdade à noite, além do mais, sorte ou assar grande parte dos homens tinham rostos rudes, alguns ainda espinhentos. Feios. E conversavam sobre um assunto ainda menos interessante, futebol. Quando não sobre as suas mulheres.

Eu entrei para uma das salas, maiores, onde pelo visto seria algum escritório e com o rejunte comecei a trabalhar as cerâmicas, porcelanatos. Esses eram os mais chatos de lidar, qualquer arranhão bobo os clientes reclamavam. Porcelanato também é piso! Os donos parecem não levar isso em conta, e torra a cabeça do seu Zé se virem algum arranhão.

Sem seu Zé por perto e com os outros peões trabalhando em outros lugares do prédio, pluguei meus fones nos ouvidos. E deixei a música correr para dentro de mim nas alturas, enquanto ouvia, terminava uma fileira. Em quinze minutos eu sozinho já havia acabado metade de toda a sala, orgulhoso eu olhava o serviço feito, quando ele entrou na sala com tudo. Esbravejava para ninguém em especial, era o dono? Fitei-o estava com o rosto vermelho, parecia enraivecido.

- Quem ele pensa que é quem? Não é nenhum rei não, não é mesmo – resfolegava, tirando da mala de metal as ferramentas – você ai, vem cá, Zé disse que vai me ajudar, eu estava te procurando por todo lado, Inácio né? – disse para mim, eu não conseguia tirar os olhos da mala de metal encima do porcelanato, ele rapidinho voltou as suas arengas – eu faço da minha vida o que eu quiser, sou maior vacinado, e macho o suficiente, o que tenho entre as pernas ele também tem... Quem acha que é? Um bosta isso sim!

Enquanto cafangava, habilmente o irritadinho se pós a puxar fios eu me agachei ao lado dele com as mãos nos joelhos. Ele pareceu dar-se conta da minha presença no instante em que parafusava a caixinha na parede. Olhou para o lado e ficou assim me olhando e eu a ele, nervoso com aquele silencio todo, só com a musiquinha tocando nos fones soltos nos meus ombros me enfezei:

- Você vai arranhar o porcelanato com essa caixa de ferramentas de ferro no chão. – Eu disse encarando os olhos escuros dele.

Como sou desligado! Não é possível, pensei, ao vê-lo se erguer e tomar uns bons dez centímetros de diferença de mim. Ele revirou os olhos, agachou-se pegou mais algumas coisas na mala e fez-se de surdo a minha reclamação. Mas o irritadinho sabia uma coisa, pelo visto, dar ordens.

- Vá buscar uma escada, vou precisar aqui. – Disse curto e grosso. Idiota! Um babaca, para quê falar desse jeito? Somos peões no mesmo nível, não é porque eu não tenho barba e minha cara é de um moleque, que eu seja um. Vinte anos de idade é muito tempo, tempo suficiente.

Sai da sala, enfurecido. Quem esse cara pensa que é? Um rei? Sorri para mim mesmo, ele estava muito enganado se achava... Nojento, nunca o tinha visto na equipe do seu Zé. Também não ia perguntar a nenhum dos brucutus ali, todos mal humorados quando eu perguntava alguma coisa. Fazer faculdade ofende o ego deles? Seu Zé me disse para não me importar, disse “esses cabra são assim mesmo” mais educação seria bom.

Procurei pelo andar todo por uma escada livre, nada. Desci de dois em dois degraus para o segundo piso, e me enfureci ainda mais sem encontrar a maldita escada. Já estava espumando quando avistei uma perdida em uma sala quase nas mesmas proporções da de cima, com a diferença desta possuir um lavabo. Peguei a escada com a raiva mais branda, não ia brigar, não ia.

- Aqui está a... – Minha voz ecoou pela sala deserta. Coisa da minha cabeça ou não, eu o ouvia discutir em algum outro cômodo daquele mesmo piso. Sua mala de ferramentas ainda estava no chão. No bendito do porcelanato. Crispei os lábios, voltei até a primeira sala naquele andar, e trouxe de lá um saco de cimento vazio. Ergui a mala e coloquei em cima do saco de papel. Quando ele voltou, não se deu ao trabalho de agradecer pela escada, nem ligou para o saco debaixo da caixa.

Um boçal! Ignorante, mal-educado, grosso, estupido, idiota, acima de tudo um grande babaca idiota!

Voltei a passar meu rejunte por entre as frestas dos porcelanatos com o mesmo cuidado de antes sem dar a mínima para a presença dele na sala. O irritadinho subiu na escada e trepado a ela colocou as lâmpadas embutidas no teto da sala. Ele utilizava as duas mãos para isso, em seu rosto um inicio de barba estava crescendo, dando-lhe uma aparência mais velha também por causa de algumas marcas de expressão na testa. E eu estava observando ele trabalhar? Olhei para minhas mãos, e me flagrei nessa humilhante posição de telespectador de brucutu, não aceito.

Se ainda fosse educado tudo bem, mas grosso tosco desse jeito, não admito dizer isso não admito dizer, o quanto esse idiota é... É... Boni... Não, cavalo! Isso sim, um grosseirão.

- Terminou ai ou é pra amanhã? – disse recolhendo as ferramentas e a escada – Bora meu filho, tenho mais o que fazer hoje.

Não respondi, ele sorriu, não sei de quê. Virou-se porta afora e saiu. Eu já havia terminado, mas me recusava a segui-lo. Não era possível, porque o seu Zé ia me colocar justo com um bronco daquele? Fiquei fazendo hora pela sala, até vê-lo passar corrido, só vi seu vulto. Curioso, fui ao rastro de onde ele tinha vindo as risadas me fizeram chegar ao lugar certo. Um dos peões tinha metade do corpo coberto por rejunte, e estava todo melecado, além disso, ainda fizeram o favor de lhe atirar um balde de água.

Não achei a mesma graça, não era engraçado ver alguém assim humilhado ante todos os colegas. Apesar de o cara não parecer estar zangado com nada. Resultado, seu Zé apareceu enfurecido, soltando os cachorros em todo mundo. Mas como minha filosofia de vida nunca erra, dessa vez, surpresa, a corda arrebentou para o lado mais fraco, obrigado irritadinho!

- Inácio limpe essa zona toda, o dono vem amanhã cedo acompanhar tudo de perto. Sabe como é essa gente, depois tá dispensado, os outros vamos descer.

Eu nem tive tempo de argumentar nada. Alguns peões me disseram solidários “coitado”, “coitadinho do mascote”. Desde quando sou mascote, não faço a mínima ideia. Um deles fez o favor de me dizer diretamente:

- Agradeça a Atila por isso, foi ele que fez essa bagunça toda – também não quis saber o motivo.

O nome do irritadinho era esse então, Atila. É fazia jus à pessoa, o rei huno boçal, nunca pais escolheram nome tão certo, pensei comigo mesmo limpando a bagunça.

Aquela sujeitada toda só não ia estragar o piso por ele ser um bendito, porcelanato, por que não fosse isso, teríamos de tirar tudo e recolocar. Rejunte quando gruda é uma luta, sem falar na minha luta para tirar das minhas mãos toda aquela sujeira.

Desci o prédio, degrau a degrau até chegar ao pátio. Onde quase ninguém mais esperava só alguns seguranças e peões trocando conversa fiada. Passei por eles, sem causar barulho, numa tina no chão tentei ao máximo livrar as mãos daquele rejunte. Impossível, só com os dias. Maldito Atila! Idiota!

Passei pelos homens, e como todo fim de noite, quando eu passava sozinho um mais alto da pinga que dividiam, ficou soltando piadinhas para mim. Eu não me importava, não ia ficar trabalhando naquele lugar por muito tempo mesmo.

Esperei no ponto por dez minutos. Alguns rapazes da construção, irreconhecíveis, sem os uniformes também aguardavam as conduções. As deles foram chegando, e só a minha parecia não querer dá as caras. Se meu tio fosse outro podia muito bem vir me buscar.

Um ônibus, e uma rodada de metrô depois, eu estava em casa. Enfim em casa! Não a minha, mas do meu tio. Viver com os tios não é difícil, cada um respira por si mesmo e isso ajuda muito, porque se eles dependessem de mim para conseguir, morreriam a míngua. Conviver com tios é o problema, não são nem de longe nossos pais.

Abri o portão, e o som de televisão ligada da cozinha dominava toda a casa. Corri apressado para o quintal, e comecei a lavar as mãos em desespero.

A descarga do banheiro, no quintal estrondou e tia saiu lívida:

- Nada melhor que uma caga...

- Ai tia, me poupe, por favor, da sua sinceridade – sorri, hoje ela estava de bom humor. – Droga isso não quer sair.

Ela ficou olhando meu desespero sem dizer nada, passou por minhas costas e foi para a cozinha. De lá voltou com um potinho de sabão me mandou passar nas mãos entre os dedos e esperar alguns minutos. Era definitivo, eu ia me atrasar para meu primeiro dia se aula.

Tia acertou, depois dos minutinhos esperando a tinta do rejunto começou a desaparecer. Agradeci a ela, primeiro pelo sabão depois por estar em um bom dia. Nem sempre estava. Vesti a roupa depressa, sem ao menos me secar direito da chuveirada, sai porta afora encontrando meu tio chegando do trabalho. Os colegas dele estavam com o camburão... não tinha nada a perder, pensei:

- Você já não deveria estar na aula Inácio? – ele disse com as mãos na cintura. Quem acreditaria que um cara com quase a minha idade era meu tio? Ai como esse mundo é injusto.

- Eu sei. O trabalho que o senhor me arrumou na semana passada, hoje me atrasou um pouco... Será que seus amigos ai não podiam me deixar perto da faculdade? – perguntei com a maior cara de pau.

- Oh garoto, isso aqui não é ônibus não pra você... – começou com o sermão.

- Entra ai moleque, onde fica essa faculdade? – disse um dos colegas do meu tio, me salvando de uma bronca. Sem pensar duas vezes entrei no camburão, e me sentei do lado de um policial com um fuzil nas mãos. Meu tio fez uma cara de horror, mas não teve tempo de reagir. O carro já estava correndo. – Quer ver uma coisa legal? – disse o homem ao volante se virando para mim.

Ele acionou a sirene ensurdecedora, e começou a correr por entre os carros. O homem ao meu lado soltou uma gargalhada, e eu aterrorizado como aquilo era possível? Em poucos minutos nos estávamos diante da Pontifícia, agradeci a todos eles, atônito com a corrida de formula um. Tonto, cambaleei para fora do carro. E me dei conta do quanto às pessoas me olhavam com cara de que planeta você veio.

Até pensei que ia aparecer um microfone de qualquer lado, e as perguntas do globo repórter: como vive? De onde vem? O que come?

O transe durou o tempo de uma avalanche de gente adentrar os portões, e eu seguir a onda sem saber para onde. Foi assim, que do nada eu estava no meio de uma confusão dantesca, quase levando socos.

Só podia ser comigo!

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Comentários

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isso é legal, gostei do seu conto.

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Cara, o enredo promete. Um ou outro erro de digitação, mas nada absurdo. Estou na torcida pela continuação.

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